Revista FundsPeople julho e agosto 2022

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ENTREVISTA ENTREVISTA GESTOR

por Miguel Rêgo, CFA

Guilherme Piedade e Filipa Almeida RESPONSÁVEL DE SELEÇÃO DE FUNDOS E GESTORA DE CARTEIRAS, CAIXA GESTÃO DE ATIVOS

UMA PEÇA DE DIVERSIFICAÇÃO COM MÚLTIPLOS ENCAIXES Os dois profissionais da Caixa GA levantam o véu do que se faz, e como se faz, na gestão do Fundo de Especial de Investimento Aberto Caixagest Imobiliário Internacional, sob a sua alçada, que investe em fundos imobiliários.

“U

m fundo de abordagem core, com baixa volatilidade em relação à classe e com uma yield mais ou menos estável entre os 3 e os 5% ao longo dos últimos anos. Uma yield que, combinada com os ganhos de capital, tem permitido atingir rentabilidades um pouco acima das yields indicativas, o que funciona em alguns casos como alternativa à classe de rendimento fixo”, descreve Guilherme Piedade. O perfil defensivo revela-se ainda mais neste contexto extraordinariamente inflacionário, “considerando as rendas indexadas à inflação, baixo capex e a predominância do investimento em euros”, comenta Filipa Almeida. A pouca exposição a moedas que não o euro, como a libra e o dólar, são cobertas por via de futuros, diz a profissional.

PEÇA IMPORTANTE

Como explica Guilherme Piedade, este fundo encaixa nas carteiras institucionais não só como uma peça de diversificação junto de ativos tradicionais, mas também como “fonte de diversificação ao nível da própria 76 FUNDSPEOPLE I JULHO E AGOSTO

componente de imobiliário, daqueles investidores que têm imobiliário local direto ou fundos imobiliários nacionais”. Já a diversificação da carteira “dá-se no investimento em vários países, apesar da concentração na Europa, mas também ao nível dos setores”, diz Guilherme Piedade. Escritórios e logística são os dois grandes blocos, mas também ativos residenciais, que têm vindo a ganhar peso pós-pandemia, e algum retalho, que tem seguido o caminho contrário. “A exposição a logística foi acelerada pela pandemia, mas era já uma tendência que crescia na carteira há cerca de cinco anos, não só por decisões diretas de alocação, mas também pelo crescimento do seu peso nos fundos mais diversificados em que investimos”, conta. Para Guilherme Piedade e a sua equipa, tal como em muitos outros fundos que beneficiam da sua experiência, é importante conhecer muito bem os gestores e as caraterísticas das carteiras que entram no Caixagest Imobiliário Internacional. “Num fundo novo procuramos guidelines muito precisas em termos da alavancagem e objetivos de investimento. É preciso garantir que estão alinhados com o objetivo do nosso fundo. Para fundos com mais histórico, o foco está no track record das equipas de gestão, das próprias entidades gestoras e, claro, da importância do fundo dentro da própria entidade gestora. Nos fundos bandeira da casa, a atenção tende a ser redobrada”, explica. No que diz respeito a liquidez, privilegiam os fundos semi abertos com janelas de resgate anuais ou semianuais. “Nos fundos fechados, por outro lado, o investimento tem também em consideração a liquidez existente no mercado secundário”, explica.

SUSTENTABILIDADE

Como é política da casa, os fatores ESG (Environmental, Social and Governance) são algo que tem que estar presente na mente e no dia a dia de todos os profissionais. Neste fundo em específico, no entanto, a abordagem dá-se mais ao nível da entidade gestora do que do instrumento. “Nesta classe de ativos é muito difícil encontrar uma denominação e um conjunto de caraterísticas comuns para comparar os fundos. O que fazemos é olhar para as entidades gestoras e exigir, por exemplo, que sejam signatárias dos PRI ou do GRESB. Ao nível dos fundos, estamos atentos ao trabalho que se faz ao nível da eficiência energética, utilização de materiais sustentáveis, impacto ambiental e impacto nas áreas envolventes, entre outros”, explica Filipa Almeida. “Estamos numa fase em que não são só os gestores que mostram esforços nesse sentido, mas também em que os clientes o exigem”, conclui a gestora.


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