Consoantes ta rd ias do português /r/, /l/ e /λ /
A prendizagem e consolidação de modelos linguísticos
A prendizagem e consolidação de modelos linguísticos
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ISBN edição impressa: 978 989 752 509 4
1.ª edição impressa: abril 2023
Layout: magnetic; adaptação de layout: Pedro Santos
Paginação: Pedro Santos
Impressão e acabamento: Tipografia Lousanense, Lda.
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Capa: José Manuel Reis
Foto da capa: © Seventyfour
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Doutorada em Psicologia, na área da Psicologia da Linguagem, Rosa Lima tem trabalhado em problemáticas vinculadas à educação de crianças com necessi‑ dades educativas especiais, em particular as que apresentam dificuldades na aquisição da linguagem em geral e da Fonologia em particular.
É docente da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti, Porto, onde tem orientado várias teses de mestrado e arguido diversas teses de doutoramento.
É membro de investigação do Departamento de Fonética do Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro.
Com formação específica na área da fala, voz e linguagem, desenvolveu e cola borou em vários projetos de investigação sobre a aquisição da linguagem, entre os quais se salienta a investigação na área da aquisição da linguagem entre 8 a 15 e 15 a 30 meses, através do Instituto de Educação da Universidade do Minho.
A fala e linguagem na infância tem constituído a linha mestra do trabalho da autora, tendo como base a aplicação prática e a reunião de dados empíricos para intervenção reeducativa, particularmente para a aprendizagem articulató‑ ria e estabilização fonológica dos fonemas apresentados nesta obra.
Nota: Utilizamos os parênteses retos [ ] sempre que nos referimos a uma dimensão articulatória, ou seja, à produção do fone que representa o som da língua. As barras // são utilizadas quando pretendemos referenciar o fonema, quer dizer, quando este se encontra inserido numa sequência de sons, apenas interpretados por um ouvinte com conhecimento da língua. O uso das barras representa a maior parte dos casos ao longo desta obra.
Fonemas
/r/ Fonema correspondente ao som [r], considerado consoante tardia. As se guintes palavras são exemplo da existência desse fonema em diferentes posições e extensões silábicas: cara, cadeira, urso, fotografia, arbusto.
/l/ Fonema correspondente ao som [l], considerado consoante tardia. As se guintes palavras são exemplo da existência desse som em diferentes posi ções e extensões silábicas: limão, vulcão, farol, floresta, alto.
/ / Fonema correspondente ao som de aquisição tardia [ʎ], que corresponde à grafia lh. As seguintes palavras são exemplo da existência desse som em diferentes posições e extensões silábicas: olho, colher, telhado, ovelha, mealheiro.
/j/ Fonema que corresponde à semivogal grafada <i>. Ocorre, com gran de frequência, em substituição dos fonemas tardios /r/ e / /, ou, mais raramente, do fonema /l/, em qualquer tipo de sílaba da qual possam constar. Exemplo da substituição do fonema /r/, /l/ e / / por semivogal /j/: embora → emboia; calado → caiado; palhaço → paiaço.
/w/ Fonema que corresponde à semivogal grafada <u>. Ocorre, com grande frequência, em substituição dos fonemas tardios /r/ e /l/, ou, mais rara‑ mente, do fonema / /. Exemplo da substituição dos fonemas /r/, /l/ e / / por semivogal /w/: pera → peua; salada → sauada, telhada → teuado.
/z/, /s/ Fonemas consonânticos da classe das fricativas correspondentes ao som [z] e [s], ambos com ponto de articulação alveolar, não existindo escoamento lateral do ar. Tais consoantes diferenciam se pelo tipo de vozeamento, o qual se refere à vibração ou não vibração das cordas vocais, fato pelo qual o fonema /z/ é sonoro, ou seja, existe vibração das cordas vocais (exemplos: zero, casa, exame) e o /s/ é surdo, uma vez que não existe vibração das cordas vocais (exemplos: sopa, laço, massa). Estes dois fonemas podem realizar‑se sob forma de distintos valores ortográficos (z, s, ss, ç, x).
