Camadas da história e arquitetura: percursos pelo Centro Histórico de São Paulo

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8.1 Administrações públicas, intervenções urbanas e patrimônio (1934-1945)

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Fábio Prado (1887-1963) era filho de uma família tradicional da elite cafeicultora paulista e teve formação em engenharia na Bélgica. Antes de chegar à prefeitura, foi diretor da Federação das Indústrias de São Paulo e da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e também vereador. Sua administração estava alinhada à administração estadual, sob as rédeas de Armando Salles de Oliveira (que governou entre os anos de 1933 e 1936 como interventor federal). Dentre as novidades implantadas pela tutela de Fábio Prado, frisamos a criação do Departamento Municipal de Cultura (1935) sob a chefia de Mário de Andrade - como já vimos, personagem importante na criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e da cultura do patrimônio nacional, assim como também teve papel de destaque na Semana de 22. O departamento era composto por 5 conjuntos: Expansão Cultural, Bibliotecas, Educação e Recreio, Documentação Histórica e Social, Turismo e Divertimentos Públicos. Suas atividades obtiveram grande êxito e foram consideradas inovações para a época, tanto que cidades como Paris e Praga viram neste um referencial para constituir similares. Após a saída de Mário de Andrade da gestão do Departamento paulista para o SPHAN, observase um declínio nas atividades. Mesmo que ainda tenha mantido grandes verbas, como na gestão de

Prestes Maia, o Departamento já não teve grande visibilidade. Outro ponto a se prestar atenção do governo de Prado é a nova construção do Viaduto do Chá. De maneira geral, a administração de Fábio Prado é entendida como uma primeira leitura de reflexão dos problemas sociais sob um ponto de vista científico (OLIVEIRA, 2008, p. 52), e também um salto nos melhoramentos públicos - ruas pavimentadas, construção de túneis, viadutos e edifícios públicos. As grandes obras urbanas deste período de administração encaixam-se em um panorama maior de continuidade entre os anos de 1930 e 1945, nas gestões: Pires do Rio, Fábio Prado e Prestes Maia. Com o golpe de Estado de Vargas no ano de 1937, Armando Salles de Oliveira foi tirado do governo paulista e, consequentemente, também Fábio Prado, sendo substituído por Prestes Maia. Francisco Prestes Maia (1896-1965), engenheiro formado pela Escola Politécnica de São Paulo, assumiu a administração da cidade no ano de 1938, após Adhemar de Barros tornarse interventor federal no estado. Sua gestão tem grande ênfase nas obras públicas e ele era visto como “mestre de obras”, nas palavras de Mercel Oliveira (2008, p. 60). Em contraponto com as obras públicas, e principalmente de cunho viário, a cultura passa


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