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UMA JUSTIÇA DIFERENTE Já tínhamos tomado a bebida e aguardávamos a refeição, quando me chamou a atenção o aspecto de um homem, que se encontrava no lado de fora em frente à porta. Principalmente seu traje, pois por toda a parte eu não vira uma pessoa mal vestida. Este, além de mal vestido, ainda demonstrava um rosto sofredor. Seu traje consistia de um tipo macacão, meio sujo e desbotado, sem cobertura na cabeça e com um calçado velho nos pés. Quando ele viu que eu o fitava ele me falou, porém não entendi nada, mas pelos seus gestos percebi que pedia o que comer. Encarei Acorc e perguntei: - Como é que o senhor me disse que aqui não há pobres, nem ricos, que são todos iguais? - Sim, assim é. - E este aí, o que é então? - Este aí é o seguinte: vê o que ele tem no pescoço? - O quê? Aquela corrente com medalha? Sim, o que significa aquilo? É algum religioso? - Não, pelo contrário, é um criminoso. - Um criminoso? - Exatamente. - Mas qual foi o crime que ele cometeu? - Não sei, não o conheço. - Então como o senhor pode dizer que é um criminoso? - Bem, vou lhe explicar: Aqui em Acart não existem prisões (continuei a ouvi-lo meio confuso). A pessoa que cometer um crime é julgada de acordo com a culpa, recebe o castigo que é, desde a transferência do trabalho leve para o pesado, até a pena de morte. O crime deste deve ter sido de grau médio para grande, mas não tão grande que merecesse a pena máxima, por isso o condenaram a não sei quanto tempo a pena de exclusão da sociedade.