A ARTE INDÍGENA NO E-COMMERCE Artesãos indígenas veem no comércio eletrônico a oportunidade de expandir suas marcas, levando tradição e histórias para além das fronteiras
Por Dinalva Fernandes e Giuliano Gonçalves, da Redação do E-Commerce Brasil
O
que é ser índigena de verdade? No imaginário popular, o indígena é uma pessoa que mora no meio da floresta, se veste apenas com adereços feitos com penas de pássaros e vive à margem dos avanços tecnológicos. Mas uma nova geração de artesãos reforça que isso não é verdade. Pensando em desconstruir esse preconceito e provocar reflexões, o designer de moda Sioduhi, de 26 anos, decidiu criar sua marca de roupas para vender na Internet e revelar que povos indígenas podem usufruir da tecnologia sem perder sua identidade. “Independentemente do lugar em que se está, se é na aldeia ou na cidade, fora do País ou no Brasil, a nossa identidade não muda, ela permanece”, afirma. Fundador e responsável pelo processo criativo da Sioduhi Studio, ele é natural de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, onde vive o povo Waíkahanã (Piratapuya ou “gente peixe” - por isso a logomarca é um peixe), que vive no Alto Rio Negro. Formado em administração pela Uninorte Manaus, com MBA em gerenciamento de projetos pela FGV
28 | E-COMMERCE BRASIL | 2022
-Manaus e curso técnico de modelagem e vestuário pela ETEC Tiquatira em São Paulo, o jovem iniciou a marca em abril de 2020, sendo a primeira coleção lançada em novembro do mesmo ano. O planejamento da marca foi desenhado dentro do e-commerce. A Sioduhi Studio é uma marca de roupas contemporâneas, com camisas de alfaiataria, calças e camisetas que trazem mensagens indígenas. “O último lançamento oficial foi sobre a história dos povos originários de cada território – desde a América Andina, Rio Negro e Amazônia até a América que a gente conhece hoje –, e como cada povo se autodenominava com suas línguas antes da colonização. Toda a marca traz histórias que não são contadas nos livros de história do País. As pessoas que a consomem não estão vestindo apenas roupas, elas vestem essas histórias. Esse é o grande legado que eu deixo por meio da minha marca”, diz o empreendedor. De acordo com ele, 70% do público da marca é feminino, sendo a maioria formada por
Foto: Arquivo pessoal/Luakam Anambé3
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