CHARLES BAUDELAIRE, MARCO POLO E JOÃO DO RIO EM UMA EXPERIÊNCIA ERRÁTICA POR SANTARÉM: UM RELATO DA VIDA COTIDIANA DOS “PÉS-INCHADOS” Ericson Quaresma Aires1 Thatiane Flavienne De Vasconcelos Faria2
INTRODUÇÃO Eram 7h do dia 22 de junho de 2018, uma sexta-feira, aniversário da cidade de Santarém, quando o barco à vela ancorou no Porto Tiradentes, entre os embarcados, três ilustres passageiros: Charles Baudelaire, Marco Polo e João do Rio, vieram de longe conhecer de perto os “pés-inchados”3- população em situação de rua, que vivem na margem do Rio Tapajós, mais especificamente na área central da cidade de Santarém e, assim, buscar através da experiência errática4, compreender as relações sócio-espaciais que estes sujeitos mantêm em suas vidas cotidianas. Os três ilustres viajantes, conhecidos por suas errâncias, logo de cara surpreenderam-se com o intenso movimento no porto, que apesar de sua estrutura precária, operava normalmente, com 1 Estudante de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA. E-mail: ericson-aires@hotmail.com 2 Estudante de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA. E-mail: thaatianevasconcelos@gmail.com. 3 Durante as atividades de campo, pode-se perceber a utilização de várias categorias para designar a população em situação de rua, dentre os muitos vocábulos utilizados do mendigo à população de rua, percebemos a predominância do termo “pés-inchados”, como sendo uma forma local de caracterizar essa parcela da população. Muito embora, Marie-Ghislaine Stoffels (1977) tenha definido este fenômeno como algo extremamente heterogêneo. 4 Nossa ideia de experiência errática como forma de ir ao encontro do outro, da alteridade, buscando capturar a cidade surge inicialmente a partir das discussões propostas por Jacques (2004) no artigo: Elogio aos errantes. Breve histórico das errâncias urbanas; Jacques (2005) Errâncias urbanas: a arte de andar pela cidade. Caminhos alternativos à espetacularização das cidades e Jacques (2012) com o texto. Experiência errática. CIDADES E BEM VIVER NA AMAZÔNIA | 163