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A EXPLICAÇÃO DO INCIDENTE Deixaram-me só com aquele homem. Pensei com meus botões: Há de haver qualquer novidade, boa ou má. Então, me olhou e com um sorriso franco disse: - Venha, em alemão. Seguido por mim, percorremos um curto corredor e fomos dar em uma porta grande, que depois de transposta nos levou a uma rua estreita de uns seis metros de largura, supermovimentada por pedestres. Não se torna necessário dizer, que cada pequeno detalhe que se apresentava, deixava-me tão estupefato que nem a voz me vinha em certas ocasiões. Naquela altura, eu não diferia de um autômato. O que via, ouvia e sentia, aceitava tudo como uma imposição alheia à minha vontade. Sabia apenas que tinha de obedecer ao que me era indicado fazer. Desejava desesperadamente saber onde estava, com quem tratava, mas pedir explicações a quem, se todos que me cercavam não me entendiam e vice-versa. Entre tantas coisas, duas particularmente chamaram minha fraca atenção naquele momento: a lenta movimentação daquela massa humana e o forte resplendor emitido pelas paredes dos edifícios, que quase me cegavam no início. Aos poucos, entretanto, fui me acostumando, e pude então constatar a variedade de cores, com exceção do preto e do branco que eu conheço. Havia de todas as cores. Seguimos uns quarteirões, sem encontrar um só veículo. Sempre um mundo de gente a pé, que pelo visto, não sabiam nada a respeito de minha presença entre eles, pois passavam por mim sem notar a diferença entre mim e eles; eu usava uma capa e um tipo de gorro. As minhas vestimentas eram completamente diferentes das deles, assim como o calçado. Em certo momento, quando nos encontrávamos entre dois prédios médios, olhei para cima. Confesso que quase morri de susto. O céu estava salpicando de uns veículos aéreos, que pensei tratar-se de aviões prontos para desfechar um ataque em massa contra aquele in-