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CAPÍTULO XX
O
A HORA DO LANCHE
s amigos “antigos” hão de lembrar que às 07h00min da manhã, ouvia-se aquele estridente: UUÓÓÓÓÓÓÓÓ...com 100 decibéis daquela sirene, disparando dentro da fábrica durante uns dez segundos. Haja ouvidos para quem estava por perto. Conclamava o pessoal a ligar suas máquinas para mais um dia de labuta na Refrigeração Paraná. O trabalho se desenrolava normalmente, até que às 09h00min da manhã: Uóóóóóóóóóó... Novamente por uns dois ou três segundos. Aquele som era ouvido a quilômetros de distância; era o sinal esperado por todos. Como num passe de mágica, a fábrica silenciava. Na metalurgia, as prensas excêntricas paravam seu martelar barulhento, cadenciado e monótono; lixadeiras que davam acabamento no metal se calavam, máquinas de solda fumegantes paravam de emitir aquelas perigosas faíscas quando soldavam chapas; empilhadeiras paravam no meio do caminho como se faltassem combustível, as correntes transportadoras aéreas empacavam balançando as peças lá no alto perto do telhado, as linhas de montagem paravam como por encanto. Tudo ficava numa calmaria “ensurdecedora”, só se ouvindo chilrear de alguns pássaros que voavam por lá e o bater asas de pombas dando rasantes nas cabeças do pessoal. Era o momento aguardado todo santo dia pela manhã. O pessoal da produção então se acomodava em algum banquinho próximo ao seu posto de trabalho, ou até mesmo em cima de um monte de chapas, ou caixas e, em seguida, cada um puxava uma sacolinha que estava escondida em algum cantinho por ali, contendo uma garrafinha com algum líquido desconhecido, e desembrulhava o conteúdo de um guardanapo de pano. Era o sagrado momento do lanche. Sim, havia essa pausa para os colaboradores naquele horário. Afinal, com o expediente começando às 07h00min, e muitos trabalhadores morando longe, acordando às 06h00min ou até antes, mal tinham tempo de sair de casa bem alimentados. Fora isso, ainda percorriam muitos quilômetros em bicicleta até chegar à empresa, estafados e tendo gastado muita energia. Aliás, o estacionamento de bicicletas era um barracão enorme. Acredito que perto de 70% dos trabalhadores usavam esse modal de transporte, eu inclusive. Avalio que só uns 20% faziam uso de ônibus e, quando muito, uns 10% de automóvel e motocicleta. Logo na entrada do Escritório Técnico, (mezanino da fabrica I) havia um balcão, onde era servido café e chá-mate naquele horário, mas só para os chefes de seções da fábrica. Alguns também traziam seu lanchinho e, entre um gole de café e uma mordida no lanche, ficavam conversando animadamente pondo as fofocas em dia... Ainda me lembro de alguns dos assíduos frequentadores daquele balcão: Octávio Zilli (plásticos), Alexandre Laskoski (metalurgia); Ladislau Falarz, (recepção de