ESTILO DE VIDA VIAGEM por Estevão Oliveira
JAPÃO Da educação extrema dos japoneses, passando pelos jardins meticulosamente arquitetados: o Japão é um abanão cultural para os ocidentais, mas uma incrível experiência que não se esquece.
A
s diferenças culturais entre o ocidente e o oriente foram um dos principais motivos que me levaram a escolher o continente asiático como destino turístico. Desde muito cedo que alimentei uma paixão e uma curiosidade imensa pelo Japão. Talvez devido aos anos que dediquei à prática de Aikido, ou a admirar os cenários cosmopolitas do filme Lost in Translation de Sofia Copolla ou mesmo, possivelmente, o facto de adorar um bom sushi. Atualmente, Lisboa e Tóquio estão separadas apenas por nove horas de voo, o que, de certa forma, faz com que a distância já não seja motivo de desencorajamento para viajar até este país, como acabámos por fazer. Assim que saímos do avião e entramos no aeroporto, o primeiro cho130 FUNDSPEOPLE I NOVEMBRO E DEZEMBRO
que é, efetivamente cultural: desde a saudação, ao respeito e à simpatia dos japoneses, sempre disponíveis para ajudar o próximo. No início da nossa jornada, apercebemo-nos que os japoneses parecem viver, de certa forma, sob códigos rígidos, que às vezes parecem impercetíveis a quem vem de fora. Um dos hábitos mais comuns é visível, por exemplo, nas situações de gratidão. Nada de apertos de mão ou beijos. A forma mais comum de cumprimento é a reverência oriental, em que o nosso interlocutor se curva literalmente para a frente em sinal de respeito ou de agradecimento para com a pessoa com quem está a interagir. Apesar de diferente da cultura chinesa, convém referir que a cultura japonesa foi importada da China por volta do ano 600 e mesmo os carateres
JAPÃO O país é um arquipélago de 6 852 ilhas, cujas quatro maiores são Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku, representando em conjunto 97% da área terrestre nacional.
que são visíveis por todo o lado, não são assim tão estranhos para quem já passou pela aprendizagem de mandarim. Uma característica impressionante é a ausência de caixotes de lixo nas ruas. Quem se lembra da imagem dos adeptos japoneses, depois de um jogo no campeonato do mundo de futebol no Brasil em 2014, a recolher o lixo das bancadas após o jogo? A preocupação de viver sem causar o incómodo a terceiros, está visível por todo o lado. Nesse sentido, as crianças japonesas são habituadas a limpar as salas de aulas desde pequenas, sendo esses valores, o respeito pelo próximo, visíveis por toda a população. É impressionante entrar numa casa de banho de uma estação de metro, onde circulam milhares de pessoas, e deparar com um cenário de limpeza extrema.