JornalCana 330 (Setembro 2021)

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Setembro 2021

Série 2

Número 330

BIOMASSA DA CANA GANHA FORÇA COMO FONTE DE ENERGIA ALTERNATIVA

Nesse momento de transição energética, o bagaço da cana-de-açúcar vai se consolidando como importante fonte de matriz renovável




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CARTA AO LEITOR

Setembro 2021

índice MERCADO Decreto autoriza postos a comprarem etanol direto dos produtores . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Copersucar realiza maior embarque de açúcar na história do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Vibra Energia e Coopersucar se unem para criar a maior comercializadora de etanol do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Usina Bioenergia do Brasil irá a leilão em outubro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 Ipiranga adquire a Usina Açucareira Passos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 Empresários do setor avaliam tendências para o futuro do Mercado Bioenergético . . .12 Uso do etanol para gerar eletricidade ajuda a criar um novo Proálcool, afirma pesquisador da Unicamp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 e 15 Bioenergia é destacada como fator decisivo na diminuição da emissão de carbono . .16

ENERGIA Biomassa da canganha força como fonte de energia alternativa . . . . . . . . . . . . . . . .18 e 19 Em busca de rentabilidade usinas otimizam processos de cogeração de energia .20 e 21 Eficiência energética maximiza produção de açúcar e etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 e 23 Balanço energético será essencial para enfrenta a crise hídrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Usina Cerradão potencializa a sua geração de energia elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Zilor aumenta em 30% a sua cogeração de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25

INDUSTRIAL Os sistemas de pulverização em usinas são fundamentais para o aumento da rentabilidade e flexibilização do mix . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Caeté e Marituba anunciam implantação de refinaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 Bomba Helicoidal NEMO contribui para conservação dos cristais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 Adecoagro começa usar biometano para abastecer sua frota . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29

SUSTENTABILIDADE A irrigação por gotejamento ajudando nos efeitos pós-geada nos canaviais . . . . . . . . .30 Aplicativo oferece informações mais precisas sobre meteorologia para produtores rurais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Usinas otimizam gestão hídrica e alcançam maior produtividade . . . . . . . . . . . . . . .32 e 33

AGRÍCOLA AFCP inaugura laboratório de análise de solo e foliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 Manutenção linear abre caminho para ganhos operacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36 e 37 Relevância do silício na adubação da cana é destacada por pesquisas da APTA . . . . . .38 Tecnologia contribui para reduzir infestações de cigarrinha e Shenophorus levis nos canaviais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 Harmonizar pessoas a tecnologia: o grande desafio da gestão da mudança . . . . .40 e 41

GENTE Setor perde Francisco de Assis Gonçalves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 Queda de avião mata acionista da Cosan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

“Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que de mim procede, diz o Senhor.” Isaías 54:17

ISSN 1807-0264

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carta ao leitor Andréia Vital - redacao@procana.com.br

Energia da biomassa da cana pode salvar o Brasil do apagão À medida em que o mundo avança na transição energética, a eletricidade gerada a partir da biomassa da cana−de−açúcar passa a figurar cada vez com maior destaque, principalmente em um momento no qual a escassez de recursos hídricos se torna tão crítica. Atualmente, a bioeletricidade sucroenergética detém 12 GW e 7% de participação na matriz brasileira, mas tem capacidade para expansão. “Entendemos que a atual contribuição da bioeletricidade é um diferencial geopolítico e deve ser mantida, ou melhor, expandida nesse movimento global da transição energética, rumo ao melhor cenário de aproveitamento dessa importante fonte renovável e sustentável”, analisa Zilmar Souza, gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA). Esse assunto é destacado na matéria de capa da edição deste mês, que traz opiniões de diversos especialistas no setor. A edição de setembro mostra também que a bioenergia é apontada como fator decisivo na diminuição da emissão de carbono e traz a visão de executivos do setor sobre o futuro do mercado bioenergético. Além de detalhes sobre iniciativas de usinas para melhorar a sua cogeração de energia vislumbrando novas oportunidades e mais rentabilidade. O leitor encontra uma análise sobre o uso de células a combustível de terceira geração para gerar eletricidade a partir do etanol, com entrevista exclusiva de Hudson Zanin, pesquisador principal no Centro de Inovação em Novas Energias (CINE). Como também um panorama sobre projetos de gestão hídrica, implantados pelas companhias, que vêm resultando em maior produtividade e sustentabilidade. As ações incluem medidas que vão desde reflorestamento de matas ciliares, conscientização no ambiente de trabalho a adoção de tecnologias mais eficientes. Nesta edição, destacamos ainda as tecnologias que contribuem para a qualidade dos canaviais, ajudando nos efeitos pós−geada e na redução de infestações de pragas. E os desafios enfrentados pelas usinas para harmonizar pessoas e tecnologia e não perder a corrida da inovação tecnológica, sob o risco de comprometer a produtividade. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

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MERCADO

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Decreto autoriza postos a comprarem etanol direto dos produtores Iniciativa acelera competitividade do etanol no mercado A venda direta do etanol hidratado diretamente entre produtores e postos de combustíveis foi antecipada em 90 dias pelo Governo Federal e entrou em vi− gor no dia 14 de setembro, após publi− cação do decreto (nº 10.792), no Diário Oficial da União (DOU).A nova regu− lamentação também liberou aos postos a venda de gasolina de outras marcas. Renato Cunha,presidente da Asso− ciação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), que reúne 35 usinas em 11 estados brasileiros, ressalta que, no caso da venda direta de etanol das usinas aos postos de abastecimento,o recolhimento de impostos caberá ape− nas ao produtor. Para empresas que op− tarem pela venda do biocombustível por meio de distribuidoras,a cobrança segue a sistemática atual, incidindo na produ− ção e distribuição, separadamente. “Nos estados que já praticam nor− mas para operacionalizar a substituição

tributária, pagando antecipadamente o ICMS e PIS/Cofins da usina e do pos− to, as empresas já poderão iniciar estas operações da venda direta. Pernambuco e Mato Grosso se encaixam neste cená− rio de imediato, e estados como Rio Grande do Norte e Alagoas se encon− tram bastante adiantados”, disse. Em nota, a Secretaria Geral da Presidência da República informou que o decreto autoriza os interessados a optar pela aplicação imediata da ven−

da direta, desde que se submetam ao novo regime tributário previsto na MP nº 1.069, publicada no DOU do dia 14 de setembro. Nesse caso, caberá ao produtor avaliar, de forma individua− lizada, se entende ser mais vantajoso antecipar voluntariamente as medidas fiscais e se submeter, desde logo, ao novo regime de comercialização. Se preferir, poderá aguardar o prazo da regra de transição prevista na MP aprovada em 11 de agosto.

“Desde 2018 esta questão vem sen− do exaustivamente discutida e aprovada em diversas instâncias de poder,tanto na Câmara quanto no Senado.As distribui− doras estão cientes de que o produtor terá outra opção de venda. São opera− ções que resultarão em melhor remu− neração para o produtor e preços mais atrativos para o consumidor.Isso torna− rá o etanol hidratado mais competitivo”, observou Cunha. Especialistas afirmam que a venda direta de etanol,com maior impacto nos estados do Norte/Nordeste, extinguirá o chamado“passeio do etanol”.Também conhecido como “frete morto”, o bio− combustível, em muitos casos, percorre distâncias desnecessárias entre a base de produção e o local de comercialização ao consumidor, ocasionando prejuízos econômicos para muitos produtores que possuem usinas próximas aos centros de consumo. “Sempre foi muito oneroso para os produtores não terem a quem vender quando as distribuidoras opta− vam em não comprar em determinados meses do ano, o que ocorria por estra− tégias comerciais das mesmas”, conclui o presidente da NovaBio.



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MERCADO

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Copersucar realiza maior embarque de açúcar na história do Brasil Carregamento do navio foi acompanhada no terminal da empresa pelo prefeito de Santos A Copersucar, maior comerciali− zadora de açúcar e etanol do mundo, atingiu uma marca inédita ao realizar carregamento recorde em um único navio em seus 23 anos de terminal, registrando o maior transporte marí− timo do Brasil em açúcar a granel. Construído em 2020, o navio grane− leiro Cape Town com bandeira de Hong Kong, partiu de Santos para a China, no dia 21 de agosto, com 108.906 mil toneladas do produto, volume suficiente para encher cerca de 2.870 caminhões. A embarcação possui compri− mento total de 254,96 metros e lar− gura de 43,05 metros. Prestigiando este marco histórico, o Prefeito Ro− gério Santos visitou o terminal por− tuário. Também em agosto o terminal

fez o segundo maior embarque da sua história, com o navio Baby Hércules, com bandeira do Panamá e destino à China, com volume total de 99.593 mil toneladas. Localizado na cidade de Santos, o TAC, terminal da companhia, possui capacidade para embarque de 8,5 mi− lhões de toneladas por ano. São 3 ar− mazéns, totalizando a capacidade de

300 mil toneladas de açúcar. Além disso, a Copersucar possui outros dois terminais de transbordo no interior de São Paulo, nas cidades de Ribeirão Preto, com capacidade de movimen− tação de 1 milhão de toneladas por ano, e São José do Rio Preto, com ca− pacidade para 700 mil toneladas. “Esta operação representa um marco importante para o nosso ter−

minal, um embarque de sucesso que comprova a nossa constante melhoria e crescimento, que nos coloca em um novo patamar. Conseguimos concluí− la com segurança porque todos esta− vam envolvidos com empenho e a partir desta, poderemos realizar outras ações deste porte” ressalta Rodrigo Lima, gerente Executivo de Operações da Copersucar.

Vibra Energia e Copersucar se unem para criar a maior comercializadora de etanol do Brasil Joint Venture vai aumentar a competitividade no setor A Vibra Energia e a Copersucar anunciam no dia 30 de agosto, a cria− ção de uma comercializadora de etanol por meio de uma joint venture (JV). O foco desta nova empresa será a comercialização de etanol anidro e hi− dratado. O objetivo é criar uma plata− forma integrada de comercialização de etanol, aberta a todos os produtores, distribuidores e brokers que queiram realizar negócios com a JV, para tornar as operações neste segmento ainda mais produtivas. Por meio da experti− se dos sócios e das sinergias geradas, a comercializadora de etanol irá agregar valor para toda cadeia do etanol, au− mentando a eficiência e beneficiando todo o mercado. A escala gerada pela nova comer− cializadora de etanol vai permitir me−

lhor otimização logística, com o moni− toramento constante e uma visão am− pla de todos os processos da cadeia em tempo real. Embora a prioridade seja melhor atender o mercado nacional, cujas ati− vidades serão majoritárias, a nova em− presa atuará em linha com os negócios atuais da Vibra Energia e da Copersu− car, tanto na importação,quanto na ex− portação de etanol. “Com esta parceria, a Vibra Energia e a Copersucar ampliam sua

escala de atuação em um dos maiores mercados de etanol do mundo, pos− sibilitando acesso a esta plataforma de comercialização a todos os players interessados. Queremos oferecer o biocombustível de forma otimizada e confiável, gerando competitividade para o setor, o que por sua vez irá trazer impactos positivos para o con− sumidor final. Essa é mais uma de− monstração do reposicionamento da Vibra Energia, que busca negócios focados na transição rumo a fontes

energéticas mais limpas e renováveis”, afirma Wilson Ferreira Jr, CEO da Vibra Energia. “Essa parceria está totalmente ali− nhada à pauta ESG, com a comerciali− zadora de etanol tendo a ambição de desempenhar papel relevante no apoio à transição energética e descarboniza− ção da frota nacional de veículos leves. São duas sólidas empresas brasileiras re− forçando seu compromisso com o país no desenvolvimento do mercado de biocombustíveis”, conclui João Teixei− ra, CEO da Copersucar. A nova comercializadora terá ges− tão alinhada entre seus acionistas e se− guirá as melhores práticas de governan− ça e conformidade, com a transparên− cia necessária perante os órgãos regula− dores e demais stakeholders. Não have− rá aporte de ativos imobilizados, con− tudo, a parceria poderá acessar a estru− tura e os ativos dos sócios, incluindo as operações logísticas. A conclusão do negócio ainda está sujeita a determinadas condições prece− dentes, entre elas a análise dos entes competentes, como o CADE e a ANP.



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MERCADO

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Usina Bioenergia do Brasil irá a leilão em outubro Preço mínimo estipulado para negociação é de R$ 245 milhões, à vista A Usina Bioenergia do Brasil, lo− calizada em Lucélia – SP, em plena operação, formará uma Unidade de Produção Industrial (UPI) para ser vendida em leilão com preço mínimo estipulado de R$ 245 milhões, à vista. Inaugurada em 1979, durante o Proálcool, a usina tem capacidade ins− talada para moagem de 10 mil tone− ladas de cana−de−açúcar por dia, 800 toneladas de açúcar, 600 m³ de etanol hidratado e 400 m³ de etanol anidro, além de 165 MWh diários. Esta safra deverá atingir a moagem de 1 milhão de toneladas. A companhia possui um contra− to de arrendamento com a Usina Floralco até 2038, com opção de compra e opção de rescisão sem ônus. As duas usinas juntas apresen− tam grande sinergia, formando um cluster com capacidade de moagem de 22 mil toneladas de cana por dia, capacidade de produção de 1.200m³ de etanol e de 1.400 toneladas de

açúcar VHP por dia. O leilão será na modalidade de entrega de propostas em envelope fe− chado. A abertura dos envelopes está prevista para o dia 28 de outubro de 2021 e será realizada no escritório do Administrador Judicial na cidade de Campinas – SP, com transmissão ao vivo pelo portal da DATAGRO. Segundo a consultoria, nenhum passivo será transferido, a não ser os

compromissos operacionais correntes, tais como pagamentos mensais de ar− rendamentos de terras, após 30 de no− vembro de 2021. Já os passivos traba− lhistas, financeiros e tributários serão equacionados e pagos pela Bioenergia com o resultado da venda das ações da UPI no leilão. A DATAGRO informa ainda que a Bioenergia assumirá também a res− cisão e pagamento de todos os encar−

gos de todos os funcionários, deixan− do−os aptos a serem contratados pela UPI, sem vínculo anterior. A empresa alega que todas as li− cenças estão em dia e obras de ade− quação exigidas estão sendo realizadas nesta safra, sendo que o Parque Indus− trial será entregue em ordem. Com relação à reforma industrial de entres− safra, essa será de responsabilidade do adquirente da UPI.

