Vulnerabilidade e o uso de drogas

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Matemática é considerada pelos modernos - empiristas, iluministas, positivistas, marxistas e mesmo freudianas – como faculdade psíquica fulcral à descoberta da verdade. É sobre o chão dessa lógica que emerge a chamada ciência moderna ou aquela que se fundamenta na recusa ao subjetivo e evidencia a importância do objetivo. A natureza da modernidade é racionalista e ultranacionalista, logo, é intensa e densamente objetivista. Conforme Edgar Morinc,5, a ciência moderna compreendeu e explicou a vida sob a regência da racionalidade matemática. Se o avanço e o crescimento são as matrizes geradoras do paradigma moderno, podese dizer que a obsessão desse modelo de sociedade foi a dominação do conhecimento e a sua proliferação de modo ostensivo. O primeiro e mais importante objetivo dessa forma de compreender e explicar a vida foi, sem dúvida, a proliferação do conhecimento embasado em estudos matemáticos, físicos, químicos e biológicos. Na lógica do paradigma moderno, a ciência – ou o conhecimento científico – deve ser a régua que mensurará todos os tipos de saberes realmente valiosos para o desenvolvimento de uma pessoa tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito social. A ciência funcionará como uma espécie de norte que tratará de conduzir o ser humano ora para o avanço ora para o crescimento. Figura 4: Modelo moderno Moderno

Ciência

Razão

Difundir

Conhecer

Proliferar

A instituição de significados numa perspectiva da modernidade tem relação com os interesses que fundamentam tal modelo paradigmático. Nesse sentido, quando se pensa as redes de significações forjadas na e pela modernidade, pensa-se em compreensões e explicações racionais e matemáticas para a vida. Sob a regência de algumas correntes do paradigma moderno, a descoberta da verdade, embora não seja mais oriunda de uma ação meta-humana, ainda é uma descoberta e não uma construção. Isto é, ainda é uma ação exógena à vontade do ser humano, forjada em alguma motivação superior ao desejo do homem ou da mulher. Há expressivas diferenças entre os dois paradigmas até então tratados, mas há também similitudes as quais não podem ser desconsideradas, ainda que numa análise mais simples, como a que ora se faz aqui. A modernidade quis o avanço e o crescimento, mas não conseguiu se libertar de muitos ideais medievais. Edgar Morin é antropólogo, sociólogo e filósofo. Pesquisador emérito do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Autor de mais de 30 livros, entre eles: O método (seis volumes), Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro. Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da Resistência Francesa. É considerado um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos da complexidade.

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