FEIOS

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FEIOS

FEIOS

Casa de Ferreiro

Glauco Mattoso
São Paulo

Feios

© Glauco Mattoso, 2023

Revisão

Lucio Medeiros

Projeto gráfico

Lucio Medeiros

Capa

Concepção: Glauco Mattoso

Execução: Lucio Medeiros

FICHA CATALOGRÁFICA

Mattoso, Glauco

FEIOS/Glauco Mattoso

São Paulo: Casa de Ferreiro, 2023

90p., 21 x 21cm

CDD: B896.1 - Poesia

1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.

NOTA INTRODUCTORIA

A minha trilogia mais fiel, chamada “Feios, Sujos e Malvados”, retracta a verdadeira face dessas pessoas que nos cercam, das quaes somos vizinhos, ou parentes, ou amantes. São esses que governam o paiz, ou este estado, ou esta aqui, cidade natal, de residencia nossa, a propria cidade em que seremos enterrados. São esses que, em fallante multidão, na rua agglomerados vão comnosco, os mesmos que, na cama, a nossa bocca com beijos ou com tapas silenciam, ou mesmo com o membro que lhes seja fiel à propria cara, aqui descripta.

DISSONNETTO QUEBRA-GALHO [0195]

As bellas são beijadas pelos bellos. Os bellos são chupados pelos feios. Os feios, pelos cegos, sem os freios impostos pela esthetica aos magrellos.

O povo diz que não faltam chinellos surrados p’ra comforto dos pés cheios de callos, e os ceguinhos são recreios na falta de preguinhos pros martellos. A bocca do ceguinho attura tudo aquillo que lhe impor alguem quizer: sebinho, porra, mijo, o que vier, caralho diminuto ou tamanhudo.

Emquanto isso, a boquinha da mulher, que emitte som agudo ou de velludo, recebe o beijo doce, quente e mudo, o mel offerescido de colher.

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DISSONNETTO INEXORAVEL [0225]

Belleza na mulher chega a ser chata, de tão obrigatoria que se faz. Perfidia não lhe fica nada attraz, pois quanto mais bonita mais ingrata. O joven julga a perfida uma gatta, mas ella acha um cachorro o seu rapaz. Comtudo, o tempo nunca a deixa em paz e a face da velhice ja tem data. Ser feio é mais vantagem. Quem o é ja fica como todos vão ficar, com todo o cacoethe, todo o esgar: a cara, velha ou não, do jacaré. A bella, si tiver nariz no ar, um dia vê no espelho o rosto até mais feio que o do bruxo ou do pagé. Só resta a vassourinha p’ra voar.

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DISSONNETTO ALEATORIO [1079]

Lambendo cegamente, cegamente chupando, sem excolha ou preferencia, ouvindo ordens e risos, violencia temendo, eis como o cego está e se sente. Nem todo cego é cão, nem toda a gente o tracta assim, mas poucos teem sciencia de como a visual deficiencia reduz alguem ao nivel indecente. O cego adspira odores nauseantes e sabe que proveem do pouco asseio num pé que nunca a bocca tocou antes. Emquanto passa a lingua bem no meio dos dedos, ordens ouve, degradantes. Mas lambe, sem saber si é bello ou feio o macho que o fará, dentro de instantes, provar que é mais amargo o esperma alheio.

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DISSONNETTO DA DESCOBERTA ARCHEOLOGICA [1433]

A mumia millennar foi encontrada ainda, em suas unhas, com pinctura. A cara não nos lembra mais em nada, comtudo, si foi bella essa figura. Nem mesmo a ameixa preta, que jogada ficou numa gaveta, aquella escura, fibrosa, feia cara encarquilhada supera na impressão que em nós perdura. De que lhe addeantou esmaltar unha, si a cutis tanto tempo testemunha que nada foi capaz de preservar, siquer um narizinho, porra, ao ar?

Symbolica, na mão daquella mumia, a viva cor do esmalte ja resume-a: o bello passa; o feio é millennar. Cadaveres espelham esse esgar.

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DISSONNETTO DOS DOTES NOTAVEIS [1582]

Os bruxos, em geral, não são bonitos. As bruxas, muito menos. A razão do facto é que haveria alguns conflictos do magico poder com o que é vão. Si a bruxa attende aos bellos requisitos e o bruxo for descripto como “um pão”, a desmoralizar-se estão os mythos e a lei se exvae: cadê a compensação? Em nome do equilibrio universal, um typico factor se verifica. Quem ganha dons marcado é por signal visivel, que as feições lhe identifica: Nariz e bocca tortos, saliente orelha, verrugonas de cangica, testão, olho saltado, agudo dente, pelluda mão, gran crica e molle picca.

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DISSONNETTO DA DADIVA ADVERSA [1583]

A dupla maldicção, que annulla a van belleza e as ambições futeis embarga, transforma o joven bruxo numa ran e a virgem bruxa numa velha amarga. Por outro lado, o typico galan obstenta da burrice a crassa carga, e a bella actriz, à qual não falta fan, só tem a offerescer a chota larga. Aos factos não ha nada que resista. O surdo é genial compositor. Maneta é aquelle celebre esculptor. O cego é o mais maldicto sonnettista.

Assim Satan nos deixa a sua pista:

Não ha do Alleijadinho obras que provem que quiz perder a mão, nem do Beethoven o ouvido, ou do Mattoso sua vista.

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DISSONNETTO DO NARIZ CHARMOSO [1709]

Bocage eternizou o narigão ao qual um epigramma foi bastante. Nem mesmo o Juca Chaves fora tão sincero nesse thema relevante.

Difficil encontrar alguem que cante um orgam de tamanha proporção, pois torna-se o nariz, quando gigante, maior, quanto mais prestam-lhe attenção. Mas nunca tal assumpto será findo.

Amigo meu, judeu, jamais scismara com tal protuberancia em sua cara, até que alguem lhe leu Bocage, rindo.

Ah! Como o thema pode ser malvindo!

Em plastica ja pensa, ao analysta lamenta-se, por mais que a gente insista que aquillo é justamente o que o faz lindo!

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DISSONNETTO PARA AS BELDADES CONSTIPADAS [1797]

Mais feio que o Romario, só, talvez, será Pedro de Lara! Mas ha quem os ache até bonitos! Si vocês duvidam, um dictado disse bem:

“Quem ama o feio...” E quem ficou freguez da phrase foi um gajo que não vem ao caso nomear, e que me fez a grata confissão, que nos convem: “Banal meditação quero propor: Nós todos somos feios ou bonitos appenas a quem tenha os olhos fictos na cara em que expressamos nossa dor. Mas logo, no que vemos, muda a cor: Nas horas de alegria, todos são bellissimos! Porem, basta a feição da linda musa quando cagar for...”

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DISSONNETTO PARA O GRITO DOS EXCLUIDOS [1931]

“Tambem quero brincar!”, grita o gury que é deixado de fora. A toda hora estamos convivendo, aqui e alli, com gente que ficou na mão e chora. Eu, por exemplo, sempre que me vi podado, protestei: ficar de fora é como perceber que de mim ri por traz quem, pela frente, só me adora. Quem gosta do outro sexo discrimina os homosexuaes; ao gay é fina somente gente linda, limpa e nova, que engraxa seus sapatos e os escova. Os sujos e feiosos, por sua vez, rejeitam o ceguinho, si este fez questão de venerar quem o reprova, ainda que receba, appenas, sova.

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DISSONNETTO PARA UMA CIDADE LIMPA [2066]

Si alguem a uma cidade se compara, o Rio é o Aguinaga, um Pedro bello. São Paulo, acho, será Pedro de Lara, seu feio e mais perfeito parallelo. Nem pela melhor plastica na cara um Lara eu recupero ou remodello. Tambem a Paulicéa, que não para, jamais com “bellezuras” faz um elo. Porem até os galans um dia enfeiam, tirados do papel primordial, e vão envelhescendo, embora creiam que ainda são bonitos: eis seu mal! Quem feio sempre foi não muda nunca, será como foi sempre, é natural: às rugas, à dentuça, à nappa adunca no espelho se accostuma, acha normal.

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DISSONNETTO PARA UM BANDIDO MASCARADO [2086]

Cabeça a premio, o gajo se previne: na plastica, terá a physiognomia mudada. Ja não ha quem imagine o rosto do villão como seria.