Ipiranga adquire a Usina Açucareira Passos Intenção é que unidade volte a produzir mais de dois milhões de toneladas de cana A Ipiranga Agroindustrial S/A, com unidades nos municípios paulistas de Mococa, Descalvado e Iacanga, infor− mou no dia 21 de agosto, que foi apro− vada pela justiça a aquisição dos ativos da Usina Açucareira Passos,que fica próxi− ma das margens do Rio Grande, na di− visa dos municípios de Passos e São João

Batista do Glória, em Minas Gerais. A usina mineira pertencia ao Gru− po Itaiquara Alimentos,que está em re− cuperação judicial deste 2019.De acor− do com a Ipiranga, a unidade de Passos, que já processou mais de dois milhões de toneladas de cana, deverá retomar sua capacidade com os investimentos que serão realizados nos próximos anos. A Ipiranga havia arrendado os ativos em recuperação da Usina Açucareira Passos no início de março deste ano.“A compra fortalecerá nossas atividades na unidade e proporcionará prosperidade aos colaboradores,fornecedores,parcei− ros e à comunidade em geral”, afirmou a companhia.



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MERCADO

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Executivos do setor avaliam tendências para o futuro do Mercado Bioenergético

Diante do atual cenário de ten− dências mundiais na área de ecologia, sustentabilidade, transição energética, mudanças climáticas e até mobilidade inteligente, quais são as perspectivas de futuro que se podem vislumbrar para o mercado bioenergético. Quem acompanha o setor, viu ce− nário semelhante em meados de 2004/2005 quando o segmento pas− sou por uma enorme transformação. Com entrada de grandes players in− ternacionais, muitas usinas se alavan− caram para crescer e talvez até pela empolgação e falta de prudência, muitas enfrentaram problemas e fica− ram pelo caminho. Se ficar pelo caminho não é uma das perspectivas mais atraentes, quais são as alternativas e possibilidades que permitam as usinas prosseguirem a passos largos em seus projetos de cres− cimento e expansão. O assunto foi te− ma do 6º CEO Meeting promovido pelo JornalCana na quarta−feira, dia 18 de agosto, com patrocínio das em− presas Autojet from Spraying Systems, AxiAgro, Netafim e S−PAA Soteica. Sob a condução do jornalista e diretor do ProCana, Josias Messias, o

webinar contou com a participação de Gustavo Henrique Rodrigues, CEO da Clealco, Jean Gerard Lesur, diretor superintendente Usinas na Viterra e Walfredo Linhares, CEO do Ingenio Valdez no Equador. Gustavo Henrique Rodrigues, CEO da Clealco, destaca o papel so− cioeconômico das usinas e comenta que há duas décadas, o grande desafio era a questão ambiental, com a elimi− nação da queimada, o que obrigou as usinas a se reinventarem nesse aspecto. “Hoje nosso destaque é socioeconô− mico, e as usinas têm uma influência muito grande nos locais onde estão instaladas. Nós, por exemplo, influen− ciamos diretamente 27 municípios”, afirmou, comentando ainda o benefí− cio da volta das operações da Unidade Clementina, na última safra, que gerou 700 novos empregos na região. Para o executivo, o momento é de aproveitar as oportunidades de mer− cado e se fortalecer em termos de ca− pacidade financeira, de estrutura de capital e fazer investimentos em me− lhorias operacionais. “O grande passo é estar preparado, assim como um maratonista tem que se preparar para correr 42km, a gente tem que se pre− parar a cada momento para os desafios que o crescimento nos impõe”, argu− mentou. Para Jean Gerard Lesur, diretor su− perintendente Usinas na Viterra, é preciso olhar mais atentamente para a área agrícola, onde estão concentrados

75% dos custos.“Temos que concen− trar ações no plantio, no desenvolvi− mento de novas variedades mais resis− tentes à seca, ampliar o uso de defen− sivos biológicos em detrimento dos produtos químicos, com a ampliação do uso racional da vinhaça”, disse. Le− sur também defende o investimento em treinamento dos colaboradores, para que eles se sintam parte inte− grante de todo o processo. Ele acredi− ta que o setor pode ampliar sua atua− ção no segmento de cogeração de energia e também na produção do biometano, através da vinhaça. Segundo o diretor, o setor passou muito tempo apenas tentando “man− ter a cabeça acima da água” e agora

Gustavo Henrique Rodrigues

Jean Gerard Lesur

Walfredo Linhares

As usinas elevam sua importância sócio econômica e planejam ações de crescimento

chegou o momento de investir em tecnologias para conseguir se perpe− tuar no mercado. Walfredo Linhares, CEO do Inge− nio Valdez, localizada no Equador, fa− lou sobre a perspectiva na comunida− de Andina das Nações, que reúne Equador, Colômbia, Peru e Bolívia. Segundo ele o setor sucroalcooleiro na região apresenta números bem mais modestos se comparados aos do mer− cado brasileiro. Estamos falando de uma produção de 600 a 700 mil toneladas de açúcar ao ano e de 150 milhões litros. Walfredo acredita que o grande desafio para o setor é a busca pela eficiência com suporte tecnológico. “Se você tem um desafio de cada vez ser mais eficiente, acho que é efi− ciência na transformação dessa matéria− prima nos produtos finais nos cobra a fazer um investimento, nos cobra ser dedicados para cada vez mais levar pro− dutos aos consumidores.E podemos es− tar bastante orgulhosos de ter uma pe− gada de carbono super baixa”, acredita Com relação à mobilidade urba− na, Walfredo entende que já existe um caminho pela eletrificação, principal− mente em veículos e ônibus urbanos. Mas segundo ele, isso ainda está longe de acontecer, principalmente pela fal− ta de infraestrutura e pelo alto valor de aquisição dos veículos elétricos.


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Questão climática Gustavo Henrique, da Clealco, lembrou do impacto das questões cli− máticas e sua interferência nas macro− tendências. “Não tem como a gente não associar toda a questão climática vivida exatamente nesse momento. Tanto no hemisfério Sul no inverno, como no verão no hemisfério Norte, com severas e significativas mudanças, que preocupam de maneira acentua− da toda a população global. Então o grande caminho a ser seguido, é a busca pelas energias limpas”, disse. O CEO da Clealco ressalta ainda que o setor que por natureza, é alta− mente sustentável na questão da pro− teção ambiental e isso é absolutamen− te uma macrotendência muito impor− tante e positiva. “As usinas passaram a ter um papel mais relevante na matriz energética devido à biomassa. E temos potencial para entregar muito mais do que estamos disponibilizando no mo− mento”, disse, completando “Então analisando a questão do dos fatores macros, acredito que o contexto das mudanças climáticas, a necessidade de energia limpa e o posicionamento histórico de êxito que o Brasil desen− volveu, tanto no etanol quanto na co− geração de energia, podem ser ampla− mente majorados no seu uso e na sua disponibilidade de forma a equilibrar sua matriz energética”, enfatizou.

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O executivo ressaltou também que a melhoria de performance, re− dução de custo, e condições de se− gurança está ligado a capacitação das lideranças. “Então sempre focado nisso, em fazer mais com menos e a cada dia poder fazer um pouco me− lhor do que a gente fez no dia an− terior”, disse. Para assegurar a perpetuidade das usinas Walfredo Linhares, defende a simplicidade de gestão buscando o máximo rendimento agrícola com máximo rendimento industrial. As ferramentas para isso vão desde a tecnologia, é inevitável estar falando hoje de transformação digital nas empresas.“É inevitável falar de redu− ção de mão−de−obra diante de cada vez mais processos automáticos, cada vez mais processos inteligentes. E a incorporação desta tecnologia inte− ligência e vai nos levar a eficiência que precisamos”, afirmou. Segundo ele, vivemos um mundo vestido de incertezas.“Com mais vo− latilidade tanto do ponto de vista cli− mático, com o ponto de vista de comportamento do consumidor e você conseguir diversificar o seu ne− gócio a partir do conhecimento e agrícola adquirido placar a partir do conhecimento industrial e de gestão de negócios possibilita a perpetuação”, defende Walfredo.


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MERCADO

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ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

Uso do etanol para gerar eletricidade ajuda a criar um novo Proálcool, afirma pesquisador da Unicamp Confira entrevista com Hudson Zanin, que está à frente de estudo que emprega células a combustível de terceira geração para gerar eletricidade a partir do biocombustível

Que os veículos com motores elétricos ganharão modelos econo− micamente acessíveis, isso é apenas questão de tempo. As montadoras correm contra o tempo nessa direção e o Brasil, com frota de pouco mais de 57 milhões de automóveis, oferece vigorosa oportunidade para o merca− do de eletrificação. Entretanto, o tão falado fim dos motores a combustão está longe de significar a aposentadoria do etanol, seja o hidratado (motores flex) ou o anidro (misturado em 27% à gasoli− na). Isso porque o biocombustível é fonte estratégica para uma tecnologia que alimenta os motores elétricos com o veículo em movimento. Essa tecnologia atende pelo no− me de célula a combustível a etanol, que o JornalCana já tratou em edi− ções anteriores por meio de entre− vistas com Gonçalo Pereira, profes− sor de Biologia da Unicamp; Jaime Finguerut, diretor do Instituto de Tecnologia Canavieira (ITC); e com Pablo Di Si, CEO da Volkswagen América Latina. Entre outras informações rele− vantes, esses especialistas atestam, em coro, que a eletrificação dará sobrevi− da ao etanol justamente por ele ser âncora da célula a combustível. No entanto, é preciso destacar que essa tecnologia está em fase de desen− volvimento seja por iniciativas de montadoras, seja por instituições liga− das a universidades. Mas um fato é certo: não dá para saber quando ela chega ao mercado.

Mas chegará logo, isso é certo.Até porque as montadoras que patrocinam tais iniciativas correm contra o tem− po. No mais, tem o Programa Rota 2030, criado em 2018 como parte da estratégia elaborada pelo Governo Federal em um contexto no qual o setor automotivo sinaliza profundas transformações, seja nos veículos e na forma de usá−los, seja na forma de produzi−los. O Rota 2030 investe no desen− volvimento de tecnologias e tem programas prioritários de investi− mentos, caso do FINEP 2030. Pois em julho deste ano foi aprovado pro− jeto do Programa de Armazenamen− to Avançado de Energia (AES), do Centro de Inovação em Novas Ener− gias (CINE), que une indústria e aca− demia. No caso, o projeto contem− plado se propõe a desenvolver uma solução para veículos elétricos com geração embarcada de eletricidade a partir do etanol. Em outras palavras, essa solução ajuda a criar um novo Proálcool, co− mo afirma Hudson Zanin, pesquisa− dor principal no CINE no AES. É que a tecnologia que está ‘no forno’ é es− tratégica no universo da célula a com− bustível a etanol. E, sendo assim, o biocombustível será a âncora e a razão de viver da solução em estudo. Para entender mais sobre o que é essa nova tecnologia, JornalCana en− trevista Zanin, também professor na Faculdade de Engenharia Elétrica da Unicamp, onde atua na pesquisa e no desenvolvimento de armazenadores de energia. Entusiasta do desenvolvi− mento nacional, ele é o fundador da primeira manufatura de baterias e su− percapacitores do hemisfério sul. Antes da entrevista,vale explicar que o novo projeto desenvolverá duas clas− ses de baterias, além de células a com− bustível de terceira geração com refor− mador de etanol interno e externo. No sistema proposto, as células a combustível vão gerar eletricidade a partir do etanol, enquanto as baterias de lítio−enxofre funcionarão como armazenadores e fontes de alta densi− dade de energia, e baterias de lítio ri− cas em níquel farão o papel dos siste− mas de potência.

Jor nalCana − Como funciona esse sistema em fase de desenvolvimento? Hudson Zanin − O veículo usará a infraestrutura do Brasil do jeito que está. Ou seja, vai ao posto e carrega com etanol, como se faz hoje em dia. A diferença é que o veículo será ele− trificado, com o motor não mais a combustão, quando o etanol vai lá dentro e queima. O etanol fará outro processo. En− trará na célula a combustível, que tem um reformador acoplado. Esse, que pode ser de diversas formas, faz a má− gica: transforma o etanol em hidro− gênio e monóxido de carbono (CO). Esses são os combustíveis da célula a combustível. Aí, na hora que entra em contato com o íon (átomo) de oxigênio, que é transformado dentro da célula, o hi− drogênio e o CO viram água e dióxi− do de carbono (CO2). Daí, tem−se a produção de eletricidade. A célula a combustível gera ele− tricidade, que roda o motor elétrico, o faz girar. Mas às vezes ela demora pa− ra aquecer, porque precisa funcionar a 650 graus. Por isso usa−se um con− junto de baterias menores, na compa− ração com o carro elétrico conven− cional, e um conjunto de capacitores. A bateria dará a partida fria, aquela força inicial, quando o carro está frio ou quando se quer fazer ultrapassagem.

Irá gerar potência extra no começo. Já o capacitor irá trabalhar com frenagem regenerativa, então se você tem um freio no motor na descida, tipo a ser− ra, colocará o motor para frear, sobre− carregar os freios, sobreaquecer, e ge− rar energia. O motor elétrico é muito mais eficiente: sua eficiência fica por volta de 70%, enquanto o motor a combustão fica no máximo em 45%. Onde essas bater ias e a célula fi− carão dentro do veículo? A bateria, por exemplo, fica em− baixo do assoalho. Podem ser duas: uma de baixa e outra de alta potência. Pode−se ter capacitor. A voltagem irá depender da montadora. As células a combustível também ficarão no veículo, mas fora do tanque de combustível. Você enche o tanque com etanol e ele será bombeado para as células. Depois vem a situação elé− trica citada anteriormente. Do tanque se vai para a célula de combustível. É como se fosse o es− quema da injeção eletrônica. Não se tem isso mais. Você deixa de ter que enviar combustível para queimar. Como ficam os tamanhos? A gente já produz baterias do ta− manho de um smartphone, assim co− mo os capacitores. Agora iremos co− meçar a montar as células a combus−


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tível no Brasil. Já fazem uma escala bem pequena e agora iremos tentar fazer do tamanho de nossa mão. Esse é o estágio atual. Se funcionar do tamanho de nossa mão, que é um passo impor− tante de engenharia, iremos começar a fazer várias delas. Este será o pró− ximo passo: depois das células maio− res, iremos associá−las em módulos, e depois packings, que é associar vá− rios módulos. Cada célula individual dá 0,7 volts. Se se quer usar o carro a 300 volts, ou 448 volts, como acontece agora na mudança de tensão de uso; ou se vai trabalhar com tensão mais baixa, de 48 volts, tem−se que associar várias célu− las. Precisa−se de umas 60 delas para dar a tensão requerida. Há também conversores de tensão e correntes, sis− temas que têm que vir juntos. Toda essa parte eletrônica está re− solvida. Estamos na fase de desenvol− ver as células. Qual é o prazo do estudo? A gente espera que em cinco anos estaremos tirando da bancada e levan− do para dentro de um veículo−teste. Talvez seja um van. Olha só: vamos tentar o diesel das vans. Ou seja, vamos expandir o eta− nol para as vans por meio das células a combustível.

