Para o homem dotado de autodomínio, a impassibilidade é a única fonte de felicidade. Se esta estiver combinada com o despertar do puro conhecimento do Atman, o homem torna-se independente de tudo o mais. Esta é a porta para a posse da sempre jovem donzela chamada libertação. Se buscas, pois, o bem supremo, pratica a impassibilidade interior e exterior e conserva uma constante percepção do eterno Atman. Evita o desejo sensual como um veneno, porque ele é morte. Abandona o orgulho de casta, família e posição social e abstém-te das ações ditadas pelo auto-interesse. Abandona a ilusão de que és o corpo ou qualquer um dos invólucros - todos eles são irreais. Mantém tua mente absorta no Atman. Em verdade, tu és Brahman, a testemunha não agrilhoada pela mente, o um sem um segundo, o supremo. Fixa a mente em Brahman, a tua meta. Não deixes que os órgãos dos sentidos funcionem externamente; obriga-os a permanecerem em seus respectivos centros. Conserva o corpo ereto e firme. Não te sirvas de nenhum pensamento para a sua manutenção. Devota-te completamente a Brahman e compreende que tu e Brahman são um. Bebe incessantemente a alegria de Brahman. As fontes dessa alegria nunca secam. De que valem as coisas deste mundo? Todas elas são desprovidas de felicidade. Não permitas que tua mente se compraza em qualquer pensamento que não seja o Atman. Isso é um mal, uma causa de miséria. Medita sobre o Atman, cuja natureza é a bem-aventurança. Este é o caminho da libertação. O auto-iluminado Atman, a testemunha de todas as coisas, está sempre presente em teu próprio coração. Esse Atman permanece separado de tudo o que é irreal. Conhece-o como sendo tu mesmo e medita sobre ele incessantemente. Mantém-te em comunhão ininterrupta com o Atman, livre de todos os pensamentos perturbadores. Desse modo alcançarás a convicção de que o Atman é tua verdadeira natureza. Agarra-te à verdade de que és o Atman. Renuncia a identificar-te com o ego ou com qualquer dos invólucros. Permanece completamente alheio a eles, como se fossem jarros de argila quebrados. Fixa a mente purificada no Atman, a testemunha, a pura consciência. Empenha-te gradualmente em acalmar tua mente. Então obterás a visão do infinito Atman.
O um Medita sobre o Atman como indivisível, infinito, como um éter que a tudo impregna. Compreende que ele é separado do corpo, dos sentidos, da energia vital, da mente e do ego, limitações impostas pela nossa ignorância. O éter - embora encha centenas de recipientes, como jarros e potes de grãos e arroz, e pareça variado e divisível - é na verdade um, e não muitos. Do mesmo modo o puro Atman, quando libertado das limitações do ego e da mente, é um e apenas um. 3
Todas as coisas - de Brahma , o criador, a uma simples folha de erva - são as formas e os nomes aparentemente diversos do Atman único. São simples aparências, e não o real. Medita, pois, sobre o Atman como único e infinito. O Atman é o princípio e a realidade. Esta aparência de um universo só é vista através da ilusão dos nossos olhos. Quando surge o verdadeiro conhecimento, o Atman é revelado como a própria existência, e o universo aparente não pode ser visto separado dele. Podes confundir uma corda com uma cobra se estiveres iludido. Mas, quando a ilusão cessa, compreendes que a suposta cobra não passava de urna corda. Assim também este universo não é outra coisa senão o Atman. 4
Eu, o Atman, sou Brahma. Sou Vishnu. Sou Shiva. Eu sou o universo. Nada existe, porém eu sou.
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Brahma, um dos membros da trindade hindu, o criador, distinto de Brahman, Deus em seu aspecto impessoal, absoluto.
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