Revista Habitat 5

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habitat Revista

dezembro 2021 | Número 5

Zaha Hadid A arquitetura social, inovadora e responsável da rainha das curvas

Mercado A COP26 e o compromisso da arquitetura com o planeta

Arte Oficina Francisco Brennand completa 50 anos

Cidade Ensaio fotográfico modernista revela geometrias e texturas


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Habitat editorial

Reinvente-se

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ocê já pensou em que mundo quer viver nos próximos anos da sua vida? A complexidade deste novo tempo exige calma. E pressa. É preciso respirar aliviado e comemorar a vida, mas sem deixar a responsabilidade de lado. A COP26, pela primeira vez, dedicou um dia para discussões sobre arquitetura, engenharia e construção civil e, agora, a indústria, que já foi uma das maiores poluidoras do planeta, promete ajudar a salvá-lo. Conceitos como inclusão, responsabilidade social e ambiental, tecnologia de ponta, arquitetura autoral e economia

criativa transformam o perfil do mercado imobiliário, que busca alternativas para se tornar cada vez mais sustentável em todos os sentidos. Reinventar-se será cada vez mais necessário. Para inspirar o movimento, a Revista Habitat mergulha na arquitetura inovadora e responsável, que finca os pés na originalidade e volta seus olhos para o futuro. Zaha Hadid, a rainha absoluta das curvas e da arquitetura consciente, nos encanta com seu legado criativo e atual, mesmo depois de cinco anos de sua morte.

Expediente

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Publisher: Cíntia Peixoto, cintia.vieira.peixoto@gmail.com e (41) 99225-7610 Comercialização: Saltori Mídia Estratégica, saltori@saltori.com.br e (41) 99996-9995 Direção de arte: Igor F. Dranka Jornalista responsável: Larissa Jedyn, arevistahabitat@gmail.com Marca registrada: Capelatto Marcas e Patentes

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Habitat índice

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Capa. O legado revolucionário de Zaha

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COP26. O que arquitetura, construção e engenharia civil podem fazer para salvar o planeta?

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Retrospectiva. A Habitat faz o primeiro balanço de sua vida e destaca lançamentos, bons negócios, holofotes e saudades em todo o mundo

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Entrevista. À frente da Chandon Brasil, Catherine Petit fala sobre a recriação da marca e a busca por novos públicos

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Arte & design. Paisagens intimistas e espaço urbano na obra de André Nacli em Milão

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cultura. A fantástica oficina de arte de Francisco Brennand

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Criação. O estilista Alexandre Herchcovitch completa 30 anos de carreira, negócios e rebeldia criativa

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É Design. O compromisso com a madeira

sustentável

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Sobre Morar. Arquitetos-doceiros e suas obras cheias de sabor

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Projeto. Tem modernismo no campo, com assinatura de Maurício Melara

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Ensaio. Fotógrafo revela texturas e geometrias na Curitiba modernista

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Evento. Ademi/PR premia destaques da arquitetura e construção

100 Mundo. Praga é eleita a cidade mais bonita do mundo

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106 Roteiro. Pão de fermentação natural é a tendência da hora

114 Opinião. O que muda com o 5G

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Evviva Curitiba Rua Saldanha Marinho 1325, Batel 41 3324-2346 @evvivacuritiba

@evvivaoficial | evviva.com.br


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A revolução da rainha das curvas Cinco anos depois de sua morte, Zaha Hadid continua sendo símbolo de inovação, arquitetura responsável e mais igualitária

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ulher, iraquiana, de meia idade, Zaha Hadid rompeu com a lógica dos homens, da tradição e do pragmatismo, para criar formas, contornos e cidades a partir de um traço sensível e curvilíneo. Um dos grandes nomes da arquitetura mundial, ela, que morreu aos 65 anos, bagunçou as convenções e provou que a arquitetura não vive só de beleza e função, mas de ousadia e do compromisso de mudar o mundo. Sim, porque se não fosse para transformar tudo à sua volta, não valia seu esforço.

A primeira mulher da história a receber o Pritzker, maior prêmio da arquitetura mundial, perseguia a sustentabilidade ecológica e o fim da desigualdade social. Estes, para ela, eram os desafios da nova geração. E continuam sendo. Com a diferença que hoje há mais gente no planeta, mais diferenças entre elas e cidades mais carentes de soluções inovadoras. Zaha já via a urbe como cliente e, para ele, testava construções com alma pública e cívica, onde as pessoas pudessem se conectar umas com as outras. O espaço sempre foi de todos, afinal.

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Enquanto dizia procurar quebrar os limites da arquitetura, Zaha Hadid convertia edifícios em paisagem e repensava os limites físicos das construções

Rebelava-se contra os encastelamentos, queria cidades arejadas, com livre circulação e direitos iguais. Depois do Pritzker, construiu uma das carreiras mais bem sucedidas da profissão. A mais notável de uma mulher. E foi assim que seguiu, tentando construir um ideário, fazer isso sendo mulher e construindo edifícios que deram o que falar. Fácil não foi, nem para ela. “Continuariam me chamando de diva se eu fosse um homem? Se você é homem, é visto como alguém duro e ambicioso, mas é mal visto quando uma mulher é ambiciosa. Acredito que as coisas mudaram nos últimos 20 anos. Estão melhores, mas continua havendo preconceito”, comentou em entrevista à CNN. Dizia-se feminista, porque achava as mulheres inteli-

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gentes e talentosas. “Acredito na habilidade e no poder e na independência das mulheres. Antes, eu não gostava que me chamassem de arquiteta mulher. O importante é que sou arquiteta, o fato de ser mulher é uma informação secundária. Mas talvez isso tenha ajudado outras mulheres, inspirando -as a escolher uma profissão e fazer algo a respeito, especialmente em um campo considerado não apto para mulheres.” Sabia que as exigências com ela seriam maiores e decidiu arriscar mais. Enquanto dizia procurar quebrar os limites da


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arquitetura, Zaha Hadid convertia edifícios em paisagem e repensava os limites físicos das construções. Foi assim com o MAXXI em Roma, a Ópera de Guangzhou, o colégio Evelyn Grace em Brixton e o centro cultural Heydar Aliyev. Ela também se tornou uma designer capaz de aplicar seu talento a joias, móveis, sapatos, bolsas, barcos e as roupas que vestia. Carreira

Chamada de Rainha das Curvas, a arquiteta trouxe críticas, ousadia e inovação para a área, deixando um importante legado para a história da arquitetura moderna. Nascida em Bagdá, no Iraque, em 1950, Zaha fez sua primeira graduação em matemática pela Universidade Americana de Beirute, no Líbano. Somente depois ela entrou para o mundo da arquitetura. Em 1972, ingressou na Architectu-

ral Association School of Architecture, renomada escola de arquitetura em Londres. Depois de se formar, tornou-se membro do Office for Metropolitan Architecture onde trabalhou com dois de seus antigos professores: os arquitetos Rem Koolhaas e Elia Zenghelis. Já na década de 1980, Zaha passou a desenvolver sua profissão em escritório próprio, chamado Zaha Hadid Architects. Em 2004, veio o Pritzker e, em 2015, foi premiada com a medalha de ouro do Royal Institute of British Architects, tornando-se novamente a primeira mulher a receber a homenagem. Zaha Hadid também foi reconhecida para além da arquitetura. Em 2008, por exemplo, foi considerada pela revista Forbes uma das 100 mulheres mais influentes do mundo.

