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SAUDADES E SOBRESSALTOS NO FIM DO DIA Assim que Acorc se retirou por uma porta à minha esquerda, fiquei sozinho, recostado na cadeira, com os braços cruzados, cansado e louco de sono. Comecei a meditar sobre a situação. De Acart à Terra, eram 60 milhões de quilômetros, não era possível, estaria sonhando!? Minha mente era todo um turbilhão de ideias, comecei a falar sozinho e disse: Por que não acordo? Comecei a balançar a cabeça como quem desperta de uma soneira, abri bem os olhos, pestanejei várias vezes, olhei para as paredes, para os móveis e então abaixei a cabeça, pus as mãos no rosto e deu-me vontade de chorar, gritar, fazer não sei o quê. À medida que ia me aprofundando nesses pensamentos, menos entendia o que estava se passando a meu redor naquelas últimas horas. Fui obrigado a me levantar e comecei a passear pela sala, passei uma mão na testa, pois suava frio, tremia dos pés à cabeça, sentia uma fraqueza incrível. Deu-me uma vontade de sair correndo e abrir a porta por onde Acorc tinha saída e ir procurá-lo, porque aqueles minutos de solidão estavam me aniquilando. Por fim procurei afastar da mente aquele turbilhão de ideias. Disse para mim: Ora, que insignificante é o homem perante as coisas que Deus criou: o Sol, Terra, Acarte e tudo mais, enfim! O que adianta eu estar me torturando com meu destino, se existe grandes coisas e Deus as manobra como é seu desejo! Que dirá de mim? Se ele quisesse, poderia enviar-me ao sol, sem que nada me acontecesse. Assim como vim parar aqui, também poderei voltar da mesma maneira. Um pouco mais animado com este pensamento de entregar tudo nas mãos de Deus, pois o que se passa com tudo e com todos é simplesmente sua infinita vontade, continuei a andar de um lado para outro já mais calmo. A porta se abriu e sorridente entrou Acorc acompanhado de seu