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CAPÍTULO XXV FUMÓDROMOS NA REFRIPAR
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ecentemente nas minhas andanças pelo centro da cidade, passei por um local em que havia uma tenda com uma campanha de combate ao tabagismo. Parei momentaneamente para observar alguns cartazes que apontavam os malefícios da pratica de fumar. Isso me fez lembrar uma campanha semelhante levada a efeito na Refrigeração Paraná lá no final dos anos 90. Naquela época, era “normal” a pessoa fumar dentro dos escritórios e, claro, para desespero dos não fumantes obrigados a respirar aquela fumaça fétida. Afinal, a liberdade de um termina quando começa a interferir na liberdade de outro. Lembro que a proibição ficou estabelecida não apenas para a área de escritórios, como também para toda a área fabril. Claro que essa deliberação visava, tanto preservar a saúde das pessoas como também a segurança patrimonial, no caso de cigarros jogados em qualquer lugar e que poderiam causar incêndios. Como esse vício não se acaba de um dia para outro, a Refrigeração Paraná estipulou locais fora da fábrica – “fumódromos”- para que os fumantes pudessem fumar “tranquilamente” seu cigarrinho. Lembro que na Fábrica 2 o local ficava no canto externo do prédio e, na Fábrica 1, foi feito até uma cobertura – semelhante a um ponto de ônibus, ao lado do túnel de acesso, onde os fumantes pudessem ficar protegidos no caso de chuva. E era um local bastante frequentado! Eu via aquelas pessoas ali, paradas conversando ou com olhar distante e soltando fumaça e me perguntava: Será que aquelas pessoas não ficam constrangidas em deixar seus postos de trabalho para ir até esses locais para fumar? Numa atividade contínua, como linha de produção, pergunta-se: quem faz o trabalho daquele que saiu para fumar? É muito simples: o colega que trabalha ao lado (e que não fuma) vai TRABALHAR EM DÔBRO para compensar a falta daquele que saiu. Enquanto isso o colega fumante vai dar umas “tragadas” no “fumódromo” e “jogar conversa fora”. É justo? Quantas horas improdutivas essa pessoa acumula ao longo de uma semana? De um mês? De um ano? É fácil calcular; estima-se em 15 minutos entre o funcionário sair do seu posto de trabalho lá no fundo da fábrica, ir até o Fumódromo, fumar, conversar e retornar. Se fizer isso quatro vezes por dia, dá 1 hora por dia ou 5 horas por semana ou 20 horas por mês ou 220 horas por ano!(tirando as férias). Equivale a UM MÊS SEM TRABALHAR DURANTE O ANO! (e, claro, sem desconto no salário). As campanhas nas empresas têm feito um trabalho incansável de conscientização sobre os malefícios que o cigarro causa no organismo humano, principalmente nos jovens, que caem muito cedo nessa armadilha mortal, e não tem