Não quiz virar galan, como os do cine? Prefere ficar feio? Se arrepia o Lara perto delle! Num fanzine de horror, um dos cartuns se parescia. Vejamos como alguem se desmascara: No meio do povão, que é todo feio, passou despercebido. Mas, no meio da elite, logo expoz a sua cara. Si fosse no forró, ninguem repara.

Pegaram-no tentando entrar na festa de gala: a cicatriz que tem na testa do Frankenstein à mascara o compara.

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DISSONNETTO PARA A BELLEZA ILLESA [2371]

Que dadiva divina que é a belleza!

Melhor que nascer rico é ser bonito. Não compro melhor cara, mas, admitto, a cara linda attrae toda a riqueza.

Ao bello a nossa vista sempre presa está: ninguem prefere o pé que eu cito, fedido, chato, enorme... É eterno o mytho do esthetico pezinho da princeza. A porta ninguem fecha à mulher bella e, quando uma beldade faz cagada ou caga, é sempre linda a merda della. Si, em senso lato, errou, é perdoada. Si, estricto senso, fezes fez, na tela do artista seu cocô commove e aggrada. Dahi porque só velha magricella, banguela e feia é bruxa, nunca é fada.

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De palpebra cahida, olhar mortiço, aquelle meu amigo tem um ar de alguem com intenção de nos mactar. Maior é seu azar por causa disso.

Embora enxergue bem, tem enfermiço adspecto: olho injectado, tumular e vitreo; emmoldurando aquelle olhar, sobrolhos traduzindo o mau feitiço.

É tudo impressão má: rugas, terçol, pestanas remellentas, roxa olheira. Paresce até um vampiro à luz do sol!

O cara appenas soffre, caso queira seus oculos escuros pôr no rol das coisas dispensaveis à caveira. Dahi porque, jogasse futebol, teria de Romario uma carreira.

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DISSONNETTO PARA UM MAU OLHADO MAL OLHADO [2508]

DISSONNETTO PARA UMA CONCENTRAÇÃO MASCULINA [2562]

Que foi? Tá me extranhando? Eu, não! Não acho nenhum homem bonito! Eu acho feio aquelle caralhão duro no meio das pernas! Molle, então, é um esculacho! Tou fora! Não supporto esse relaxo de quem não toma banho! Quero asseio, perfume, perna lisa, seio cheio!

Boceta, emfim! Qual é? Sou cabra macho!

Cecê? Braço pelludo? Eu, hem? Que nada!

Bigode? Barba dura? Basta a minha!

Ver pela frente, só mulher pellada!

E, mesmo assim, precisa ser gattinha!

Fallando da fatal rapaziada, aqui no vestiario, essa morrinha damnada de marmanjo me faz cada vez mais carente duma bocetinha!

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DISSONNETTO SOBRE UMA ASSOMBRAÇÃO MUTANTE [2929]

Menina, teu cabello tem a cor mudada, penteado differente. Alguem te oxygenou, fez permanente, tingiu ou allisou? seja o que for, teus olhos, si me fazes o favor, podias explicar aqui p’ra gente si azues um dia foram, si somente mudaram uma vez, hem, meu amor? Tu mudas com tamanha rapidez teus traços physiognomicos, que eu ja calculo o que serás, passado um mez. Caveira! Ja tão magra a cara está, e tão plastificada, que talvez não passes dum phantasma... Sae p’ra la! Dahi porque Satan jamais se fez passar por ti, com cara assim tão má!

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DISSONNETTO SOBRE QUEM AMA A FEIA [2990]

Si o povo diz que é linda uma pessoa, advisa, ao mesmo tempo, que a belleza depende de quem tenha a mente presa a alguem, só por amor... Detalhe à toa.

Si amados, somos lindos, appregoa a tal sabedoria. Não põe mesa, comtudo, uma mulher que faz despesa kosmetica e, de corpo, nem é boa. O povo, quando falla, representa a propria opinião do nosso Pae: amarga e, muitas vezes, rabugenta. Mas, como um raio quasi nunca cae no mesmo logar, duas vezes, tenta a gente amar, de novo, outra que attrae. Dahi porque Satan sempre nos tempta em forma de mulher que à rua sae.

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ARTILHEIRA CHUTEIRA [3381]

Jamais elle será craque europeu. Não ha nada que aggrade, nem que encante, nem nada de galante no attaccante.

Aqui, mais se assemelha a algum plebeu. Seu pé quadrado e chato se excarrancha por dentro duma enorme e larga chanca, que é branca e em branco mancha a verde cancha.

O gajo tem mais coxa, tem mais anca. É feio feito um bugre, mas gol marca e, dando a “palavrinha”, diz: “Eu carço cincoenta, de extourá quarqué cadarço! Si poz a cara embaixo, a gente carca!”

Goleiros ja pisou aquella lancha que duma só mulher suspiro arranca: Maria Trava, a fan que acham ser fancha. Xingada, a tal subiu ja na tamanca.

Apposto que o pezão ella lambeu!

Traveca que é masoca tem bastante motivo p’ra tirar-lhe o atroz pisante.

Tiral-o quereria, tambem, eu!

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QUESTÃO DE GOSTO [3564]

“Mas que moça mais bonita!”

{Eu não acho! O que vês nella?}

“Não reparas? Olha a fita no cabello! Olha a fivella!”

{Ah, mas isso não evita a feiura! Ella é magrella!}

“E o vestido? Olha que chita viva! É purpura e amarella!”

{Ah, não brinques! A menina não tem nada, a meu juizo, de destaque que combina!

E o cabello é muito liso!}

“Mas tem labio tão vermelho!

Tanta coisa tem que eu friso!

E nos dentes o apparelho deixa mais bonito o riso!”

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SYLVINEY, O FORA DA LEI [3567]

Sylviney, menino feio, judas é da molecada.

Leva um chute, bem no meio da gymnastica, por nada.

Ja na classe, leva em cheio na cabeça a bofetada. Leva surra no recreio.

Virou sacco de pancada.

Quem conhesce ja repara. Os moleques, ao que sei, discriminam Sylviney pelo nome, mais que a cara.

A razão paresce clara.

Um se chama Dagoberto, outro Alberto, outro Roberto, e um com outro se compara.

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A VOLTA DO MOTTE DO MASCOTTE [3628]

Um leitor, que é vesgo e feio, descobrindo que a boccarra do ceguinho é o melhor meio de gozar, em mim se ammarra.

Dediquei-me, então: chupei-o tão gostoso, que a bizarra preferencia a valer veiu como um premio de ouro em barra. A agguardal-o as horas compto.

Batto bronha no intervallo, dia e noite, e sempre prompto estarei para chupal-o.

Este motte eu nem questiono ao chupar dum amo o phallo: “Ter bom olho e ser o dono basta, e está gordo o cavallo.”

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A VOLTA DO MOTTE DO GOSTO [3634]

Por galans sempre cercada, a bellissima escriptora com nenhum delles quer nada, qual si lesbica ella fora. Longe disso! É que ella, em cada rapaz lindo, experta, agoura uma bicha indisfarsada e, insensivel, os tesoura. Eis que o quadro se completa, caso seja bem pinctado: do mais sordido poeta a beldade é vista ao lado. Neste motte eu me baseio e das linguas não me evado: “Mulher gosta de homem feio, sujo, estupido e malvado.”

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A VOLTA DO MOTTE DO BRUTO [3643]

Fode um “mano” o cu da “mina” e esta finge que se dóe na fraqueza feminina ante a sanha do seu boy.

Elle entende “Ai! Me domina! Me perfura, meu heroe!” si ouve “Ai! Chega!” e, com voz fina, ella em dores se corroe.

Finalmente, ao ver que arromba a mulher, que se debatte, a sangrar do rabo à pomba, elle, rindo, affrouxa o engatte. Este motte eu não discuto caso alguem do assumpto tracte: “Homem feio, burro e bruto ri só quando em alguem batte.”

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A RACCONTADA FABULA DO PATINHO E DOS CYSNES [3682]

Os cysninhos todos são implacaveis com o pato: delle gozam o pezão

feio, torto, largo e chato. O patinho a gozação considera um desaccapto, mas não liga muito, não, pois os tracta até com tacto. Elle sabe como o cysne, mesmo sendo tão famoso, teme tudo quanto tisne sua fama de formoso.

E os que fallam mal tambem, appesar dum ar garboso, seus pés chatos todos teem...

Moral: chato é ser gostoso.

