ENTREVISTA DISTRIBUIDOR por Margarida Pinto
Rui Castro Pacheco e Ana Gomes, CFA RESPONSÁVEL DE INVESTIMENTOS E RESPONSÁVEL PELO SERVIÇO DE CONSULTORIA PARA INVESTIMENTO, BANCO BEST
CONSULTORIA PARA INVESTIMENTO COM UM TWIST ESG O novo serviço disponibilizado pelo Banco Best é útil para clientes com alguma propensão ao risco e um horizonte de investimento de longo prazo. Contudo, a entidade quer ter um papel importante na oferta quando o assunto é o ESG.
P
ode dizer-se que o serviço de consultoria para investimento do Banco Best nasceu impulsionado pelos próprios clientes. Como explica agora Rui Castro Pacheco, os clientes foram procurando “aconselhamento na altura de investir” e a entidade respondeu ao repto. À equipa juntou-se Ana Gomes, há um ano, precisamente com a tarefa de liderar o novo serviço. “Foi um passo importante dispormos de alguém dedicado a olhar para este segmento a tempo inteiro”, comenta o responsável de Investimentos da entidade. Adicionalmente, o profissional aponta o caminho de uma maior interligação entre as equipas do grupo, de forma a capitalizar sinergias, nomeadamente entre o Best e o novobanco. A premissa do serviço assenta no conhecimento do cliente. “No processo, o importante é garantirmos que propomos uma carteira de investimentos que é de facto adequada ao cliente, ao que ele precisa, mas também adequada ao seu perfil”, aponta a responsável pelo serviço. A oferta, por sua vez, pode apelidar-se de mista. Apresentam
carteiras standard - que podem ser ajustadas - compostas por fundos de investimento, ETF ou mesmo com a junção de ambas as soluções, com recurso ao vastíssimo universo de produtos disponíveis na instituição financeira. A ideia-chave é a de diferenciação. “Não há duas propostas iguais”, frisa Rui Castro Pacheco. Formalmente, o negócio de consultoria prestado pela entidade é feito numa base não independente e com o aconselhamento a assentar sobre os fundos de investimento que o banco tem registados para venda; situação semelhante também acontece com os ETF que disponibiliza. Apesar da abordagem não independente do modelo de negócio, os responsáveis do Best sublinham a independência dentro de portas: “Não estamos dependentes de propor um produto da entidade A ou B”, realçam. Na verdade, fazem questão de ter critérios bem definidos para escolher um produto em detrimento de outro. Além da rentabilidade e do risco, ponderam na decisão critérios como “o tempo que o gestor gere o fundo”, o “tamanho do fundo”, ou ainda o seu turnover. No caso dos ETF, importa-lhes verificar a componente de liquidez ou o seu TER.
EXCLUIR FUNDOS ARTIGO 6º
Uma das preocupações que a entidade sente por parte dos clientes prende-se com a sustentabilidade. “No inquérito de perfilagem é feita uma questão aberta sobre as preferências do cliente, por exemplo, sobre se querem ou não determinado tipo de ativos em carteira. Espontaneamente já fazem essa referência”, conta Ana Gomes. O que é facto é que a própria entidade tem vindo a dar passos neste sentido. Rui Castro Pacheco explica que, para além de já aplicarem uma “ponderação ESG” aos fundos que selecionam, esperam no segundo trimestre do ano ir mais longe na oferta. “A nossa ideia é excluir fundos artigo 6º da SFDR das nossas listas de recomendações”, afiança Embora não tenham um cliente tipo a quem dirijam o serviço, a consultoria da entidade destina-se a montantes superiores a 75 mil euros. “Como as nossas carteiras são de fundos e ETF, o nosso cliente ideal tem de ter alguma propensão para assumir risco e um horizonte de longo prazo”, diz a responsável. Dividem assim a clientela num segmento mais affluent, onde se inserem clientes que “têm já alguma capacidade financeirae não querem tomar decisões ao nível dos mercados, mas que ainda assim querem ter uma palavra final sobre o assunto”. Seguem-se os clientes de maior património. Como explica Rui Castro Pacheco, estes acabam por ser servidos com “um conjunto de soluções mais satélite face às soluções core apresentadas”.
82 FUNDSPEOPLE I MARÇO E ABRIL
pol.indb 82
5/4/22 10:51