Revista E-Commerce Brasil - edição 66

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PEDRO PADIS

CEO e sócio da Gourmetzinho Alimentos pedropadis@hotmail.com

COLUNISTA

DELIVERY 4.0 A

s mudanças trazidas pelo ano de 2020, com impacto em nível global em todas as esferas sociais, serão contadas pelos livros de História. Impossível negar os efeitos da pandemia de Covid-19 não apenas na relação da sociedade com a saúde, mas também sobre a reviravolta imposta nos âmbitos econômico, tecnológico e, também, comportamental. Novos hábitos de consumo e preferências aceleraram a sedimentação dos pilares da economia digital, exigindo adequações rápidas e significativas para o setor alimentício. No entanto, à medida que a vacinação avança, consumidores e a própria economia começam a vislumbrar um possível senso de normalidade pós-pandemia, não sem antes questionarem o que o futuro nos reserva. As mudanças vistas foram apenas um atalho ou já trilhamos um caminho sem volta? Dados da pesquisa State of Industry, desenvolvida pela norte-americana National Restaurant Association, sugere a cristalização dos novos hábitos de consumo. Do total de entrevistados, 53% afirmaram que, em referência à alimentação, serviços de delivery ou takeout são "essenciais para sua vida", enquanto 68% dos participantes disseram estar mais propensos a manter essa forma de consumo do que eram antes da pandemia. Essa tendência comportamental se reflete nos resultados apresentados pelo segmento nos últimos anos. Em 2021, a entrega de alimentos representa um mercado global

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que movimenta mais de US$150 bilhões, tendo mais do que triplicado desde 2017. Nos Estados Unidos, a receita do setor mais do que dobrou durante a pandemia, após um crescimento histórico estável de 8% ao ano. No Brasil, mesmo antes da pandemia, em 2019, o mercado faturou R$15 bilhões. De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o crescimento do setor tem se mantido acima dos dois dígitos, em torno de 20%, nos últimos anos. A aceleração de aplicativos atraentes e de fácil usabilidade, redes de entregadores acionados pela tecnologia, juntamente com as mudanças nas expectativas dos consumidores, revelou o potencial do delivery 4.0. As intensas movimentações no mercado internacional confirmam essa afirmação. Em âmbito global, Uber adquiriu a Postmates, o Grubhub encontrou um comprador privado, o DoorDash abriu capital e a Instacart dobrou de valor após uma nova rodada de financiamento. Agora, um ano após o início da década - e da pandemia -, as oportunidades para plataformas de entrega estão mais evidentes, mas, em contrapartida, o cenário nunca foi tão competitivo e desafiador. Como de costume, a logística, que afeta de modo ainda mais complexo países de dimensões continentais como o Brasil, se constitui em um dos principais pontos de atenção tanto para a sustentabilidade dos negócios quanto para a satisfação dos con-


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