No Heydar Aliyev Center, os contornos da arquitetura desconstrutivista de Zaha

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Habitat Sustentabilidade

O pavilhão virtual Build Better Now foi aberto ao público durante a COP26, apresentando dezessete projetos sustentáveis que demonstram as oportunidades do ambiente construído para enfrentar a crise climática

Tudo pelo planeta Entidades e personalidades da arquitetura participaram da COP26 e assumiram o compromisso de adequar a indústria da construção e os ambientes construídos às determinações do Acordo de Paris

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onstruir melhor agora oferece a oportunidade real de se aprender como as práticas de construção sustentável podem ter um impacto positivo na vida das pessoas. E foi durante a COP26 - a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que reuniu mais de 190 líderes mundiais e dedicou um dia a edificios e cidades - que o UK Green Building Council surgiu com uma chamada global para ações climáticas, destacando o compromisso da indústria da arquitetura, engenharia e construção com a prática sustentável. Eles criaram um pavilhão virtual, que apresenta uma série de espaços de exibição em forma de cúpula mostrando projetos internacionais com soluções replicáveis para o uso de recursos naturais, adaptação ao clima, aplicação de materiais sustentáveis, energia renovável, materiais locais ou proteção da natureza. Uma instalação 3D central criada por Make Architects destaca o potencial para implementar uma economia circular, ilustrando as oportunidades de reutilização e reciclagem dentro do ambiente construído. O espaço acolheu também palestras e visitas, sensibilizando para a relação entre o ambiente construído e as alterações climáticas.

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Habitat Sustentabilidade O projeto da Favela da Paz, uma ecovila urbana no Brasil, integra o painel

“Devemos garantir que o mundo ouça as etapas necessárias para criar edifícios sustentáveis, o que significa construir e renovar, adotando uma economia circular e criando edifícios saudáveis e centrados nas pessoas que sejam resistentes aos efeitos das mudanças climáticas”, comentou Cristina Gamboa, CEO do World Green Building Council. Entre os projetos estão a Favela da Paz, uma ecovila urbana no Brasil, o Sara Cultural Center da White Arkitekter na Suécia, um dos edifícios de madeira mais altos do mundo, Powerhouse Brattørkaia by Snohetta, um edifício de escritórios com energia positiva na Noruega, TECLA sustainable

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home de Mario Cucinella Architects, uma estrutura de argila impressa em 3D na Itália, e o Modulus Homes no Paquistão. As principais organizações e nomes da arquitetura participaram da cúpula, em aconteceu em novembro, em Glasgow, para mostrar o compromisso da indústria de AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção) em reduzir as emissões de carbono e instigar as lideranças a implementar estratégias claras para atingir as metas climáticas globais. Eles assinaram uma carta aberta aos governos demonstrando seu compromisso em cumprir o Acordo de Paris e conclamando os governos a fazerem o mesmo.





Habitat Retrospectiva

O ano em que o mundo mudou

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Morar sustentável, economia criativa, cidades autônomas, tecnologia e muita criatividade estão mudando o perfil do cenário imobiliário. E a Habitat e uma nova testemunha deste tempo

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o ano em que o mundo mudou, o morar ganhou outra conotação. Viver bem é melhor do que qualquer coisa, até do que ter. O mercado imobiliário atualizou suas perspectivas e correu para atender um cliente que quis, em pouco tempo, lugar para chamar de seu, segurança e qualidade de vida. Daí foi questão de tempo - de muito pouco tempo - para uma série de lançamentos de sucesso, que colocaram Curitiba em outro patamar construtivo, arquitetônico e urbanístico, afinal, ninguém quer mais do mesmo.

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Lares contemporâneos precisam de vista, espaço, tecnologia de ponta e ser amigos do planeta. Se era para escolher, o consumidor escolheu e comprou mais. Segundo dados da mais recente pesquisa da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), em parceria com a BRAIN Inteligência Estratégica, referente ao panorama dos lançamentos imobiliários em Curitiba no 3º trimestre de 2021, a quantidade de unidades residenciais vendidas somou 4,6 mil em de janeiro a setembro de 2021.

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Trata-se de um aumento de 42,2% em relação ao mesmo período de 2020. No mesmo intervalo de tempo, o número de unidades lançadas subiu 52,2%, passando das 4,9 mil unidades. Com destaque nos segmentos luxo e superluxo, o mercado de imóveis em Curitiba mantém no segundo semestre de 2021 a tendência de crescimento em relação a 2020. O número de alvarás liberados para novas unidades residenciais, por exemplo, saltou 150%, em comparação com o mesmo período de 2020, passando de 18 mil.


Novo olhar

Neste momento de transformação, a Revista Habitat surge com o objetivo de ser uma voz plural neste mercado de experiências, de bem viver, de conhecer a cidade, de viver sua cultura e conhecer seus ícones. É como se fosse um novo jeito de ler o mundo. Mergulhando na arquitetura inovadora e responsável, que finca os pés na originalidade e volta seus olhos para o futuro, desvendando conceitos como inclusão, responsabilidade social e ambiental, tecnologia

de ponta, arquitetura autoral e economia criativa, que vêm transformando o perfil do mercado, que busca alternativas para se tornar cada vez mais sustentável. Depois da reclusão, entendeu-se a importância da livre convivência, para isso precisamos de residenciais amigos da cidade, que valorizem a paisagem, derrubem muros e plantem árvores. Curitiba, na toada das cidades inteligentes, mergulhou em conceitos de sustentabilidade, arte e cultura, afinal, boas soluções são aquelas que olham para as pessoas e

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para o ambiente que as cerca. Bairros autônomos reorganizam a economia local e privilegiam as relações. E isso tudo acontece ao mesmo tempo em que o digital e o remoto vieram para ficar. Tudo junto e misturado. Entre as boas marcas do ano, tivemos talentos nacionais reconhecidos, como a arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi recebendo o Leão de Ouro, na Bienal de Arquitetura de Veneza. Outro dos nossos tesouros, a obra do paisagista Burle Marx em seu sítio no Rio de Janeiro, virou Patrimônio Cultural da Unesco. Ao time de laureados, soma-se Sebastião Salgado, o fotógrafo famoso por suas intensas fotos

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em preto e branco, que foi um dos ganhadores deste ano do Praemium Imperiale do Japão, considerado o “Nobel das artes”. Ele tambem foi homenageado durante a cerimônia de abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, com o 27th Annual Crystal Award, premiação que reconhece a contribuição do trabalho de artistas, das mais diferentes áreas, para a sociedade. Salgado foi escolhido por sua liderança na abordagem da desigualdade social e sustentabilidade.


Saudade

Mas 2021 também foi um ano de perdas particulares e coletivas. A arquitetura nacional, aliás, perdeu mentes, traços e talentos insubstituíveis. Foi-se nosso segundo Pritzker, o arquiteto modernista Paulo Mendes da Rocha. Depois foi a vez de José Maria Gandolfi, que criou o curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, especificamente, ficou órfã do seu criador, o arquiteto que a fez contemporânea, Jaime Lerner. O ano termina com a passagem de Ruy Ohtake, filho da artista plástica Tomie Ohtake, outro grande nome da boa e inventiva arquitetura.

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Cuidar do planeta e criar um jeito sustentável de morar são a nova ordem mundial. Nós da Habitat e nossos parceiros estamos fazendo a nossa parte.

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Habitat entrevista

A Chandon é pop Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy Brasil, fala como a nova identidade da Chandon visa conquistar novos públicos, entre eles, o brasileiro

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epois do rebranding que atualizou uma identidade visual tradicional e bem sucedida, a Chandon se tornou mais plural, mais inclusiva e quer conversar mais de perto com o seu mercado consumidor e os novos apreciadores

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das borbulhas. Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy Brasil, divisão de vinhos e destilados do grupo LVMH, responsável pela produção de Chandon, falou com exclusividade à Habitat sobre o novo momento da marca, o mercado e os hábitos de consumo dos brasileiros.


Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy Brasil, apresenta a nova identidade visual dos rótulos Chandon

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Habitat entrevista

Na primeira edição da Casa Chandon no Brasil, uma série de experiências sensoriais

Qual foi o objetivo da Chandon ao fazer este reposicionamento da marca e de sua proposta?

Há mais ou menos dois anos a Chandon mergulhou na sua história, em como começou, com que ela se identifica, para voltar com uma mensagem mais forte e próxima aos seus consumidores. Temos 6 vinhedos em 4 continentes, somos uma comunidade de 750 colaboradores e 150 produtores e, mesmo com toda essa diversidade de culturas, precisamos criar conexões e identificação com os consumidores locais. Esse novo rótulo é só uma parte da nova identidade de marca que estamos apresentando, o processo todo simboliza coragem, inspiração e colaboração. Nosso objetivo é conversar mais de perto com os consumidores e mostrar as possibilidades que cabem em uma garrafa de espumante.