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O ANJO DA GUARDA E O DEMONIO DA POESIA [4026]

Divirto-me bastante quando o leio, poeta! Me imagino em seu logar, dispondo-se a lamber pés, a chupar caralhos, sem excolha, sem asseio!

Sem essa! Nem pensar! Num Deus eu creio, que é justo e me poupou de ter azar egual ao seu! Adoro contemplar mulher gostosa! Macho eu acho feio!

Você, não: cego, está por baixo e pode se dar por satisfeito si um marmanjo, que o leu e riu, a sua bocca fode!

Assim, só, poderá fazer arranjo!

A mim, não ha carencia que incommode!

Na vida, o que eu puder, de bom, exbanjo: visão, tesão, dinheiro, isto é, bigode, cabello e barba… Tenho um sancto… e um anjo!

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O CAUTO CAUSO DA POETIZA MAIOR [4148]

Lindissima, charmosa, a dama “trilha as sendas do prestigio”, como estão dizendo os academicos, que dão um premio a mais a alguem que encanta e brilha. Nem tudo que escreveu honra a familia, porem: alguns poemas della são bem porcos e pornôs, com palavrão comendo solto, fora da braguilha. Conflicto um therapeuta aqui interpreta: A filha não puxou a poetiza. sahiu ao pae, por isso é feia, quieta e, no computador da mãe, pesquisa. Achou os taes poemas, que a mãe veta ao publico! Orgulhosa, agora advisa, no twitter, que “a mamãe é mais poeta”. De inveja, sente orgulho, agora, à guisa.

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CARAPUÇA DE BUÇA [4742]

Entrando na padoca, uma baixinha feiosa puxa pappo, sorridente, com todo balconista que na frente encontra ou que a attendel-a se encaminha:

“Calor, hoje, né? Moço, cadê minha empada favorita? Nossa! Gente, que bollo appetitoso! E esse pão quente, sahiu? Ei, quanto custa esta coxinha?”

Faltava alguem lembrar, nisso, um porem. Malandro, quem a attende logo saca

aquillo que quer ella, e se sae bem:

{Não viu aquella loira, aquella vacca?}

Dirige-se ao collega, mas ninguem duvida delle. Cara de babaca faz ella, e cala a bocca: brios tem.

Ainda ao sahir, ouve: {É feia paca!}

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ESPELHANDO-SE EM QUEM NÃO SE VÊ [4763]

Você se julga feio? Mal amado?

Baixinho? Gordo? Magro? Anão? Careca?

Doente? Velho? Chato? Tem melleca demais? Pé chato? Penis ensebado?

No espelho, ao se mirar, pense: um coitado, que é cego, está peor! Você defeca gostoso, certo? Deixa na cueca as manchas do seu mijo bem mijado? Então pense no cego, que tambem padesce do intestino, dessa má, pesada digestão, mas sempre está ao seu dispor, humilde, e chupa bem!

E o veja, adjoelhado, prompto ja, siquer sem ver a cara de ninguem, a usar a bocca para dar-lhe, sem nenhum nojo, o prazer que um cego dá!

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RESTOS VITAES [4880]

Coitadinha! A adolescente se acha feia! Ella quer ser bem mais magra, pois se sente gorduchinha! Que fazer?

Todo espelho lhe desmente a impressão, mas sem poder de fazer com que essa mente se convença e ache prazer. Vez mais cada magra fica: das “modellos” pega a dica sobre como se emmagresce.

Pobrezinha! Ah, si soubesse!

Nesse assumpto eu não me metto! Que se eguale ao eskeleto! Mais um pouco, à cova desce, a pedir, dos vivos, prece.

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FESTA DO PEÃO [4914]

Um tapa! E me voou da mão o coppo!

Aquillo foi offensa! Foi offensa!

Não posso supportar! Quem elle pensa que chega a ser? Offensas eu não topo!

Peor! Si o coppo excappa, eu que me ensopo!

Você toleraria? Dá licença!

Um gesto assim não passa duma immensa doideira! E ainda dizem que eu me dopo!

Dopado estava o gajo! Elle é que estava!

Magina! Eu, segurando um coppo cheio e o gajo dando um tapa? Ah! Plantar fava!

Si fosse um gostosão! Mas era feio!

Horrivel! Chapadão! Doideira brava!

Tem macho mais charmoso no rodeio!

P’ra cyma de mim, não! Ninguem deprava assim a minha fama nesse meio!

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HOTELARIA INFORMAL (1/2) [4917/4918]

(1)

“É feio, aquelle japa!”, a camareira ao cego massagista diz. “Por preço nenhum com elle eu transo! Não conhesço ninguem que chupe um desses!” Foi matreira. Na hora da massagem, caso queira a bocca offerescer, desde o começo o cego ao freguez falla: {Eu obedesço qualquer ordem, chupeta, mammadeira...}

O japa se interessa: “Massageia gostoso, você, né? Cego tambem faz sexo oral?” E entorta a bocca feia. Que bafo de cachaça dalli vem!

O gajo tem agora viva a veia. Sorri, se arreganhando: “Você tem algum nojo, ceguinho?” O cego meia palavra não tem para o que convem:

(2)

{Patrão, o cego acceita tudo: cheira xixi, lambe xixi, chupa xixi!

O cego é obediente! Eu, que ja vi, agora tenho bocca chupeteira...}

O japa se expreguiça, à brazileira, se volta para o cego e lhe sorri, ironico: “Então bota a lingua aqui, ceguinho! Lambe a minha rolla inteira!”

Durante a fellação, o cego sente fedor forte de urina no pentelho e lambe exactamente alli, contente, serviço que ninguem cumpre, parelho.

O cego se confessa penitente: É mesmo masochista! De joelho, se mostra humilde! Passa a lingua quente na glande, e o japa goza qual coelho!

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O PROVEITO DO DEFEITO [5090]

Os homens muito feios ja notaram que, alem de não acharem namorada, as putas chupeteiras estão cada vez menos disponiveis, e o declaram. Sinceras, dizem ellas, quando encaram um feio feito a peste: “Não, por nada, por preço nenhum chupo um camarada assim!” Tambem as bichas ja fallaram. Mas, quando um cego chupa um typo feio, tamanho gozo a bocca proporciona, que entende este a cegueira em olho alheio: {Foi para me servir de cu, de conna, que a bocca exsiste e um cego ao mundo veiu! Melhor mamma que a puta, que a bichona!} Sentir sujo um prepucio, seu recheio... Que fado um paladar mais ambiciona?

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RELENDO BILAC (2) [5158]

Belleza tem crepusculo, Bilac affirma num sonnetto que analysa a edade na mulher. Da pelle lisa as rugas ja, no espelho, teem destaque. Bilac explica nada haver que applaque o panico que, à bella, atterroriza si a tarde cae e, à guisa duma brisa, de gelidos tremores vem-lhe acchaque. A bella, que sorria com desdem de todos os mancebos que a seus pés cahiam, formosura ja não tem… A menos que prefira ella, ao invés dos jovens, os maduros... que tambem dariam a seu charme nota dez. É tudo relativo, si ninguem bonito quer ser só pralguns manés.

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RELENDO OLEGARIO MARIANO (1) [5159]

Directo ao poncto um bardo vae no thema do medo que a mulher tem de ser feia, ou antes, de ficar feia na meia edade, caso as rugas ella tema. Satyrico, o poeta seu problema resume nos kosmeticos. Si, cheia de mascaras, a frivola passeia, ainda encontra quem por ella gema. Mas, quando ella desperta, de manhan, de cara limpa, ainda ammarfanhada do somno mal dormido… Ah! Por Satan! De fada aquella bruxa não tem nada! E os versos excarnescem: só tem fan si alguem foda quizer malassombrada! Só falta que ella queira algum galan ganhar antes que venha a madrugada…

41

TESUDOS NARIGUDOS [5297]

Narizes feios, creio, são questão de gosto. Sei de alguem que gosta dum adunco e rechonchudo. Esse incommum desejo é mais commum do que acharão. Conhesço um gay que adora narigão vermelho, como aquelle dum bebum. Um outro quer narizes sem nenhum detalhe, excepto um unico sinão: Verruga! Sim! Egual à duma bruxa!

Si advista um nariz desses, o subjeito disfarsa, abre a braguilha e o pau ja puxa! Com esse thema agora me deleito, ao ver que de agua fria não é ducha!

