ARQUI #11

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um olhar sobre os abrigos para pessoas em situação de rua no DF

Letícia Drummond de Oliveira Magalhães

Não sendo um problema exclusivo de países de terceiro mundo, é alarmante o número de pessoas em situação de rua em países ricos como Estados Unidos e alguns países da Europa. No Brasil, segundo o IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2016, já havia 101.854 pessoas em situação de rua no país. No DF, estimou-se que essa população seria de 2,5 mil pessoas, podendo ser ainda maior devido à crise econômica e às altas taxas de desemprego que o país enfrenta atualmente. Frente a esse cenário, a Política Nacional para a População em Situação de Rua visa “orientar a construção e execução de políticas públicas voltadas a este segmento da sociedade, historicamente à margem das prioridades dos poderes públicos”. Aborda, então, a questão dos serviços de acolhimento temporários, abrigos, estabelecendo padrões e responsabilidades de cada entidade e órgão do governo. Apesar disso, a maioria das estruturas dos abrigos institucionais estão em descompasso com vários objetivos e diretrizes das políticas públicas. Muitos apresentam condições precárias de conforto, salubridade, segurança e humanização. Diversos projetos não levam em conta a humanização da arquitetura e o impacto que ela tem na autoestima dos usuários, visando apenas o baixo custo de 30

construção, realizando, dessa maneira, edifícios completamente impessoais, frios, e precários, o que pode impactar negativamente na recuperação dos usuários e fere o objetivo de o abrigo ser um local que remete à imagem de lar. Além disso, várias instituições não possuem espaços físicos destinado à demanda de profissionalização e promoção de aptidões. A partir de visitas técnicas foram levantados os principais pontos positivos e negativos de três instituições do DF, as quais se encontram a mais de 17 km da Rodoviária do Plano Piloto, local de maior concentração da população em situação de rua do distrito. A Unidade de Acolhimento para Adultos e Famílias – UNAF (1) é uma instituição governamental, localizada no Areal, fundada em 1990 e acolhe homens adultos, idosos e famílias. Dentre os aspectos negativos observados por lá temos: entrada da unidade intimidadora cercada com arame farpado; ambientes frios, monótonos e impessoais; integração deficitária entre banheiros e dormitórios; refeitório muito distante dos quartos e sem nenhum tipo de proteção durante boa parte do percurso; refeitório extremamente escuro; mobiliário de lazer e facilidades, como bebedouro, insuficientes para o contingente de 158 internos; área verde pouco aproveitada;

acessibilidade deficitária. Quanto aos aspectos positivos: apresenta biblioteca com boa iluminação natural e janelas dispostas de maneira a permitir ventilação cruzada; exposição de trabalhos artísticos realizados pelos abrigados nas paredes da biblioteca; uso de cores nas fachadas dos edifícios, evitando monotonia do branco e cinza; muita disponibilidade de área verde, apesar de subaproveitada. Diante dessa pesquisa e da situação de crescente aumento dessa população em condição de rua, é extremamente importante que se repense o modo de construção desses abrigos, uma vez que a arquitetura influencia diretamente na autoestima do ser, podendo contribuir ou desmotivar seu desenvolvimento. Sendo assim, a arquitetura tem grande participação no êxito dessas instituições, o que deveria provocar maior atenção e investimento, nesse quesito, por parte do governo. Orientadora: Cláudia da Conceição Garcia Banca: Carlos Henrique Magalhães, Luís Pedro de Melo e Cláudia da Conceição Garcia


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