Uma das vinícolas da Chandon está no Brasil, além de outros cinco países. Qual a importância do país na produção de vocês e em termos de mercado?

As terras brasileiras são muito favoráveis para a produção de vinhos de qualidade, tanto pelo solo, quanto pelo clima e altitude. Aqui foi criada a segunda vinícola criada pela Chandon fora da França, em 1973, depois da Argentina. Até mesmo lá fora, a Chandon tem um retorno muito bom dos espumantes brasileiros. O estilo que temos aqui é diferente por ser mais frutado e fresco. Isso agrada o paladar de todos e é sempre uma boa surpresa. O grupo LVMH como um todo acredita muito no potencial do Brasil e, por isso, investe cada vez mais em seus negócios por aqui.

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Qual a diferença entre o espumante produzido no Brasil ou na Argentina, dos que vêm da França, por exemplo?

Não são bebidas iguais, mas o estilo é o mesmo. O maior desafio é que produzimos em terras diferentes, climas diferentes e com uvas diferentes. Ainda assim, a filosofia da Chandon é sempre trazer diversidade e harmonia. Existem estilos que nós procuramos manter. Os enólogos têm liberdade para criar os espumantes Chandon.

E como é o mercado consumidor nacional?

Percebemos, principalmente durante a pandemia, um interesse crescente dos brasileiros por vinho. Já os espumantes têm uma conotação diferente, pois, por aqui, existe a tradição de se comemorar com borbulhas. Queremos fazer parte do dia a dia, não só nas festas. É uma questão cultural, que vem mudando. Fora isso, o brasileiro está aprendendo a consumir o que é produzido no Brasil, assim como o espumante da Chandon, que é feito aqui no Sul do país, em Garibaldi.

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Habitat entrevista

Como foi a experiência da Casa Chandon? Há projetos para torná-la itinerante?

Queríamos uma casa para receber nossos amigos. E na Casa Chandon , que desta vez foi em São Paulo, aconteceram experiências surpreendentes. Pudemos falar do nosso espumante, dos nossos produtos, e ainda promover uma harmonização de espumantes e comidas, que é uma festa para os sentidos. Os participantes colocavam um aparelho na cabeça, com eletrodos, que captavam as sensações percebidas pelos consumidores. Assim, a cada gole da bebida ou a cada harmonização, as sensações iam sendo projetadas em um painel. As cores vão mudando em tons de azul, amarelo, vermelho, conforme as sensações das pessoas. O projeto deu tão certo que esperamos levar esse conceito ou outros tipos de interações para outros lugares. Garibaldi, que é nossa casa no Brasil, pode ser a próxima.

Você falou há pouco sobre a Chandon fazer parte do dia a dia das pessoas. A Rainha Elizabeth, por exemplo, disse tomar uma taça de espumante por dia, além de outros drinques. Qual é a sua recomendação de consumo para nós, súditos, por dia ou por semana?

A bebida alcoólica deve ser consumida de forma responsável, mas uma taça de um espumante de qualidade torna o dia melhor.

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Habitat arquitetura

Malásia está construíndo o segundo edifício mais alto do mundo No centro de Kuala Lumpur, na Malásia, o Merdeka 118 atingiu sua altura máxima, com 678,9 metros e 118 andares, tornando-se o segundo edifício mais alto do mundo. Cinco anos após o início da construção, a silhueta final da torre é revelada, redefinindo o horizonte da cidade. Projetado pela australiana Fender Katsalidis, o edifício mostra uma fachada triangular de vidro facetada inspirada nos padrões encontrados na arte malaia e, junto ao parque projetado pelo escritório Sasaki, estabelece uma nova identidade para a região. A prioridade do projeto foi respeitar o local e aproveitar todas as oportunidades para criar uma torre que valorizasse a energia social e o tecido cultural da cidade.

Paris quer ser a “cidade amiga das bicicletas” até 2026 A prefeitura de Paris acaba de anunciar que vai investir cerca de 250 milhões de euros em infraestrutura para bicicletas na cidade nos próximos anos, melhorando e expandindo a sua rede de ciclovias com o principal objetivo de se tornar a cidade “mais ciclável” do planeta. E diminuir, de quebra, seus índices de poluição. Chamado de Bike Plan, o programa vai qualificar a infraestrutura que já existe e expandir o alcance de suas rotas e percursos, além de proporcionar maior conforto e segurança para ciclistas e também pedestres. A expectativa é que a cidade ganhe mais de 180 quilômetros de novas ciclovias permanentes, além de 90 mil novas vagas de estacionamento para as bikes.

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Amsterdã lança táxi aquático elétrico e autônomo Com canais que somam mais de 100 quilômetros de extensão, Amsterdã acaba de apresentar um barco totalmente elétrico e autônomo. A ideia é que o modelo funcione como um táxi aquático, transportando até cinco pessoas por vez. O Roboat será capaz de operar por 10 horas ininterruptamente sem um piloto a bordo. A recarga é feita sem fio, por apro-

ximação e sem intervenção humana. Outras tecnologias incluem sensores e câmeras de 360 graus com inteligência artificial. O Roboat é resultado de mais de cinco anos de pesquisa e testes desenvolvidos pelo Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) em parceria com o Instituto de Soluções Metropolitanas Avançadas de Amsterdã.

Erastinho sustentável O Erastinho, primeiro hospital oncopediátrico do Sul do Brasil que atende mais de 90% dos pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS), acaba de se tornar a primeira unidade de saúde a receber a certificação internacional LEED for Healthcare do país, com a consultoria da Petinelli. Além disso, hoje, o Erastinho é o hospital com a maior pontuação de sustentabilidade dentro dessa categoria na América Latina. Além do Erastinho, são apenas 154 hospitais com a mesma certificação no mundo. O projeto do complexo hospitalar que fica em Curitiba (PR) contempla ainda a certificação WELL, também inédita no Brasil no setor hospitalar.O edifício foi selecionado em chamada pública do Programa de Eficiência Energética (PEE) da Copel e vai receber uma usina fotovoltaica, garantindo a sua autossuficiência energética. O LEED for Healthcare, assim chamada a certificação LEED para hospitais sustentáveis, define padrões de desempenho com o objetivo de mensurar e certificar como sustentáveis o projeto, a construção

e a operação de edificações de saúde de alto desempenho, saudáveis, duráveis, economicamente viáveis e ambientalmente conscientes. Além de medidas que visam reduzir custos operacionais com energia elétrica e água, o hospital receberá nos próximos meses uma usina fotovoltaica em sua cobertura, de modo a gerar 100% da sua energia necessária para sua operação por meio de fonte renovável. A usina terá seis mil metros quadrados de área de painéis fotovoltaicos, com capacidade total de 1 MWp.

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Habitat mercado arquitetura

DSENHO leva prêmio de arquitetura O DSENHO, da IDEE Incorporadora, acaba de receber o Prêmio Saint-Gobain AsBEA de Arquitetura, na categoria residencial, que engloba casas e edifícios. A oitava edição da premiação, realizada pelo Grupo Saint-Gobain e da AsBEA, reconhece e premia projetos de arquitetura que se destacaram na proposição de soluções para o conforto do ambiente, bem como

Triptyque anuncia nova estrutura societária O grupo Triptyque, formado originalmente pelos sócios Carolina Bueno, Gregory Bousquet, Guillaume Sibaud, e Olivier Raffaëlli, terá uma nova formação societária. Após 21 anos de parceria e do falecimento de Carolina, a agência de arquitetura manterá sua atuação em São Paulo e Paris com Guillaume e Olivier à frente da marca TRIPTYQUE. Gregory Bousquet segue com o seu escritório, denominado ARCHITECTS OFFICE com sede em São Paulo e Lisboa. O processo de reestruturação ocorreu de forma gradativa e planejada para assegurar a continuidade dos trabalhos em andamento e o pleno atendimento aos clientes, com o comprometimento e a criatividade que tornaram Triptyque referência no Brasil e exterior e marca do trabalho conjunto realizado até aqui.

