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ABREVIANDO MEU REGRESSO Acorc fez as manobras de sempre e, em poucos minutos, já estava longe para trás, o edifício de 20 quilômetros. - Para aonde vamos? Perguntei. - Para Tarnuc, respondeu ele. - Sim, mas eu me refiro se vamos direto para sua residência ou se vamos... interrompi a frase, mas ele, adivinhando o que eu queria dizer, respondeu: - Bem, se está mesmo com vontade de abreviar o seu regresso à Terra, podemos ir direto à residência do Filho do Sol e ver o que se pode resolver. - O senhor acha que ele concordará em nos deixar partir antes do dia de amanhã? - O pedido feito por você, creio que concordará. - Então não seria bom que fôssemos direto para a residência, porque, se ele concordar, terão tempo de preparar tudo para a partida, pois certamente estão preparados para partir amanhã à noite. - Sim, acho mesmo. Já que ele havia baixado duas capotas, eu procurei terminar depressa nosso assunto para poder olhar para fora, a fim de observar as cidades que íamos sobrevoando. Não vou tentar descrever o que é olhar uma cidade de Acart numa noite escura (aliás como são todas) voando por cima a 2 ou 4 mil metros de altura. É inteiramente impossível para mim. O que posso dizer é que me fez lembrar o tempo em que eu era menino e meus pais foram morar num sertão, que de planícies não tinha nada e lá estavam novos moradores todos os dias e, consequentemente, tinham que fazer novas derrubadas de matas e ali, em agosto ou setembro, nos dias de sol queimavam alqueires e mais alqueires. Como morávamos em um lugar bem alto, eu nas noites bem escuras, ficava horas a contemplar aquele colorido vermelho das labaredas que consumiam os restos das madeiras mais secas cá e lá.