Fleet Magazine #51 - Novembro 2021

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Opinião Miguel Vassalo C O U N T RY M A N AG E R A U TO R O L A

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profunda transformação em curso na indústria automóvel está em grande medida relacionada com dados. Com a proliferação de veículos conectados, mobilidade partilhada e, futuramente, a condução autónoma, assistiremos ao crescimento exponencial da quantidade de dados gerados, não só pelos próprios automóveis, como pelos seus utilizadores e também pelo meio envolvente. E esta avalanche de informação abre portas a inúmeras oportunidades de monetização de dados e serviços baseados neles e, claro está, anuncia também alguns desafios. No passado, tudo o que se passava num automóvel, ficava no automóvel. Não existia qualquer tipo de conectividade. Mais recentemente, acompanhando a evolução das tecnologias da informação, a indústria foi introduzindo algum tipo de conectividade, mas que, ainda assim, não ia além da monitorização básica e reativa do estado mecânico e utilização do veículo. No entanto, encontramo-nos hoje à beira do ponto de convergência, onde várias inovações tecnológicas, como o 5G e a Inteligência Artificial, entre outras, prometem transformar a conectividade num sistema inteligente e preditivo, tirando verdadeiramente partido do valor contido na quantidade avassaladora de dados que passam a estar disponíveis. Consequentemente, todo um admirável novo mundo passa a ser tecnicamente possível de materializar-se: novas experiências de utilização e segurança reforçada; serviços inovadores,

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O potencial transformador dos dados assentes em novos modelos de negócio; e, e em última instância, a possibilidade de assinaláveis reduções de custos e novas fontes de rendimento. O McKinsey Center for Future Mobility aponta para receitas anuais incrementais nesta área entre os 250 mil milhões de dólares e 400 mil milhões de dólares em 2030. Além dos utilizadores e frotistas, os beneficiários desta mudança de paradigma envolvem toda uma nova cadeia de valor alargada, tendo a capacidade de impactar positivamente não só os intervenientes clássicos, como fabricantes, concessionários, gestoras de frota e empresas de rent-a-car, mas também alguns insuspeitos. Entre eles, seguradoras, empresas de telecomunicações, de logística, tecnológicas, os media e as próprias cidades estão a ser chamados a capitalizar e desempenhar um papel relevante neste novo ecossistema de mobilidade. A mesma consultora, numa análise intitulada “Unlocking the full life-cycle value from connected-car data”, apresenta vários casos de uso, que vão desde seguros baseados na utilização, até planeamento de infraestruturas, aprofundando três que vê com maior potencial de retorno económico. Actualização remota (OTA – Over The Air) À semelhança do que já acontece com os nossos telemóveis, o software contido nos automóveis começa a ter a possibilidade de poder ser atualizado remotamente. As atualizações OTA são enviadas através de uma ligação sem fios e instaladas automaticamente, eliminando a necessidade de visitar

fisicamente uma oficina. Atualizações críticas de segurança podem ser efetuadas, como melhorias ou correções nos sistemas de propulsão e chassis, mas também outras relacionadas com a comodidade, como a atualização de mapas, novas interfaces e versões de aplicações. Contudo, este salto tecnológico altera por completo a perspetiva de interação com o cliente e proporciona novos


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