Infopharma nº3

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A importância da saúde oral em tempos de COVID-19 UM ESTUDO RECENTE SUBLINHOU A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE PERIODONTAL NA PREVENÇÃO E EVENTUALMENTE NA GESTÃO DAS COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA COVID-19. Autor: Joana Morais Ribeiro, Representante da Região Autónoma dos Açores no Conselho Diretivo da Ordem dos 

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Médicos Dentistas

egundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crónicas resultam da combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais. As mais prevalentes são as doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de cancro e doenças respiratórias, sendo responsáveis por mais mortes e incapacidade que todas as outras doenças juntas.

sanguíneos aumentados de biomarcadores associados a resultados piores da doença. Atendendo a que 10% dos adultos são afetados por periodontite severa, caracterizada por perda óssea acentuada que pode resultar em perda dentária, o estudo sublinha a importância da saúde periodontal na prevenção e eventualmente na gestão das complicações decorrentes da COVID-19.

As doenças orais configuram um importante desafio de saúde pública, já que afetam mais de 90% da população mundial e têm um enorme impacto, sobretudo se considerarmos as sequelas psicossociais, fonéticas e nutricionais. A doença periodontal e a cárie dentária são as principais doenças orais crónicas que, partilhando fatores de risco com as quatro patologias já mencionadas, beneficiam de uma abordagem integrada.

Um estudo recente associou a periodontite ao maior risco de admissão em unidades de cuidados intensivos, necessidade de ventilação assistida e morte em pacientes com COVID-19

Um estudo recente de Sanz e Cai “Association between periodontitis and severity of COVID-19 infection: a case–control study” associou a periodontite ao maior risco de admissão em unidades de cuidados intensivos, necessidade de ventilação assistida e morte em pacientes com COVID-19, bem como a níveis

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Muitas vezes, a presença de gengivite leva o paciente a procurar o conselho do farmacêutico antes de consultar o médico dentista, na esperança de que seja algo pontual que não exija maiores cuidados. Nestes casos, o farmacêutico deve acentuar o seu papel orientador, recomendando a visita ao médico dentista para avaliação das questões periodontais, que muitas vezes beneficiarão dos tratamentos coadjuvantes disponíveis nas farmácias.

Em relação à gestão das odontalgias, o papel pedagógico do farmacêutico é extremamente importante ao alertar para que a analgesia conseguida com o medicamento poderá não ser um tratamento por si só, mas uma terapêutica complementar ao tratamento efetuado pelo médico dentista. Há pouco tempo, recebi de uma amiga farmacêutica um e-mail reencaminhado de um doente em isolamento que fotografara as suas lesões intraorais e pedia orientação. Fiz as recomendações que considerei apropriadas, reiterando a importância de ser avaliado por um médico dentista mal tivesse alta. Questionei-me sobre o motivo da mensagem ter sido enviada à sua farmacêutica e não ao seu médico dentista. A resposta provável será proximidade e acessibilidade. Aquele paciente tinha uma farmacêutica, mas não tinha um médico dentista… O farmacêutico conhece o paciente que não tem médico. É sobretudo junto destes pacientes que o farmacêutico desempenha

AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL


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