Este será o primeiro protótipo, por ter maior valor agregado. Se se pega um modelo Fiat Mobi, e vai colocar um sistema desses, irá ficar mais caro. Se custar R$ 200 mil, não faz sentido, porque o mercado não aceita. Mas se pegarmos uma van que já custa R$ 200 mil, e com o sistema ela passar a R$ 300 mil, é só levar em conta que ela fará 35 quilômetros por litro, e aí fica bom. O etanol a ser usado no projeto pode ser o convencional (1G) ou de segunda (2G)? Tanto faz o tipo de etanol a ser usado. Interessa é que a molécula de etanol: C2H5OH. Isso porque nessa molécula tem hidrogênio, oxigênio e carbono, e vai produzir CO e H2. É possível estimar quanto em va− lores custará essa tecnolog ia em de− senvolvimento? Acredito que, no final, ela vai so− mar entre R$ 70 mil e R$ 100 mil no preço do veículo. Mas é preciso des− tacar que o veículo que hoje faz 5 ou 6 quilômetros por litro, passará a fazer 20 quilômetros por litro, ou seja, qua− tro vezes mais. Uma vez pronta, como essa tecno− logia será empregada pelas montadoras? Assim que a tecnologia ficar

pronta, as montadoras que estão par− ticipando terão acesso privilegiado à informação. Depois, elas buscarão seus caminhos para resolver. [Participam as montadoras Volkswagen, CAOA e Stellantis, segundo material de divul− gação do CINE]. Essa tecnolog ia será exportada? Sim. China, Índia e África tem um mercado gigantesco. Uma vez que a tecnologia funcione aqui, que é mer− cado nosso, é fazer o Brasil ser líder nesta tecnologia. Hoje a indústria que se volta só para o mercado local, não possui chances competitivas. Veja o caso da China, que produz para o mundo in− teiro, não só para o mercado local, mas em escala global. Sendo assim, esperamos que faça− mos a produção local e que seja ex− portada. Diante tudo isso, o setor sucroe− nergético tem a ganhar? É conhecido que o setor sucroe− nergético tem receio quanto ao veícu− lo elétrico. Ele vai acontecer porque as montadoras irão parar de produzir mo− tores a combustão. E, sem eles, o etanol não servirá mais. E, sim, o pessoal do setor tem que ficar preocupado. E se vier a tecnologia elétrica de fora, de abastecer o modelo na toma−

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da, embora não tenhamos estrutura que possa ser criada no futuro, será o fim do etanol. Mas no Brasil isso não faz senti− do, porque o custo da infraestrutura [para a eletrificação] ainda é trilioná− rio. Mas ela deve acontecer no má− ximo por volta de 2035, 2040, por− que haverá muita oferta de energia eólica e solar. Como o setor sucroenergético deve f azer? O pessoal do setor sucroenergé− tico tem que se unir diante sistemas de tecnologia, como a estamos de− senvolvendo, seja realidade em favor do etanol. O etanol, além de tudo, é forma de distribuição de renda e espero que ele continue por ser uma cadeia impor− tantíssima para o Brasil. Fazemos nós, da academia, esforço. Mas também é preciso ter esforço do setor para po− der fomentar e, mesmo que não seja por meio de injeção financeira, pode ajudar na divulgação massiva de infor− mações junto ao mercado e aos go− vernos. Como, aliás, o Proálcool foi. Aliás, precisamos de um novo Proálcool e é isso que estamos propondo [com a tecnologia em desenvolvimento]. 10 milhões de habitantes é disputado por esses fabricantes.


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Bioenergia é destacada como fator decisivo na diminuição da emissão de carbono Especialistas destacaram as tendências da cana A bioenergia vem sendo apontada como fator decisivo na diminuição da emissão de carbono por especialistas, principalmente no contexto de transi− ção energética, se tornando cada vez mais impor− tante e valorizada. Este tema, assim como as tendên− cias na cadeia da cana−de−açúcar sob a ótica so− cioeconômica foram debatidos no 5º Encontro Pre− paratório da 4ª edição do EsalqShow, organizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Quei− roz (Esalq/USP),no dia 31 de agosto. Eduardo Leão de Sousa, diretor executivo da União da Indústria da Cana−de−Açúcar (Unica) ressaltou a movimentação mundial do açúcar, des− tacando seu potencial de exportação, importação e consumo.“Temos três grandes exportadores de açú− car no mundo são eles Brasil com 42,4%, Tailândia 14,1% e Índia 6,9%, já sobre o consumo mundial, a atividade está presente principalmente na região les− te em destaque na Ásia com 40% do consumo glo− bal. Por fim, os principais importadores são Ásia e África, com 80% das importações globais”. Sobre o etanol, Sousa citou a dependência de políticas públicas, seus benefícios e os mandatos ob− rigatórios de mistura. “Atualmente 61 países apre− sentam alguma forma de mandato de mistura. No Brasil e na Índia, por exemplo, temos quantidades enormes abrangendo 27% e 10%, respectivamente”. O professor Gonçalo Pereira, da Unicamp, de− fendeu a bioenergia como fator decisivo na dimi− nuição da emissão de carbono. Pereira traçou um panorama energético, falou das alternativas disponí− veis de tecnologia empregada em indústrias como a automobilística e de que maneira o aproveitamento de terras degradadas pode evitar uma crise mundial. “Temos na biomassa nossa grande oportunida− de para aumentar a produção de etanol mundial e evitar crises migratórias. No Brasil e na África, por exemplo, temos quantidades enormes de pastos de−

gradados que podem ser utilizados para a produção de etanol e consequente geração de empregos”. Na sequência, Júlio Maria Borges, professor da FEA/USP e diretor da JOB Consultoria, abordou o mercado de açúcar, destacando seu presente e futu− ro. Borges traçou um panorama sobre as oportuni− dades e riscos do açúcar e do etanol. “O cenário para as safras futuras em um perío− do de cinco anos, apresenta boas perspectivas. Quando falamos sobre um panorama de médio pra− zo temos que ficar atentos com quatro fatores im− portantes que definem uma boa expectativa para o futuro, são eles o cenário de preços, às demandas de açúcar e etanol, e pôr fim a oferta que são os con− correntes, ou seja, empresas maiores e mais eficien− tes que geram a competição no setor”, disse. Guilherme Todanu Belotti Melo, gerente de Consultoria Agro do Itaú−BBA, falou sobre saúde financeira do setor sucroenergético. Belotti lembrou que na safra 2019/20 houve aumento das margens operacionais, reflexo de políticas assertivas com re− lação à otimização de custos.

“A partir de então o cenário é de recuperação. Os grupos mais capitalizados aumentaram os inves− timentos, promovendo otimização da logística agrí− cola, expansão de canaviais e aumento da capacida− de. Para a safra 21/22, a expectativa é de redução da dívida do setor, pois, a partir das altas de preços, o que naturalmente promoverá geração de caixa, mes− mo considerando as diferentes realidades da cadeia”. Já Denis Arroyo Alvez, da Orplana, destacou a sustentabilidade do produtor de cana. Ao narrar o caso da Orplana, lembrou que a entidade trabalha para manter um ambiente favorável ao produtor e garantir a competitividade do setor. Alvez defendeu a força dos produtores quando associados e apresen− tou a parceria com o Solidaridad, uma organização internacional com atuação em mais de 40 países. “Uma das ações empregadas é o Programa Mu− da Cana, que oferece aos produtores, assistência téc− nica para promover capacitação e gerenciamento sustentável. Ações em parceria fortalece o produtor, pois, propicia maior representatividade política em assuntos de interesse da categoria”.

Júlio Maria Borges

Gonçalo Pereira

Guilherme Todanu Belotti Melo

Eduardo Leão



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BIOMASSA DA CANA GANHA FORÇA COMO FONTE DE ENERGIA ALTERNATIVA

LÍDER ENERGIA

Nesse momento de transição energética, o bagaço da cana-deaçúcar vai se consolidando como importante fonte de matriz renovável

A escassez de recursos hídricos, aliada a poluição ambiental, vai afuni− lando o cerco na busca de fontes de energias limpas e renováveis. À me− dida em que o mundo vai avançando nesse período de transição energética, a eletricidade gerada a partir da bio− massa da cana−de−açúcar passa a fi− gurar cada vez com maior destaque, como uma das possíveis e concretas soluções para se dirimir o problema. Para Zilmar Souza, gerente de Bioeletricidade da União da Indús− tria de Cana−de−Açúcar (UNICA), o setor elétrico brasileiro é hoje um dos mais renováveis entre as maiores economias mundiais, com 83% de renováveis em sua matriz, e destaca a importante contribuição da bioele− tricidade sucroenergética, que detém 12 GW e 7% de participação na ma− triz brasileira. O último Plano Nacional de Energia indica que no melhor cená− rio a biomassa pode chegar a 29 GW em 2050, equivalente a mais do que duas Itaipu, mas no pior cenário pode ficar em apenas 13 GW, ou seja, cres− cimento imaterial até 2050. “Enten− demos que a atual contribuição da bioeletricidade é um diferencial geo− político e deve ser mantida, ou melhor, expandida nesse movimento global da transição energética, rumo ao melhor cenário de aproveitamento dessa im− portante fonte renovável e sustentá− vel”, analisa. Atualmente, apenas 15% da ener− gia gerada a partir dos resíduos da ca− na−de−açúcar são aproveitados na re− de nacional de energia (Sistema Inter− ligado Nacional). Levantamento da UNICA e da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia) aponta que centrais movidas a bio− massa principalmente de bagaço de cana poderiam gerar 1.249 GWh (gi− gawatts−hora) adicionais em energia entre julho e dezembro de 2021 e

Rafael Chang

Pierre Santoul

mais que o dobro disso em 2022 com medidas de incentivo do governo, co− mo um leilão emergencial para com− pra da produção extra. Por ser de baixo carbono, estima− se que a geração de bioeletricidade de cana em 2020 tenha evitado adicio− nalmente a emissão de 6,3 milhões de toneladas de CO2, marca que so− mente seria atingida com o cultivo de 44 milhões de árvores nativas ao lon− go de 20 anos. Em 2020, a oferta de bioeletrici− dade para a rede nacional de energia pelo setor sucroenergético cresceu 1% em relação a 2019, com um volume de 22.604 GWh. Sendo que 83% des− se total foi ofertado no período seco, entre maio e novembro – período de

diminuição de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas. Em recente Fórum, promovido pela LIDE de Energia, diversos espe− cialistas do setor se reuniram para dis− cutir a transição da matriz energética. Para o CEO da Tereos, Pierre Santoul, o Brasil é destaque mundial quando se fala em energia limpa, com quase 50% de sua energia pro− veniente de fontes renováveis. E com relação à oferta interna, 48,5% dessa energia limpa é proveniente da cana−de−açúcar. Para ele é indis− pensável que nesse processo de transição sejam considerados os combustíveis. "É interessante en− tendermos esse impacto no quesito como benefício socioambiental e

para o mercado de trabalho, pois hoje, no mundo, temos cerca 2,5 milhões de pessoas empregadas gra− ças ao setor de combustíveis não fósseis. E no Brasil, 1 milhão é o número de pessoas que o setor su− croenergético emprega direta ou indiretamente”, lembrou. 2% é o que representa o setor no PIB do Brasil. Para Pierre, além da clara relevância na geração de em− prego e renda, o setor se destaca na questão sócio ambiental. “O Reno− vaBio deve contribuir nos próximos 10 anos, com a redução de 606 mi− lhões de toneladas de CO² na at− mosfera”, afirmou. O presidente da Toyota, Rafael Chang, considerou que “num futuro próximo, será o consumidor quem decidirá qual a tecnologia com im− pacto socioambiental ele usufruirá”. Chang ressaltou que o objetivo da companhia é estar um passo à frente nos investimentos tecnológicos que tragam benefícios ambientais, mas trabalhando de maneira e com prazos realistas. Ele destacou que o Brasil tem uma oportunidade gigantesca, precisamente por contar com matriz energética tão limpa. Segundo o pre− sidente da Toyota, o caminho para o carbono neutro, é um caminho sem retorno, porém a velocidade com que isso vai acontecer dependerá de pla− nejamento e ações muito coordena− das entre os atores envolvidos.


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Aposta a curto prazo

Patrícia Iglecias

Roberto Giannetti da Fonseca

Zilmar Souza

LÍDER ENERGIA

A presidente da Companhia Am− biental do Estado de São Paulo (Ce− tesb), Patrícia Iglecias, disse que o eta− nol é uma aposta a curto prazo para acelerar essa transformação. "Os veí− culos híbridos e flex são grandes al− ternativas para eliminar problemas de infraestrutura. O álcool, por exemplo, emite 90% a menos de gases de efeito estufa", disse. “Nós tivemos o Protocolo Etanol Mais Verde que foi celebrado volun− tariamente com setor. Esse protocolo, por exemplo, em termos de elimina− ção da queima da palha da cana signi− ficou sair de 1,5 milhão hectares de queima para 7 mil hectares. Se vamos falar em dados como a questão dos ônibus, em termos práticos, significa menos 270 mil ônibus circulando por ano”, destacou Patrícia. Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do LIDE Energia, avaliou que a atual crise de abastecimento é benéfica, pois acelera o processo de transição na matriz. "Traz a cons− ciência e dimensão do problema. Não dá para mudar condições cli− máticas, mas cada dia é importante para termos ações para combater es− se dilema", frisou. Para Giannetti, a política ener− gética do Brasil tem equívocos que precisam ser corrigidos para garan− tir a eficiência do sistema. "Temos de avaliar qual a mudança estrutural que temos de fazer para a seguran− ça energética, descarbonizada, com− petitiva. O país tem condições de ser uma potência mundial neste sé− culo. É uma oportunidade históri− ca", salientou. O sócio da GO Associados, Ges− ner de Oliveira, também professor da FGV e ex−presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), disse que é importante trans−

mitir às pessoas a gravidade da atual crise energética. "As pessoas não estão entendendo porque a conta está su− bindo tanto. Há uma desinformação geral. O que é ruim, porque haverá necessidade de um esforço para expli− car a situação". Oliveira afirmou que avalia o re− torno do horário de verão como uma medida importante para trazer eco− nomia de energia. “A colocação de placas solares em prédios públicos e a substituição de equipamentos − ine− ficientes no ponto de eficiência ener− gética − também são uma boa estra− tégia. Inclusive, algumas empresas do setor privado já começaram a investir nisso", disse. O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Max Xavier Lins, destacou o crescimento da produção renovável de energia. "As fontes eólica e solar saíram do zero e hoje representam 10 % de toda a energia gerada, em 11 anos. Ganharam escola, se mostraram competitivas em relação ao preço e criaram uma cadeia de produção e serviços", avaliou. O presidente do Banco de Desen− volvimento de Minas Gerais (BDMG), Sérgio Gusmão, lembrou do cresci− mento da energia térmica que, segun− do ele, "tem relação direta com a cri− se". "Temos um pipeline robusto de pequenas centrais elétricas com dina− mismo solar, que pode atuar para a mudança da matriz enérgica", lembrou. Zilmar Souza, da UNICA, refor− ça que a biomassa é uma fonte reno− vável e não intermitente e que as energias eólica e solar são coirmãs e devem continuar agregando ao siste− ma. “A diversificação dá mais estabi− lidade ao portfólio, e o melhor dos mundos seria agregar todas as renová− veis e estimular o aproveitamento da bioeletricidade”, afirma.


