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CAPÍTULO V
N
DENTRO DA FÁBRICA
o mundo, na vida, nada é permanente; tudo pode mudar a qualquer momento. Na nossa casa então, nem se fala! Uma nova pintura, uma ampliação, uma demolição, um eletrodoméstico novo, descarte daquilo que não serve mais, um conserto aqui, outro ali... Parece que nunca termina! Numa Indústria não é diferente.
MUDANÇAS e AUTOMAÇÃO Lembro-me que, todo ano ao se aproximar o período de férias coletivas na Refrigeração Paraná, havia uma movimentação entre o pessoal da Manutenção, Planejamento Industrial e Engenharia, para traçar planos de trabalho para quando a fábrica parasse a produção. Era nesse intervalo de produção que o interior da fábrica virava um canteiro de obra, com alteração no “layout” das linhas de montagem, retirada de equipamentos obsoletos, instalação de novos, mudança no piso, pintura nova, reparos em telhado, instalações elétricas e muito mais. O cronograma era apertado e tinha que ser concluído antes do retorno do pessoal. Salvo algum contratempo por conta de fornecedores, as coisas acabavam satisfatoriamente. Anualmente, o aspecto interno da fábrica ia mudando com as modificações e, principalmente com os novos equipamentos para a produção. A fábrica ficava mais moderna, mais limpa e, portanto, mais produtiva. A modernidade numa indústria vem para simplificar a fabricação de seus produtos, tornando mais rápida a produção, mas também tem o seu lado obscuro, que às vezes passa quase despercebido. Quando a Refrigeração Paraná (e outra indústria qualquer) nas décadas passadas produzia seus produtos, não havia muita tecnologia na fabricação; os equipamentos eram antigos, pouco produtivos e empregava muita mãode-obra braçal mesmo, pincipalmente na Metalurgia. Lembro-me da grande quantidade de pessoas em volta das máquinas e dos dispositivos, manuseando e soldando grandes peças metálicas, outros martelando, outros lixando. O ambiente era muito barulhento e com pouca ventilação. Para produzir um refrigerador tipo monobloco, isto é, um gabinete composto de várias peças unidas entre si, como era o caso dos produtos na época – anos 60/70, esse processo era quase artesanal, e por isso, muito demorado. Não apenas na área metalúrgica, mas também em outros setores da fábrica acontecia a mesma coisa. No setor de plásticos tinha muita mão-de-obra no acabamento e colagem de peças. Na pintura era tudo manual; os pintores com gorros, óculos, máscaras e com pistolas davam conta do recado, já que a produção era pequena. Mais tarde a pintura foi automatizada na fábrica 1, dando mais impulso à produção.