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a inovação, sustentabilidade, arquitetura, além mobilizar profissionais e estudantes que acreditam que a construção civil exerce significativa contribuição o bem-estar dos usuários. O Prêmio ainda incentiva o uso de tecnologias e soluções inovadoras, e a correta especificação de produtos e processos construtivo.


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Habitat arte e design

Paisagens em retrato Andar pela cidade e fotografar é, para André Nacli, um exercício de pertencimento e descobertas

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le quase foi arquiteto. Cursou, mas sua prática se deu de outro jeito. A relação humana com o espaço urbano acabou despertando o olhar de Andre Nacli para a fotografia. E foi por meio das lentes que veio a compreensão da paisagem. “Comecei a fotografar e a olhar a arquitetura por amor à cidade. Sempre fui de caminhar muito e, nesses percursos, eu buscava a paisagem”, comenta. O trabalho artístico, que veio em seguida, é um recorte do olhar, dessa percepção.

“Eu falo no meu trabalho sobre cultura x natureza, o embate entre a ação do homem e as forças naturais, de uma maneira introspectiva, silenciosa”, revela. Sua fotografia explora os silêncios, a quietude, a solidão e a melancolia das cores menos saturadas, da luz mais baixa, menos dura, com poucos elementos, de forma a provocar no espectador um estado quase meditativo, reflexivo. Os retratos de suas paisagens, particulares e intransferíveis, acabaram conversando com obras de outros artistas

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Habitat arte e design

em duas mostras diferentes em Curitiba. Uma é a exposição Paisagens Interiores, no Museu Oscar Niemeyer, em que cada um apresenta a sua leitura e a sua reflexão por meio de técnicas e suportes completamente diferentes. Outro diálogo possível aconteceu entre sua fotografia e as pinturas de Miguel Bakun, na Galeria Simões de Assis, proposto pela curadora Julia Lima, que viu similaridades entre os dois trabalhos, ora pelo olhar, ora pela melancolia das cores e da luminosidade. Além da arte, seu amor pela cidade e o apreço pela relação das pessoas com os espaços urbanos fez com que Nacli enveredasse pela incorporação e abrisse a IDEE. “Sempre vi

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as incorporadoras como responsáveis pela transformação urbana. São elas que constroem as cidades, ainda que caiba ao poder público pensar o urbanismo. As incorporadoras são capazes de tornar a cidade mais viva, saudável e unida por meio de suas escolhas.” Na IDEE, Nacli aproxima a incorporação da arte, de forma a tratar todos os seus projetos quase artesanais, sem soluções repetitivas ou industriais. “Pensamos como vamos impactar o redor, quem é o melhor arquiteto, os fornecedores. Vamos atrás de designers, arquitetos e artistas locais. Isso tem a ver com o nosso slogan, que é ‘ de detalhe em detalhe, construindo seu lugar no mundo.’”


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Habitat Cultura

O mundo maravilhoso de Brennand Oficina do artista completa 50 anos e vira instituto, com o objetivo de levar sua arte para mais gente e formar novos artistas

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o centro do mundo do artista plástico e ceramista pernambucano Francisco Brennand havia um Parque das Esculturas. Foi lá, no Recife antigo, que viveu pelo menos 70 dos seus 92 anos de vida. Ele e seu acervo de mais de 2,5 mil peças. Pintou, escreveu, esculpiu, modelou argila e bronze e, por tudo isso, disse certa vez ter sido absolvido. Afinal, seu mundo particular era vasto, criativo e incompreensível para muitos. Mas, para todos, Brennand foi salvação e pura inspiração. Dois anos depois de sua morte, a Oficina Brennand completa 50 anos e vira instituto, com o objetivo de levar

sua arte para mais gente, formar novos artistas e funcionar como um centro cultural, fomentador e difusor de práticas artísticas e culturais contemporâneas. Patrimônio nacional e marco cultural do Recife, a Oficina Brennand salvaguarda um amplo conjunto de obras do artista, distribuídas em espaços expositivos, jardins - alguns deles projetados por Roberto Burle Marx - e reserva técnica. A Oficina compreende também edificações fabris, ateliês e uma capela, de autoria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, além de instalações de atendimento ao público, como café e loja.

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Habitat Cultura

O princípio

O começo de tudo foi em novembro de 1971, quando Brennand resolveu usar as ruínas da Cerâmica São João da Várzea, fundada em 1917 pelo próprio pai, para queimar suas cerâmicas. Sabia que queria ser artista, mas, segundo Pedro Brennand, empresário e filho do artista, estava mais interessado nas formas de expressão mais clássicas, como a pintura. Isso até viajar em companhia de Cícero Dias para um curso de arte. “Logo que cheguei a Paris, levado por Cícero Dias, vi uma belíssima exposição de cerâmicas de Picasso e fiquei evidentemente sem jeito ao ver que a minha família se dedicava há décadas à arte e à indústria cerâmica. Eu tinha os preconceitos normais de um estudante de arte da época e a cerâmica estava inscrita dentro de uma arte menor, uma arte decorativa utilitária, o que não era verdade. A cerâmica era muitíssimo mais misteriosa do que o século 19 poderia supor com suas conceituações.” De volta ao Brasil, quase um ano depois, animado com a efervescência cultural parisiense e com os amigos que fez, deu início a um projeto de esculturas de cerâmica que se multiplicaram nas áreas interna e externa das ruínas da olaria. “Tudo se passou como se estivesse restaurado um templo e não uma fábrica. E foi este caráter fetichista e obsessivo que inspirou todo processo de criação”, comentou.

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Habitat Cultura

A principal temática da obra de Francisco Brennand é a origem da vida e a eternidade das coisas, representadas de forma pictórica, com linhas de inspiração primitivista, elementos da tradição popular e evolução sofisticada. O meio ambiente e o futuro da raça humana no planeta foram preocupações que marcaram a vida e a arte dele, que sabia como dar formas aos sonhos. Um mundo maravilhoso e criativo que obedecia somente ao talento indomável de Brennand. “Ele não tinha limites. Pouco antes de falecer, o médico queria interná-lo e ele postergava a ida ao hospital alegando estar terminando um trabalho. E foi assim mesmo, saiu de lá para o hospital depois de terminar a série Delírios, com 113 quadros”, conta o filho Pedro.

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Obra

Em quase oito décadas de atuação, Francisco Brennand desenvolveu uma expressiva produção artística, que incluiu esculturas cerâmicas, murais, mas também pinturas, desenhos, gravuras, obras têxteis e escritos. Parte desta produção integra o acervo da Oficina Brennand e outra parte está presente na coleção de diversas instituições culturais e em espaços públicos.


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Habitat Produto

MultiHerchcovitch

O estilista comemora 30 anos de carreira e continua subvertendo a ordem, na moda e na hora de fazer negócios. Em Curitiba, ele lança colab com a Fio Nobre

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ransgressor, polêmico, criativo e inovador. Alexandre Herchcovitch, um dos estilistas mais inventivos da cena nacional, completa 50 anos de vida e 30 de carreira abusado como sempre, obcecado pelos processos e com uma disposição infinita de se transformar e mudar tudo à sua volta. Ele esteve em Curitiba para o evento de lançamento da sua colab com a Fio Nobre, que trabalha com tapetes estampados digitalmente, e falou com a revista Habitat sobre carreira e parcerias. Na moda, Alexandre está na criação das marcas À La Garçonne e ALG, que tem forte inspiração e realidade sustentável e de upcycling, a única tendência a que o estilista topa se render. No mais, segue livre. Já foi o representante da anticultura e da noite na moda, fazia roupa para quem estava fora das passarelas. Sintetizou o espírito de toda uma geração, quebrou barreiras. Com o tempo, foi adaptando a mão e se dedicando ao apreço que sempre teve pelos saberes.