Portanto, quem achou ser um defeito a sua verrugona, tão gorducha, relaxe, goze e faça bom proveito!

42

ODE AO IRRUMADOR [5578]

Diego me provoca novamente, dizendo que, no video, o gordo fode do cego a bocca à força, bem sciente de como se engasgar o otario pode. Eu fico ouriçadissimo! Na mente bem sinto dos pentelhos no bigode o odor forte de mijo, repellente, mas preso sou nas mãos do obeso bode. Um penis só supporta, tão premente, um cego ou travesti, dizer accode à verve do Diego que, inclemente, instiga a que, na bronha, ja me açode. Só penso nisso: um cego ja se sente inerme e sem excolha. Alguem que rode com elle de joguete, de repente é feio, mau e sujo: um thema à ode.

43

OGRE DE GREGO [5592]

Descrevem-me um subjeito duns quarenta e poucos, relaxado, negligente, que decadas a mais ter apparenta. Aos olhos, lembra tudo que affugente. Que é feio, não dirão. Que tem nojenta figura, não, tampouco. Falla a gente que monstro é, nojentissimo, que obstenta no rosto o que um gorilla tem de frente. Peor. Tem bocca torta, larga venta, beiçola arreganhada, podre dente, a pelle exburacada... Ah, sim! Sebenta na rolla. Lixa, a sola chulepenta. Somente si for cego um cara aguenta chupar alguem tão rude e repellente. Masoca, appenas, logo se accrescenta. O cego serei eu, naturalmente.

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ASSEIO DOS FEIOS [5612]

Frieira? Pé de athleta? Callo? Odor?

Pé chato? Olho de peixe? Rachadura na sola? A solução vou lhe propor:

Saliva de mulher bonita cura!

Mijado pau? Prepucio queijador? Biquinho de chaleira que segura a porra? Sei dum jeito ao seu dispor:

Saliva de mulher nessa mixtura!

Você seu cu limpou appós cagar?

Não? Acha trabalhoso demais para ser feito? O papelzinho mais vulgar à lingua da mulher nem se compara!

Saquei! Quem se disponha a salivar em falta está? Mulher de bella cara tambem? Que tal um cego? Outro logar tem elle? Eis a funcção que lhe calhara!

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MEME DA VERRUGA [5939]

Si for um condyloma, bem no cu se forma, mas na cara a coisa faz estrago mui maior, seja rapaz ou moça: a gente fica jururu.

Ninguem acha bonito um rubro, cru caroço pela testa, nem appraz no queixo ou no nariz um que, aliaz, paresce uma castanha de caju.

Imagem foi da bruxa mais fiel aquella nariguda, com verruga immensa, batatuda, alem de ruga no rosto todo, um typico pastel.

Agora a mulherada faz papel de fada maquillada, mas sem fuga possivel da velhice, essa que estuga o passo com o tempo, que é cruel.

46

PERPLEXO REFLEXO [5951]

Commum é desmaiar alguma dama. Coitada! Desmaiou, antes faceira, aquella, ao ver no espelho uma caveira!

“Por todos os diabos!”, ella exclama.

Si não está sentada numa cama ou, pelo menos, numa chan cadeira, a dama, com certeza, de maneira pathetica, por uma adjuda chama. Olhou-se. Penteava, distrahida, a longa cabelleira, e viu a cara ridente do eskeleto, a morte em vida!

Depois, contou a todos: desmaiara de fome, não de medo! Sem comida não fica mais! Addeus, dieta avara! Por isso não critico quem duvida dos medicos. Por elles, ninguem sara.

47

MISCELLANEA DA APPARENCIA [6002]

As bellas me desculpem: não o são. Exsiste uma belleza feminina em toda parte, ou algo não combina?

A mim é discutivel tal questão.

Careca, desdentada, nariguda, orelha grande, olhar de peixe morto, ponctuda sobrancelha... O que é que muda na cara da mulher? Um queixo torto?

Tá louco! E quando a dona se desnuda?

De corpo inteiro causa descomforto?

Ninguem quer na mulher barba comprida? Bochecha pendurada? Sarda farta?

Talvez alguem, algures, se decida a ver com olhos livres, numa Esparta longinqua, sua musa preferida com tal feição, que um bardo aqui descharta…

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MEME DO CEGUINHO PUTO [6050]

Do cego uma senhora sente dó: “Tadinho de você! Tão bonitinho, mas cego…” -- diz a velha, com carinho. Quaes phrases prende o cego no gogó?

O cego appella: -- Aqui! Dispenso o affago! E então? E o que a senhora mais queria?

Que, alem de cego, eu fosse feio, gago, banguela e manquitola? Ora, tithia! Pé chato me faltava? -- ainda indago -Não basta esta cegueira? Que mania!

-- Nem tenho excappatoria! Sempre pago o mico de ser cego! Até meu guia me goza e diz assim: {Porra! Me cago de medo de cegar! Bem que eu queria não ter este pé chato... Mas o estrago é pouco, ja que enxergo! É o que allivia…}

49

SEDUCÇÃO [6282]

Praquelle clube entrei, Glaucão, mas nem suppunha que seria alli rendida! O clube nos seduz e nos convida, depois as garras mostra! Acceita alguem? Até bem recebida fui! Porem, no mesmo dia quasi perco a vida!

Prenderam-me em correntes e, em seguida, dum ogro me fizeram de refem!

Um ogro, sim, Glaucão! Um typo tão horrivel que dá nojo até num cego!

As marcas de seus golpes eu carrego! Na bocca me fodeu sem ouvir não!

Comeu-me, em mim cagou, fez um montão de extremas porcarias! Com um prego por pouco não cegou-me! Mas, não nego, você teria alli, talvez, tesão!

50

OUTRO LOGRO POR UM OGRO [6283]

Entrei para tal clube, Glauco, por banal curiosidade. Nem capaz serás de imaginar do que um rapaz pacato possa alli ser soffredor! Não podes, tu que és cego, nem suppor que rosto um ogro tinha! Nem te faz alguma differença! Suas más caretas dão pavor, seja a quem for! Pois esse ogro offendeu o meu pudor!

Prendeu-me numa jaula! Alli quem jaz appanha de chicote! Não estás, ainda, afflicto pelo meu terror? Por que não te commoves? Fodedor foi elle em minha bocca! Não irás dizer que gostarias! Não me vás gozar da cara, Glauco! Não, senhor!

51

DAMNOS MORAES (2) [6535]

Cuidado, ouviu? Você que experimente dizer que sou mais feio do que o Demo! Eu posso processal-o por extremo sarcasmo, por você ser insolente! Depois de condemnado, ‘ocê que tente a pena reverter la no Supremo!

Nem mesmo o Gilmar Mendes, a quem temo, se importa com um typo tal de gente! Tá certo que sou feio! Tenho espelho em casa, Glauco, porra! Mas tambem seu verso não precisa ser que nem punhal, nem ao veneno ser parelho! Por isso, na moral, eu acconselho: me poupe do poetico desdem!

Talvez eu nem processe! Irei, porem, deixal-o sem chupar o meu artelho!

52

TRIANGULO ESCALENO [6539]

Ai, Glauco, minha esposa me corneia!

Você nem imagina a minha birra!

Meu pincto nem mais brocha: até ja myrrha!

Mas não posso culpal-a, Glauco, creia!

Mal saio, um Ricardão de cara feia e enorme pau na chota della expirra a porra! Minha raiva mais se accirra!

Mas não posso culpal-a, Glauco, creia!

Um dia, até chegou, de bocca cheia, fallando o Ricardão na minha cara que gosta que ella chupe sua vara!

Mas não posso culpal-a, Glauco, creia!

Me explico: elle entendeu que me tonteia aquelle seu chulé, pois tenho tara podolatra! Assim, tudo se excancara!

Emquanto o casal fode, eu cheiro a meia!

53

MULHER BONITA [6566]

Sou feia, Glauco, feia! Agora acceito tranquilla tal verdade, que evidente foi sempre! Quando moça, ainda a gente almeja ser bonita, achar um jeito!

Aos poucos, convivi com meu defeito nos olhos, no nariz, na saliente dentuça! Qualquer coisa que se tente fazer, menos o troço sae direito!

Você foi quem me trouxe esta alegria que tenho no momento, Glauco! Sim! Fodido como está, foi para mim motivo de consolo! Quem diria?

Você nem pode ver a luz do dia!

