Ceos #5 Na raiz do preconceito (2020/1)

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A GENTE QUER COMIDA, DIVERSÃO, ARTE E ORGASMO COMO MULHERES QUE FALAM SOBRE SEXUALIDADE E AUTOESTIMA NA INTERNET ESTÃO CONQUISTANDO UM ESPAÇO IMPORTANTE NO UNIVERSO FEMININO POR BÁRBARA BITENCOURT

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e conteúdo o Instagram está cheio. Vivemos em um mundo digital com informações diversificadas, resumidas por pessoas intituladas influenciadores digitais. Somos bombardeados por elas todos os dias. Mas, entre elas, existem algumas mulheres que criaram um modelo de conteúdo específico com um objetivo: ensinar outras mulheres a conhecerem o seu próprio corpo. E sobre autoconhecimento, a Gisele Faresin, CEO da página O Prazer É Todo Meu, é especialista. Com mais de 200 mil seguidores, a página é comandada por ela e Marcela Gowan, médica especializada em ginecologia e ex-BBB. Juntas apresentam conceitos médicos, desmistificam tabus e ensinam como mulheres podem se sentir satisfeitas dentro dos seus próprios corpos para obter a liberdade sexual e chegar de fato ao orgasmo - termos que usam com frequência. Mas por que agora? Há exatos 22 anos, uma australiana especializada em urologia, chamada Hellen O’Conell, fazia uma revelação e apresentava ao mundo, pela primeira vez, todos os elementos da anatomia completa do clitóris. Antes disso, algumas informações para as mulheres eram desconhecidas. Uma delas é a quantidade de terminações nervosas que essa pequena parte do corpo feminino pode oferecer. “O nosso conteúdo 10

se torna importante a partir do momento que precisamos dizer que a nossa principal ferramenta de prazer possui oito mil terminações nervosas”, Gisele relata. A partir desses conhecimentos, Gisele e Marcela construíram um e-book e transformaram esses conteúdos da página em um curso, para que dessa maneira outras mulheres pudessem se aprofundar em assuntos de sexualidade e autoconhecimento. “Desde então, entendi qual era o meu lugar no mundo: queria fazer outras mulheres se conhecerem também, aquilo que eu não tive. Por exemplo, saber que apenas 18% das mulheres sentem prazer com a penetração e que tá tudo bem”, afirma.

De acordo com uma pesquisa realizada com o público das mulheres que participaram do curso: O Prazer É todo meu entre 2019-2020, 100% delas afirmaram não estarem satisfeitas com o próprio corpo. Após acrescentar essa informação, Gisele desabafa: “Mas esse número não é impressionante se a gente levar em consideração o mundo que vivemos, onde somos bombardeados de informações de uma indústria que nos diz que a gente tem que trocar de roupa e que precisamos usar cremes infinitos no rosto. Tudo isso faz você se sentir insegura.” Camila, Ana e Nayane são seguidoras assíduas da página. Dos 19 aos 36 anos, buscaram no Instagram uma maneira de entender o seu corpo, se sentir acolhida com questões pessoais e repassar esse tipo de conteúdo. “É uma ótima fonte de autoconhecimento, de empoderamento e ainda trata da saúde íntima da mulher. Acredito que muitas mulheres não frequentam ginecologista e muitas (eu era uma delas) não têm costume de estudar a sexualidade feminina”, afirma Camila, vestibulanda e carioca, que aos 19 anos iniciou o seu processo de “desconstrução pessoal”, termo usado dentro do movimento feminista que significa autoconhecimento e libertação das amarras de padrões impostos pelas grandes indústrias.


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