C r V Sílaba formada por Consoante (C) Vogal (V). Na consoante, assinala se o fonema que a constitui — /r/.
VC r Sílaba formada por Vogal (V) Consoante (C). Junto da consoante, assi nala se o fonema que a constitui — /r/.
CVC r Sílaba formada por Consoante (C) Vogal (V) Consoante (C). O fonema /r/ encontra se junto da consoante que o representa — a última con soante da sílaba.
CC r V Sílaba formada por Consoante (C) Consoante (C) Vogal (V). O fonema /r/ está assinalado junto da consoante que o representa — segunda consoante.
ClV Sílaba constituída por Consoante (C) Vogal (V), sendo a consoante o fonema /l/.
VCl Sílaba constituída por Vogal (V) Consoante (C), sendo a consoante o fonema /l/.
CVCl Sílaba formada por Consoante (C) Vogal (V) Consoante (C), tratando ‑se esta última consoante do fonema /l/.
CClV Sílaba constituída por Consoante (C) Consoante (C) Vogal (V), sendo a segunda consoante o fonema /l/.
C V Sílaba formada por Consoante (C) Vogal (V), sendo a consoante o fonema / / — correspondente ao grafema <lh>.
O objeto central desta obra diz respeito à aquisição dos fonemas /r/, /l/ e /ʎ/, considerados de tardia aquisição, na escala de apropriação dos fonemas da língua portuguesa, apresentando, não obstante, carácter interventivo no que concerne à consolidação de desempenhos fonológicos dos fonemas em questão. Com alguma frequência, o domínio destes fonemas prolonga‑se até fases que se sucedem à educação de infância, podendo prevalecer em faixas etárias e esco lares posteriores. Reforçando quanto anteriormente dito, o mau uso de uma lín gua pode constituir a génese de subsequentes dinâmicas interativas negativas, pautadas pela utilização de recursos ou estratégias de comunicação variadas onde marcados desajustes de tipo psicossocial poderão estar presentes, assim como interferir num insuficiente domínio da linguagem escrita.
A primeira parte desta obra refere‑se a um amplo enquadramento conceptual acerca do fenómeno linguístico e encontra‑se subdividida em sucintas aborda gens que abarcam tanto a linguagem em seus aspetos pluridimensionais como adulterações no uso da fonologia, dados básicos acerca da aquisição da lingua‑ gem produtiva, etc.
A segunda parte apresenta‑se como linha orientadora para a aprendizagem fonético‑fonológica dos fonemas /l/, /r/, /ʎ/, considerados de mais tardia aquisi‑ ção e visa não apenas a aprendizagem dos mecanismos articulatórios de cada um dos fonemas mas também a consolidação de padrões fonológicos nos quais estes fonemas se inserem. Pretende‑se, assim, o incremento e a exploração de uma interação comunicativo‑linguística mais facilitada e uma performance verbal mais fluente e criativa.
O uso de uma linguagem produtiva, de tipo espontâneo, “dispensando” qualquer estratégia ou processo de simplificação, constitui a meta a atingir.
A linha orientadora desta obra baseia‑se em progressivos domínios tanto de aspe tos fonéticos como fonológicos dos fonemas‑alvo deste trabalho, considerados
de mais tardia aquisição na sua apropriação, por parte da criança, que se confron‑ ta com a aprendizagem do português europeu, seguida da integração de vocá bulos que os contém, em outras dimensões da linguagem, tais como estruturas morfossintáticas dirigidas e espontâneas.
Partindo de uma metodologia formal, de intervenção dirigida, pretende‑se estabilizar o padrão motor necessário à realização de cada um dos referidos fonemas, em contextos silábicos variados que percorrem as distintas consti tuências silábicas, desde o ataque simples em sílaba canónica (CrV) à ramifi cação de ataque em sílaba complexa (CCrV).
Objetivo último mas igualmente fundamental é o acesso ao domínio semântico em que a nomeação, a evocação, a construção de curtos enunciados e textos se fundem na indissolúvel relação entre a forma e o conteúdo verbal, tornando possível a partilha de saberes num universo plural de sujeitos, capacitados para fazerem uso das regras que a mesma língua lhes impõe e lhes permite uma comunicação verbal facilitada.