Nem cores, nem as formas! Então vim a vida a descobrir! Melhor assim, feiosa, do que cega ser, sabia?

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STALINDISSIMO [6583]

Si Stalin não foi Lucifer, então um Hitler não seria Satanaz! Tyrannos são tyrannos, tanto faz o lado, os fins, o lemma, a posição!

Si for por preferencia, ahi, Glaucão, eu acho bem fataes, bem vis, bem más as obras do Marquez! Tu, Glauco, dás tambem tal importancia! Não dás, não? Bonito por bonito, nem tem cara um russo, nem siquer um allemão! De Sade ninguem sabe qual feição teria, si retracto não restara! Mas, Glauco, mesmo assim nem se compara a cara limpa delle e o bigodão dum lider extremista! Dizer vão que pellos pelo rosto occultam tara?

55

THEMAS DE TELEPHONEMAS (6) [6718]

Alô, Mattoso! Ocê que é cego otario? Seu trouxa! Si cê visse minha cara de filho do Diabo, sua tara por pés punha de lado um tão precario! Sou feio mais que a peste! Não é pareo p’ra mim uma caveira! Se compara meu rosto ao dum cadaver que excancara as orbitas, o riso, o vão dentario! No pé tenho um cascão que se diria com cara mais de lixa que de sola! Ainda assim você disse que exfolla a lingua nella, lambe e ‘inda ammacia? Ah, tem que se foder, mesmo! Quem ia ter pena dum cegueta que se isola e fica a punhetar-se? Nem dou bolla à sua fracassada phantasia!

56

INFERIOR COM LOUVOR [6824]

Si um bello gajo chupa alguem que é feio exsiste masochismo? Ouço você dizer que sim... e quando quem não vê é o bello, maior victima a ser veiu.

Porem mais humilhante, Glauco, creio ser quando um feio cego, caso dê chupada num bellissimo michê, escuta, a gargalhar, o gozo alheio. Na duvida não fica você, vate?

Quem é mais humilhado? O cego bello chupando um sado feio, ou eu, que fello um bello, sendo o feio? Ou vale empatte?

Si feio sou e chupo quem me tracte por traste, embora veja, me revelo masoca, não é? Pense! No chinello quem fica mais, ou não, é disparate!

57

DADIVA DIVINA [6867]

Não achas uma dadiva divina, poeta, seres cego? Ora, repara no gesto tão humilde que prepara Deus para quem ficou nessa ruina! Que chance teem os cegos! Imagina si podes num pezão metter a cara, a lingua! Qual escravo se compara ao cego, que a quaesquer se subordina?

Sabendo-te inferior pelo destino, irás, sem excolher, servir ao feio, ao sujo, ao mais malvado, no recreio que tenham, qual brinquedo de menino! Hem? Achas humilhante? Sim, defino a tua condição como um sorteio: Tu perdes a visão, mas ganhas, creio, um meio de elevar-te! Eis o teu tino!

58

INCOMPARAVEL FEALDADE [6897]

Partiu para a porrada a mulher feia, chamada que de feia foi. Pudera! Com outra se pegou, que mulher era bonita, a se gabar de bocca cheia! Vi tudo, Glauco! O que melhor recreia a gente é ver a feia virar fera por causa da feiura que paquera jamais lhe renderia... Ah, como odeia! As duas se pegaram, mas mais caro sahiu à bonitona, que ficou todinha machucada appós um show de tanto saphanão! É o que eu reparo! Divirto-me! Sou feio, mas é raro que digam isso, sendo que eu estou é pouco me lixando! P’ra que vou ligar, si com você nem me comparo?

59

CARA E BARULHENTA [6941]

Tem grana, mas se sente infeliz, tão malquisto, mal amado, rejeitado por todas as mulheres... Sempre ao lado estão ellas dum gajo bonitão!

Mas elle tem complexo, ja que não consegue com nenhuma resultado algum, depois de tanto ter tentado! Pudera! De estar triste tem razão! Baixote, carequinha, pau pequeno, que brocha até battendo uma punheta, jamais arranjará, mesmo, boceta quem tanto se consome em seu veneno! Coitado! Só compensa seu terreno perdido si pilota, de veneta, a sua Harley Davidson! Prometta você não condemnal-o! Eu não condemno!

60

POLITICA ANALYTICA [6987]

Politica, a defino, bem convicto… É coisa para velho barrigudo, careca, sem cultura, sem estudo, que, feio p’ra damnar, se vê bonito! O porco coronel nem segue o rito normal de quem cagou! Nem bem fez tudo, levanta da privada sem seu cu do tolete se limpar! Mais delle eu cito! Por vezes, elle caga lendo um maço de folhas de papel tymbrado, com o sello do Congresso! Não faz bom emprego dessas folhas, o devasso! Com ellas faz aquillo que não faço: agora, sim, limpou esse marron borrão da sua bunda! Antes, bombom comeu, que não comi, pois fome passo!

61

O CEGO E SEU TACTO [6994]

Você nem sabe, Glauco, si eu sou feio ou si sou muito feio! Que se foda!

Você vae appalpar, appenas, toda a minha rolla, até sentir o freio!

Achado o freio, vae sentir, em cheio, um cheiro na narina! A pelle, à roda todinha do prepucio, lhe incommoda o olfacto? Que se foda, ja advisei-o!

Irá, sim, tactear! Não com a mão!

Appenas usará sua beiçola de cego porcalhão! Acha que exfolla demais os beiços? Foda-se, Glaucão!

Sim, antes de chupar, lamber qual cão irá, mas vae lamber a minha sola, tambem, pois lhe darei, sim, qual esmolla, a chance de medir o meu pezão!

62

MERO LERO, MAS SINCERO [7022]

O gajo, que surtasse, era frequente no predio onde morei e, sendo meio lelé, ja todos tinham-lhe receio.

Trombei com elle e disse francamente: {Não leve a mal... Sabia que tem gente que fica calma às custas dum alheio problema? Alli no Egypto, um louco, um feio, um velho, um gordo... gozam plenamente! Sim! Sabe como? Um cego os chupa, bem gostoso! Os cegos, la, teem que chupar!

Lhe juro! Dum egypcio fui vulgar cobaya! Sim, tornei-me seu refem!

Sim, posso, si quizer, como um nenen, mammar na sua rolla até gozar e engulo toda a porra! Meu logar é esse! Vou deixal-o muito zen!}

63

MADRIGAL SUPRACONSENSUAL (1/4) [7792]

Si for para “lacrar”, então eu “lacro”! O sexo não é sancto nem é sacro! Si pecco, assumo: odeio o simulacro!

(1)

Sim, sempre questionado sou accerca dum pacto que se quer “consensual” no sadomasochismo. Que “seguro” e “adulto” o tal “accordo” ser precisa, e porra e tal... Caralho! Mas que raio de jogo ou de brinquedo acham que estão fingindo performar? Vão se foder! “Seguro” contra que? Contra algum “crime”? É nojo da sujeira, algum resguardo da lingua contra as coisas mais immundas? “Adulto” por que, si era eu um menino emquanto me curravam os da minha edade? Isso é que guardo e que me fez masoca, que podolatra me faz!

(2)

Agora vão querer que masochista eu seja como o auctor da linda Wanda, que “suprasensual” qualificava seu acto de humildade ante a “belleza”? Ah, fodam-se! De Sade é que sou fan e quero que a tal ethica, ou esthetica, se foda! Sade exalta a feia, a suja, a crua, a cruel cara de quem tem poder de dominar! Escravo não excolhe seu algoz! Por isso é bom vendal-o, até cegal-o, pois assim mais facil um abuso é commettido! Ao menos na punheta assim eu gozo, sabendo que veridico foi tudo!

64

(3)

Ao sadico é melhor que o servo perca de facto a visão, vendas sendo, em tal hypothese, sem uso! Quando atturo alguem que assim me zoa, sou, à guisa de misero Sansão, fodido e caio do fragil philisteu, facil, na mão! Assim vejo do sadico o prazer! Que graça tem um acto que reprime qualquer delirio orgastico do bardo? Que graça teem na lingua as limpas bundas? Sem merda alli grudada, fescennino poema nem exsiste! Me expezinha alguem sem violencia? Alguem cortez espera seja a bota dum rapaz?

