Revue Cultive n° 14

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EVENTO CULTIVE período colonial e no início do Império. Tanto o registro de batismo como a certidão de 1847 são omissas em relação ao nome do pai de Maria Firmina, o qual apenas é declarado no seu registro de óbito, datado de 17 de novembro de 1917, com o nome de João Pedro Esteves. João Pedro Esteves, homem de posses, era sócio do antigo dono da mãe de Maria Firmina, a escrava Leonor Felipa. Segundo algumas fontes, seria prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis por parte nasceu em São Luís do Maranhão, em 11 de mar- da mãe, embora se desconheça com que fundaço de 1822 mento e em que grau. . Morreu ano dia 11 de novembro de 1917 em Gui- Em 1830, mudou-se com a família para a vila de marães, no mesmo estado. Ela é considerada a São José de Guimarães, no continente. Viveu parte primeira romancista do Brasil. Por ser mulata, Fir- de sua vida na casa de uma tia materna mais bem mina dos Reis não pôde frequentar a escola públi- situada economicamente. Em 1847, concorreu à ca. Ela recebeu sua educação principalmente de cadeira de Instrução Primária nessa localidade e, sua tia e tio Sotero dos Reis. Tornou-se instrutora e sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, fundou a primeira Escola Mista do Maranhão, que como professora de primeiras letras, de 1847 a foi fechada logo após sua inauguração. 1881. Maria Firmina dos Reis nunca se casou.

MARIA FIRMINA DOS REIS

Juventude e família

Carreira

Maria Firmina dos Reis nasceu na Ilha de São Luís, no Maranhão, em 11 de março de 1822, sendo batizada somente no dia 21 de dezembro de 1825, em virtude de uma enfermidade nos primeiros anos de vida. Segundo o registro, Maria Firmina foi batizada na freguesia de Nossa Senhora da Vitória, em São Luís do Maranhão. Seus padrinhos o capitão de milícias João Nogueira de Souza, e Nossa Senhora dos Remédios, nem sua paternidade, nem a data do nascimento foram informado Em 25 de junho de 1847, visando a inscrição no concurso público da cadeira de primeiras letras da vila de São José de Guimarães, então apenas possível para a idade mínima de 25 anos, Maria Firmina solicitou nova certidão de justificação de batismo, na qual informou a data de nascimento como 11 de março de 1822, e o nome de sua mãe, Leonor Felipa, mulata forra, sendo o processo concluído em 13 de julho desse ano.

Em 1859, publicou o romance “Úrsula” considerado o primeiro romance de uma autora do Brasil. Em 1887, publicou na Revista Maranhense o conto «A Escrava», no qual se descreve uma participante ativa da causa abolicionista.

Leonor Felipa havia sido escrava do comendador Caetano José Teixeira, falecido em 1819, grande comerciante e proprietário de terras na vila de São José de Guimarães, proprietário de uma companhia comercial com avultadas transações no fim do 42

Revue Cultive - Genève

Aos 54 anos de idade e 34 de magistério oficial, anos antes de se aposentar, Maria Firmina fundou, em Maçaricó, a poucos quilômetros de Guimarães, uma aula mista e gratuita para alunos que não podiam pagar: conduzia as aulas num barracão em propriedade de um senhor de engenho, à qual se dirigia toda manhã subindo num carro de boi. Lá, lecionava às filhas deste, aos alunos que levava consigo e a outros que se juntavam. A acadêmica Norma Telles classificou a iniciativa de Maria Firmina como «um experimento ousado para a época». Essa ação inovadora vai ao encontro das lutas das feministas brasileiras do final do século XIX que desejam a igualdade de ensino para meninas. Maria Firmina dos Reis participou da vida intelectual maranhense: colaborou na imprensa local, publicou livros, participou de antologias, e, além disso, também foi musicista e compositora. A auto-


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