A costura virou obsessão, foi feita e desconstruída, tirada de contexto e replicada de maneiras impensáveis. Das peças em musselina de seda ou látex. Na alfaiataria clássica ou no fetiche descarado.“O maior apoio que eu tive foi dentro de casa. E até hoje, os meus pais são entusiastas do meu trabalho. Isso me ajuda e me dá muita força. Inclusive, a primeira máquina de costura industrial que eu tive foi meu pai quem deu”, relembra. Sobre o futuro, sabe tanto quanto nós. “Depois da pandemia, não acho que vamos conseguir levar a mesma vida de antes ou vestir o que vestíamos antes. Não vamos deixar o conforto de lado. Mas há espaço ainda para muita beleza. Vamos ver.” Herchcovitch continua subvertendo a ordem. Até quando resolve fazer negócios. Sua arte continua inabalada, enquanto faz parcerias e licenciamentos de produtos, que estampam seus desenhos em curativos, roupas de cama, louças e afins. E está tudo muito bem. “A criação é a mesma em qualquer suporte. O processo criativo é parecido”, comenta ele.

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Habitat Produto

Na foto, os designers que assinaram seus produtos especiais com a Fio Nobre: Erwin Zaidowicz, Alexandre Herchcovitch e o arquiteto Felipe Guerra

Apaixonado por evidências culturais do passado, está atento às marcas do tempo e disposto a ressignificar suas memórias. Um exemplo? A estampa impressa nos tapetes da sua coleção com a Fio Nobre recria o piso de tacos da casa de sua avó. E por aí vai. Tapetes

Além de Alexandre Herchcovitch, a nova coleção da Fio Nobre conta com a colaboração dos designers Felipe Guerra e Erwin Zaidowicz, que assinam estampas exclusivas da loja. Partindo do princípio de que tapetes são superfícies livres, a marca traz a proposta de criar peças únicas e exclusivas “Colaborar com um artista contemporâneo traz um novo tipo de fecundidade ao produto, força e uma criatividade diferente daquela, normalmente, encontrada no mercado, fazendo dos tapetes peças atemporais e uma opção de arte”, acredita a proprietária Simone Cristina Rodolfo.

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coluna É design por Rodolpho Guttierrez

Madeira sustentável

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uando se cria um produto, é preciso perceber os impactos que ele provoca no meio ambiente e na vida das pessoas. Afinal, sustentabilidade é um conceito que veio para ficar e não está ligado apenas à origem de matéria prima. Outros fatores são essenciais, como uso de mão de obra local, acessórios e componentes adequados, embalagem, precificação, comercialização, uso e descarte. A ideia de faturar apenas não se sustenta por muito tempo. É preciso mais: história, conceito, impacto positivo, valor agregado, como, por exemplo, pela fixação do carbono nos objetos de madeira. O chamado uso sustentável da madeira está hoje na base de todos os processos da cadeia produtiva, com suporte de organismos internacionais liderados pela ONU. A dificuldade de acesso às madeiras tropicais brasileiras certificadas e provenientes do Manejo Florestal Sustentável (MFS) está fazendo com que algumas profissões, como de artesãos, carpinteiros e marceneiros, corram o risco de serem extintas. A arte passada de geração para geração é caso de amor e não de oportunidade. Isso devido à burocracia para o acesso à matéria prima, além da dificuldade e do receio de comercializar produtos sem origem comprovada. Prefeitura de Curitiba, IBAMA e Embrapa Florestas estão reunidos para pensar um processo que usa o design como solução de forma a reduzir o desperdício e combater as mudanças do clima. Assim, são geradas novas oportunidades de emprego por meio da economia circular e da logística reversa, permitindo sobrevida à madeira proveniente de podas urbanas da cidade, árvores caídas e necromassa (partes de árvores, folhas, troncos, galhos, raízes). A madeira é a matéria prima mais sustentável para a fabricação de móveis e peças de decoração, quando usada

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corretamente, pois se trata de fonte renovável e orgânica. Entretanto, o desmatamento ilegal tem manchado sua reputação e gerado dúvidas nos consumidores finais, que acabam preferindo comprar produtos altamente industrializados e fabricados com derivados do petróleo, como plásticos, ou concreto armado e metais, todos de fontes não renováveis. A legislação nacional é cautelosa e restritiva, com relação ao uso de matéria prima proveniente da apreensão de madeiras cortadas ilegalmente, sobras de queimadas e podas urbanas, dentre outros sub-produtos de origem florestal. Este material é estocado, gerando já de princípio o problema de armazenamento, e fica assim, muitas vezes, até o seu apodrecimento, não permitindo que o processo de aproveitamento de resíduos, que geraria sobrevida e contribuiria com economia local. Segundo Yeda Malheiros, pesquisadora da Embrapa Florestas, está tramitando na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3128/2019, que regulamenta a exploração de madeira de árvores mortas ou naturalmente tombadas mediante a aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMSF). O texto acrescenta dispositivo e altera trechos do Código Florestal (Lei 12.651/12) e ainda está sendo analisado nas Comissões da Casa. Considerando-se o processo pela ótica local, Curitiba é a cidade do design, eleita pela Unesco, e uma das melhores cidades para se morar no Brasil. Curitiba é também um exemplo no uso de podas urbanas, mas ainda é preciso inovar mais. Está na hora de sermos disruptivos para fazermos o bem ao meio ambiente e a essas profissões, antes que sejam extintas, para mostrar ao mundo que, além de termos as melhores madeiras, também temos a solução perfeita para o seu uso. * Designer e empresário, conselheiro do Centro Brasil Design e diretor do Sindicato dos Moveleiros do Paraná


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coluna Sobre Morar por Paula Campos

ARqUITETURA

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sando formas e texturas, confeiteiros ao redor do mundo desafiam a natureza dos ingredientes para criar obras de arte comestíveis construídas camada por camada que aguçam o paladar, despertam a curiosidade e instigam a mente por meio das formas e do sabor. Selecionei quatro confeiteiros que surpreendem em suas criações esculturais e comestíveis.

COMESTÍVEL O universo da arquitetura é amplo e, como as demais artes, pode ser traduzido em diversas áreas

DINARA KASKO - UCRÂNIA

Arquiteta por formação, Dinara mescla seu profundo conhecimento em arquitetura para criar formas paramétricas comestíveis que encantam pela geometria e ousadia. Ela utiliza a tecnologia por meio de algoritmo e modelagem 3D para dar vida a suas criações, que poderiam ser chamadas de doces obras de arquitetura contemporânea. Ritmo, texturas, simetria e até mesmo a assimetria, quebram paradigmas e definem o olhar da confeiteira, encantando quem tem o prazer de degustar suas obras de arte ou de desfrutar visualmente do resultado do seu trabalho. Entre os ingredientes utilizados por ela estão o merengue, mousses, mascarpone, ganache e isomalte, misturados de forma meticulosamente calculada. / dinarakasko

KUF CAKES - DINAMARCA

A designer dinamarquesa Kia Utzon Frank, com experiência em ourivesaria, se aventura na confeitaria em seu ateliê internacionalmente conhecido, a KUF CAKES. Ela usa técnicas de impressão gráfica em marzipã e estrutura seus doces com uma receita especial. A estética com toque arquitetural remete a formações rochosas e texturas de mármore que desafiam a gravidade. Cada doce é meticulosamente criado com camadas de bolo fino, ganache, marzipã, fondant, folhas de ouro e prata. / kufstudios

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TORTIK ANNUSHKA - RUSSIA

Os irmãos Madina Yavorskaya, que é artista plástica, e Rustom Kungurov, que é arquiteto, resolveram fundir suas habilidades em beneficio do paladar. Com amor por formas esculturais e artísticas, desenvolvem suas doces e coloridas criações em múltiplas camadas cuidadosamente estruturadas e delicadamente decoradas em bolos e doces que deixariam qualquer um com pena de comê-los. Além de apostar na confeitaria, os irmãos inauguraram também uma escola de confeitaria, onde ensinam seus truques e técnicas para confeiteiros ao redor do mundo. / tortikannuchka

CLAIRE KEMP CAKE STUDIO - REINO UNIDO

Arte, arquitetura e natureza influenciam a arquiteta e confeiteira Claire Kemp a criar bolos que surpreendem e encantam através de linhas retas, cores e formas dispostas em camadas que Claire constantemente aprimora e experimenta. Sua especialidade são os bolos de casamento com formas originais e sabor acolhedor como se tivessem sido feitos em casa. O studio de Claire foi projetado por ela mesma e é onde atende seus clientes, cria e desenvolve seus bolos de forma pessoal e intimista, acompanhando até a entrega pessoalmente. Entre os ingredientes utilizados nos bolos estão o buttercream, massas úmidas de cenoura e laranja, geleias de frutas, e recheios de brownie ou creme de confeiteiro.