Por se considerar que o treino da perceção auditiva, de tipo verbal, constitui um importante dado para um reconhecimento da produção‑modelo (sobretudo quando esta se revelar inconsistente, caso da perturbação de tipo fonológico), uma atividade de discriminação auditiva da fala, diferenciando o verdadeiro do falso modelo de produção, é apresentada e explorada com a criança. O seguin te passo faz apelo à nomeação de imagens, sugerida através de indicadores gráficos que induzem a sua evocação léxico‑semântica e fazendo uso do(s) referido(s) fonema(s).
Organizadas de menor a maior extensão silábica, as referidas imagens constituem‑se como ilustrações que contemplam distintos tipos de sílabas (CV; CCV; CVC; VC) assim como distintas posições da sílaba na palavra.
A fim de se encontrar um fio condutor e explicativo dos propósitos desta obra, explicitam‑se a seguir os momentos ou passos globais da mesma.
Terminada a Parte I, dedicada a uma introdução conceptual acerca do tema lin‑ guagem como fenómeno pluridimensional e aquisição da fonologia na infância, a Parte II desta obra, dedicada à parte prática da reeducação, inclui momentos dedicados às atividades que conduzem à aquisição e estabilização produtiva dos fonemas /r/, /l/, /ʎ/, respetivamente.
De uma forma global, contemplam‑se para cada fonema as seguintes ativi dades:
1. Caracterização do fonema.
2. Propostas para a realização e automatização articulatória do fonema.
3. Discriminação e identificação de modelos lexicais.
4. Nomeação e memorização de imagens que contemplam o fonema em sua distinta ocorrência silábica e número de sílabas.
5. Evocação léxico‑semântica (encerrar frase com palavra que contenha fonemas /l/, /r/ e /ʎ/, em distintos tipos de sílaba).
6. Encerramento léxico‑semântico em enunciados com interrogativas (res posta a frase interrogativa com palavra que contém fonema /l/, / r/ e / ʎ/).
7. Memorização de quadras que contenham palavras que incluem o(s) fone ma(s) /l/, /r/ e /ʎ/.
8. Reconto de histórias previamente escutadas e ilustradas das quais fazem parte nomes que contêm, cada uma delas, o fonema que se pretende estabilizar, em diversos contextos de produção fonético‑fonológica.
9. Criatividade linguística: Domínio lógico verbal e expansão da narrativa através de ilustrações que evocam nomes em que constam os fonemas /r/, /l/, /ʎ/.
Por uma questão didática, os itens atrás referidos podem ser resumidos em quatro grandes direções ou pontos:
• Realização articulatória do(s) fonema(s) (itens 1 e 2);
• Perceção de modelos fonológicos (item 3);
• Linguagem dirigida (itens 4, 5, 6 e 7);
• Da linguagem dirigida à linguagem espontânea (itens 8 e 9).
A última parte desta distribuição — Da linguagem dirigida à linguagem espontânea — constitui‑se como atividade que deverá revelar o grau de estabilização relativamente ao adequado uso do(s) fonema(s) em processo de aprendizagem. Portanto, o recurso a este tipo de produção, sob forma de narrativa, deverá ser usado com alguma “proteção” ou ajuda por parte do adulto.
Com isto pretende‑se evitar o uso de erros de produção com os fonemas em processo inicial de aprendizagem, uma vez que a memória semântica ou memória dos conteúdos inerentes à narrativa que advém da escuta de his‑ tórias ou sequências temporais gráficas fazem apelo a processos de grande carga cognitiva.
As simplificações de fala que possam persistir e que traduzem, por consequên cia, um inconsistente domínio do fonema, em qualquer tipo de sílaba ou vocábu lo que o contenha, deverão constituir o alerta para a continuidade da persistente
aprendizagem baseada nos anteriores momentos ou espaços que correspondem à linguagem dirigida.