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Em busca de rentabilidade usinas otimizam processos de cogeração de energia O baixo nível do reservatório das hidrelétricas aumenta a demanda pela geração elétrica de biomassa

Monitoramento de consumo na planta, recuperação e modernização de equipamentos, osmose reversa e a transferência de uma caldeira com modificação de sistema foram temas abordados durante a 9ª SINATUB Caldeira,Vapor e Energia Otimização na Cogeração, promovida pelo Jor− nalCana, no dia 24 de agosto. O webinars contou com a parti− cipação de Fernando Mello, gerente de projetos corporativo da Tereos, Guilherme Morais, coordenador de geração de vapor e utilidades da SJC Bioenergia, Luiz Fernando Bezerra, consultor técnico da Buckman e Luiz Fernando Cremonez, gerente indus− trial da Usina Santa Adélia – Unidade Pereira Barreto. Sob a mediação do jornalista e diretor do ProCana, Josias Messias, o webinars foi patrocinado pelas em− presas AxiAgro, Buckman e S−PAA Soteica. A cogeração em operação comer− cial no Brasil já conta com 639 usinas, representando 18,81 GW de capaci− dade instalada — o que corresponde a 10,8% da matriz elétrica brasileira (174,7 GW). Isso equivale à capacida− de instalada de 1,3 usinas hidrelétricas de Itaipu (14 GW). Deste total, 62,4% representam a cogeração a partir da biomassa da ca− na−de−açúcar. Para se ter uma ideia, ao longo de 2020 a cogeração apre− sentou um incremento de 233 MW (+1,2%). As informações fazem parte de um levantamento mensal da Asso− ciação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen). Nesse cenário, otimizar a cogera− ção significa também obter maior rentabilidade para as usinas. Com 20,9 milhões de toneladas de cana processadas na safra 20/21, o Grupo Tereos, segundo maior produ− tor de açúcar no Brasil e no mundo, vem obtendo excelentes resultados nas áreas de balanço energético, geração e consumo de vapor e de energia gra− ças a utilização de uma metodologia e

Guilherme Morais, coordenador de geração de vapor e utilidades da SJC Bioenergia

uma tecnologia que reduz significati− vamente o consumo de vapor da planta industrial e consequentemente aumenta a receita da companhia. De acordo com Fernando Mello, gerente de projetos corporativos da Te− reos, a metodologia utilizada pelo gru− po monitora o consumo energético da planta. “É um tipo de visualização de gráficos de análise que nos ajuda a identificar os três principais tipos de fontes de consumo energético. Uma atrelada ao ritmo de produção da plan− ta; a outra atrelada a engenharia da planta, ou o projeto da planta em si; e o outra atrelado à performance”, informa. Fernando citou como exemplo a unidade de Cruz Alta, onde foi feito um processo de otimização em tem− po real (ROT). “Usamos a ferramen− ta SPAA, com uma planta virtual que lê todos os dados da planta real, e ge− ra visualizações em tempo real, per− mitindo a melhor definição para o objetivo do negócio; fazer mais açú− car, etanol, enfim até ele encontrar o ponto ótimo da planta”, disse. Fernando lembra que para cada caso existe um cenário específico.

“Essa curva de aprendizado envolve participação de gestor e operador pa− ra planejar as ações e encontrar os li− mites”, destaca.

Retrofit de caldeira A SJC Bioenergia vem alcançan− do excelentes resultados em cada no− va safra. Na temporada passada, por exemplo, na intitulada Safra da Trans− formação, a companhia processou 9,3 milhões de toneladas de cana equiva− lente e produziu 570 mil m3 de eta− nol total, gerando 685 mil MWh de energia, além de 350 mil toneladas de açúcar VHP e 185 mil toneladas de produtos para nutrição animal. Nessa safra a perspectiva é de que os números continuem bem, sobretu− do na geração de bioenergia. Guilher− me Morais, coordenador de geração de vapor e utilidades da SJC Bioener− gia explica o porquê. “Fizemos um retrofit de uma caldeira de 250 para 270 toneladas. Além disso, temos um projeto de direcionamento dos gases, onde melhoramos o fluxo desses ga− ses na parte interna da caldeira, iden− tificando pontos de oportunidades e

onde era possível ter melhor fluxo e estabilizar mais a operação”. Para modernizar a caldeira e am− pliar a produção de vapor a Usina in− vestiu R$ 4.900.000,00 promovendo o aumento da superfície de queima, sistema de retirada de fuligem (CSC), mudança dos exaustores após captador de fuligem, elevando assim a produção de vapor para 270 ton/h. Numa segunda fase, Guilherme explicou que a usina investiu num pro− jeto de direcionamento dos gases, pro− curando aproveitar a área de troca tér− mica da caldeira, reduzindo o desgaste da superfície. “Fizemos simulações em CFD (Dinâmica dos Fluídos Compu− tacional) e implantamos defletores em pontos estratégicos para que o desgaste fosse feito por igual, o que permitiu um ganho de vapor em 22 ton/h. Guilherme também destacou os ganhos operacionais como o ganho da temperatura na entrada do secundário com redução na rotação do ventilador secundário em 8% e 15% no ventila− dor primário, possibilitando um maior poder de queima, ampliando a efi− ciência energética.


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Transferência e modificação

Fernando Mello

Luiz Fernando Bezerra

Luiz Fernando Cremonez

Qualidade da água Luiz Fernando Bezerra, consultor técnico Buckman, falou sobre a in− fluência da qualidade da água na ope− ração e eficiência energética das caldei− ras. O profissional informa que um dos principais sistemas de produção de água desmineralizada no mercado bioener− gético é a osmose reversa, que pode impactar positivamente o processo. “As técnicas de controle de os− mose reversa, com normalização on− line tem sido aplicadas pela Buckman em usinas, produzindo melhor quali− dade de água e garantido bom ciclos de concentração na caldeira e auto−

maticamente alta eficiência energéti− ca e sustentabilidade financeira para o negócio”, afirma Bezerra. Entre os desafios deste processo, Bezerra apontou: a permanência da qualidade do permeado; vida útil da membrana; Limpezas químicas efi− cientes (CIP); e controle operacional preciso (Normalização). Ele informa que a indústria 4.0 também chegou ao sistema de osmose.“Não estamos rein− ventando, mas sim otimizando a roda. A normalização está baseada em três pilares: a medição, o monitoramento e aumento da rejeição de sais, que de−

termina o momento exato da limpeza. Segundo ele, o grande diferencial está em tornar esse cálculo complexo, através de um algoritmo em tempo real. Tornando aquilo que era manual em um cálculo feito a todo momen− to, com dados 24 horas, 7 dias por se− mana, podendo ser acessado num lap− top ou celular, ou seja, na palma da mão.Tudo isso associado com um in− put de um especialista técnico, com ideias para intervenção, buscando sempre manter a eficiência. Não só a limpeza na hora certa, assim também como a troca da membrana, explica.

Luiz Fernando Cremonez, ge− rente industrial da Usina Santa Adélia, unidade Pereira Barreto, falou sobre a transferência e a potencialização de uma caldeira que estava instalada na Santa Adélia – unidade Pioneiros pa− ra Pereira Barreto. “Fizemos a trans− ferência, seguida de algumas modifi− cações. Instalamos um leito fluidiza− do borbulhante e um precipitador eletrostático no lugar de um tradicio− nal lavador de gases, com algumas modificações também na geometria em área, garantindo assim, uma me− lhor performance da caldeira”, expli− ca Luiz. A unificação do polo noroeste na unidade em Pereira Barreto, foi um grande desafio. Iniciamos a desmon− tagem da caldeira em outubro de 2019 e março de 2021, conseguimos colocar essa caldeira em operação. Uma das modificações foi a implan− tação de um precipitador eletrostáti− co, que entre outros benefícios trou− xe a independência de água, maior vida útil dos periféricos (dutos, exaus− tores, chaminé), menor volume de resíduos gerados para a agrícola e bai− xo consumo de energia entre outros.


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ENERGIA

Eficiência energética maximiza produção de açúcar e etanol Práticas de gestão energética de equipamentos podem aumentar a produtividade, mesmo sem grandes investimentos

Quem gera energia também pre− cisa economizar energia. Economizar aumentando eficiência, competitivi− dade aliada a rentabilidade é o desafio a ser cumprido. Algumas usinas já es− tão trilhando esse caminho, somando eficiência energética com máxima produção e exportação de energia. Apresentar algumas dessas práticas de gestão foi o objetivo da 9ª SINATUB Caldeira,Vapor e Energia − Eficiência energética para a máxima produção de açúcar, etanol e bioeletricidade. Promovido pelo JornaCana, no dia 25 de agosto, o webinar contou com a participação de Bruno Francisco, es− pecialista de processos corporativos da Tereos, Daniel Fernandes, engenheiro químico da Soteica, Leonardo Bura− nello, diretor da LB Energia e Paulo S. Barci, Engenheiro Técnico Destilarias. Sob a condução do jornalista e di− retor do ProCana, Josias Messias, os es− pecialistas apresentaram ao longo do webinars cases que aumentam a efi− ciência energética, sem a necessidade de grandes investimentos, obtendo re− sultados significativos nas últimas safras. O evento contou com patrocínio das empresas AxiAgro; Buckman; Ci− trotec e S−PAA Soteica. O especialista de processos corpo− rativos da Tereos, Bruno Francisco, apresentou um case da unidade de Cruz Alta, uma das sete do grupo, lo− calizada na região noroeste do Estado de São Paulo. Ao falar da produção específica de vapor, Bruno destacou

Bruno Francisco

que ela depende de fatores como temperatura de alimentação, umidade do bagaço, composição do bagaço e eficiência da caldeira. Na usina de Cruz Alta, falou sobre a implantação de medidores no retor− no de condensado. Os medidores afe− rem líquidos, vapores e gases. Entre as vantagens estão: fechar o balanço de consumo de VE; entender a perfor− mance de cada caixa; garantir o retor− no do condensado e refinar o balanço hídrico da planta. Bruno destacou, no entanto, que o balanço não leva em consideração al− guns problemas operacionais como: enchimento volumétrico da fábrica, devido ao excesso de mel relacionado ao AR alto; recirculação de açúcares (diluição de magma, por exemplo); redução de OEE devido as taxas de ocupações excedidas; lavagens exces− sivas na fábrica, entre outros. Ele res− salta que a construção do planeja− mento do consumo energético preci− sa levar em consideração, além da moagem e produção, as alterações na qualidade da cana e os fatores opera− cionais de mitigação. O engenheiro químico Daniel Fernandes da empresa Soteica, res− ponsável pela ferramenta de otimiza− ção em tempo real S−PAA, apresen− tou um case de estratégias de produ− ção de vapor e energia levando em consideração uma usina que apresen− ta o seguinte cenário: consumidor de vapor externo, diferentes linhas de vapor de alta pressão, conjunto de

turbogeradores apenas de contra− pressão, sangria para abastecimento externo apenas por contrapressão, es− tratégia para evitar alívio de vapor de escape e variação na demanda de va− por de processo. Seguindo um planejamento para máxima exportação de energia, a fer− ramenta possibilitou um aumento no volume da energia exportada, aumen− to de vazão média da caldeira, vapor fornecido com qualidade para consu− mo externo, mais sangria nos gerado− res, melhoria do consumo específico do conjunto, menor utilização das válvulas rebaixadoras para 21 kgf/cm² e menor frequência e abertura de alí− vio do vapor de escape. Em um cenário de economia de bagaço, é possível obter maior estabi− lidade na caldeira de alta pressão, maior aproveitamento do gerador que ope− ra em alta pressão, menor utilização dos alívios, otimização na utilização do

condensador, estabilidade na entrega de vapor para o consumidor externo e também para o processo. Leonardo Buranello, diretor da LB Energia, abordou a temática da gestão estratégica de energia, que busca oti− mizar os processos para que eles se tornem mais eficientes e coesos com os objetivos da operação. Segundo ele, é possível aferir a eficiência das turbinas calculadas adotando a curva de opera− ção para cargas parciais, cálculo com base na pressão e temperatura de ope− ração verificados em campo, cálculos de potência da moenda com base no torque instalado, cálculos de produção do bagaço, cálculo de consumo de combustível conforme variação na umidade e qualidade, avaliando a pres− são e temperatura real de operação; operação entressafra de acordo com dados do projeto e operação da caldei− ra e dados reais de eficiência do siste− ma de condensação; avalia as condições

Daniel Fernandes - Copia

Leonardo Buranello,

Paulo S. Barci

Otimização em tempo real


ENERGIA

Álcool extra neutro

de repotenciamento dos equipamentos; apresenta di− versas soluções possíveis com todos equipamentos disponíveis no mercado, entre outras. Segundo Leonardo “A modernização de sistemas

de controle de operação da planta, são para empre− sas que buscam renovação de tecnologia, aumento da disponibilidade e eficiência energética dos equipa− mentos, maior segurança e proteção operacional”.

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O engenheiro Paulo Barci, falou sobre a pro− dução de álcool extra neutro e sobre a economia nesse processo. Ele apresentou como case uma planta uma Planta instalada na Goiasa com capa− cidade de produção de 300 mil litros por dia.“Uma planta bem robusta”, como ele próprio definiu. Barci explica que o álcool extrafino ou extra neutro é um destilado de alta graduação alcoóli− ca (acima de 96 GL) e altíssima pureza, prove− nientes de fermentações de cana de açúcar, cereais, e quaisquer materiais vegetais naturais açucarados ou amiláceos. De acordo com Barci, a principal característi− ca desse tipo de destilado é que na sua composi− ção não aparecem outros tipos de produtos, oriun− dos da fermentação, a não ser, que sejam permiti− dos pela legislação local, em índices que não ul− trapassam alguns ppm’s. Entre as aplicações deste tipo de álcool estão: na indústria química fina, indústria de bebidas (vodka, gin, licores finos, etc), indústria de alimen− tos, indústria farmacêutica, perfumaria e outras aplicações que requerem álcool isento de odores estranhos. Ele possui um valor venal diferenciado do álcool combustível e é muito mais valorizado dependendo d matéria prima da qual é produzido. Barci explica que o processo de produção do álcool extra neutro consiste na destilação, 1ª reti− ficação, hidroseleção, 2ª retificação, demetilação, óleos e cabeças. No case apresentado na Goiasa, utiliza−se o processo de destilação à vácuo, que tem consumo de vapor de escape 2.0 kg/litro, fo− ra o que já se gastou na produção do hidratado bruto, totalizando 4 a 5 kg/litro.


