Heróis da madrugada Todas as noites, pessoas abdicam seu sono para socorrer quem precisa Beatriz Tedesco Camille Casarini Fernanda Xavier
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orários comerciais não são suficientes quando uma emergência acontece. Por isso, existem profissionais que se disponibilizam a atender em horas incomuns, principalmente de madrugada. Muitos nem recebem pelas horas extras que fazem, mas continuam atendendo, simplesmente, por amor à profissão. Esse é o caso de Reinaldo Batista, pastor há 23 anos, além de ser teólogo e professor de Teologia. Costumeiramente, ele é chamado durante a madrugada por pessoas desesperadas que estão passando por algum problema, como conflitos familiares, doenças, tentativa de suicídio e morte. Não importa a hora nem o local: quando recorrem a ele, ele vai. Na maioria das vezes, Reinaldo vai acompanhado de outro pastor para aconselharem e darem apoio espiritual às famílias. O pastor conta que já aconteceu de precisar ir visitar uma família por duas semanas seguidas, todas as madrugadas, para orar e aconselhar e isso o marcou. “Também já aconteceu de eu passar a madrugada inteira conversando e aconselhando uma família e, às 7 horas, ter que ir dar aula até o meio-dia.” Batista destaca que sempre orienta quem atende a buscar ajuda médica, psicológica e psiquiátrica quando
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necessário. “Nós fazemos a parte espiritual e sempre conversamos com a família para que, se preciso, seja feito o encaminhamento a um profissional da saúde. Grande parte das pessoas precisa de tratamento médico.” Reinaldo afirma que o que o motiva a ter esse esforço e aceitar atender as famílias na madrugada é o amor de Deus e a certeza de que foi chamado para cuidar de pessoas. “O amor de Deus é o principal. Se não fosse isso, acho que eu não faria.” Quando o pastor volta para casa após um atendimento de madrugada, a gratidão vence o cansaço. “Eu tenho a sensação de dever cumprido, sinto que a minha parte eu fiz. Sempre valeu a pena e sempre vai valer.” Marco Aurelio Iurk hoje trabalha como professor, mas anteriormente era policial militar. Ele conta que sua escala era intercalada entre dias e noites, com folgas de 24 horas entre os turnos e depois se repetia novamente. Beatriz Tedesco