Revista FundsPeople Novembro e Dezembro

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PRODUTOS ISR por María Folqué

O RISCO DE CARBONO

COMO FATOR DE INVESTIMENTO A medição do risco de carbono das empresas é um desafio, que se torna ainda maior quando não existem dados. No seu estudo Carbon Risk de 2018, Gorgen et al. propõem uma solução: o beta de carbono.

U

m dos desafios mais urgentes da humanidade é combater as alterações climáticas através da transição necessária da economia mundial do castanho para o verde. Devido à transição em curso, os mercados de capitais têm de fazer uma reavaliação constante das empresas no que diz respeito a um risco associado: o risco de carbono. A medição do risco de carbono é um desafio, uma vez que a informação fundamental sobre a exposição das empresas ao carbono é escassa e a sua divulgação não é universalmente obrigatória nem está regulamentada. O objetivo deste estudo é desenvolver uma medida simples que possa ser utilizada para medir o risco de carbono das empresas, o beta do carbono, que pode ser estimado sem qualquer informação relativa ao risco de carbono. O risco de carbono torna-se, assim, um fator a considerar juntamente com os já definidos por Fama e French e Carhart. Para estimar o beta de carbono, constrói-se um fator de risco de carbono castanho menos verde (em inglês, brown-minus-green ou BMG) de mais de 1.600 empresas cotadas a nível mundial, com informações detalhadas reunidas a partir de quatro bases de dados

principais de ESG: o conjunto de dados do questionário sobre as alterações climáticas do Carbon Disclosure Project (CDP), as MSCI Stats – estatísticas de ESG, os dados dos ratings de ESG da Sustainalytics e o conjunto de dados de ESG da Thomson Reuters. As empresas são classificadas com uma cor, castanho ou verde, com base na pontuação anual de risco de carbono (em inglês, CRS – carbon risk score).

O CÁLCULO

A CRS é uma medida composta por três dimensões de risco de carbono, que capta não só o impacto das emissões atuais (cadeia de valor) na valorização das empresas, mas também da resposta da sociedade às emissões percecionadas (perceção pública) e das futuras emissões de carbono e estratégias de mitigação (adaptabilidade). Esta amostra é utilizada para calcular a CRS e, a partir daí, o fator de risco de carbono. Para o cálculo do fator de risco de carbono, primeiro é necessário determinar a CRS anual da pontuação de risco de carbono para cada empresa. Depois, é aplicado o modelo de Fama e French (1993) e atribuem-se, incondicionalmente, todas as empresas a carteiras com base na sua capitalização NOVEMBRO E DEZEMBRO  I  FUNDSPEOPLE 121


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