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ENERGIA

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Balanço Energético será essencial para enfrentar a crise hídrica Diante desta per spectiva, os valo− res da biomassa devem aumentar ? O custo do bagaço, cavaco e de− mais biomassas estão girando em tor− no de 300% acima do praticado nas safras anteriores, fazendo com que só haja uma saída para capturar a opor− tunidade de ganhos com o cenário, a eficiência energética.

Tecnologia de otimização pode contribuir neste sentido O Brasil enfrenta a pior estiagem dos últimos 91 anos. Com a crise hí− drica, o tema de otimização energé− tica se tornou ainda mais importante para o setor bioenergético. Para falar sobre o assunto, o JornalCana entre− vistou Douglas Castilho Mariani, consultor da Soteica do Brasil, empre− sa responsável pelo desenvolvimento do S−PAA. O S−PAA é um sistema que uti− liza o conceito de “R.T.O. − Real Time Optimization” (Otimização em Tempo Real) para o gerencia− mento dos setores de processo e de energia em plantas industriais, e já sendo implantado em mais de 60 usinas brasileiras. Confira a entrevista: Jor nalCana − Com a cr ise hídr i− ca que vivemos, qual cenár io vislum− bra para 2022?

Douglas Castilho Mar iani − O cenário projetado para o próximo ano é de energia de curto−prazo (PLD) batendo constantemente em seu topo,

e com incentivos para aqueles que su− perarem suas médias de geração ante− riores, este valor pode chegar a R$ 2.000,00/MWh vendido pelas usinas.

O software S−PAA pode contr i− buir para as unidades aumentarem sua eficiência energética? As plantas processadoras de cana− de−açúcar e milho deverão explorar todos os recursos para aumentar a efi− ciência energética, e o software S− PAA vem se tornando ferramenta in− dispensável para rodar o balanço de massa e energia em tempo real, cap− turando todas as oportunidades, com a auditoria e atuação a cada 10 segun− dos, com foco em melhorar a perfor− mance do balanço energético. Na safra de 2022 esta ferramen− ta apresentará um payback ainda menor do que já vem apresentando ao longo dos 16 anos e mais de 60 clientes no setor.

Usina Cerradão potencializa a sua geração de energia elétrica Companhia adquire um dos maiores equipamentos do setor no Brasil A Usina Cerradão, localizada em Frutal – MG, está investindo para po− tencializar a sua geração de energia elétrica e para isso, adquiriu a maior turbina a vapor de contrapressão do setor sucroenergético mundial. A companhia fechou contrato com a WEG S.A, empresa global de equi− pamentos eletroeletrônicos, que inclui uma turbina a vapor BT de contra− pressão de 60 MW, um redutor Super− Turbo, um gerador ST de 66,7 MVA, 4 polos, 13.800 V, 1.800 rpm, 60 Hz e um sistema completo de proteção, controle e supervisão, com cubículos, painéis, sistema de baterias e carrega− dores, equipamentos que vão gerar um faturamento de aproximadamente R$ 15 milhões para a Cerradão.

A turbina BT possui capacidade de admitir mais de 330 t/h de vapor na condição de 65 bar/520 ºC, e irá alimen− tar o processo da usina com duas saídas de vapor, sendo uma tomada em média pressão e um escape em baixa pressão. Previsto para serem entregues em

dezembro de 2021, os equipamentos serão instalados no processo de geração de energia da usina, tornando a opera− ção mais robusta, flexível e rentável. A Cerradão é geradora de 84 MW/h e tem potência instalada de 105 MW possuindo energia suficien−

te para abastecer aproximadamente 230 mil de habitantes. “Com esse in− vestimento a usina prevê um aumen− to significativo da produção de ener− gia e um retorno do capital investido de aproximadamente três anos”, con− clui a usina.


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Zilor aumenta 30% a sua cogeração de energia Companhia vai comercializar 169.068 MWh/ano, com o projeto UTE Barra Grande 2 Com o compromisso com a sus− tentabilidade financeira e avaliação de negócios que tragam benefícios no longo prazo e a fim de contribuir pa− ra maior estabilidade e geração de caixa, em 08 de julho de 2021, a Zi− lor Energia e Alimentos participou do leilão de energia nova A−3 e obteve o direito de comercialização de 169.068 MWh/ano, com o projeto UTE Bar− ra Grande 2. A energia será comercializada pelo valor de ~R$ 188,00/MWh, com rea− juste anual pelo IPCA. O contrato de venda de energia, divulgado pela ANEEL (Agência Nacional de Ener− gia Elétrica), terá prazo de 20 anos, com início das operações em abril de 2024, e com investimento previsto de R$ 250,1 milhões, a serem desembolsados nos próximos três anos. Com esse projeto, o volume de energia vendido no leilão representa

um crescimento de aproximadamente 30% na cogeração de energia atual da companhia, contribuindo para diversi− ficação dos negócios e maior previsi− bilidade na geração de caixa. A energia já vem contribuindo com os bons resultados financeiros da empresa, que teve crescimento de 41% da receita líquida consolidada no 1T22, atingindo R$ 754,6 milhões, em com− paração com o mesmo período da sa− fra anterior. O lucro líquido somou R$ 197,4 milhões versus R$ 5,2 milhões no mesmo período da temporada an− terior, com margem líquida de 26%.

Neste período, a receita líquida de energia elétrica atingiu R$ 27,8 mi− lhões, aumento de 7% em relação ao 1T21, devido a maior disponibilida− de de biomassa e maior volume de energia exportada, sendo comercia− lizada com melhores preços médios (R$ 218,0/MWh no 1T22 vs. R$ 212,7/MWh no 1T21). O diretor−presidente da Zilor, Fa− biano Zillo, destaca que as medidas ado− tadas no decorrer do período resultaram na receita expressiva combinada com preços interessantes de mercado. “As ações permitiram ainda, a conquista do

projeto de expansão na produção de energia elétrica na unidade Barra Gran− de, com investimentos da ordem de R$ 250 milhões, que trarão benefícios de modernização para todo o parque in− dustrial, permitindo ampliar ainda a di− versificação de receitas”, afirma. Zillo comentou ainda que a com− panhia completa 75 anos de história e segue comprometida com a eficiência e melhoria operacional alinhada com disciplina na gestão de custos e despe− sas para entrega de resultados consis− tentes e geração de valor aos seus acio− nistas e stakeholders.


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INDUSTRIAL

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Os sistemas de pulverização em usinas são fundamentais para o aumento da rentabilidade e flexibilização do mix Açúcar ou etanol? As usinas que têm capaci− dade de produzir ambos vivem esse dilema. O quanto uma usina é “flex” determina se ela pode ter um grande aumento ou até mesmo uma gran− de perda de faturamento, com a mesma moagem, devido às oscilações dos preços do açúcar e do etanol no mercado. Quando uma usina está equipada para elevar sua eficiência de retenção de fábrica de açúcar (SJM) acima dos 70%, quando o etanol não está vantajo− so, ela tem a capacidade para se tornar mais lucra− tiva. Usinas de mix de produção pouco maleáveis podem dar prejuízo enquanto uma usina flex pode ser lucrativa. Muitas vezes nos deparamos com etanol não se pagando e açúcar em alta. O potencial de não man− dar sacarose para fermentação, nesses momentos, vai dizer se você irá ganhar ou perder. Por isso, o uso adequado dos sistemas de pulverização de usinas no sistema termo fluído mecânico para condensação e vácuo contribui para a flexibilização do mix de pro− dução e aumento da rentabilidade. Como estamos falando de commodities de de− manda e valores oscilantes, com uma operação fle− xível o suficiente, é possível tomar decisões de cur− to prazo e direcionar a produção para o produto mais vantajoso no momento. Outro benefício da es− colha certa dos equipamentos de pulverização é au− mentar a SJM, ou seja, a capacidade de produzir mais açúcar com a mesma quantidade de caldo, o que

Os tanques de spray usados para resfriamento da água possibilitam ganhos significativos nos custos operacionais quando comparados às torres de resfriamento

também contribui para a lucratividade da usina. Mas como atingir esses objetivos?

Resfriamento eficiente Análises recentes apontam que o grande gargalo dos processos nas usinas é a evaporação, principal− mente devido ao alto consumo de água para conden− sação e vácuo e baixa eficiência dos sistemas de res− friamento de água. Uma otimização do sistema en− volvido nessa etapa, o que engloba condensadores a vácuo e resfriamento da água, torna possível, além da flexibilização para decisão do mix de produção, uma redução drástica do consumo interno de energia elé− trica, permitindo maximizar a venda e até uma re−

dução da degradação por inversão do açúcar na eva− poração, por trabalhar com temperaturas mais baixas. Para se ter eficiência é imprescindível conside− rar que a água dos condensadores precisa ser resfria− da ao máximo possível para ser reutilizada. O processo de resfriamento pode ser realizado em torres de resfriamento ou em tanques de pulve− rização, os chamados Spray Ponds. Os condensado− res ou colunas barométricas precisam de critérios de engenharia de jato para funcionar em excelência. Comparado com torres de resfriamento, os tanques de spray projetados dentro dos conceitos de termodinâmica possibilitam ganhos significati− vos nos custos operacionais bem como redução nos investimentos. Os Spray Ponds projetados pela AutoJet® levam bicos WhirlJet® CX, que produzem tamanho de go− ta adequado e são projetados para a máxima altura com menor perda de carga, reduzindo o consumo de energia, proporcionando alta eficiência de res− friamento, dispensando o uso de ventiladores e ne− cessidade de tratamento químico e/ou biológico da água, o que resulta em menor custo operacional. Análises realizadas em uma usina que adotou o sistema mostraram a possibilidade de ganho adicio− nal de R$15,00 por tonelada de cana, apenas inter− vindo nas etapas evaporativas e no desvio do caldo para o produto mais rentável. Além disso, a redução total de energia com a otimização pode chegar a va− lores superiores a 50%.

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INDUSTRIAL

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Caeté e Marituba anunciam implantação de refinaria Usinas começarão safra em setembro As estratégias para a safra 2021/ 2022 da Usina Caeté, Matriz (São Mi− guel dos Campos) e da Unidade Mari− tuba (Igreja Nova), que se iniciará em setembro próximo foram apresentadas para os colaboradores durante evento realizado nessa terça e quarta−feira (24 e 25). Uma grande novidade para este ano, é o início da operação de uma re− finaria na Unidade Marituba, concre− tização de um sonho do fundador do Grupo Carlos Lyra. O diretor de Operações, Luiz Magno Epaminondas Tenório de Bri− to, afirmou que as expectativas são boas, com aumento previsto de moa− gem tanto na Caeté quanto na Mari− tuba. “Teremos ainda um aumento de produtividade agrícola e de ATR, já que este tem sido um ano bom para a cana−de−açúcar aqui no Nordeste”. Magno acrescentou ainda que a importância da modernização agrí− cola, com investimentos na área de fertirrigação, com a aquisição de no− vos equipamentos que estão chegan− do e a mudança da frota. Estamos conseguindo renovar e trabalhar com equipamentos mais novos”, declarou otimista. A estimativa para a moagem da Caeté para a safra 2021/22 é de moagem de 1.815.000 toneladas de cana−de−açúcar; produzir 3.084.763 sacos de açúcar e 48.783.00 litros de etanol. Volumes que representam cerca de 10% a mais do que na tem− porada passada. Já na Marituba o mix será mais alcooleiro. Com previsão de proces− sar 1.160.000 contra 1.122.124 no ciclo passado, a unidade irá produzir 1.711.591 sacos de açúcar e 39.907.000 litros de etanol. No ci− clo 2020/21, a Marituba produziu 30.191.147 sacos de açúcar e 30.191.147 litros de etanol. Para o superintendente agroin− dustrial das Unidades do Nordeste, Mário Sérgio Matias da Silva, “o evento foi importante por ter repre− sentado uma espécie de pontapé ini− cial desta nova fase que a empresa es− tá passando, reordenando toda a estru− turação necessária para o início da nova moagem”. Mário Sérgio acres− centou a importância de que todos os gestores estejam alinhados nos assun− tos referente à segurança, qualidade,

performance e redução de custos. “A união do setor agrícola com a indústria fortalece a equipe, porque todos estão unidos num mesmo ob− jetivo, com foco e determinação para buscarmos sempre o melhor”. Paulo Couto Ramalho de Castro, diretor Administrativo e de Supri− mentos da companhia, reafirmou a sa− tisfação de todos com mais um início de safra, onde os diferenciais nas áreas agrícola e industrial reafirmarão a so− lidez da empresa. “O início de uma safra traduz um

momento misto de euforia e esperan− ça para todos que fazem parte da em− presa e para toda a comunidade do seu entorno. O engajamento, a união e o comprometimento com a segurança serão essenciais para atingirmos as metas e os resultados planejados. De− sejo a todos que fazem a Usina Caete, uma safra segura e de excelentes en− tregas”, finalizou. Em Caeté, o evento foi realizado no auditório da Escola Conceição Lyra e, na Unidade Marituba, na Sala de Reunião da Indústria, ambos

mantendo o que preconiza os proto− colos sanitários. Participaram a geren− te de Gestão de Pessoas, Marta Lucia− na Sampaio dos Santos, o gerente agrícola da Marituba, Rafael de Sá Bomfim, o gerente de Irrigação, An− tônio Carlos Pimentel, os engenhei− ros agrônomos, Vinícius Santos Go− mes da Silva, Saulo Ítalo de Almeida Costa e Jonas Carlos Santino Silva, o advogado, Bruno Mello e os enge− nheiros de Segurança do Trabalho, Edilson Junior da Silva Santos e Ja− meson de Oliveira Ramos.


