Revista Habitat 5

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coluna É design por Rodolpho Guttierrez

Madeira sustentável

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uando se cria um produto, é preciso perceber os impactos que ele provoca no meio ambiente e na vida das pessoas. Afinal, sustentabilidade é um conceito que veio para ficar e não está ligado apenas à origem de matéria prima. Outros fatores são essenciais, como uso de mão de obra local, acessórios e componentes adequados, embalagem, precificação, comercialização, uso e descarte. A ideia de faturar apenas não se sustenta por muito tempo. É preciso mais: história, conceito, impacto positivo, valor agregado, como, por exemplo, pela fixação do carbono nos objetos de madeira. O chamado uso sustentável da madeira está hoje na base de todos os processos da cadeia produtiva, com suporte de organismos internacionais liderados pela ONU. A dificuldade de acesso às madeiras tropicais brasileiras certificadas e provenientes do Manejo Florestal Sustentável (MFS) está fazendo com que algumas profissões, como de artesãos, carpinteiros e marceneiros, corram o risco de serem extintas. A arte passada de geração para geração é caso de amor e não de oportunidade. Isso devido à burocracia para o acesso à matéria prima, além da dificuldade e do receio de comercializar produtos sem origem comprovada. Prefeitura de Curitiba, IBAMA e Embrapa Florestas estão reunidos para pensar um processo que usa o design como solução de forma a reduzir o desperdício e combater as mudanças do clima. Assim, são geradas novas oportunidades de emprego por meio da economia circular e da logística reversa, permitindo sobrevida à madeira proveniente de podas urbanas da cidade, árvores caídas e necromassa (partes de árvores, folhas, troncos, galhos, raízes). A madeira é a matéria prima mais sustentável para a fabricação de móveis e peças de decoração, quando usada

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habitat dezembro 2021

corretamente, pois se trata de fonte renovável e orgânica. Entretanto, o desmatamento ilegal tem manchado sua reputação e gerado dúvidas nos consumidores finais, que acabam preferindo comprar produtos altamente industrializados e fabricados com derivados do petróleo, como plásticos, ou concreto armado e metais, todos de fontes não renováveis. A legislação nacional é cautelosa e restritiva, com relação ao uso de matéria prima proveniente da apreensão de madeiras cortadas ilegalmente, sobras de queimadas e podas urbanas, dentre outros sub-produtos de origem florestal. Este material é estocado, gerando já de princípio o problema de armazenamento, e fica assim, muitas vezes, até o seu apodrecimento, não permitindo que o processo de aproveitamento de resíduos, que geraria sobrevida e contribuiria com economia local. Segundo Yeda Malheiros, pesquisadora da Embrapa Florestas, está tramitando na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3128/2019, que regulamenta a exploração de madeira de árvores mortas ou naturalmente tombadas mediante a aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMSF). O texto acrescenta dispositivo e altera trechos do Código Florestal (Lei 12.651/12) e ainda está sendo analisado nas Comissões da Casa. Considerando-se o processo pela ótica local, Curitiba é a cidade do design, eleita pela Unesco, e uma das melhores cidades para se morar no Brasil. Curitiba é também um exemplo no uso de podas urbanas, mas ainda é preciso inovar mais. Está na hora de sermos disruptivos para fazermos o bem ao meio ambiente e a essas profissões, antes que sejam extintas, para mostrar ao mundo que, além de termos as melhores madeiras, também temos a solução perfeita para o seu uso. * Designer e empresário, conselheiro do Centro Brasil Design e diretor do Sindicato dos Moveleiros do Paraná


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