O contexto familiar e escolar deverão constituir uma preciosa ajuda para o refor‑ ço da autoperceção do erro ou incorreção produtiva que a criança apresenta, alertando para o adequado modelo.
Todas as propostas de atividades atrás descritas, cuja finalidade se centra na correção e acesso ao domínio facilitado da fonologia do português, constituem, a nosso ver, uma entre muitas outras, passíveis de grande funcionalidade na hora de levar a cabo a adequada produção da fonologia.
Seguros de que qualquer estratégia reeducativa será boa quando funcional e tal funcionalidade basear‑se‑á no cumprimento do objetivo em vista com a maior brevidade possível, deixamos o critério da eficácia deste tipo de metodologia a quem possa testemunhá‑la, expandindo‑a.
Partilhamos, pois, com pais, professores, educadores em geral e terapeutas, o uso do material presente nesta obra, na mira de uma produção verbal infantil que não desperte qualquer reparo por parte de um vulgar ouvinte.
Não sendo pequena a meta a atingir, acreditamos ser qualquer criança dela merecedora, dado a interface entre a socialização e a produção verbal oral que ocorre durante o percurso de desenvolvimento neuromotor e sociopsicolinguís‑ tico que marca os primeiros patamares da evolução da criança.
Qualquer tipo de atraso ou dificuldade na aquisição da linguagem produtiva deverá, pois, constituir preocupação latente tanto por parte da família como dos profissionais implicados no processo de educação da criança. O encaminha‑ mento para os agentes que, por formação e uso de específicas estratégias de intervenção que poderão orientar, dirigir, incrementar, estimular e cimentar um bom desempenho linguístico, será, pois, a atitude que a família, a escola e a sociedade em geral deverão apoiar e estimular.
Este fonema é caracterizado como uma consoante vibrante simples (produzida mediante a vibração de um articulador, correspondente a um só batimento), apicoalveolar (porque o seu ponto de articulação ocorre por batimento da pon ta/ápice da língua contra os alvéolos), sonora (porque entram em vibração as cordas vocais) e oral porque o escoamento do ar, vindo dos pulmões, sai apenas pela cavidade oral.
Tendo em conta que este fonema nunca ocorre em posição de sílaba inicial mas, sim, em posição medial ou final, apresenta dificuldades acrescidas em relação aqueles que apenas se constituem como fazendo parte da sílaba universal, for mada por uma consoante e uma vogal (CrV).
Tal facto justifica ser este fonema assumido como constituinte de vários tipos de sílaba, a saber:
• C rV, consoante‑vogal (ex.: cara);
• CC rV, também designado grupo consonantal, constituída a sílaba por consoante‑consoante‑vogal, na qual surge como segunda consoante (ex.: prato; padre);
• CVC r, em final de sílaba (ex.: porta; recorte; comer);
• VC r, em final de sílaba com consoante inicial ausente (ex.: erva; arco);
• CC r VC r, em segunda e última sílaba deste complexo formato silábico (ex.: cobrir), que, nos tipos de sílaba constituídos por Cr V ou CC rV, a vogal que deles poderá fazer parte pode apresentar traço nasal, sem que se modi fique a sua estrutura silábica. São exemplo os nomes Miranda e frente. Neste caso, a estrutura da sílaba é constituída por Cr V~ ou CC rV~, respe tivamente.
Para além deste facto (pluralidade de contextos silábicos), também a atividade neuromotora que a sua articulação exige está na base da sua tardia aquisição. A elevação da ponta da língua, até atingir os alvéolos superiores, traduz um movimento fino da mobilidade lingual, para o qual se exige suficiente tonicidade e treino muscular.
Objetivo: Discriminar, auditivamente, pares de palavras relativamente à igualdade e à identificação do modelo correto para treino da perceção auditiva, de tipo verbal.
Atividade 1: Apresentar qualquer um dos pares que constam da tabela abaixo apresentada (ex.: pirata → piata) e perguntar à criança se estes se ouvem de forma igual ou diferente. A criança deverá selecionar a palavra que considera corretamente pronunciada.