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Bomba Helicoidal NEMO® contribuiu para conservação dos cristais Equipamento é utilizado no bombeamento de magma

Entressafra e manutenção

As Bombas NEMO® são utilizadas com sucesso para o bombeamento de magma na indústria açucareira. Estes equipamentos são instalados abaixo do cocho de magma, sendo portanto considerados afogados. O magma é pro− duzido pela centrifugação da massa B. Ele é despejado no cocho, diluído e bombeado com a Bomba NEMO®. A principal vantagem de aplicar a Bomba NEMO® no bombeamento de magma é a possibilidade de con− servação dos cristais de açúcar durante esse processo. A Bomba NEMO®, por possuir maior cavidade de bom− As imagens microscópicas dos cristais de açúcar, feitas após beamento no conjunto rotor/estator que outros tipos de a passagem pela Bomba NEMO®, comprovam a eficiência do bombas, faz com que os cristais de açúcar atravessem a equipamento e a conservação do fluido bombeado bomba com menor velocidade. Elas operam em baixa rotação e baixa pressão no selo mecânico. Em razão des− se bombeamento suave, em baixa velocidade, e condu− zindo o magma através de suas câmaras de bombea− mento, não ocorre quebra ou esmagamento dos cristais de açúcar, elevando a qualidade final do produto. CARACTERÍSTICAS IDEAIS − Bombeamento suave − Baixa rotação − Fácil manutenção − Baixo custo operacional

Bombas NEMO® em aplicações de clientes do segmento açucareiro

As Bombas Helicoidais NE− MO® são de fácil manutenção e baixo custo operacional. É o único modelo de bomba que permite manutenção no próprio local ins− talado, sem a necessidade de ser en− viada para a fábrica da NETZSCH. Estas bombas operam por cerca de oito meses durante a moagem de cana−de−açúcar, normalmente de março a novembro de cada ano. Nos meses de dezembro a feverei− ro, os equipamentos passam por manutenção, quando normalmente é feita a substituição apenas do es− tator e vedações. Quando a utilização é feita da forma correta, o estator pode durar por mais de uma safra. Essas bombas não podem ter sua rotação aumen− tada nessa aplicação, além daquela recomendada pela NETZSCH. Também é importante evitar a pas− sagem de corpos estranhos, que po− dem danificar o rotor e o estator.

Adecoagro começa usar biometano para abastecer sua frota Projeto vem sendo feito em parceria com a Galileo Technologies A Adecoagro começará a abaste− cer os veículos de sua frota com bio− metano (BioGNV) produzido a partir do biogás extraído da vinhaça, a par− tir de setembro. O projeto inicial− mente envolverá 13 veículos, sendo sete leves, três utilitários e três cami− nhões. A novidade é fruto de uma parceria com a Galileo Technologies, empresa com atuação em 70 países, focada em soluções para oferecer energia eficiente. Por enquanto, a Adecoagro utilizará apenas 5% de sua vinhaça concentrada para produzir 200.000Nm3/mês (bio− metano), o equivalente 170.000 litros de diesel. No futuro, a partir do uso cres− cente da vinhaça até sua totalidade para a produção de combustível gasoso reno− vável, a estimativa é substituir 50 milhões de litros de diesel por ano, que hoje abastecem a frota de transporte de cana. Os investimentos da Adecoagro em

pesquisa no potencial da vinhaça da cana para produção de biogás, em par− ceria com a empresa Methanum, já duram mais de uma década e contaram com a construção de um biodigestor na unidade Ivinhema − MS, em 2018. Neste período, um importante avanço foi alcançado no desenvolvimento de vinhaça concentrada como adubo or− ganomineral, que hoje supre de forma

customizada todas as necessidades de potássio dos 180 mil hectares de cana− viais próprios da companhia. Na primeira etapa do projeto, ini− ciada em 2019, a produção de biogás através da vinhaça concentrada foi destinada para um aquecedor que tro− ca calor com a água da turbina de condensação, gerando menor consu− mo de vapor e uma exportação de energia adicional de 6 mil MWh/ano. A partir deste segundo semestre, as empresas passam a avaliar uma no− va etapa da aliança: a construção, também em Ivinhema, de uma plan− ta de hidrogênio verde para viabilizar a produção e expedição através da Estação de Carga de H−Patagônia, um passo importante para abastecer veículos no Brasil com energia verde de maneira 100% renovável e viável economicamente. Desta maneira, as células de hi− drogênio poderão ser uma realidade, reformadas tanto nos tanques dos veí− culos elétricos abastecidos com etanol quanto nas estações H−Patagônia, minimizando os investimentos adi−

cionais em distribuição do combustí− vel. E em um processo 100% limpo e renovável, considerando o ciclo de vi− da do combustível − do poço à roda, ou seja, que leva em conta o CO2 emitido na sua produção, distribuição, uso no veículo e o que sai pelo esca− pamento, maneira mais justa de medir a real pegada de carbono. “Estamos confiantes com os re− sultados que alcançaremos com todo o projeto em razão da dimensão da economia circular. Geraremos energia proveniente de fontes sólida (bagaço), líquida (etanol) e gasosa (biometano), além de colhermos todos os benefí− cios do fertilizante mineral. As vanta− gens são muitas: processo 100% reno− vável, autossuficiência, segurança energética, redução de emissões e au− mento da nota no RenovaBio. Re− presenta uma nova transformação do setor sucroenergético colaborando com a transição mundial para um fu− turo de baixo carbono”, analisa Re− nato Junqueira Santos Pereira, Vice− Presidente de Açúcar, Etanol e Ener− gia da Adecoagro.


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SUSTENTABILIDADE

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A irrigação por gotejamento ajudando nos efeitos pós-geada nos canaviais Ação contribui para o desenvolvimento de um novo ciclo da cultura Recentemente, canaviais da região centro−sul, principalmente em São Paulo e Mato Grosso do Sul sofreram enormemente com uma sequência de fortes geadas. Estima−se que o fenômeno levou a perdas de 5% a 15% na produtivida− de dos canaviais, sem somar com per− das já ocasionadas pela estiagem que vivenciamos em 2021. As perdas de produtividade ocor− rem, pois, as baixas temperaturas ma− tam a gema apical das plantas impe− dindo que elas cresçam. E, dependen− do da idade do canavial, pode ocorrer perda de qualidade, ou seja, redução do ATR. Quando isso ocorre, temos 3 al− ternativas: 1) Colher o canavial, enviando

para indústria, caso já tenha idade mí− nima para corte. 2) Roçar a lavoura e realizar um novo ciclo, caso o canavial já possua colmos, mas ainda não tenha idade mínima para corte. 3) Aguardar que o canavial re− brote novamente, caso seja muito no− vo e ainda não tenha colmos. Independente da alternativa, per− das de produtividades ocorrerão, nes− ta safra e na seguinte. Apesar da situação adversa, quem

possui irrigação por gotejamento po− de utilizá−la como ferramenta para reduzir as perdas. A irrigação não irá evitar que haja a morte de plantas, mas contribuirá para o desenvolvimento de um novo ciclo da cultura. Assim, caso seja necessário colher, roçar ou aguardar o novo perfilha− mento, o canavial necessitará de água e nutrientes para o processo. Mas co− mo isso irá ocorrer, se as chuvas estão previstas apenas para outubro? Com o sistema de gotejamento é

possível fornecer água para as plantas na quantidade e momento ideais. Além disso, podemos fazer o uso da Nutrirrigação, aplicando fertilizantes a base de nitrogênio, zinco e boro, con− tribuindo para um maior desenvolvi− mento vegetativo inicial. E, por últi− mo, através da tecnologia “Drip Pro− tection”, podemos realizar a aplicação de estimulantes (químicos ou bioló− gicos), levando a uma aceleração no crescimento das plantas. O sistema de irrigação por gote− jamento aplica água diretamente na região radicular, em alta frequência e baixa intensidade, através de emissores conhecidos como gotejadores, visan− do suprir a deficiência hídrica da planta, e mantendo o solo próximo à sua capacidade de campo. Os emisso− res podem ser enterrados ou superfi− ciais de acordo com a necessidade e as características da cultura. Devido a essas características, é possível concluir que o sistema de ir− rigação por gotejamento é uma ferra− menta muito útil para diminuir pre− juízos causados pelas geadas.

Aplicativo oferece informações mais precisas sobre meteorologia para produtores rurais Com o Agromet será possível incluir áreas produtoras de cana-deaçúcar aos mapas de previsão O Instituto Nacional de Meteoro− logia (Inmet) disponibilizou na última semana de agosto o sistema Agromet, que fornece informações precisas e atualizadas aos produtores rurais sobre previsão de tempo em sua localidade e diferenciadas por produção. Por meio de um portal e um apli− cativo, é possível acessar um mapa nave− gável de previsão de chuva, temperatura e umidade para os próximos sete dias. De acordo com o diretor do Inmet, Miguel Ivan Novato, o objetivo do Agromet é apoiar o setor agrícola na tomada de decisões. “Isso vai ser uma revolução para a gestão do agronegócio. Estamos entregando uma ferramenta a custo zero para o produtor”, disse o di− retor do Inmet, lembrando a integração

das informações com a Conab. O diferencial do Agromet é a opção de incluir áreas produtoras de culturas como algodão, arroz, café, cana−de−açúcar, cul− turas de inverno e culturas de verão (pri− meira e segunda safra) aos mapas de previ− são. Além disso, ao clicar em qualquer pon−

to do mapa o usuário terá acesso à previsão do tempo para sete dias daquele ponto. Também é possível acessar dados observados em tempo real nas Estações Meteorológicas do Inmet, imagens de satélite em tempo real, previsão de chu− va, temperatura do ar e umidade relati−

va para sete dias e possibilidade de so− breposição de informações (diferentes camadas no mapa) O Mapa está disponível em ma− pas.inmet.gov.br, no portal do Inmet e no aplicativo de Previsão de Tempo: IN− MET, disponível para Android e IOS.



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SUSTENTABILIDADE

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Usinas otimizam gestão hídrica e alcançam maior produtividade gundo ele, com a vinhaça, além de ter economia nos fertilizantes, os canaviais apresentam melhor produ− tividade, uma média de 15 toneladas de diferença.

Num cenário de baixos índices pluviométricos, a gestão de recursos hídricos ganha cada vez mais im− portância para manter a produtivi− dade e a qualidade da cana−de− açúcar. Tido como um segmento que sempre consumiu grandes vo− lumes de água, a preocupação em reduzir esse consumo não é de ago− ra e já faz alguns anos que o setor vem se debruçando para apresentar melhores indicadores. Um estudo aponta que no Estado de São Paulo entre 1990 e 2012, a produção de cana cresceu 150%, enquanto a de− manda absoluta de água pelo setor foi reduzida em cerca de 40% no mesmo período, demonstrando uma maior eficiência na gestão. Apresentar alguns desses modelos bem−sucedido, foi um dos objetivos do webinar JornalCana, realizado no dia 11 de agosto, com apresentação do painel: “Déficit Hídrico – Como as Usinas estão Otimizando o Consumo de Água no Campo e na Indústria”. Participaram do evento: André Borges, gerente agrícola da usina Se− resta− Alagoas, Edson Rocha, geren− te geral da América do Sul da Spraying Systems Co, Olívia Merlin, gerente de qualidade em meio am− biente da Usina Lins e Welington Ri− beiro, analista de gestão de melhorias da Usina Pitangueiras.

O webinar foi patrocinado pelas empresas Autojet from Spraying Sys− tems, AxiAgro, Netafim e S−PAA Soteica. Ao longo do evento, sob con− dução do jornalista do JornalCana, Alessandro Reis, os participantes apresentaram algumas soluções que estão sendo adotadas em suas usinas. Déficit hídrico não chega a ser novidade para André Borges, da Usi− na Seresta, localizada na região sul do Estado de Alagoas, que enfrenta uma média de precipitação anual de 1.300 mm de chuva, considerada baixa para o setor sucroenergético. Para enfren− tar essa situação, a usina implantou em janeiro de 1998, um projeto piloto de sistema de irrigação por gotejamento. Em 2007 esse projeto foi ampliado, abrangendo 1.500 hectares. Borges explicou que parte desses projetos fo− ram implantadas em áreas que rece− bem água de efluentes de barragem (água limpa) e em parte próximas da usina, que recebe água de lavagem, mais a vinhaça. Segundo o gerente agrícola, na época de implantação desse projeto chamado de ferti−irrigação, a em− presa Netafim, através de estudos la− boratoriais chegou a mistura de 95% de água de lavagem com 5% de vi− nhaça. O processo inclui tanques de decantação até chegar ao campo de gotejamento. Quando um tanque suja, fecha e utiliza o outro. O deta− lhe importante nestes tanques é que na entrada a profundidade é maior que na saída, que tem uma chincana que é para segurar o material flu− tuante (sujeira) para não passar pelos canais e chegar ao processo de go− tejamento. Os tanques foram feitos num posicionamento para que o vento ajudasse na limpeza, explica André, lembrando a necessidade do monitoramento das águas de lava− gem e na parte operacional, a lim− peza quinzenal dos gotejadores. Se−

Para Edson Rocha, da Spraying Systems Co, empresa de tecnologia de sistemas e controle de pulverização, “cada gota conta”. A água é o remé− dio, mas todo remédio em excesso vira veneno. “A gente tem que ter muito cuidado com a quantidade de água que aplica no processo, lem− brando que um bico de pulverizador desgastado pode provocar um enor− me prejuízo”, adverte. Segundo Rocha, o excesso de água adicionado ao processo e a falta de água para condensação e vácuo na fábrica de açúcar poderá reduzir o mix voltado para açúcar. Ele acrescenta que a pulverização precisa, é uma ciência. “Não é simplesmente um tubo amas− sado, todo furado, que vai solucionar esse problema de diminuir o consumo de água na planta. A gente tem que avaliar a distribuição desse bico, se ele está atingindo a área necessária, o ta− manho da gota, entre outros fatores. A metodologia Autojet consiste em pri− meiro diagnosticar o processo, desen− volver a solução, preparar um plano definindo as métricas e posterior− mente implantar a solução”, explicou. Edson lembra que a cana−de− açúcar não é um produto único, con− tando em sua composição com pelo menos quatro itens diferentes, sendo processados ao mesmo tempo: água, açúcar, fibras e outras impurezas. En− tão, o equipamento não deve ser fei− to pensando apenas em cana, mas pre− cisa levar em consideração esses outros fatores. Portanto, toda quantidade de água tem que ser controlada, senão o excesso vai trazer consequências. De acordo com o gerente geral os

principais pontos de controle são: res− friamento, limpeza do esteirão, embe− bição da cana, limpeza de peneira, fil− tro rotativo, filtro prensa para lodo, condensador barométrico, resfria− mento de água e limpeza de dornas. Olívia Merlin, da Usina Lins, destaca que a gestão de recursos hí− dricos vai muito além do simples ra− cionamento ou economia. “Trata−se de mapear riscos e oportunidades que englobam o tema. Só assim, será pos− sível estabelecer métricas e objetivos concretos sobre o impacto da água nas operações e finança dos negó− cios”, disse. A Usina Lins adota um circuito fechado, com um sistema de trata− mento de efluentes líquidos. “Toda água vai para esse sistema, sendo que parte dela retorna para o processo produtivo e o excedente é utilizado em outros processos”, explicou.Tam− bém é feito o aproveitamento da água condensada; o controle das vazões das

Andre Borges

Edson Rocha

Olívia Merlin

Welington Ribeiro

As ações incluem medidas que vão desde reflorestamento de matas ciliares a conscientização no ambiente de trabalho

Bicos pulverizadores


SUSTENTABILIDADE

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Reflorestamento

captações de águas superficiais, sub− terrâneas e efluentes industriais (vi− nhaça e águas residuárias). A usina ainda promove o monito− ramento da qualidade da água através

de análises físico−químicas das águas superficiais e subterrâneas e efluentes. Todas essas ações proporcionam níveis de captação baixo de água, atualmente igual 0,50 m³ por tonelada de cana.

