MARANHAY - (Revista do Léo ) - 56 - março 2021 - EDUÇÃO ESPECIAL: ANTOLOGIA - MULHERES DE ATENAS

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JESUINA AUGUSTA SERRA Nome completo: Jesuína Augusta Serra - Autora participante do Parnaso Maranhense, de 1861. No Parnaso Maranhense: Dona J. A. Serra SONETO. De estatura ordinária e corpo cheio, A tez pouco morena e descorada, Testa nada redonda, antes quadrada, Nariz muilo commum, porem não feio; Os olhos a volver, mas com receio, A bocca regular, mas engraçada, A voz, se bem que meiga, já cansada De supplicar cm vão o amor alheio; Dos homens, em geral, pouco gostando E capaz por um só de dar a vida, Contente os guilhõe seus, louca beijando: Eis Josiua, que a sorle femeníida, N´ste mundo cruel, feio e nefando, Cansou, para querer, sem ser querida ! Segundo Constância Lima Duarte, Virginia Woolf, ao visitar bibliotecas à procura de obras escritas por mulheres, constatou o número quase insignificante desta produção, atribuiu à profunda misoginia, que não cansava de afirmar a inferioridade mental, moral e física do gênero feminino, as poucas chances que então eram dadas às mulheres. No clássico estudo “Um teto todo seu”, de 1929, resumiu assim as condições necessárias para que o talento criativo pudesse surgir: era preciso ter um quarto próprio e serem minimamente independentes e instruídas. A exclusão cultural estava associada irremediavelmente à submissão e à dependência econômica. Se o talento criador não era exclusivo dos homens, os meios para desenvolvê-los, com certeza eram: É certo que Virginia Woolf fala de outro lugar e de outro tempo, quando as universidades inglesas não aceitavam mulheres circulando em suas dependências, e muito menos o mercado de trabalho. Mas também entre nós já foi assim. Nas últimas décadas do século XIX, e mesmo nas primeiras do século XX, causava comoção uma mulher manifestar o desejo de fazer um curso superior. E a publicação de uma obra costumava ser recebida com desconfiança, descaso ou, na melhor das hipóteses, com condescendência. Afinal, era só uma mulher escrevendo. (DUARTE, obra citada). Para Sílvio Romero, na História da Literatura Brasileira, de 1882: Nessa espécie de catedral barroca de nossa literatura onde, ao lado dos in santos, se assim se pode dizer, das figuras de primeira plana, de valor incontestado, tiveram entrada carrancas e bonifrates, gente miúda, gente mais – ou menos – que secundária, só foram incluídas sete mulheres: Ângela do Amaral Rangel, Beatriz Francisca de Assis Brandão, sobrinha de Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a doce Marilia das liras de Gonzaga, Delfina da Cunha, Nísia Floresta (...), Narcisa Amália, Maria Firmina Reis e Jesuína Serra. (...) (PEREIRA: 1954, 18).


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