Paula Campos é arquiteta e atua no mercado imobiliário com o método de Home Hunting. / sobre.morar

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Habitat projeto

Uma casa de campo modernista

Dona de uma volumetria simples e acabamentos sofisticados, a casa projetada por Maurício Melara guarda o tempo, a vista e os bons momentos

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o meio do campo, uma casa. Que nada se parece com as outras. A Casa VR, assinada pelo arquiteto Maurício Melara, tem corpo modernista, para viver perto da natureza com os pés no chão, e alma livre, para respirar ar puro e ultrapassar os limites do céu, que serve de moldura. A casa da fazenda, no Norte Pioneiro, fica em terreno amplo, que trouxe diversas oportunidades de implementação, algumas com vista privilegiada, outras com mais privacidade ou insolação. Contemplou-se de tudo e a casa de volumetria simples e arrojada, ao mesmo tempo, conta com dois blocos bem definidos - um com a parte social, gourmet, estar, jantar e churrasqueira, e outra com a área íntima

-, marcados por revestimentos diferentes (um em brises de madeira e outro feito de concreto) e ligados por um vértice. Nele, um pátio, que está sendo preparado para ganhar uma piscina, e está ocupado por paisagismo acolhedor e trabalhado de forma a deixar a vista livre. “A casa foi pensada para ser construída com mão de obra local e teve o envolvimento do proprietário. Ela conta com fundação e recursos simples”, comenta o arquiteto. Por dentro, a casa de campo se rende à madeira nos revestimentos internos, como é o caso das paredes cobertas de madeira de demolição, que passa por um processo de queima, e dos móveis, de linhas simples e sofisticadas.

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Com volumetria arrojada, a casa tem dois blocos bem definidos marcados por revestimentos diferentes (um em brises de madeira e outro feito de concreto)

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A madeira domina os revestimentos internos, como é o caso das paredes que recém o material transformado por um processo de queima, e dos móveis, de linhas simples e sofisticadas

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Habitat Ensaio

Geometrias

urbanas Recortes e olhares do fotógrafo Wagner Melo desvendam texturas e detalhes sofisticados da arquitetura moderna curitibana

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Habitat Ensaio

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mpactado pela Revolução Industrial, que mudou a forma de produzir e revelou novos materiais, o mundo se rendeu ao Modernismo. Uma escola pragmática, social, em que o espaço comum é mais importante que o privado e a forma segue a função. Foram-se os excessos e ficaram os ideais. A nova ordem, como teria dito o arquiteto alemão

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O “menos é mais”é a nova ordem sugerida pelo movimento

Mies van der Rohe (1886 – 1969), determinava que “menos é mais”. Um menos com bossa, diga-se de passagem, marcado pelos volumes perenes em concreto aparente, grandes panos de vidro, e vãos vazios, a serem ocupados pelas pessoas. Janelas em fita, pilotis, brises, terraços e fachadas livres completam a tônica moderna e revelam


Janelas em fita, pilotis, brises, terraços e fachadas livres completam a tônica moderna e revelam texturas urbanas, geometrias, jogos de luz e sombras

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Habitat Ensaio

texturas urbanas, geometrias, jogos de luz e sombra revelados pelo ensaio do fotógrafo curitibano Wagner Melo. Especializado em fotografia de arquitetura e paisagem urbana, ele explora as ruas e os edifícios revelando suas sutilezas. Em andanças pelo Alto da XV, pelo Ahú e no Centro da cidade, verdadeiras obras de arte vão se revelando, assim como a forma que a cidade foi e ainda é pensada.

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Habitat Evento

Mercado

em festa

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m noite de comemoração, a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) divulgou os destaques do mercado imobiliário, no Prêmio Incorporador do Ano 2021. O evento bianual tem a finalidade de estimular a excelência profissional do setor, que é um dos que mais cresce no cenário nacional. Dessa forma, reconhece as empresas associadas que mais se destacaram no período pelas boas práticas corporativas empregadas no planejamento e na execução dos lançamentos imobiliários no Estado. Além disso, homenageia os profissionais que contribuíram para a valorização e desenvolvimento

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Ademi-PR premia os destaques do mercado imobiliário no prêmio Incorporador do Ano 2021

Leonardo Pisseti (presidente da Ademi) e Gabriel Raad

do setor. Neste ano, novas categorias passaram a integrar a premiação, como gestoras de condomínios, empresas de síndicos profissionais e startups. Os ganhadores de oito das 14 categorias foram selecionados por uma comissão de análise, formada por Leonardo Pissetti, presidente da Ademi-PR; Fernando Antonio Thá, diretor do Núcleo de Imobiliárias da Ademi-PR; Jacirlei Soares Santos, conselheiro fiscal da Ademi-PR; Ricardo Reis, CEO da Reis Real Estate; Ana Amélia Filizola, vice -presidente do Grupo GRPCOM; Leonardo Hauer, presidente da AsBEA-PR; e Rodrigo Rodrigues, diretor-presidente da Opus Múltipla.


grande Homenagem O Seconci Paraná (Serviço Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná – Sinduscon Paraná) prestou uma homenagem ao engenheiro civil e diretor-presidente da Construtora Andrade & Ribeiro, Erlon Donovan Rotta Ribeiro, que faleceu em 2020. Rotta Ribeiro realizou um número expressivo de obras que marcaram a paisagem urbana de Curitiba, além de ser um profissional conciliador e respeitado no mercado. A história de sucesso da Andrade & Ribeiro começou em 1978, com a atuação destacada de dois jovens engenheiros, Joaquim Ribas de Andrade Neto e Erlon Donovan Rotta Ribeiro, em obras públicas e privadas de grande porte.

Luiz Fernando Jamur.

Gabriel Raad / incorporador do ano ( Laguna)

Jorge Cicarello.

Erick Takada.

Bruno Hohmann Ribeiro, Amarildo Lorente, Jessica Antunes.

Felipe Silveira, Thais Silva, Paulo Rafael Folador.

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Habitat Evento

Ana Paula Zoller Ribeiro e Rodrigo Assis

Thomas Gomes, Marlus Doria e Eduardo Gomes.

Ilso José Gonçalves.

Da esquerda para direita: Rafael Thomé da Cunha, Silvia Kassuia Canova, Guilherme Eduardo Kassuia e José Washington Petrus

Ganhadores do Incorporador do Ano 2021 Confira os vencedores do prêmio Incorporador do Ano 2021 em cada categoria: Incorporador Do Ano: Construtora Laguna Empreendimento Do Ano Entregue: Harmony Concept House, Plaenge Empreendimento Do Ano Lançado: Casa Milano, Gt Building Personalidade Do Ano: Rafael Greca, Prefeito De Curitiba Executivo Do Ano: Erick Takada, Gerente De Desenvolvimento Imobiliário Na Mrv Empreendimento Horizontal Lançado: Oká, Cgl Lançamento Comercial: Terrasse Créatif, Terrasse Engenharia Sustentabilidade: Árten, Altma Incorporadora Projeto Arquitetônico Residencial: Átman Cabral, Mdgp Melhor Campanha De Marketing: Condomínio Clube Door, Rottas Construtora Imobiliária Do Ano: Jba Imóveis Empreendimento De Interesse Social Lançamento: Jardim Carvalho, Prestes Construtora Fornecedores Do Ano: Administradora Paraná, Informma Síndicos, Trade Marketing E Avalion

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Carlos, Ignacio e Tomás Herrera.