Pirata
Farinha
Tesouro
Xarope
Girafa
Caracol
Dinossauro
Furador
Senhora
Tartaruga
Piata
Fainha
Tesouo
Xaope
Giafa
Caacol
Dinossauo
Fuador
Senhoa
Tartauga
Objetivo: Ampliar o vocabulário e incrementar o modelo correto de produção com o fonema‑alvo (/r/), em palavras de uso frequente e distinta extensão silábica. Para conseguir tal objetivo, a seguir se apresentam atividades que o fomentam.
Atividade 1: A criança deverá nomear todas as imagens que constam desta série e contêm o fonema /r/ em formato silábico C r V com ou sem ajuda do adulto.
Atividade 2: A criança deverá assinalar e nomear, na tabela abaixo, as ima gens que correspondem à função ou qualidade, pelo adulto enumeradas.
Como primeira opção, o adulto apresentará à criança séries diversas de elemen‑ tos gráficos, baseados naqueles que são abaixo apresentados. Posteriormente, os elementos de cada conjunto serão desorganizados e ocultados. A criança deverá reorganizá‑los e, de novo, nomeá‑los, tendo em conta o correto modelo de produção.
Uma segunda opção para esta atividade consiste em perguntar à criança qual o nome e o lugar que ocupava determinada imagem, depois de ter sido desfeita ou oculta uma qualquer ordem sequencial de imagens, inicialmente apresentadas. Uma terceira opção, que faz apelo à memória verbal, consistirá em a criança memorizar e repetir, oralmente, uma sequência de nomes, dita pelo adulto, em que consta o fonema /r/ neste tipo de sílaba, a qual poderá ou não fazer parte das imagens abaixo presentes.
EDIÇÕES TÉCNICAS
Imagens trissilábicas – sílaba medial
CORAÇÃO GIRASSOL SEREIA GIRAFA LARANJA
MORANGO ORELHA CEREJA ARANHA LAREIRA
Imagens trissilábicas e polissilábicas – sílaba medial e final
PINHEIRO BANDEIRA CENOURA BIBERÃO CADEIRA
CHUVEIRO BATEDEIRA BAILARINA DINOSSAURO CARANGUEJO
Objetivo: Explorar a compreensão e a memória verbal, através da evocação e explicitação do conteúdo de palavras que fazem parte de campos semânticos particulares.
Atividade 1: O adulto lê um enunciado considerado incompleto. A criança deverá encerrá‑lo com a palavra que considere adequada. Caso apresente difi‑ culdades, deverá o adulto oferecer‑lhe o adequado nome.
Atividade 2: Usando a palavra que encerrou o enunciado e qualquer inter‑ rogativa (O que é?; Quem…?; Onde…?; Quando…?; Porquê…?), o adulto fará uma pergunta à criança, cuja resposta faça parte do enunciado apresentado, de forma incompleta.
Ex. 1: Adulto: Quem faz o pão é o…
Criança: Padeiro!
Ex. 2: Adulto: Quem é o padeiro?
Criança: É quem/a pessoa que faz o pão.
Quem tem cara de mau e uma perna de pau é o… (pirata)
O sol é de cor… (amarela)
Os coelhos gostam de comer… (cenoura)
As fadas, para fazerem magia, têm uma… (varinha)
Quem faz o pão, é o… (padeiro)
A laranjeira dá… (laranjas)
O animal que tem um pescoço comprido é uma… (girafa)
Uma pessoa que não tem cabelo na cabeça é… (careca)
A teia foi feita pela… (aranha)
Quando está muito frio, acendemos com lenha a… (lareira)
Objetivo: Discriminar, auditivamente, pares de palavras relativamente à igualdade e à identificação do modelo correto, para treino da perceção auditiva de tipo verbal.
Atividade: Apresentar qua lquer um dos pares abaixo apresentado (ex.: erva → eva) e perguntar à criança se estes se ouvem de forma igual ou diferente, selecionando, a seguir, qual a palavra que considera corretamente pronunciada.
