46 Edição ~Justiça com A

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O País precisa da TAP Sim ou Não? Comandante da TAP Aposentado Muitas histórias para contar

ANTÓNIO MANUEL CUNHA LOPES

Não há reunião social ou debate televisivo em que a emergência do assunto TAP não provoque, de forma apaixonada, acesa controvérsia. É raro, porém, ouvir uma abordagem desinteressada, racional, sustentada, sem preconceitos ideológicos. Também, por isso, não posso deixar de fazer uma declaração de interesses: sou piloto de linha aérea, trabalhei na TAP cerca de 40 anos e sou reformado da TAP. Mas isso não me impede, julgo eu, de analisar de modo isento a questão

que puxei para título desta intervenção. Começo por abandonar todos os argumentos que vejo formulados e que rotulo de românticos: o papel da TAP no regresso dos retornados, a presença dos símbolos nacionais nos aeroportos internacionais, a alegria dos nossos emigrantes ao sentir-se em casa quando entram nos aviões da nossa companhia, e tantos outros que no fundo apontam para a natureza pública da empresa. E faço-o porque não me parece que o esforço dos contribuintes deva ser justificado por considerações desta natureza. Até porque, por razões

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meramente economicistas a TAP há muitos anos “abandonou”, ou não serviu de modo apropriado e equitativo, todas as regiões do País. E por este motivo vem criando uma legião de críticos que, com razão, mostram a sua hostilidade ao suporte orçamental das opções da empresa. Mas se a razão é essa, parece simples a solução: a definição de obrigações de serviço público asseguradas por um plano estratégico e operacional que as contemple. E não se diga que a dimensão do esforço não é equilibrada com o interesse protegido, porquanto os


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