Além dessas ações voltadas para a diminuição do consumo e de buscar um aproveitamento máximo das águas, nós temos as ações de preservação dos recursos hídricos que são extremamente importantes, como o programa Semear, que realiza o refloresta− mento nas áreas de parceiros for− necedores e áreas próprias. Em 2020, esse programa completou o plantio de 852 mil mudas de ár− vores, equivalentes a 520 hectares em margens e nascentes de fa− zendas que a usina utiliza para plantio, incluindo áreas próprias de fornecedores e parceiros. Na Usina Pitangueiras, We− lington Ribeiro, analista de gestão de melhorias, informou que a so− lução foi a implantação de um projeto Kaizen denominado: In− serção indevida de água no pro− cesso. Ele explica que ao longo desse processo, foram levantados alguns pontos básicos de melho− rias, que acabaram trazendo bons resultados, proporcionando uma economia de R$ 375 mil reais. Um dos pontos que ele men− cionou foi a espuma do caldo. “Existia um alto índice de es− puma com a mistura de caldo com

a água de embebição, o que oca− sionava o transbordamento da es− puma e se utilizava muita água para limpeza do local. A solução foi uma derivação do tubo de cal− do das caixas de embebição, uma porcentagem retorna aumentan− do o vácuo na bomba e evitando que o caldo espume, dispensando assim a inserção de água no pro− cesso. Outros pontos levantados no projeto foram: da piscina sem água; descarte das sobras das cai− xas; redução do contra fluxo; Im− plantação de válvula automática nos lavadores de gases; descarte da água da torre de resfriamento e da água clarificada. Wellington também destacou a importância do trabalho de conscientização de todos os en− volvidos no processo. “Fixamos placas em 79 mangueiras distri− buídas em nossa unidade indus− trial, lembrando se era realmente necessária sua utilização ou se não haveria uma outra forma de efe− tuar aquela limpeza. E esse pro− cesso de conscientização surtiu muito mais resultados do que se tivéssemos simplesmente proibi− do o uso das mangueiras”, expli− cou Wellington.


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AFCP inaugura laboratório de análise de solo e foliar Local vai contribuir no diagnóstico prévio dos canaviais e demais culturas agrícolas em Pernambuco A fim de contribuir na melhora da fertilidade e produtividade dos canaviais dos seus 7,1 mil associados, a Associa− ção de fornecedores de cana de Per− nambuco (AFCP) investiu mais de meio milhão de reais em equipamentos e estrutura em um laboratório próprio em sua sede no Recife, onde analisará e indicará a correção das propriedades fí− sica e química do solo e da cana. O novo laboratório foi inaugura− do em agosto, ocasião na qual, o atual presidente da AFCP, Alexandre An− drade Lima homenageou um ex− presidente da entidade, Severino Ade− mar de Andrade Lima, nome no qual foi batizado o novo laboratório. “Essa homenagem a Severino Ademar é mais que justa. Em suas duas gestões à frente da AFCP (1984/86, 1989−92), foi um período de refor− mas e muitas mudanças para o setor. Foi criado, por exemplo, o Sistema de

Pagamento de Cana pelo Teor de Sa− carose – modelo usado até hoje, bem como a construção do Laboratório de Fungos para controle biológico da Cigarinha (praga da cana) – funcio− nando até os dias atuais”, destacou Alexandre. Para Frederico Carrazzoni, inte− grante do corpo de agrônomos da AFCP, que recebeu inclusive treina− mento pelo IPA no Recife, e em um laboratório especializado em Petroli− na, o laboratório de análise de solos e foliar suprirá várias necessidades do produtor. Atenderá as questões técni− cas, como na identificação de solos arenosos e argilosos, bem como dos elementos químicos, para assim fazer as correções de solo e uma adubação

adequada para a cultura, incrementan− do o seu desenvolvimento e conse− quentemente a sua produtividade. O especialista também destaca vá− rios benefícios econômicos.A análise do solo funciona como um exame de san− gue no corpo humano. Ela faz o diag− nóstico completo e indica os elemen− tos em falta e em excesso para poderem ser balanceados.“Assim, ao invés de fa− zer uma adubação com formulações sem certeza de sua eficácia, o que ain− da costuma ocorrer infelizmente na re− gião com frequência, na maioria das vezes copiando o que acontece no ca− navial do vizinho, agora o produtor realizará o diagnóstico exato, evitando o desperdício e custos desnecessários e ainda garantindo a fertilidade do seu

canavial”, explica Carrazzoni. Andrade Lima, que também é en− genheiro agrônomo, reforça essa im− portância desse diagnóstico na pro− priedade do produto rural, do seu so− lo. “Vai otimizar o uso de adubo de fertilizantes, os quais estão bastante caros e que não podem ser desperdi− çados. Assim, não se usa de mais nem de menos, mas a quantidade adequa− da para garantir a melhor fertilidade e produtividade da sua atividade agrí− cola, seja ela qual for”, conclui Lima. Outro benefício para o produtor vai evitar até a dor de cabeça na hora do financiamento bancário para o custeio da safra. O presidente da AFCP alerta que a liberação do crédito so− mente é concedida mediante a apre− sentação da análise de solo. Logo, este laboratório preencherá também essa questão de extrema necessidade para o setor canavieiro e das demais culturas agrícolas de Pernambuco. O novo laboratório também aju− dará os 7,1 mil associados da AFCP em um dimensionamento antecipado da adubação foliar, visto que a análise das folhas também será realizada, in− dicando um diagnóstico dos produtos que devem ser utilizados com maior eficácia, reduzindo os custos.



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Manutenção linear abre caminho para ganhos operacionais A perda provocada pela quebra de máquinas e equipamentos vem sendo reduzida aumentando a confiabilidade agrícola Produtores do setor sucroalenergé− tico estão aderindo ao conceito de ma− nutenção linear.Além de reduzir custos, esse sistema aumenta o período de dis− ponibilidade das máquinas e agrega mais confiança ao setor. O assunto foi tema do webinar “Inovações & Confiabili− dade Agrícola” promovido pelo Jornal− Cana, no dia 8 de setembro. O evento contou com a participa− ção de Alisson Henrique, gerente cor− porativo de manutenção agrícola da BP Bunge Bioenergia, Darci Conche, ge− rente agrícola da Zilor − Unidade Quatá, Jairo Luis Rubem, gerente ope− racional do programa Clean Cut e Luiz Dalben, diretor da Agrícola Rio Claro. Com patrocínio das empresas AxiA−

gro, HRC e S−PAA Soteica, o webinar contou com a mediação do jornalista Alessandro Reis, do JornalCana. Para Alisson Henrique, da BP Bunge, que conta com 11 unidades agroindustriais, distribuídas em cinco Estados, trabalhando com 100% da co− lheita mecanizada, o setor passa pela era da confiabilidade. "Durante muito tempo a gente falou muito de dispo− nibilidade e hoje estamos na era da confiabilidade. Precisamos realmente ter a confiança que aquele ativo estará disponível no momento que você pre− cisar. Não ter oscilações ao longo do dia e conseguir que as nossas máquinas entreguem o máximo da confiabilida− de com o menor custo”, afirmou. A Bunge conta com uma Central Integrada de Manutenção, localizada na unidade de Moema e que presta serviços para as 11 usinas do grupo, com foco em padronização, seguran− ça e elevar a confiabilidade dos nossos ativos. “O centro ocupa uma área de mais de 7.000 metros quadrados, de− mandando investimentos de infraes− trutura na ordem de 10 milhões, nos últimos cinco anos”, contou.

Segundo Alisson, no modelo linear a manutenção é feita durante todo o período, descongestionando aquele período da entressafra. “As colhedoras passam por manutenção a cada 4 mil horas. Quando chegam no Centro de Manutenção, elas são desmontadas, passam por uma lavagem completa do chassi e componentes, passando ainda por caldeiraria, pintura, montagem e finalização”, explica.

“Tanto o operador como o mecânico tem que estar muito comprometido com o custo de operação no que estão trabalhando” Dentre os resultados do sistema, Alisson aponta a diminuição de aci− dentes no período de entressafra, estabilização da disponibilidade mensal ao longo da safra, aumento

Alisson Henrique

Darci Conche

da vida útil, otimização da mão− de−obra e redução de custos com terceirização. Para Darci Conche, gerente agrí− cola da Zilor, a implementação da


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Luiz Dalben

Jairo Luis Rubem

manutenção linear se deu diante da necessidade de melhoria na perfor− mance das colhedoras visto a grande variação de idade da frota e modelos diferentes utilizados.

A Usina Quatá, vem reduzindo seus custos de manutenção de máqui− nas agrícolas e obtendo elevada dispo− nibilidade ao longo da safra. “Estamos utilizando na manuten− ção das colhedoras o SRS (Smart Re− pair System) desenvolvido pela D2G Consultoria. Faz mais de um ano que estamos trabalhando com esse méto− do. Embora ele não tenha sido apli− cado em 100% das máquinas, preten− demos ao longo do desenvolvimento chegar a 100% no médio prazo”, in− forma Conche. De acordo com o gerente agríco− la, esse método prevê a manutenção das colhedoras ao longo do ano e com isso evita a manutenção pesada duran− te a entressafra. “Por isso, fazemos a manutenção de forma linear, com custo mais reduzido e disponibilidade elevada”, explica. Sendo calculados os tempos ne− cessários para troca dos componen− tes, as manutenções são definidas a partir de dados e relatórios informa− tivos de cada equipamento, como as análises de óleo, check list de manu− tenção, histórico de ordens e dispo− nibilidade. Segundo Darci, entre os resultados esperados estão: aumento na disponibilidade e eficiência dos equipamentos, diluição dos custos durante o ano−safra e evitar grandes manutenções de entressafra.

Inovação Jairo Luis Ruben, gerente opera− cional do programa Clean Cut, desen− volvido pela HRC para melhorar a performance da colheita mecanizada, destacou os principais fatores que ge− ram a indisponibilidade das colhedoras: Sistemas hidráulicos (mangueiras, motores e bombas); paradas para trocas de facas corte de base, facão picador e pás extratoras; peças mecânicas e cal− deiradas (rolos, discos, sapatas, divisores de linha e outros); e ainda paradas pro− gramadas para manutenção, abasteci− mento, limpeza e troca de turno. Jairo explica que o sistema Clean Cut é bem abrangente e o corte da base foi desenvolvido para reduzir a pressão de trabalho e tempo de trocas de facas. Segundo ele, essa inovação se traduz em menos esforço para fazer o corte de base, preservando a qualida− de da soqueira e exigindo menos dos seus sistemas hidráulicos, aliviando to− do o conjunto. A ferramenta permite 75% de re− dução do tempo de troca de facas, 30% de redução de abalo de soqueira, au− mento de 150% de vida útil nos moto− res hidráulicos, aumento de 45% na ca− pacidade de colheita, com redução do consumo de diesel e um ganho de até 80% na vida útil dos facões picadores. De acordo com Jairo, o programa Clean Cut, ao desenvolver um novo

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conceito de cortde de base, e transfor− mar a indústria da colhedora, de uma atual transportadora de cana, para uma indústria processadora, conseguiu ali− viar o esforço hidráulico do corte de base e também do facão picador. Esta inovação, reduz problemas de quebras de mangueiras e motores, reduzindo consumo de óleo hidráulico e paradas para manutenções corretivas de forma abrangente.4 Para Luiz Dalben, diretor da Agrícola Rio Claro, que produz em média 300 mil toneladas de cana por ano, o importante é que tanto a par− te operacional, como a de gestão de campo, estejam muito alinhadas com o conceito de desgaste das peças e não da quebra. “Tanto o operador como o me− cânico tem que estar muito compro− metido com o custo de operação no que estão trabalhando”, ressalta. Se− gundo Dalben, o sistema Clean Cut tem ajudado muito no tempo de dis− ponibilidade da máquina e na manu− tenção. Ele destaca que sem a colhei− ta mecanizada, não há mais possibili− dade de existir o setor canavieiro, por− tanto todos temos que nos adaptar à mecanização. “Vale apenas investir em novas tecnologias e na capacitação de operadores. Sempre vamos ter presen− ça humana para dominar essa tecno− logia”, finaliza.


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Relevância do silício na adubação da cana é destacada por pesquisas da APTA De proteção contra broca a melhor rendimento em açúcar, uso do silício tem apresentado ótimos resultados A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) vem testan− do os efeitos da suplementação com si− lício (Si) sobre fatores bióticos e abió− ticos que afetam a cana−de−açúcar. “O silício é um elemento que es− tá presente em todos os solos, sendo seu principal formador. No entanto, a maioria dos solos tropicais tem baixa quantidade de solúveis, ou seja, dis− poníveis para a planta”, comenta a pesquisadora da APTA Regional de Piracicaba Mônica Sartori de Camar− go. Ela usa como exemplo a areia da praia, que apresenta uma grande con− centração total de Si (na forma de sí− lica, SiO2), mas onde o elemento não está disponível para absorção pelas raízes das plantas. “Para estar disponí− vel, as partículas do solo devem ser mais finas, como ocorre nos de tex− tura argilosa”, afirma.

