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INTRODUÇÃO Por Jorge E. M. Geisel Noite maravilhosa. O céu azul julino, límpido e coberto nitidamente por infindáveis corpos luminosos. Como são lindas as noites no Rio Grande do Sul! Aquele frio noturno, gostoso que tanta magia exerce sobre as noites do inverno sulino... Diante de tanta beleza paisagista e tanto esplendor natural, quem passasse pela estrada, ligando Carazinho a Sarandi, não se aperceberia de que em meio tão silencioso estivesse concentrados, no topo da bela coxilha, mais de trinta pessoas. A quebra do silêncio respeitoso talvez, era somente percebido quando um enorme disco alaranjado apareceria crescendo num ângulo de 50º sobre o horizonte amplo, além do Rio da Várzea, município de Palmeiras das Missões. Durante muitas noites fenômenos estranhos foram observados pela plateia cada vez maior. As especulações eram as mais diversas. Houve até quem pensasse em vender cachorro quente e graspa na afamada coxilha da fazenda Biotônico... A paróquia estava diferente. Aquele povo caseiro, de vida tão bem regrada, agora saía para os campos à noite, molhando-se no orvalho das noites gélidas e conjeturando sobre a vida em outros mundos. Era demais para o vigário Ginochinni e seu séquito. O padre Menepipo falava na rádio local no dia seguinte que as saídas noturnas dos maridos cheiravam a pecado. Meses após ele casava, sem nunca ao menos ter visto um disco voador. O povo estava se afastando noturnamente dos lares para o templo ilimitado da natureza e quais atenienses divagando filosoficamente sobre a Vida Universal. Sarandi era uma Tebas transformando-se rapidamente demais numa Atenas. As forças da reação não demoraram a surgir. Os fenômenos que teimavam em aparecer, frequentemente, foram sendo abandonados em sua observação. Não faltaram também as identificações, inocen-