(4)

“Politico” e “correcto”, quem insista na porra desse “pacto”, pense! Expanda limites, seja escravo ou seja escrava, assuma-se indefeso ou indefesa! Um cego será sempre aquella van figura, sempre fragil e pathetica, tal como si menino fora, cuja cegueira servirá de sarro a alguem! Por isso o masochismo em mim é tão intrinseco e me empresta a verve, o dom poetico, que humano faz de mim no corpo, mas a mente não duvido que seja demoniaca! Não poso nem brinco de escravinho: não me illudo!

65

IMAGEM E SEMELHANÇA (1/3) [8005]

(1)

Ao verem o pornô video que linko, mostrando a irrumação dum cego por um gordo pelladão, amigos meus estão inconformados: “Glauco, porra, aquelle gordo é um nojo, um horroroso exemplo de sadismo! O cego está debaixo da barriga desse cara, fodido até no fundo da garganta, e está você curtindo ainda a scena?” Respondo que o gordão ja não seria objecto de repudio si vestido se achasse e não gozasse num ceguinho.

(2)

Explico-lhes que, em verso, jamais brinco em falso quando almejo um fodedor gozando-me na bocca. De meus breus quem tira sarro, em ampla e total zorra, nem sempre é gordo. Pode em mim ter gozo um manco, um magricella, alguem gagá, feioso, fedidão, voz de taquara rachada, leporino labio, tanta mazella quão possivel, mas é plena a minha sensação de serventia. Importa-me, masoca, que a libido preencha quem me nega algum carinho.

66

(3) Si cego sou, com todo o meu affinco demonstro-me incapaz ou inferior.

Só tenho utilidade aos philisteus, inerme e fragil, caso não recorra a Deus emquanto fode-me gostoso o mais fraccote delles, que fará soffrer qualquer Sansão que escravizara. Por isso o meu leitor ja nem se expanta si algum desses amigos me condemna. Cuidado teem commigo, mas eu ia dizendo que em punheta é que consigo servir a algoz tão proximo ou vizinho.

67

CONVERSA

EM CONSERVA (1/4) [8042]

(1)

{Não sei como dizer, Glauco, mas para mim rolla algo comnosco... Você sae commigo, não sae? Sabe? Eu tenho um pé bem chato, do seu gosto! Diz você que curte pé tamanho maior, bem maior! Ja reparou no meu solado do tennis? Não sentiu nenhum tesão?}

(2)

-- Tá doido? Olhe só para a minha cara! Sou feio que nem sapo! Cê não vae dizer que quer ficar commigo, né? Você, que é tão bonito, não se vê no espelho? Pois procure alguem tambem bonito, ué! Não venha pro meu lado com essa de “belleza d’alma”, não!

(3)

{Mas, Glauco, só pensei na sua tara podolatra! Affinal, você não cae de bocca facilmente? Fiz até poemas p’ra você! Por que não lê aquillo que eu escrevo? Vou alem do physico, fiquei appaixonado por sua voz poetica, Glaucão!}

(4)

-- Amor, meu amigão, você declara agora! Mas, mais tarde, é só o papae aqui que vae ficar na mão! Chulé teem muitos gajos feios! Cê não crê que exsista alguem melhor? Claro que tem! Me troque por alguem do seu aggrado emquanto nem tivemos relação!

68

SYNTHESE POETICA (1/2) [8051]

(1)

{Não, Glauco! Pensa assim: si Baudelaire julgou os cegos como seres tão humildes e inferiores, foi devido ao vago olhar dos olhos azulados que ficam parescendo olhar só para os céus, pedindo um pouco de divina justiça, de exemplar misericordia! Melhor não te seria a cara dum subjeito mais altivo, o olhar de cor bem verde e transparente, sem aquella pathetica apparencia de quem não consegue bem dormir? Vae, me responde! Talvez o olho de vidro te melhore ao menos essa cara de defuncto!}

(2)

-- Quem disse que ser bello um cego quer? Crendice tua! A nossa maldicção é termos mesmo cara de bandido, de monstro, de zumbi, desses coitados que vagam, mortos-vivos, essa cara de gente que delira, que imagina as scenas mais satanicas, que morde a maldicta, a propria lingua, que fartum fareja, que acha magico o sabor do vicio, da miseria, da mazella! Percebes por que os cegos todos são perdidos, ou parescem, sem ter onde dormir, sonhar, ouvir alguem que chore por elles, que com elles chore juncto?

69

PHAROLEIRO MOTOQUEIRO (1/2) [8082]

(1)

{Você, que é meu vizinho, não escuta aquella moto chata que circula sem rhumo pelo bairro, Glauco? Não escuta a barulheira? Pois sabia que disso o proprietario não é boy filhinho de papae nenhum, mas sim um velho, gordo, comico baixote?

Pilota a Harley Davidson, Glaucão, só para se exhibir! Só dando volta se expõe no quarteirão! Tenho certeza que seja complexado, corno, brocha e tenha pau pequeno! Não, só pode! Glaucão, calcula a raiva que me dá?}

(2)

-- Escuto, sim, até mandei à puta o dono da tranqueira. A gente fula da vida fica. Aquelle barulhão irrita mesmo. Logico seria que fosse dum playboy. Mas quem remoe rancor do cara appenas por ruim de cama ser, faltar-lhe melhor dote erotico, não creio que razão meresça. Revelar sua revolta podia parescer, tambem, burgueza inveja, não podia? De galocha é chato o gajo. Poncto. Mas se fode quem pensa só na grana. Xa p’ra la!

70

INFINITILHO DO ESPELHO (1/2) [8100]

(1)

{Entendo você, Glauco, pois tambem sou bruxa, feiticeira, maga, barda. Não era, ‘inda menina, todavia, tão má, nem vingativa. De repente fiquei, depois que vi meu namorado de infancia me trocar pela garota mais linda do collegio. Foi então que, vendo-me no espelho, descobri quão feia poderá ser a creança depois da rejeição. Naquelle dia não houve sol. Appenas a neblina tomou compta do bairro, da cidade. Não sou do typo Carrie, você sabe. Meu methodo tem sido como o seu, mental, mais litterario. Mas consigo, de facto, compensar o que soffri. Discipulas ja tenho, tambem boas nas artes da maldade, Glauco. Nós sabemos nos virar na nossa praia, não é? Você se sente compensado?}

71

(2)

-- Eu? Nunca! Compensado não sou, nem ninguem, duma cegueira. Mas me guarda Zeus dessas taes “discipulas”. Quem cria mais fake news que toda a sua gente? Daquellas fofoqueiras eu me evado! Mas pense bem, querida: cada gotta de lagryma chorada por nós não tem nada que compense. Quem se ri da gente chorará, mas a vingança é Zeus quem determina. Cê se via no espelho. Mas nem disso um cego opina. Parou para pensar? Não, ninguem ha de saber como me sinto. Não me cabe saber como você se sente. Deu, a cada, Zeus um fardo. Meu castigo eu cumpro versejando. De persi, é cada qual um bruxo. Minhas loas vão para quem me goza, cuja voz me serve de incentivo. Quem me caia na teia que experneie, esse coitado!

72

(1)

{Você sonnettizou, Glauco, que quem é muito feio puta nem consegue capaz de bem chupal-o. Namorada, então, mas nem pensar! Ahi você affirma que ceguinho não excolhe ninguem, nem pela cara, nem caralho. Pequeno, grande, sujo, torto, ja chupou sem reclamar. Pois muito bem!

Eu ca lhe digo, Glauco: sim, sou feio, mas putas eu excolho porque pago e exijo que me chupem. Dou gorgeta àquella que chupar com mais capricho. Appenas um detalhe, Glauco, para você se estimular: para gozar melhor, eu fecho os olhos. Tanto faz, portanto, si quem chupa seja a puta ou seja algum ceguinho. Só me importa que saiba dar o maximo de si!}

73
INFINITILHO DO CARALHO QUE NOS CALHA (1/2) [8124]

(2)

-- Detalhe addicional: no caso, eu nem cobrar suppuz. Eu sonho que me cegue um typo philisteu e bem treinada se faça a minha bocca. Que lhe dê vontade, espero. Pena que quem olhe as coisas do seu jeito nem meu galho quebrar possa, pois mora para la das bandas do sertão... Fiquemos, sem problema, a fazer disso um devaneio, talvez masturbatorio. Não estrago a sua phantasia, pois boceta você ja dispensou. Pense num bicho, talvez um macaquinho: se compara o cego com o bicho. Meu logar eu sei e você sabe. Sou capaz de ver-me lhe chupando. Si fajuta não for a scena, creio que comforta alguem como você, que de mim ri.