Mônica Sartori de Camargo

Em suas pesquisas, Mônica traba− lha com os solos arenosos, que passa− ram a ser muito utilizados no interior paulista para a cultura da cana, seu fo− co de estudo e emprega a escória de siderurgia moída como fonte desse elemento em seus experimentos. “A escória é tida como um passivo am− biental, vindo da fabricação de ferro e aço, e é rica em Si, Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg). Esse silicato pode ser usado como fonte de Si e como cor− retivo de acidez do solo, por conter calcário”, explica. “Testamos variedades do Instituto Agronômico (IAC−APTA) e, ao lon− go de 3 ciclos, queríamos estudar se ti− nha alguma relação entre absorver mais silício do solo e a capacidade da plan−

ta em ter menos broca da cana−de− açúcar (Diatraea saccharalis)”, pontua. De acordo com ela, uma vez absorvi− do pelas raízes, o silício sobe pela plan− ta através do xilema e se deposita nas folhas na forma de um polímero. “Ele forma uma dupla camada de sílica e cutícula na epiderme e os insetos pas− sam a ter mais dificuldade de entrar nesse tecido”, detalha. Ela verificou que algumas variedades possuíam teo− res mais altos de Si quando compara− das às demais, como a IAC91−1099, mas não encontrou relação direta en− tre teor de Si no solo e ataque de D. saccharalis. Embora o solo possuísse quantidade de Si adequada para a planta, ela poderia não ser suficiente para reduzir o dano da broca. A pesquisadora aplicou ainda o Si em dois tipos de solo com a finalida− de de tentar reduzir os impactos cau− sados pelo inseto. “Percebemos que houve uma redução na quantidade de ataque de broca nos dois ciclos, espe− cialmente para a variedade SP89− 1115, que era susceptível ao ataque de broca. Os resultados mostraram que foi sim vantajoso utilizar a adubação com Si. Foi algo muito importante de se observar em experimento de cam− po”, enfatiza. A pesquisadora avaliou ainda se o Si poderia contribuir também para a

tolerância da cana à ferrugem−mar− rom, doença causada pelo fungo Puccinia melanocephala. “Quando as variedades saem dos programas de melhoramento genético, a ferrugem marrom é uma das doenças avaliadas nos campos experimentais, mas o grande problema é que em plantio comercial há pressões ambientais e as plantas são expostas a várias cepas do fungo”, informa. Segundo narra, nos últimos anos a ferrugem tem afetado muito os plantios e, apesar de não matar a planta, reduz bastante a fo− tossíntese e pode prejudicar o cresci− mento em algumas situações. “Assim, foram avaliadas plantas de cana em vasos de 100 L com vários tipos de solos e conforme aumenta− va a concentração de Si no solo, di− minuía a incidência natural da ferru− gem−marrom”, afirmou. Como complementação ao tra− balho, a pesquisadora enviou amos− tras das folhas das plantas para a Unesp. Com a colaboração da estu− dante de doutorado da universidade Isabel Coutinho, foi possível identi− ficar em laboratório quais compos− tos químicos as plantas estavam pro− duzindo e quais possuíam a capaci− dade de combater o fungo causador da ferrugem. Se por um lado o silício se mos− trou promissor na redução dos im− pactos causados pelos fatores bióti− cos, faltava avaliar como ele poderia contribuir sobre os de origem física e química − os abióticos. Segundo a pesquisadora, nesse quesito o estres− se hídrico tem sido um problema tocante ultimamente, devido à di− minuição das chuvas. “Temos estu− dado variedades tolerantes e sensí− veis e fizemos experimentos para avaliar se o emprego do Si dava ou não efeito na fisiologia e produção da planta”, discorre. De acordo com Mônica, a equi− pe tem conseguido bons resultados. “Em vasos, depois de avaliar as plan− tas submetidas ao déficit hídrico aos 3 e aos 6 meses, voltamos a fornecer a água usual e a planta adubada com Si mostrou−se mais produtiva mes− mo após passar pelo estresse”, celebra. A hipótese é de que o Si esteja atuando como um aliado, estimulan− do a fotossíntese em momentos de menor disponibilidade de água. “A planta passa a estar mais bem prepa− rada para o estresse, podendo resultar até mesmo em maior produção de açúcar”, realça a pesquisadora.


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Tecnologia contribui para reduzir infestações de cigarrinha e Sphenophorus levis nos canaviais O uso de implemento eficiente, como o Aplicador de Inseticidas em Soqueiras com Kit Desenleirador, tem sido importante para a redução de infestações Entre as pragas que mais geram perdas para o setor sucroenergético estão a cigarrinha−das−raízes e o Sphenophorus levis. O controle des− sas pragas que atacam as soqueiras de cana−de−açúcar precisa ser reforçado neste final de colheita, para minimizar a infestação na próxima safra. “Para evitar um ataque mais severo, é reco− mendável, inclusive, o afastando da palha da linha da cana”, aconselha o engenheiro agrônomo Auro Pardinho, gerente de marketing da DMB Má− quinas e Implementos Agrícolas. Pardinho explica que o desenlei−

ramento da palha cria condições fa− voráveis para a redução da infestação e para a diminuição do número de apli− cações. Resultando em economia do uso de inseticida utilizado para con− trolar a cigarrinha. Para a realização das duas operações – afastamento da palha e aplicação de agroquímico na área de cana –, o setor

conta com um importante aliado: o Aplicador de Inseticidas em Soqueiras com Kit Desenleirador, que é um dos destaques do portfólio da DMB. O manejo da palha por meio do kit desenleirador, acoplado ao apli− cador de inseticidas, está sendo adotado com sucesso no controle de cigarrinha, por diversas unidades

sucroenergéticas. No caso do Sphenophorus, a uti− lização de produto adequado, aplica− do por equipamento eficiente, tem gerado resultados altamente satisfató− rios. Essa praga chega a causar perdas de produtividade entre 30% e 60%, em casos mais extremos, o que pode an− tecipar a renovação dos canaviais em alguns cortes – alerta Auro Pardinho. “A incidência de Sphenophorus ocorre o tempo todo. Em qualquer época vai ter adulto, larva. Com a brotação de soqueira no final de co− lheita, é bom fazer uma aplicação para evitar a proliferação dessa pra− ga”, recomenda. Para aumentar ainda mais a efi− ciência no controle de pragas, o Apli− cador de Inseticidas da DMB pode contar também com o kit 70/30, que é acoplado ao Kit Desenleirador. Esse recurso possibilita enterrar 70% da dose do produto e aplicar 30% do vo− lume do inseticida na superfície, na base da cana. Com o kit 70/30, é pos− sível atingir o inseto tanto na forma de ninfa como na fase adulta – diz o ge− rente de marketing da empresa.


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Harmonizar pessoas e tecnologia: o grande desafio da gestão da mudança Existe gestão da mudança sem transformação digital? Toda transfor− mação é positiva? O ser humano po− de ser 4.0? A tecnologia harmoniza ou desestabiliza o ambiente de trabalho? E a rentabilidade, onde ela entra nisso tudo? Essas foram algumas indagações e provocações levantadas durante o webinar “PESSOAS & TECNOLO− GIA − A Jornada das Usinas na Trans− formação Digital e Gestão da Mu− dança” em mais uma edição da Quar− ta Estratégica, promovida pelo Jornal− Cana, no dia 1º de setembro. O webinar contou com a partici− pação de Beatriz Rezende, consulto− ra organizacional e conselheira de carreira da Dra. Empresa, Genésio Le− mos Couto, consultor e Conselheiro

Empresarial, autor do livro "Luz, Câ− mera e Gestão", Maureen Vaccari Grassi, especialista de projetos do Grupo Tereos e Josias Messias, diretor do ProCana Brasil. Ao longo de quase 3 horas de du− ração, os especialistas debateram sobre os desafios enfrentados pelas usinas do setor sucroenergético, para não perder a corrida da inovação tecnológica, sob o risco de comprometer a produtivi− dade. Patrocinado pelas empresas AxiAgro e S−PAA Soteica, o webinar foi conduzido pelo jornalista Alessan− dro Reis do JornalCana. Para a consultora organizacional Beatriz Rezende, o processo de mu− dança não vai mais caminhar sem a transformação digital, que embora car−

O consultor e autor do livro "Luz, Câmera e Gestão", Genésio Lemos Couto, chamou a atenção para um es−

tudo que aponta o Brasil como o país mais complexo para se fazer negócios, o que por si só, torna cada vez mais necessária a transformação digital. “Aliás o ideal seria evolução digital, porque na verdade nem toda transfor− mação pode ser considerada positiva”, alerta o especialista. Para Genésio todo esse processo deve estar baseado em 4 pilares: ino− vação, evolução digital, gestão da mudança e rentabilidade e resultado para a empresa. Ele destaca que a realidade do am− biente corporativo pós covid impôs novos cenários na gestão dos negócios como: aumento da execução fiscal, empregos a serem recuperados, nacio− nalismo econômico e polarização po−

Beatriz Rezende

Genésio Lemos Couto

Josias Messias

Maureen Vaccari Grassi

regue uma perspectiva de futuro, já se faz presente em nosso dia−a−dia. Se− gundo ela, a ansiedade é um dos gran− des males a ser combatido nessa nova realidade do ambiente profissional. De acordo com a consultora, em− bora se fale muito em tecnologia, a força ainda está na conexão humana, para que os públicos se sintam e vin− culados e para que as coisas aconteçam. “Precisamos evoluir em muitos aspec− tos, mas ainda estamos falhando em processos da relação humana, comuni− cação, entre outros pontos”, disse.

Evolução digital


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Às voltas com a transformação digital, as usinas buscam o equilíbrio no ambiente de trabalho para não perder a produtividade

lítica (para onde que nós vamos? Ge− nésio entende que para combater esses cenários se exige inovação, “pois a acomodação é a raiz da fossilização) Para Genésio essa inovação deve levar em consideração dois aspectos: das pessoas e das empresas, sendo que a cultura organizacional, tem que dar ouvido à base; o segundo é tratar os colaboradores como embaixadores de ideias, que precisam ser aproveitadas. Outro ponto importante, é o engaja− mento sem ameaças, ou seja, você pode pensar sem receio. Lembrando que todas essas ideias devem ter con− formidade, rentabilidade e sintonia com o mercado. Segundo Genésio, para o trem da transformação digital trazer benefícios, deve−se levar em consideração alguns aspectos: business case, a escolha do ti− me e parceiros comerciais, cumprir o que foi combinado, evitar fugas de ta− lento e de treinamentos, e evitar tu− multo na rotina. Genésio compara a gestão da mu− dança como um ecossistema, onde não é mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças. Esse ecossistema é formado pelo time de TI, os donos do processo, as pessoas, as plataformas, o parceiro desenvolvedor e o elemento específico do negócio. “Esse ecossistema está dentro da

caixa da transformação digital, todos interligados pela TI através da comu− nicação, disciplina, previsibilidade e sinergia. A mudança está nas pessoas, é preciso ter claro o propósito para que todos estejam engajados. A equipe de TI tem que entender o cliente e suas aplicações com o mercado. Trabalhar dá trabalho, sorte não existe se você tiver cuidado com os detalhes a sorte vai chegar”, disse. No Grupo Tereos as pessoas são o foco da transformação. Segundo Maureen Vaccari Grassi, especialista de projetos do Grupo, o projeto de ges− tão de mudança envolve 10% de tec− nologia, 30% se refere a processos e modelo operacional e 60% da trans− formação está relacionada a pessoas e habilidades. “Quem está por trás de todas tecnologias, que facilitam as nossas decisões, são as pessoas”, disse. “Nem todos mudam no mesmo ritmo. A transição pode gerar medo, insegurança, dúvidas e questiona− mentos. As lideranças precisam passar com clareza as mudanças. É preciso estar junto, acompanhar, para que as pessoas não retrocedam a pontos an− teriores. Mesmo com todo esse tra− balho sempre haverá resistências, mas apesar disso é importante focar na− queles que estão engajados e parale− lamente ir trabalhando com outro grupo”, explica Grassi, lembrando que

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o grande desafio é entender que a gestão de mudanças não é apenas a aderência a um cronograma.

Caminho sem volta O diretor do Procana e jornalista Josias Messias ponderou que a trans− formação digital é uma realidade ine− vitável no setor sucroenergético. Se− gundo ele, nas usinas ela passa por três fundamentos: Objetivo estratégico, Pessoas e Cultura. Na questão do objetivo estratégi− co deve−se permear por toda a em− presa a meta de se obter o menor custo e a máxima liquidez. Com re− lação às pessoas, ele disse que elas es− tão no centro da transformação digi− tal, sendo responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso. Josias enfatiza que com auxílio da tecnologia os colabo− radores se tornam mais produtivos, assertivos e colaborativos. Ao longo de sua apresentação, Jo− sias listou sete erros comuns cometi− dos no processo de transformação di− gital: Subestimar a transformação (onde queremos chegar e quais crité− rios iremos usar); Criar novos silos em vez de Squads; Negligenciar as pessoas; Menosprezar o poder das inovações tecnológicas; Descuidar das Lógicas; Desprezar a aplicabilidade e ganhos e por fim, não se atentar para a comu− nicação e conectividade.


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GENTE

Setembro 2021

Setor perde Francisco Queda de avião mata de Assis Gonçalves acionista da Cosan Ele trabalhou por mais de 50 anos no Grupo Carlos Lyra No dia 17 de agosto, o setor su− croenergético de Alagoas perdeu um importante representante. Francisco de Assis Gonçalves, colaborador do Gru− po Carlos Lyra faleceu aos 92 anos. Natural de São José da Laje – AL, sr Assis, como era conhecido, traba− lhou por mais de 50 anos na compa−

nhia atuando inicialmente na área de importação de fertilizantes. Mais tar− de exerceu a função de assessor da di− retoria do Grupo. Em comunicado, a diretoria da empresa lamentou a morte do an− tigo colaborador e expressou as condolências a todos seus familiares e amigos. “Sr. Assis foi uma pessoa de con− duta moral exemplar, agindo sempre de acordo com princípios e valores éticos”, afirmou. Viúvo e deixa quatro filhas (Rita, Viviane,Vanessa e VIrginia).

Família inteira e dois pilotos morreram no acidente O empresário e acionista da Co− san, Celso Silveira Mello Filho, mor− reu no dia 14 de setembro, após o avião que estava cair em Piracicaba (SP) Além dele, a mulher, os três filhos e os dois tripulantes da aeronave tam− bém faleceram. Com destino à capital paraense, o avião modelo King Air B250, ano 2019, prefixo PS – CSM caiu, em uma plantação de eucaliptos, cerca de 15 segundos após decolar do Aero− porto Municipal Pedro Morganti, em Piracicaba. Em nota, o grupo Cosan lamen− tou a morte do empresário.“Celso era acionista e irmão do presidente do Conselho de Administração da com− panhia, Rubens Ometto Silveira Mello. Também estavam no avião a esposa de Celso, Maria Luiza Meneg− hel, seus três filhos, Celso, Fernando e

Camila, o piloto Celso Elias Carloni e o copiloto Giovani Gulo”. Natural de Piracicaba, Celso tinha 73 anos, era economista formado pela Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administração de Em− presas, atual Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).




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