DOSSIER MOBILIDADE ELÉTRICA
100% elétrico ou plug-in? Os incentivos fiscais dirigidos à mobilidade elétrica estão a atrair cada vez mais empresas para esta realidade. Mas há questões que é preciso ponderar antes de avançar
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COVID-19 pode ser uma oportunidade para as empresas transitarem algumas unidades da sua frota para modelos elétricos ou híbridos plug-in, nomeadamente viaturas atribuídas a funcionários em regime de trabalho híbrido que, por essa razão, se antecipa venham a ter uma quilometragem mais reduzida durante o período previsto de utilização. Mas, sobretudo para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de vivenciar a condução de um carro 100% elétrico ou de híbrido plugin, a transição para este tipo de viatura pode gerar estranheza e desencadear algum tipo de ansiedade, invariavelmente relacionada com a questão da autonomia dos primeiros. Quanto aos híbridos plug-in a situação pode ser igualmente complicada: com mais potência disponível e sem necessidade de carregamento elétrico para poderem continuar a circular, os encargos com o combustível podem aumentar de forma significativa. Apesar de poderem servir como uma solução transitória, os automóveis
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Fleet Magazine
híbridos plug-in levantam também outro problema: como geralmente têm velocidades de carregamento reduzida, tipicamente de 3,6 ou 7,2 kW em corrente alterna, o recurso a alguns postos públicos rápidos, com cobrança ao minuto, pode tornar a energia elétrica do carregamento mais cara do que a quantidade de combustível necessária para a mesma autonomia. É como se utilizássemos uma palhinha para encher uma garrafa em vez de utilizar uma mangueira! Testar todas as condições
Daí que a experimentação continue a ser a melhor forma de aprendizagem, de ultrapassar dúvidas e receios, para descobrir o rumo certo a tomar. Neste contexto, os produtos de aluguer flexível surgem como uma ótima solução. Seja através de alugueres de curta duração ou de soluções que incluem mais do que um tipo de viatura, um tipo de oferta já disponibilizada por várias gestoras de frota e empresas de rent-a-car. Além de reduzir o prazo do compromisso da empre-
sa e, por via disso, diminuir o risco de uma má decisão, estes produtos incluem habitualmente vários serviços, incluindo de consultadoria, preparados para acompanhar e apoiar a tomada de decisões relacionadas com a mobilidade elétrica, nomeadamente da complexa questão da instalação de pontos de carregamento. Compromisso ainda mais reduzido pode ser alugar a viatura através de um operador de rent-a-car. Algumas das empresas que atuam neste sector de atividade estão em condições de apoiar os utilizadores destas viaturas diretamente, sem intervenção do responsável da empresa que contrata o serviço. Inclusivamente, algumas disponibilizam soluções flexíveis que permitem contratar uma viatura por um período curto, geralmente um mês, dando a possibilidade de estender o contrato ou de o suspender sem penalização. E quanto aos carregamentos?
Embora seja muitas vezes descurada, a questão dos carregamentos é fundamental para a operacionalidade da viatura e na contabilização dos custos da sua utilização. Apesar de muitas marcas incluírem a oferta de uma wallbox com a aquisição da viatura, nem sempre a potência elétrica disponível localmente permite o carregamento, único ou em simultâneo de várias unidades. A situação complica-se com empresas que partilham edifícios de escritórios com garagens comuns, à semelhança do que acontece em condomínios residenciais. A possibilidade do utilizador da viatura dispor de condições para carregar a viatura fora do local de trabalho deve ser também acautelada, por isso a contratação do serviço de carregamento público com um ou mais operadores é essencial. A experiência fará os utilizadores das viaturas mais conscientes optarem pelo melhor posto em função do tipo de viatura que conduzem e do cartão de carregamento utilizado, existindo aplicações, como a da miio, que não apenas ajudam a encontrar o carregador mais indicado, como indicam a sua disponibilidade e fazem uma previsão do custo do carregamento. Por fim, os decisores devem considerar a formação dos condutores destas viaturas, um investimento com retorno contabilizável em termos de custos energéticos e na redução da sinistralidade rodoviária.