Kellen de Freitas, Paulo Roberto de Oliveira e Maria Tereza Moreira Ramos


pacific

Habitat publi

Forma 196: A sua vida em linhas concretas O Forma 196 é uma resposta concreta a quem busca equilíbrio em meio à vida urbana. Um empreendimento com assinatura da Pacific Incorporadora inspirado na arquitetura viva, com acabamento de alto padrão e plantas inteligentes.

Localização

Localizado no coração do Juvevê, o Forma 196 é para quem entende que a rua, o bairro e o entorno também fazem parte do seu lar. O Juvevê tem todas as facilidades que os moradores desejam: gastronomia intensa, fácil acesso ao Centro, proximidade ao comércio, escolas e demais serviços.

Arquitetura

Contemporânea, elegante e atemporal, assim é a arquitetura do Forma 196. É um respiro em plena cidade. Com torre única, em um terreno de 1.100,60m², o Forma 196 foi concebido com 21 pavimentos e 1 apartamento por andar, que priorizam a iluminação e a ventilação natural. São diversas opções de plantas, os apartamentos têm metragem de 260m² até 437m² privativos, com três ou quatro suítes. A partir do 16º pavimento, as plantas são duplex e triplex para quem deseja morar com muito espaço e exclusividade. As áreas comuns serão entregues decoradas e equipadas. O empreendimento terá tudo o que os moradores precisam: salão de festas, espaço gourmet, espaço teen/kids, playground, academia, sala de reunião e jardim urbano de 150m², que permite aos futuros moradores um contato mais próximo da natureza.

As linhas do Forma 196 foram desenhadas pelos melhores profissionais. O projeto de arquitetura leva a assinatura do talentoso escritório Baggio Schiavon. Nos interiores, o time da BST Arquitetura trouxe a sofisticação a partir da pureza das linhas e volumes. O projeto de iluminação é da competente Regina Bruni. E, para deixar a experiência de vida ainda mais completa, a paisagista Renata Tilli traz todo seu conhecimento em artes plásticas, arquitetura e botânica para o Forma 196. Forma 196

Previsão de entrega: outubro de 2023 Visite nosso espaço conceito: Av. Munhoz da Rocha, 196 – Juvevê, Curitiba Mais informações: (41) 99119-4090 | pacificincorporadora.com.br /pacificincorporadora

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Habitat social

Clemilda Thomé, José Ost e Jayme Bernardo

Mobiliário no museu

O Museu Oscar Niemeyer (MON) apresenta a exposição “Forma e Matéria”, da designer brasileira Claudia Moreira Salles. Com 44 peças, sendo três inéditas, a mostra faz um passeio pelo processo criativo e artesanal de peças de mobiliário, objetos e luminárias que flertam entre o design autoral e o minimalismo construtivo. Em cartaz até março. Fotos: Antonio More

Cap. Diego de Oliveira Nogueira e o artista Marcelo Conrado

Kátia d’Avillez, Liliana Saporiti, Claudia Moreira Salles e Juliana Vosnika

A designer Claudia Moreira Salles, a diretora-presidente do MON Juliana Vosnika e Kátia d’Avillez

Inove

Simões de Assis

A Inove Design recebeu a consultora de estilo Claudia Vitorino e a arquiteta Katia Azevedo para o evento “Cores na Arquitetura e Lifestyle”.

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Lançamento do livro Tempo Matéria do fotógrafo André Nacli, na Galeria Simões de Assis. Na foto, a publisher da Habitat Cíntia Peixoto e Nacli.


Momenttum

O designer Dennis Gusmao da Rocha assina a vitrine da Momentum e recebe convidados no lançamento.

Priscila Fleishfresser, Antonia Fleishfresser, Denis Denis Gusmão da Rocharo

Roberta Banqueri, Denis Gusmão da Rocha

Adriano Tadeu Barbosa, Marinice Bettega, Denis Gusmão da Rocha

Ana Boscardin, Edgard Corsi , Arthur Fraga

Mobitec

Scheila e Eliza Schuchovski realizaram a Branding e Retail Experience na Mobitec

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Habitat social Saccaro

As mesas de Natal da Saccaro estão prontas. Nas fotos, os projetos de Isis Virmond e Érika Hansel, Cindie Choueri e Claudia Pimentel Bueno e Raisa Bueno.

Jantar promovido pela W Investment e construtora Laguna, desenhado pela Bendita mkt para convidados e assinado pela chefe Kika Marder no stand do Almáa.

Regina Rocha, Cintia Peixoto e Bruna Gulin no evento Boi And Beer no Espaço Laguna, com o chefe Victor Borguignon, recebendo convidados da Laguna e W Investment para conhecerem o empreendimento Vaz.

Filipe Demeterco (Diretor Presidente Piemonte), Ana Claudia Prado (Analista de Marketing), Josiane Lima (Gerente de Marketing), Paulo Cruz (Professor e Diretor FAE), Nelson Silva (Diretor de Incorporação). A Construtora e Incorporadora Piemonte foi a vencedora do maior prêmio voltado para a área de marketing do Paraná, o Top de Marketing da ADVB/PR, Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, na categoria Arquitetura e Construção.

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Paulo Rafael Folador, CEO da Rottas Prime, Thaís Silva, Gerente de Marketing e Felipe Silveira, Diretor Comercial. Finalistas do Prêmio Top de Marketing 2021 da ADVBPR, com a indicação do Case DOOR, na categoria Arquitetura e Construção.


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Habitat Mundo

A mais bonita de todas Praga recebeu o título pela TimeOut e desbancou cidades como Nova York e Paris

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apital da República Tcheca, Praga foi eleita a cidade mais bonita do mundo pela tradicional publicação Time Out, que tem sede em Londres e Nova York. A cidade superou as finalistas Nova York, Paris e Chicago no ranking divulgado neste ano. Mais de 27 mil pessoas de todo o mundo participaram da votação e desses, segundo a publicação, 83% elegeram Praga entre as demais concorrentes.

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Motivos não faltam. Ao subir na ponte Carlos, sobre o Rio Moldava, e passar algum tempo ali em companhia das 30 estátuas barrocas, que representam santos e patronos, é possível sentir que, além de linda, Praga está rodeada de lendas e histórias. Há quem até a considere a “Paris do Leste”, deixando-se levar pela estrutura em torno do rio, prédios clássicos em volta, pontes em sequência e, olhando para o alto, o Castelo de Praga, que guarda nas suas dependências


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Habitat Mundo

a Catedral de São Vito, gótica, com belos vitrais e, entre eles, uma rosácea, como a da Notre Dame da Paris francesa. Outros a chamam de A Cidade das Cem Torres ou a Cidade Dourada e o melhor jeito de descobrir porque é subir a colina do castelo e conferir com os próprios olhos. Talvez o que mais encante em Praga, em comparação a outros destinos turísticos, seja justamente o fato de ela

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não ser tão conhecida pelo Ocidente, principalmente pelo período em que esteve atrás da Cortina de Ferro. A capital da Boêmia já integrou o império Austro Húngaro e, depois da Primeira Guerra Mundial, o bloco soviético. Foi palco da Primavera de Praga, em 1968, movimento de oposição à URSS, reprimida pelos exércitos soviéticos, como narrado em A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera. Em


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Habitat Mundo

1989, foi a vez da Revolução de Veludo, quando saiu do bloco soviético e, em 1993, tornou-se a capital da República Tcheca, depois da divisão pacífica da Tchecoslováquia. Praga é um mosaico de estilos e escolas arquitetônicas, que foram deixando suas marcas, como o Românico, o Gótico, o Renascentista, o Barroco, o Rococó, o Clássico e o Imperial, o Historicista, o Renascimento Mourisco, o Art-

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Noveau, o Cubismo e o Rondocubismo, o Funcionalista e o Comunista, e criando uma franca convivência entre o relógio astrológico e a casa que dança, a ponte e o castelo, a terra e o rio. Vale se perder por lá e descobrir sozinho a beleza da cidade-mãe de Franz Kafka.


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Habitat Gastronomia

Hora do pão

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s pães de fermentação natural viraram sensação do bem. Isso porque seu principal ingrediente é o levain, um fermento natural que se dá pela mistura da farinha com água, que deixada ao ar livre, recebe microorganismos responsáveis pela fermentação. Isso é bem mais saudável

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para quem consome, porque a fermentação deixa de ser finalizada no corpo. Sem contar o sabor levemente ácido, a casca crocante e a massa aerada. Dê uma olhada neste roteiro especial de padarias com cafés e opções de brunchs e receitas deliciosas.