74

INFINITILHO DA ARMADILHA (1/2) [8149]

(1)

{Estava combinado, Glauco! Minha esposa me trahiu com um subjeito mais feio que eu! Só tenho uma certeza: foi para que eu divorcio peça! Assim, quem fica com as coisas todas é a puta! Glauco, o gajo ja tramava com ella! Prepararam toda a scena! Mal chego, pego os dois sem roupa, sem vergonha alguma, alli na nossa cama! Não tinha alternativa, Glauco! Como sahir dessa armadilha? Não tem jeito!}

(2)

-- Sim, claro! Uma mulher bem expertinha. Mas sabe o que eu alli teria feito? O gajo sendo feio, rolla tesa ainda mais terá. Que elle de mim fizesse o que quizesse! Seu chulé faria que eu cheirasse! Bocca escrava seria a minha delle! Minha pena seria rebaixar-me... Bem, ninguem casado topa a coisa. Quem reclama razão tem, claro. O cego é que esse pomo teria de engolir, a sós no leito...

75

BALLADA EMBELLEZADA (1/4) [8200]

(1)

Achou ella que tinha seios meio pequenos e quiz tel-os salientes. Achou ella que tinha labio feio e fino, alem de pouco claros dentes. Achou ella que effeito pouco cheio fazia a sua bunda a seus clientes. Não era puta, diga-se, mas maga.

(2)

Achou elle que estava meio calvo e quiz ter um cabello de rockeiro. Achou elle que sempre foi um alvo de bullying e quiz ver-se mais faceiro. Achou elle que estava demais alvo de pelle e quiz moreno ser inteiro. Não era gay, appenas complexado.

(3)

Achou um enchimento que não tinha relevo e quiz fazer logo um implante. Usaram silicone, coitadinha, do typo que ninguem jamais garante. Fodeu-se, pois agora só definha em dores, deformada, doradvante. Diz ella: “Azar de quem barato paga!”

(4)

Coitado! Seu implante deu errado appós ter desistido da peruca. Tambem lhe deu errado o bronzeado fajuto. Mais, então, é que elle encuca. Nem oculos escuros o coitado usar pode, que alguem logo o cotuca, dizendo que paresce ter cegado.

76

PAUTA DE INTERNAUTA (1/10) [8508]

(1)

Anonymo, na rede tem coragem de tudo commentar: num desabbafo sincero, accusa a midia como pagem do “inutil”, do “incapaz”, desce o sarrafo na falsa sociedade. Si assim agem os francos internautas, eu os grapho, fiel, litteralmente, ao texto escripto por este e appenas rhymo quando o cito:

(2)

Precisa o tetraplegico de adjuda até para cagar! Sua mãozinha com jeito de pastel, nunca que muda de gesto, nesse corpo que definha! Do cego o olho vidrado não desgruda da nossa testa, um olho de sardinha gelada, que não serve para nada naquella carantonha abbobalhada!

(3)

Tambem os paraplegicos, na sua cadeira de rodinhas, são aquella ridicula figura pela rua!

Peor figura ainda, menos bella que todas, faz aquelle que possua doença mental! Fica a babar, mella meu hombro, põe a lingua para fora! Só funga, ri, gagueja, grunhe e chora!

77

(4)

Eh, raça desgraçada! Como odeio trambolhos desse typo! Dá vontade de pôr um paralytico no meio das nadegas, fazer como fez Sade, cagar dentro da bocca, ou ver que usei-o ao menos de mictorio, ou que será de meus peidos compulsorio inhalador, alem do que eu quizer fazer e impor!

(5)

E o mudo? Geme, engrola, balbucia, tentando se expressar! É foda! Autista tambem me causa raiva! Eu só queria surrar um desses chatos! Que elle exsista alguem se importa? Autista grita, chia, appenas si encostarem nelle! A vista quem perde nem andar mais sabe, nem comer direito sabe! Aguenta alguem?

(6)

Na boa! Dá vontade de accabar com essa raça! Ah, velho! Cera comem de ouvido! Ranho lambem! Salutar

alguem isso acha? Cheiram o que um homem normal não cheira, cu, sovaco! O azar é delles! E no proprio cu que tomem!

Não acham nada disso um cheiro mau? Então mando que cheirem o meu pau!

78

(7)

Dão nojo, taes invalidos! A nada se prestam! Uma mina mal comida só fica vendo filme em que a coitada da moça doentinha acha na vida um moço que por ella faça cada bobagem! Ja pensou? Quem não duvida que sejam infelizes? Quem se caga feliz é? Quem cegou exquesce a chaga?

(8)

Quem é que se commove com a tal politica “correcta”? Quem se toca com videos onde o invalido que mal caminha se utiliza de engenhoca na physiotherapia? Alguem normal com isso se emociona? Alguem se troca com elle de logar? Quem se interessa por isso? Que idiotas! Ah, sem essa!

(9)

A serio ninguem topa ver quem tenha defeito tão ridiculo com pena! A gente tem é birra! Não me venha com pappo de “inclusão”! Quando uma scena daquellas não ennoja, só de senha nos serve para sarro! Quem condemna a minha gargalhada nesse caso, si estou bem de sahude e me comprazo?

79

(10)

Até minha cachorra tem a chota mais util como assumpto! Me emputesce pensar num alleijado, numa quota pralgum deficiente! Si eu pudesse, mactava todos! Prompto! Ninguem nota a falta dum inutil! Nem de prece precisa alguem assim! Uma pessoa normal é quem gozar pode! Na boa!

80

CEGA BRONHA BREGA [8556]

Si Carlos Alexandre quiz cadeia a alguem que amou bastante e, si festeja que sua trahidora, mulher feia, porem amada, presa agora seja, calcule-se, leitor, como recreia a minha lyra torpe e malfazeja que um typico politico se creia impune, inimputavel, mas esteja, não mais que de repente, numa cheia masmorra, juncto a presos que na egreja jamais se confessaram, que na veia se piccam, que são gente que fareja e fuma, que lavada não tem meia nem sunga, mas que ganha de bandeja a bocca a ser fodida, a bunda alheia, comivel à vontade! Quem calleja a mão de tanta bronha, assim que leia noticias da prisão de quem se eleja mentindo ou promettendo, sou eu, eia! Ainda que em tal cella não os veja, eu gozo quando o publico os cerceia.

81

CORRENTE CONDIZENTE (1/12) [8562]

(1)

Mulheres são luxentas quando bellas. As bellas são beijadas pelos bellos rapazes que, felizes, gostam dellas.

(2)

Os bellos, que são pallidos, branquellos, chupados são por negras que, mais feias, são putas, são escravas nesses elos.

(3)

As negras são amadas, nas cadeias da sadica corrente, pelos feios mulatos que, na bocca, as deixam cheias.

(4)

Os brancos, quando feios, não alheios estão dessa cadeia, pois chupados serão por outros feios, sem mais freios.

(5)

Aquelles bem mais feios, rejeitados por todas e por todos, negros, brancos, serão por quem chupados, hem, coitados?

(6)

Nem mesmo os putos velhos, gordos, mancos, jamais os chuparão. Então, quem resta? Quem cumpre tal tarefa, aguenta o tranco?

82

(7)

É facil responder. Fazem a festa taes feios com um cego que, submisso, excolha não terá: para tal presta.

(8)

Eu mesmo um testemunho vou dar disso, pois feios ja chupei sem que soubesse e, claro, caprichei nesse serviço.

(9)

Sabendo fico quando alguem fornesce alguma descripção do tal subjeito que visto foi commigo. Quem exquesce?

(10)

“Não, Glauco! Como pode? Não acceito crer nisso! O cara muito horrivel é! Chupar um typo desses é proveito?”

(11)

E eu digo: “Chupo mesmo, bote fé! Alem de lhe chupar o pau, me excito lambendo-lhe o pezão, pois tem chulé!”

(12)

Entendem os amigos meu maldicto destino, então, e encaram as mazellas do cego como, em verso, tenho escripto.

83

MERA CHIMERA [8598]

Sim, elle normalmente enxerga, pois ver Wanda bem consegue, em toda a sua belleza feminina, alem da classe.

Sim, elle ser escravo quer, mas é da Wanda, não dalguma adunca bruxa, banguela, alem de immunda, alem de mal vestida, sem as pelles elegantes.