Irmão Imão
Orca Oca
Harpa Hapa
Árvore
Avore
Artur Atur
Arco Aco
Ervilha
Evilha
Objetivo: Ampliar o vocabulário e incrementar o modelo correto de produ ção com o fonema‑alvo (/r/), em palavras de alta frequência de uso e distinta extensão silábica.
Atividade 1: A criança deverá nomear todas as imagens que constam desta série e contêm o fonema /r/ em formato silábico VCr, com ou sem ajuda do adulto.
Atividade 2: A criança deverá assinalar e nomear, na tabela abaixo, as ima gens que correspondem à função ou qualidade, pelo adulto enumeradas.
• Vou ao cinema com o meu irmão.
• Passo férias com os meus primos, em Borba.
• Canto na igreja com o grupo coral.
• Vou para a escola com o Duarte.
• Como com a Teresa e a Francisca na cantina da escola.
Objetivos:
• Consolidação de modelos fonológicos dos quais faça parte o fonema /r/;
• Ampliação do vocabulário básico;
• Sensibilização para o reconhecimento e uso da rima;
• Alargamento dos domínios semântico e pragmático da linguagem;
• Compreensão de sentidos implícitos, na linguagem produtiva;
• Treino da memória auditiva, de tipo verbal.
Atividade 1: O adulto pronunciará dois versos de cada vez, pertencentes a cada uma das quadras, com rima cruzada. A criança deverá memorizá‑los, reproduzindo‑os oralmente. O adulto prestará particular atenção à forma como a criança pronunciará os nomes que contêm o fonema /r/.
Atividade 2: A criança tentará repetir a quadra completa, depois de o adulto a ter pronunciado, de forma lenta. Sempre que necessário, este ajudará a criança a reproduzi‑la, preservando o acesso ao correto modelo de produção dos nomes que dela constem e contenham o fonema /r/.
Atividade 3: O adulto pronunciará, lentamente, cada uma das quadras. A criança deverá identificar as palavras que, em cada uma delas, se empare lham por terminarem da mesma forma ou sejam passíveis de rimar.
Atividade 4: O adulto, pausadamente, pronunciará cada verso. De seguida, conduzirá a criança à exploração do seu conteúdo.
Atividade 5: O adulto apresentará uma palavra, ao acaso, à criança, pedindo ‑lhe que encontre uma outra que com ela rime usando, de preferência, aquela(s) que contenha(m) o fonema /r/, em qualquer tipo de sílaba.
Eu adoro a natureza
Com o rio e com o mar
Do rio vem a beleza
Da lua vem seu luar
Os palhaços mostram ter
Sempre uma grande alegria
Pois sua forma de ser
Alimenta a fantasia
Gato e rato são rivais
Ambos com grande esperteza
Daquela que animais
Ao homem mostra grandeza!
O futebol é desporto
Não é qualquer malandrice
E quando corre pro torto
Então é grande a chatice!
Fui o doutor consultar
Pois febre, alguma, eu já tinha
Deu Benuron pra tomar
E dois dias de caminha
Gosto de ir ver o mar
E pensar que no verão
Gosto muito de brincar
E de fazer natação
Se estiveres doentinho
O doutor te vai curar
Logo te dá remedinho
Pra bem depressa ficar!
Diz a borracha pro lápis:
Ai, como é bom escrever!
Minha vida é emendar
Os erros que alguém fizer
Macaquinho e jacaré
Começaram a dançar
Mas ao torcerem o pé
Desataram a chorar
A escola é um lugar
Onde vamos aprender
Como devemos estar
Sempre atentos, chama a arder!
Gosto do canto do galo
Na aldeia ao acordar
Parece alguém a quem fala
Que o dia vai começar
Gosto muito de somar
Não menos subtrair
Gosto de ver aumentar
E nunca ver diminuir
Na escola há amizade
É muito bom aprender
E não importa a idade
Aprender é até morrer
Corre, corre, todo o dia
A pobre da formiguinha, Pensando com alegria
Ir encher a barriguinha!
A lebre é muito veloz
Corre que nem avião!
