A Liberdade Religiosa e a segurança no mundo John Graz*
chamar “o fim das ideologias”. Foi o século dos grandes sonhos banhados de sangue e de aspirações frustradas. A religião, muito naturalmente, ocupou os vazios deixados pelas ideologias. Quase que se tinham esquecido os seus excessos, as suas investidas de intolerância, para reter apenas os seus lados bons – o amor, a alegria, a paz e sobretudo a esperança. Não foram necessários mais que alguns anos para se aprender uma nova expressão: “terrorismo religioso”. Não foram precisos mais que alguns anos para redescobrir que as Igrejas oprimidas podem ser tentadas, por sua vez, a oprimir. Apenas alguns anos foram suficientes para que se percebesse que o fanatismo e a intolerância não são um exclusivo das minorias ou dos novos movimentos religiosos. Eles encontram‑se também nas grandes religiões tradicionais. Nesta evolução, em que é que a liberdade religiosa se tornou? Assistiu‑se ao seu florir após a queda do comunismo, e depois debater‑se para conservar as suas conquistas. Irá ela sobreviver aos desafios do terrorismo e da segurança nacional?
John Graz, Foto IRLA
Condenado por alguns a desaparecer como um fruto maduro caído da árvore, a religião voltou em força à ribalta dos media. Atribui ‑se a André Malraux esta declaração: “O século XXI será espiritual ou não existirá.” Profético! O século XX, que assistiu à escalada dos totalitarismos e a uma quase vitória do comunismo, terminou por aquilo que se poderia 16