Sim, elle, Severino, masochista deseja ser, mas facil é tal tara achar em quem communga algum fetiche.

Ironico: um ceguinho que conhesço escravo ser deseja do mais feio e porco camarada, alem de mal vestido, malcheiroso, mal amado. Mas nunca satisfaço o meu desejo, que mera phantasia alguem suppõe que seja. Que ironia, amigos! Hem?

84

ESCALA DEGRADANTE [9195]

Refere-se você, diversas vezes, àquella sexual hierarchia que exsiste entre pessoas mais bonitas e gente menos rica desses dotes estheticos. Exemplos você deu da bella que domina seu bellissimo parceiro, o qual domina varias outras mulheres não tão bellas, as quaes são, por sua vez, patroas de machões mais feios, que são cada vez mais feios conforme essa feiura feminina. Até chegar no poncto crucial no qual um cego serve sempre como escravo do subjeito mais horrendo, malvado, repellente e desprezivel. Mas acho que você exaggera, Glauco! O cego não precisa ser escravo dum typo tão malefico, pois eu, que sou até bomzinho, um cego gosto de, sadico, opprimir, sem culpa alguma!

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RETOCADO? [9586]

Mulheres se maquillam, mas os homens não podem pretender que sua cara lhes seja retocada assim tão bem!

Mulher feia até fica menos feia, mas homem, quando feio, não ha meio de embellezar aquella carantonha!

Você com isso, Glauco, nem precisa perder tempo, pois cegos são horriveis qualquer que seja a cara que tiverem!

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SUMMARIO NOTA INTRODUCTORIA......................... 7 DISSONNETTO QUEBRA-GALHO [0195]............ 9 DISSONNETTO INEXORAVEL [0225]............. 10 DISSONNETTO ALEATORIO [1079].............. 11 DISSONNETTO DA DESCOBERTA ARCHEOLOGICA [1433]..12 DISSONNETTO DOS DOTES NOTAVEIS [1582]..... 13 DISSONNETTO DA DADIVA ADVERSA [1583]...... 14 DISSONNETTO DO NARIZ CHARMOSO [1709]...... 15 DISSONNETTO PARA AS BELDADES CONSTIPADAS [1797].. 16 DISSONNETTO PARA O GRITO DOS EXCLUIDOS [1931]..17 DISSONNETTO PARA UMA CIDADE LIMPA [2066].. 18 DISSONNETTO PARA UM BANDIDO MASCARADO [2086]. 19 DISSONNETTO PARA A BELLEZA ILLESA [2371].. 20 DISSONNETTO PARA UM MAU OLHADO MAL OLHADO [2508] . 21 DISSONNETTO PARA UMA CONCENTRAÇÃO MASCULINA .. 22 DISSONNETTO SOBRE UMA ASSOMBRAÇÃO MUTANTE [2929]... 23 DISSONNETTO SOBRE QUEM AMA A FEIA [2990].. 24 ARTILHEIRA CHUTEIRA [3381]................ 25 QUESTÃO DE GOSTO [3564]................... 26 SYLVINEY, O FORA DA LEI [3567]............ 27 A VOLTA DO MOTTE DO MASCOTTE [3628]....... 28 A VOLTA DO MOTTE DO GOSTO [3634].......... 29 A VOLTA DO MOTTE DO BRUTO [3643].......... 30 A RACCONTADA FABULA DO PATINHO E DOS CYSNES 31 O ANJO DA GUARDA E O DEMONIO DA POESIA [4026]..32 O CAUTO CAUSO DA POETIZA MAIOR [4148]..... 33 CARAPUÇA DE BUÇA [4742]................... 34 ESPELHANDO-SE EM QUEM NÃO SE VÊ [4763].... 35 RESTOS VITAES [4880]...................... 36 FESTA DO PEÃO [4914]...................... 37
HOTELARIA INFORMAL (1/2) [4917/4918]...... 38 O PROVEITO DO DEFEITO [5090].............. 39 RELENDO BILAC (2) [5158].................. 40 RELENDO OLEGARIO MARIANO (1) [5159]....... 41 TESUDOS NARIGUDOS [5297].................. 42 ODE AO IRRUMADOR [5578]................... 43 OGRE DE GREGO [5592]...................... 44 ASSEIO DOS FEIOS [5612]................... 45 MEME DA VERRUGA [5939].................... 46 PERPLEXO REFLEXO [5951]................... 47 MISCELLANEA DA APPARENCIA [6002].......... 48 MEME DO CEGUINHO PUTO [6050].............. 49 SEDUCÇÃO [6282]........................... 50 OUTRO LOGRO POR UM OGRO [6283]............ 51 DAMNOS MORAES (2) [6535].................. 52 TRIANGULO ESCALENO [6539]................. 53 MULHER BONITA [6566]...................... 54 STALINDISSIMO [6583]...................... 55 THEMAS DE TELEPHONEMAS (6) [6718]......... 56 INFERIOR COM LOUVOR [6824]................ 57 DADIVA DIVINA [6867]...................... 58 INCOMPARAVEL FEALDADE [6897].............. 59 CARA E BARULHENTA [6941].................. 60 POLITICA ANALYTICA [6987]................. 61 O CEGO E SEU TACTO [6994]................. 62 MERO LERO, MAS SINCERO [7022]............. 63 MADRIGAL SUPRACONSENSUAL (1/4) [7792]..... 64 IMAGEM E SEMELHANÇA (1/3) [8005].......... 66 CONVERSA EM CONSERVA (1/4) [8042]......... 68 SYNTHESE POETICA (1/2) [8051]............. 69 PHAROLEIRO MOTOQUEIRO (1/2) [8082]........ 70 INFINITILHO DO ESPELHO (1/2) [8100]....... 71
INFINITILHO DO CARALHO QUE NOS CALHA (1/2) 73 INFINITILHO DA ARMADILHA (1/2) [8149]..... 75 BALLADA EMBELLEZADA (1/4) [8200].......... 76 PAUTA DE INTERNAUTA (1/10) [8508]......... 77 CEGA BRONHA BREGA [8556].................. 81 CORRENTE CONDIZENTE (1/12) [8562]......... 82 MERA CHIMERA [8598]....................... 84 ESCALA DEGRADANTE [9195].................. 85 RETOCADO? [9586].......................... 86
São Paulo Casa de Ferreiro 2023

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MERA CHIMERA [8598]

1min
pages 84-86

CEGA BRONHA BREGA [8556]

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PAUTA DE INTERNAUTA (1/10) [8508]

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BALLADA EMBELLEZADA (1/4) [8200]

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PHAROLEIRO MOTOQUEIRO (1/2) [8082]

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SYNTHESE POETICA (1/2) [8051]

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CONVERSA

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IMAGEM E SEMELHANÇA (1/3) [8005]

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MADRIGAL SUPRACONSENSUAL (1/4) [7792]

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O CEGO E SEU TACTO [6994]

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POLITICA ANALYTICA [6987]

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INCOMPARAVEL FEALDADE [6897]

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DADIVA DIVINA [6867]

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STALINDISSIMO [6583]

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SEDUCÇÃO [6282]

2min
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MEME DO CEGUINHO PUTO [6050]

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PERPLEXO REFLEXO [5951]

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MEME DA VERRUGA [5939]

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ODE AO IRRUMADOR [5578]

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TESUDOS NARIGUDOS [5297]

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RELENDO OLEGARIO MARIANO (1) [5159]

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O PROVEITO DO DEFEITO [5090]

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HOTELARIA INFORMAL (1/2) [4917/4918]

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O CAUTO CAUSO DA POETIZA MAIOR [4148]

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O ANJO DA GUARDA E O DEMONIO DA POESIA [4026]

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DISSONNETTO SOBRE UMA ASSOMBRAÇÃO MUTANTE [2929]

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DISSONNETTO PARA UMA CONCENTRAÇÃO MASCULINA [2562]

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DISSONNETTO PARA A BELLEZA ILLESA [2371]

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DISSONNETTO PARA UMA CIDADE LIMPA [2066]

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DISSONNETTO PARA AS BELDADES CONSTIPADAS [1797]

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DISSONNETTO DA DADIVA ADVERSA [1583]

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DISSONNETTO DA DESCOBERTA ARCHEOLOGICA [1433]

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DISSONNETTO ALEATORIO [1079]

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DISSONNETTO INEXORAVEL [0225]

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