fotografia como ferramenta de projeto
Bárbara Souza Silvestre da Costa A primeira abordagem significativa em que fotografia e arquitetura convergem, é o papel da fotografia para ‘documentação e memória’ da arquitetura. Ela nasce, portanto, como uma espécie de testemunho das edificações. O fascínio pela invenção deste artefacto se dá a partir do momento em que foi permitido registrar de forma muito real aquilo que antes era registrado somente através de pinturas ou desenhos e que, por isso, estavam suscetíveis a interpretações que poderiam distorcer a realidade. Outra relação importante foi no século XX. A fotografia foi o maior meio de disseminação da arquitetura moderna. Para Bergera (2014), “a arquitetura moderna não pode ser entendida sem o papel paralelo desempenhado por sua representação fotográfica”. Além disso, subjetivamente, as duas áreas se conectam de forma muito evidente pois dispõem de conceitos de composição como por exemplo “luz e sombra, arranjo de formas e etc”. E é, através da fotografia que muitos desses conceitos são evidenciados na arquitetura. Por fim, chega-se a relação principal abordada neste Ensaio, que é a fotografia como ferramenta metodológica para o arquiteto. O objetivo não é usá-la no lugar de outras ferramentas, como desenho, 18
maquetes, colagens e etc, mas agregá-la a esse conjunto, tornando-o mais rico para o uso do estudante ou arquiteto. Foram abordadas algumas maneiras de se utilizar a câmera para tais fins. A primeira delas é a fotografia de modelos reduzidos. É importante ressaltar que para que seja eficaz esse estudo, é necessário fotografar as maquetes sob o ponto de vista do observador. É preciso excluir qualquer referência externa que possa existir para que não haja uma comparação de escalas. Ao aproximar a câmera do modelo reduzido e tendo uma escala humana em maquete, é possível fazer uma análise da dimensão do futuro espaço arquitetônico, bem como suas proporções com a figura humana. Além disso, ao fotografá-las, é possível também fazer estudos de luz e sombra, pois se mostram mais eficazes do que em desenho. Outra possibilidade interessante é usar a fotografia em combinação com outro meio, como o desenho. O arquiteto Cedric Price fazia muitos croquis em cima de fotos, especialmente dos terrenos onde seriam implantados seus projetos. Dessa forma, ele conseguia estudar a relação do seu edifício com o entorno, bem como sua escala e proporção.
Na produção de imagens virtuais, a fotografia também pode ser uma importante aliada. Alguns softwares possuem as mesmas configurações de uma câmera para renderizar uma imagem. Ou seja, estão relacionados também sob essa perspectiva técnica. O escritório brasiliense MRGB tem como um ponto forte a produção de imagens hiper-realistas. O arquiteto sócio responsável por esse setor contou, em entrevista, que seu conhecimento na fotografia é um fato primordial para o bom resultado dessas imagens, pois ele só renderiza cenas em que posteriormente conseguirá fotografar pelo mesmo ângulo. A fotografia, uma vez que adquiriu notável reconhecimento mundial, sempre será peça primordial no entendimento da arquitetura. A relação simbiótica demonstra que, da mesma forma que a fotografia encontrou na arquitetura uma grande aliada devido ao seu caráter estático, a arquitetura passa a enxergar a fotografia como um meio que potencializa sua existência, bem como o processo projetual relacionado a ela. Orientadora: Maria Cláudia Candeia Banca: Luciana Jobim Navarro, Oscar Luis Ferreira