O leão é bem feroz
Mas tem um bom coração
Fui a casa da Maria
Pois dela tinha saudade
Ficou com grande alegria
Por tal gesto de amizade
A girafa vai a andar
Com seu grande pescocinho
Difícil é lá chegar
Para lhe dar um abracinho.
Quando souberes dançar
O vira do alto Minho
Logo poderás lembrar
O voar de um passarinho
Objetivos:
Tenho no meu mealheiro
Dinheiro para comprar
Uma prendinha barata
Muito não quero gastar!
Co’a professora aprendemos
Muito sobre a Natureza
Mas o que nós mais gostamos
É da língua portuguesa
• Treino da memória auditiva verbal e da organização e sequenciação espa ciotemporal;
• Evocação de palavras escutadas, de frequente uso, que contenham o fone‑ ma /r/;
• Estabilização da correta produção do fonema /r/ em seus múltiplos contex tos silábicos;
• Recriação linguística através do apelo à imaginação, domínio vocabular, composição morfossintática individual;
• Exploração do conhecimento linguístico nas dimensões fonético‑fonológicas e semântico‑pragmáticas.
Atividade 1: O adulto, inicialmente, fará a leitura, pausada, de cada parágrafo das narrativas abaixo apresentadas. Depois de apresentado um exemplo, ele pedirá à criança que, no referido parágrafo, ela identifique as palavras nas quais ouviu o fonema /r/. O modelo correto ser‑lhe‑á oferecido caso a criança não o domine.
Atividade 2: De seguida, o adulto lerá o texto em velocidade normal. Quando finalizada a leitura, ele pedirá à criança que tente reconstruí‑lo, verbalmente. Caso necessário, a criança deverá ser auxiliada em suas fragilidades de recons trução da narrativa, tanto no que diz respeito à organização básica da mesma, como no correto uso de palavras das quais faz parte o fonema /r/.
Atividade 3: O adulto conduzirá a criança para a exploração dos conteúdos do texto, através de estratégias variadas que façam apelo ao conhecimento da língua, usando palavras do texto:
• Exploração do conhecimento da fonologia (número de sílabas, localização, substituição, omissão e inserção silábica no contexto da palavra);
• Ampliação léxico‑semântica (exploração cognitivo‑linguística multiface tada: evocar/adivinhar palavras que contenham o fonema /r/ através da descrição de seus variados atributos, antónimos e sinónimos, palavras do mesmo campo semântico, etc.);
• Atividades de pragmática que fomentem a interação comunicativa e a pro‑ jeção oral de vivências interpessoais.
Atividade 4: A criança fará uma ilustração sobre o material verbal escutado.
Numa velha cozinha, juntinho ao forno e num buraquinho apertado, morava uma família de formigas.
Assim que a dona da casa, D. Teresinha, entrava na cozinha, as formigas aproximavam‑se. Formavam uma grande fila e ficavam à espreita. Certo dia, a formiga mais pequenina, a quem todos chamavam formiga cozinheira, desceu pelo buraquinho, subiu até ao balcão da cozinha e ali ficou atenta à receita e aos bocadinhos de massa que a senhora guardava, para fazer o seu bom cozinhado.
A D. Teresinha fazia sempre a mesma tarte: morango em forma de coração.
Ora, como ela era muito distraída, dizia sempre, em voz alta, os ingredientes que levava a tarte para não se esquecer: ovos; farinha; açúcar; fermento; sumo de laranja e morangos… agora é só misturar tudo, com a batedeira!
Em pouco tempo, a massa amarela e bem cheirosa, passava para a forma, com formato de coração e era colocada no forno.
Ora a formiguinha cozinheira, que era muito esperta, roubava, cada dia, bocadinhos de massa que sobravam e com eles começou a fazer também ela, pequeninas tartes que, sem a dona da casa saber, as levava ao forno quando ela não estava na cozinha.
Nunca a dona da casa, que era muito distraída, se apercebeu que no forno coziam também pequeninas tartes em forma de coração que as formiguinhas, em fila, escondidas no buraquinho apertado, esperavam todos os dias, feitas pela formiguinha cozinheira, no forno da D. Teresinha