Infância interrompida
A dura realidade das crianças viciadas em drogas desde a barriga da mãe - mulheres usuárias que não cessam o uso nem durante a gravidez Thamany Oliveira Luana Fogaça
E
la começou cedo no mundo das drogas. Sem poder escolher, Ester foi introduzida aos entorpecentes contra sua própria vontade - trauma cujos efeitos à longo prazo continuam lhe prejudicando anos depois de ter sido tirada da vida do vício. Aos 6 anos, Ester Oliveira tenta viver a vida como qualquer outra menina de sua idade.
Por conta do uso involuntário das drogas durante a gravidez da mãe, a pequena Ester nasceu com o que é visto pela família como os sintomas da abstinência. Ainda nos primeiros anos de vida, um desejo insaciável era transformado em choro constante pela menina, que volte e meia era pega pela própria mãe ingerindo substâncias tóxicas - como perfumes e remédios.
É que ela é apenas uma das várias vítimas da Síndrome de Abstinência Neonatal (SAN), condição que afeta milhares de bebês ao redor do mundo. A síndrome é resultado do uso constante de entorpecentes pela mãe durante a gravidez, atividade que causa o vício da criança ainda na condição de feto - e se prolonga durante os anos seguintes.
O uso dos entorpecentes durante o período da gravidez pode causar problemas no desenvolvimento do bebê, incluindo nascimento prematuro do feto e até mesmo convulsões. A cocaína, por exemplo, é uma droga que tem potencial de ocasionar dificuldade do crescimento do feto, causando a diminuição do peso e malformações. Já no caso da maconha, é o desenvolvimento do retardo no sistema nervoso do feto é um sintoma comum, além de alguns distúrbios neurocomportamentais.
Adotada logo após o nascimento, Ester hoje é cercada por uma família amorosa em um lar estável. Mas nem sempre foi assim, como relatam os próprios familiares adotivos da menina. “A mãe biológica da Ester fazia uso de 5 drogas diferentes durante a gravidez: cigarro, álcool, maconha, crack e heroína. O uso era constante, até o dia em que nos conhecemos, quando ela teve um incidente e teve que ser levada para um hospital”.
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O choro constante, a irritabilidade e a dificuldade na alimentação são os primeiros sintomas do recém-nascido dependente de drogas. A longo prazo, o atraso no desenvolvimento e o comprometimento da fala e da linguagem são os problemas de educação mais comuns identificados por especialistas.
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O uso dos entorpecentes durante o período da gravidez pode causar problemas no desenvolvimento do bebê.