GERAÇÃO CASSAS90 LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Academia Ludovicense de Letras Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão Academia Poética Brasileira
A versão oficialmente estabelecida da história da literatura maranhense, com a recente renovação dos debates sobre esse tema, está sendo revista. Lacunas e contradições têm sido apontadas nas investigações históricas até então empreendidas, instigando novos estudos, novas versões, novos olhares – às vezes olhares desconfiados (DURANS, 2009; 2012)91. Ramos (1972, p. 9-10)92 afirma que “o Maranhão sempre participou dos grandes movimentos culturais surgidos no Brasil, dando ele mesmo, em muitas ocasiões, o grito de renovação que empolga”. Esse autor classifica nossa literatura em nove fases, sendo, para este estudo, considerada as duas últimas: 8ª fase – a da geração de 50, que prosseguiu com êxito, a renovação modernista, chegando à poesia concreta1 e neoconcretista , ao mesmo tempo em que parte dela se voltava para o romantismo e o simbolismo, fenômeno que também ocorreu no âmbito nacional; 9ª fase – a partir de 1969, de jovens que buscavam, através de movimentos como a Antroponáutica , novas formulas poéticas e, como reação ao modernismo, já concluindo o seu ciclo, o movimento dos trovadores . A poesia do Século XX é dividida em “gerações”, começando pela de Sousândrade, presidente de honra da Oficina dos Novos; seguindo-se a geração de Correa da Silva, a de Bandeira Tribuzi, e a de Luís Augusto Cassas (Corrêa, 2010)93. Rodrigues (2008)94 afirma com base em Ortega y Gasset e Julian Mariais, que as gerações literárias compreenderiam, grosso modo, um período de 15 anos. Esta seria a escala. Para Borges, Abreu, Garrone e Chalvisnki (2016 - os editores da Antologia da Akademia dos Parias) 95, a poesia produzida no Maranhão até o final dos anos 1940 permaneceu presa a uma linguagem do final do século 19, predominantemente parnasiana. Foi o poeta Bandeira Tribuzi, voltando de Portugal, onde fora seminarista, quem trouxe para São Luís, em 1947, algo do modernismo português de Fernando Pessoa e Almada Negreiros, além de poetas brasileiros da Semana de Arte Moderna de 22, principalmente Mario de Andrade e Manuel Bandeira. Ainda assim, os escritores que começaram a escrever nos anos 1950 na capital maranhense foram muito mais influenciados pela Geração de 45, cuja proposta era combater os ‘excessos’ do modernismo brasileiro. Os anos 70/80, aqui (no Maranhão) convencionados Geração Luís Augusto Cassas96 abrem-se com o poeta:
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7 - Issuu DURANS, Patrícia Raquel Lobato. OS NOVOS ATENIENSES E O IMAGINÁRIO DE DECADÊNCIA: as representações em Missas negras, de Inácio Xavier de Carvalho. São Luis, 2009. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Orientadora: Prof. Dra. Maria Rita Santos. Disponível em http://www.geia.org.br/pdf/Monografia_Patr%C3%ADcia_Normalizada.pdf , acessada em 11 de março de 2014. 92 RAMOS, Clovis. NOSSO CÉU TEM MAIS ESTRELAS – 140 anos de literatura maranhense. Rio de Janeiro: Pongetti, 1972. 93 CORRÊA, Dinacy Mendonça. UMA ODISSÉIA NO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS. Revista Garrafa 22, setembro-dezembro 2010, disponível em http://www.letras.ufrj.br/ciencialit/garrafa/garrafa22/dinacycorrea_umaodisseiano.pdf 94 RODRIGUES, Geraldo Pinto. A Geração de 45 na poesia brasileira. In POETA POR POETA. São Paulo, Marideni, 2008, disponível em http://www.antoniomiranda.com.br/ensaios/geracao_de_45_na_poesia_brasileira.html , acessado em 09 de março de 2014 95 BORGES, Celso; ABREU, Fernando; GARRONE, Raimundo; CHALVINSKI, Marcelo. AKADEMIA DOS PÁRIAS: A POESIA ATRAVESSA A RUA. Teresina: Halley, 2016. 96 Microsoft Word - Revista Garrafa 22 modelo WORD (ufrj.br) 91