> SAÚDE
Impactos da pandemia COVID-19 A ELEVADA PRESSÃO ADICIONAL SOBRE AS INSTITUIÇÕES QUE FOI GERADA PELA ATUAL PANDEMIA E O SEU IMPACTO NA ATIVIDADE NÃO-COVID IMPÕE A PREPARAÇÃO E ARTICULAÇÃO DE RESPOSTAS DE GOVERNAÇÃO E DE ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA, DE MODO ARTICULADO, QUE CRIEM CONDIÇÕES PARA UMA RESPOSTA E MITIGAÇÃO QUE ASSEGURE ACESSO E EQUIDADE. Autor: José Carlos Fernandes Pereira, Administrador Hospitalar 1. I MPACTO NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE O período de emergência internacional de saúde pública e de pandemia pelo vírus SARS-CoV-2, declarado pela Organização Mundial da Saúde em 11 de março de 2020, está a impactar profundamente na atividade das instituições prestadoras de cuidados de saúde.
Iniciando pelos cuidados de saúde primários, relativamente a consultas ou contactos médicos nos centros de saúde, este estudo assinala em 2020 um crescimento global de 4,7% (+1,4 milhões) face a 2019:
A concentração de uma elevada quantidade de recursos materiais e humanos na gestão da pandemia alterou a atividade dos hospitais e dos centros de saúde e sobrecarregou os profissionais alocados a atividades COVID-19, muitas delas invisíveis, gerando maior redução da procura, agravada por barreiras autoimpostas (receio de contágio ou isolamento) ou que resultaram de cancelamento ou adiamento de atos clínicos.
Redução de 38% das consultas médicas presenciais nos centros de saúde (-7,8 milhões), com maior discrepância em abril; Crescimento de 101% dos con tactos médicos não presenciais ou inespecíficos, passando de 9,1 milhões para 18,5 milhões, com maior discrepância em novembro; Redução de 37% das consultas médicas ao domicílio (-72 mil), com maior discrepância em abril; e Mais de 7,8 milhões de contactos presenciais médicos por realizar em 2020.
O impacto na prestação de cuidados de saúde em Portugal foi analisado pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) e pela Ordem dos Médicos, no âmbito da iniciativa conjunta, denominada de Movimento Saúde em Dia (www.saudeemdia.pt). Através dos dados de 2020 (janeiro a dezembro), disponíveis no Portal da Transparência do SNS, comparados
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com o período homólogo de 2019, foram analisadas diversas áreas de prestação de cuidados.
Relativamente aos contactos de enfermagem nos centros de saúde, de registar em 2020 uma redução global de 13% (-2,7 milhões) face a 2019: Redução de 18% dos contactos presenciais de enfermagem (-3,6 milhões), com maior discrepância em abril; Crescimento de 62% dos contactos não presenciais de enfermagem
(+844 mil), com maior discrepância também em abril; e Mais de 3,6 milhões de contactos presenciais de enfermagem por realizar em 2020, comparativamente a 2019. Em termos de MCDT (meios complementares de diagnóstico e terapêutica), globalmente, foram realizados em 2020 menos um quarto dos exames e análises: edução de 25% de exames conR vencionados (-25 milhões de atos realizados), com maior discrepância em abril; Maior expressão desta redução em áreas como a Medicina Física e de Reabilitação (-12,4 milhões), Análises Clínicas (-9,9 milhões), Radiologia (-1,6 milhões), Cardiologia (-414 mil) ou endoscopia gastroenterológica (-366 mil), entre outras. No âmbito do Programa de Rastreios Oncológicos, foram igualmente observadas quebras: Redução de 21% de mulheres com registo de mamografia nos últi-
AFP-ASSOCIAÇÃO DE FARMÁCIAS DE PORTUGAL