Permissão
Isadora Barbosa da Silva
“Deus não fez um amor tão lindo para ser proibido e, se fosse, eu ainda te amava” (Santo - Jão) Eu não tenho permissão para me apaixonar. As lágrimas molhavam meu rosto enquanto eu, insistentemente, tentava convencer aquela cega criança traiçoeira a me flechar novamente, ao mesmo tempo em que ele teimava em dizer que a culpa do meu sofrimento não era dele. Era deles. Daqueles que me olhavam todos os dias e me pintavam de cinza, reduzindo o meu arco-íris a uma monocromia que eu me recusava a aceitar. Mas eu ainda não tenho permissão para me apaixonar. Pior, não tenho permissão para amar. Então me encontro nessa loucura de barganhar com o Amor, implorando-lhe permissão para ficar com os dois, ao invés de me forçar a escolher um. Como poderia? Eu o amo desde aquele primeiro novembro e a amo há uma vida, apesar de não ter notado antes. O Amor me encarava, não da mesma maneira que os Outros, mas com um olhar de pena. Eu não quero a sua pena, quero a sua permissão. Vou proclamar minhas paixões diante de ti, para que entendas a importância do meu pedido, a urgência da minha oração. Era vermelho, como na música da Taylor Swift no verso “apaixonante como o pecado”, só que você sempre fez com que
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