Brød Bakery

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No menu, o pão é a estrela principal, estando presente em todos os pratos. Nas vitrines, diariamente, ao menos 20 opções de pães de fermentação natural, além de doces tradicionais e com releituras próprias. E além dos pães especiais, o foco da Brød é também na experiência do cliente, que inclui café ou brunch. O ambiente faz alusão às cafeterias do norte da Europa, de países como Finlândia, Noruega e Suécia, dando ao cliente uma vista completa para fora e também para todo o movimento de dentro. Rua Padre Ladislau Kula, 800

Fábrika Pães

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Os pães artesanais são todos modelados à mão, no dia anterior, e passam 15 horas fermentando naturalmente antes de ir pro forno. A receita é tão natural que só vai farinha, água e sal. São cinco receitas que saem diariamente: o multigrãos, a baguette, o italiano branco, a ciabatta e a focaccia. Por lá, eles vendem alguns lanches e queijos mineiros artesanais. Rua Schiller, 1305, Alto da XV

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Habitat Gastronomia

La Panoteca

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O casal Claudine e Oscar foi um dos primeiros a fazer pães de fermentação natural de Curitiba e, desde então, continua tudo igual: eles fazem os pães, cuidam da loja, e continuam pesquisando sobre panificação artesanal. Rua Gastão Câmara, 384. (41) 3339-8405

Maçã - Padaria Artesanal Brasileira Os pães da Maçã são feitos com o processo natural de fermentação e ingredientes orgânicos. As fornadas saem quentinhas ao longo do dia e a loja conta ainda com compotas, geleias e doces artesanais. R. Fernando Amaro, 802 B, Alto da XV R. Prof. Sebastião Paraná, 195, Vila Izabel

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Lucca Cafés Especiais

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O padeiro Eduardo Freire fechou parceria com o Lucca Cafés Especiais e, assim, a casa que já investia em cafés de alta qualidade, trabalha também com um novo conceito de cardápio com paes de fermentação natural. Fora isso, a loja vende também pão quentinho. Al. Presidente Taunay, 40 – Batel Tel.: (41) 3016-6675

O Pão que o Viado Amassou

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Depois de fazer sucesso na internet com seus pães com glitter e se focar sua estratégia de comunicação de um jeito divertido em prol das causas da comunidade LGBTQIA+, a padaria inaugurou loja física e mantém cardápio com pães e focaccias para levar, sanduíches e lanches para comer no local, além de drinks e doces. Há também uma carta de cafés do Tangerina Café e uma seleção de drinks do Cosmos G/Astrobar. Avenida Presidente Getúlio Vargas, 937

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Habitat Gastronomia O Padeiro Artesanal

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Bakery destinada a criação de pães de fermentação natural e farinhas orgânicas para encher de sabor a sua mesa. O pão de fermentação natural não leva fermento químico nem conservante, tem baixo índice glicêmico, sem contar que é uma excelente fonte de fibras. O pessoal do OPA também tem um esquema de vendas on-line, em pacotes que levam diariamente o pão para sua casa. www.opadeiroartesanal.com Rua Paulo Gorski 1309.

Prestinaria

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A Prestinaria é um dos lugares tradicionais para se comer pão de fermentação natural. Entre as opções da casa há o pão rústico, feito com farinha integral francesa moída na pedra, rico em minerais e fibras, com miolo aerado, casca grossa e crocante. Isso além do cardápio de doces, tortas, bolos, croissants e brunch a la carte com toasts, croque monsieur, ovos Benedict. Rua Euclides da Cunha, 699. (41) 3342-4576

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Calendários, agendas e muito mais.

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Habitat opinião Armando Kolbe Junior

O 5G vai mudar as nossas vidas por Armando Kolbe Junior (*)

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velocidade da tecnologia 5G para baixar informações será até 100 vezes mais rápida que a 4G. O tempo que um pacote de dados demora a ser transferido de um ponto a outro era de 60-98 milissegundos no 4G e, no 5G, será reduzido para menos de 1 milissegundo. A comunicação será instantânea. A vinda da tecnologia 5G vai ser um marco para um futuro bem próximo, onde tudo estará conectado. Teremos a possibilidade de sensores inteligentes detectar vazamentos de água, possíveis problemas elétricos, presença de mofo nas residências. Poderemos viabilizar procedimentos médicos à distância, fazer download de games e vídeos em altíssima qualidade e até monitoramento do tráfego em tempo real, além de inúmeras outras funcionalidades que poderão ocorrer com o uso de sensores que se comunicam utilizando a rede 5G. Cada vez mais cresce a produção de chips e modens que atuam diretamente com a Internet das Coisas (IoT). Carros autômatos, rastreamento de frotas de veículos, automação industrial, monitoramento de segurança, ou seja, um número gigantesco de dispositivos conectados que podem fazer serviços instantâneos. As smart cities terão uma grande quantidade de aparelhos conectados e poderão oferecer serviços diferentes e conectados como novos modais de transporte, prédios e outras construções, além de sinalizações e até outdoors, tendo acesso muito rápido aos dados e informações que auxiliarão na administração das cidades. A chegada das redes 5G vai impactar todos os setores da econômica brasileira, gerando novos negócios e oportunidades, pois cada vez mais as pessoas e organizações estarão mais conectados, informados, buscando novos modelos de negócios. Não estamos ainda preparados para isso. Não temos estrutura nem redes preparadas, sobretudo, porque o nosso país tem dimensões continentais. Devemos lembrar também que o 2G foi projetado para voz, o 3G para dados e o 4G para aplicações de grande fluxo de dados, streaming

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de música e vídeo. Já o 5G tem de ser muito mais eficiente para conseguir contemplar não somente o fluxo de uma enorme quantidade de dados, mas de um gigantesco número de dispositivos conectados, além de ser a primeira rede projetada para que seja escalável, versátil e eficiente em termos de consumo energético. Cada aparelho e rede criados com base na IoT fará uso unicamente do que for necessário e quando for necessário, na medida exata. Em novembro, o Brasil fez a abertura das propostas das empresas que participaram do leilão 5G. Seis novas operadoras de telefonia celular agora têm direito de operar as faixas de frequência de 700 MHz, 3,5 GHz, 2,3 GHz e 26 GHz e a prestar serviços de internet móvel no Brasil. A Winity, por exemplo, poderá oferecer serviços de forma nacional e a Brisanet, Consórcio 5G Sul, Cloud2U, Fly Link e Neko, poderão oferecer internet 5G em algumas regiões específicas. Entre as propostas, a maior foi feita pela Winity, que pagou R$ 1,4 bilhão pelo lote nacional na faixa de 700 MHz. A Brisanet, por sua vez, dispendeu R$ 1,2 bilhão pelo lote referente à faixa de 3,5 GHz que diz respeito a região Nordeste do país. A Claro foi a empresa que mais gastou em todo o leilão - mais de R$ 1,7 bilhão por nove lotes. Esses valores não levam em consideração os compromissos de investimentos, mas apenas as outorgas. Os compromissos, no geral, movimentaram R$ 46,8 bilhões. De acordo com dados da Conexis Brasil Digital, uma entidade que reúne as empresas de telecomunicação e conectividade que atuam no Brasil, infelizmente, somente 7 das 27 capitais estão totalmente preparadas para a tecnologia 5G. Entretanto, nos termos do edital, estão previstas obrigações para as empresas vencedoras do leilão para que promovam investimentos na cobertura das 26 capitais e do Distrito Federal e deverá atender as cidades brasileiras com 50 mil habitantes até 2028. Espera-se que o uso da tecnologia não seja elitizado. Que os avanços tecnológicos sejam acessíveis para todos e os preços sejam justos e compatíveis. * Armando Kolbe Junior é coordenador do curso de Gestão de Startups e Empreendedorismo Digital do Centro Universitário Internacional Uninter


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