A Jóia Suprema do Discernimento - Vivekachudamani de Shancaracharya (em PDF)

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"Isto é real ou irreal, isto é fato ou fantasia, isto é natureza ou mera aparência?” Desse modo nos aprofundaremos cada vez mais na busca da verdade. Todos nós sabemos que existimos. Todos temos a percepção da nossa própria consciência. Mas qual é a natureza dessa consciência, dessa existência? O discernimento logo nos provará que a idéia do ego não é a realidade fundamental. Existe algo que está além dele. Podemos chamar esse algo de “Brahman”, mas Brahman é apenas mais uma palavra, que não nos revela a natureza daquilo que estamos procurando. Brahman pode ser conhecido como uma substância ou como algo que existe? Não no sentido comum do verbo. Saber alguma coisa é obter o conhecimento objetivo dela, e esse conhecimento é relativo, dependendo do espaço, do tempo e da causação. Não podemos conhecer a consciência absoluta desse modo, porque a consciência absoluta é o próprio conhecimento. Brahman é a fonte de todos os demais conhecimentos, abrangendo o conhecedor, o conhecimento e a coisa conhecida. É independente do espaço, do tempo e da causa. Nesse sentido, a prática do discernimento difere do método da pesquisa científica. O cientista se concentra num determinado objeto de conhecimento e examina-o num nível que ultrapassa o campo da percepção sensorial, com a ajuda de aparelhos, da análise química, da matemática e assim por diante. Sua pesquisa se amplia como uma viagem, aprofundando-se cada vez mais no tempo e no espaço. O filósofo religioso procura aniquilar o tempo e o espaço, as dimensões da idéia do ego, a fim de revelar a Realidade que está mais próxima e é mais imediata do que o ego, o corpo ou a mente. O filósofo religioso procura perceber aquilo que ele é agora e sempre - e essa percepção não é um aspecto da própria consciência. O vidente iluminado não se limita a conhecer Brahman; ele é Brahman; ele é a Existência, ele é o Conhecimento. A liberdade absoluta não é algo que deva ser atingido, o conhecimento absoluto não é algo a ser conquistado, Brahman não é algo que deva ser encontrado. Só Maya deve ser penetrada, só a ignorância deve ser vencida. O processo do discernimento é um processo negativo. O fato positivo, nossa natureza real, existe eternamente. Nós somos Brahman - e só a ignorância nos separa desse conhecimento. A consciência transcendental, ou a união com Brahman, nunca poderá ser investigada pelos métodos da pesquisa científica, uma vez que tal pesquisa depende, em última análise, da percepção sensorial, e Brahman está além da percepção dos sentidos. Mas isso não quer dizer que estamos condenados à dúvida - ou a confiar cegamente na experiência dos videntes - enquanto não tivermos atingido pessoalmente a Meta Suprema. Mesmo um pequeno esforço na meditação e na vida espiritual haverá de recompensar-nos com o conhecimento e a convicção de que este é realmente o caminho que leva à verdade e à paz - de que não estamos simplesmente nos enganando ou hipnotizando a nós mesmos -, de que a Realidade está ao nosso alcance. Teremos naturalmente nossos altos e baixos, nossos momentos de incerteza, mas sempre retornaremos a essa convicção. Nenhuma conquista espiritual, por menor que seja, será perdida ou desperdiçada.

Métodos e meios Existem muitos caminhos conducentes à consciência transcendental. Em sânscrito, esses caminhos são chamados de iogas, ou métodos de união com Brahman. As iogas variam de acordo com o tipo de pessoas. Com efeito, cada indivíduo abordará a Realidade de um modo ligeiramente diferente. Quatro iogas principais são geralmente reconhecidas na literatura religiosa hindu: Karma, Bhakti, Jnana e Raja. Eis um resumo muito sucinto de suas características: A Karma Ioga, como o próprio nome indica, está voltada para o trabalho e a ação. Trabalhando altruisticamente pelo nosso próximo, considerando cada ação como uma oferenda sacramental a Deus, cumprindo nosso dever sem ansiedade ou preocupação com o sucesso ou o fracasso, o elogio ou a censura, podemos aniquilar gradualmente a idéia do ego. Através do Karma podemos transcender o Karma e vivenciar a Realidade que está além de qualquer ação.

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