enquanto espero
Somos todos livros Roberto Schima
Quantas linhas a história de uma vida pode ter? Quantos parágrafos? Quantos capítulos? Muitas coisas poderão ser escritas, às vezes apagadas, ou, então, reescritas, buscando-se cinzelar a forma, enfeitar o conteúdo, aprimorar o vernáculo e rebuscar a superfície. Cantoneiras e florão. Nervuras, gravuras, iluminuras. Somos todos livros errantes na imensa biblioteca do Existir. Penso nos milhares e milhares de volumes que se perderam para sempre, muito além de qualquer memória, amnesiadas da História, a exemplo da destruição daquele legendário centro de saber em Alexandria. Volumes primorosos, papiros mais simples, tabuletas de argila, inscrições em obeliscos. Folhas e folhas perdidas na borrasca do esquecimento. Somos todos livros. Com ou sem leitores, com ou sem importância, não deixaremos de sê-los. Contudo, para além das linhas, parágrafos, capítulos e floreios, indago-me um pouquinho mais além. 93