CDM 55 - Impressa

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Uma vida em perigo Jornalistas investigativos revelam os bastidores da profissão Heloísa Bianchi Isabela Lemos Matheus Zilio

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m 2000, enquanto investigava o sequestros de crianças na fronteira do Paraguai, o repórter investigativo Mauri König foi agredido e, deixado à beira da morte, precisou fingir de morto para sobreviver a situação. “Depois conclui que se os caras quisessem realmente me matar, eles teriam feito, e jogado o corpo no rio Paraná. O que eles queriam na verdade era dar um susto, um aviso a imprensa brasileira para não mexer mais nas questões do Paraguai.” König acredita que existem outros tipos de agressão ou de violência que têm caráter permanente ao repórter: “Eles não deixam marcas físicas, mas deixas marcas psicológicas muito fortes”. Durante os duros anos na profissão, muitas reportagens causaram diversas ameaças ou retaliações contra König, mas ele acredita que a todo momento estamos sujeitos à consequências inerentes da profissão. Quando König trabalhava para o jornal Folha de Londrina, ele foi ameaçado por grupos políticos que “pediram sua cabeça” para o dono do veículo, pelo fato de discordarem das denúncias que estavam sendo feitas. Em 2003, o repórter escreveu uma reportagem que denunciava abertamente o envolvimento de policiais civis de Foz do Iguaçu com o receptadores de carros roubados no Paraguai. A transparência na reportagem culminou com a mudança compulsória de König para Curitiba. “Fiquei distante dos meus filhos e isso já implica um custo mui-

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to grande. A preocupação de vê-los na mesma região que você denunciou os policiais, mas ainda bem não aconteceu nada.” Em 2012, novamente ameaças da polícia civil, por causa da série “Polícia fora da Lei”, culminaram com o exílio de König para fora do país, no Peru. Haviam sido feitas ligações para a Gazeta do Povo, alertando a imprensa que um grupo de policiais tinham sido contratados para matar König. “Você sempre fica com aquela sensação de que está sendo vigiado, eles sabem quem é você, porque eu assinei a reportagem, eu coordenei a equipe, mas eu não sei quem são eles.” Novamente, foi necessário que o repórter deixasse sua família em consequência de seu ofício. Jonathan Campos

Mauri König em entrevista numa das cavas do Rio Iguaçu, em Fazenda Rio Grande.


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