A fenda
Luana Rodrigues Pires
É fácil saber como a história acaba, mas é sempre complicado entender como ela começa e o que aconteceu para chegar até onde chegou. Como o nascimento de um amanhã transita tão rapidamente para a conclusão da chegada do anoitecer. Às vezes o começo é tão parecido com o fim que é complicado distinguir qual é qual. Assim se dá à luz: Leves sons dos trabalhadores ao redor, formando uma cacofonia rítmica ao fundo. Luzes artificiais brilhando suaves por toda a cidade intocada pela luz natural, espalhando as sombras em uma imitação simples, mas satisfatória, do alvorecer, refletindo na neve branca e suave que se contrastava com o concreto escuro e rígido. O vento frio permanente e constante durante todos os dias devido a própria escuridão proeminente e falta do calor acolhedor dos raios solares, espalhava-se preguiçosamente por entre os prédios altos em sopros preguiçosos, quase como se ainda não totalmente despertos durante esse começo da manhã. No centro da praça principal da cidade enormes olhos verdes brilhantes iguais ao amanhecer encaravam a figura indiferente e imaculada de uma estátua que se erguia imponente no centro do lugar. Uma plataforma circular de concreto cinza elevando-a ligeiramente do chão da praça recoberto de neve, a imagem de pé de um homem com feições angelicais, mas severas, de olhos brancos e perpetuamente direcionados para o horizonte, se mantinha por gerações e mais gerações. Um símbolo. Qual tipo de símbolo?
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