seus comerciais para televisão. Mas no bairro não tinha só a Arno, tinha outras empresas, Linhas Corrente que me lembrava de minha avó que só comprava linhas para fazer crochê se fossem da Corrente... e lá fui eu bater na porta da empresa, fiz alguns filmes de treinamento e institucionais. Mas tinham outras empresas, entre elas Móveis Lafer, General Motors, algumas metalúrgicas ligadas a área automobilística. Lembro de uma cujo dono, um senhor já de meia idade foi nos procurar, pois soube que tinha uma produtora com preços justos e que poderia produzir filmes de treinamento e de vendas. Faz tanto tempo, mas me lembro perfeitamente do seu rosto, mas não me lembro de seu nome nem o nome de sua empresa, o registro que tenho é que começava com M... Ainda nessa época, em 1975 fizemos o filme do cinquentenário da GM no Brasil.... O tempo passou e chegamos na década de 80. Filhos pequenos, um dia lembrei que fui levada para conhecer o símbolo da liberdade do Brasil e dessa vez fui eu que segurei nas mãos dos meus filhos para conhecerem a história do nosso país. Nessa época passava pelo Ipiranga para ir para a Ford Caminhões e Tratores em SBC, foi o engo Julio Kroll que me indicou um restaurante que tinha a melhor paella do bairro, se não me falha a memória se chamava La Parra, o dono, um espanhol da gema era o chefe da cozinha, Don José e, sua esposa Dona Maria, responsável pelo salão e caixa. Fiquei freguesa, e durante alguns anos era ali que marcava meu almoço quando tinha reuniões na Ford, e nos finais de semana gostava de levar amigos para conhecerem a verdadeira Paella espanhola. Anos depois voltei, mas infelizmente Don José não estava mais lá, tinha partido. Fiquei longa data sem passar pelo bairro do Ipiranga... Recentemente, Manoel Carlos Conti, o criador da revista Magazine 60+, da qual colaboro com esta coluna desde o primeiro número, me disse que gostaria de me apresentar à uma pessoa do grupo de trabalho 60+ que precisava de alguém na área de pesquisa para resgatar a história do bairro do Ipiranga. E foi Flavio Luiz Passaia quem me telefonou, Ipiranguista, apaixonado pelo bairro e coordenador do núcleo que resgata a história do Grito do Ipiranga. Voltei no tempo e me lembrei da impressão que tive na primeira vez que pisei no solo onde D. Pedro I gritou “Independência ou Morte” a pedra lançada para o Brasil Império que um dia se tornaria República. Refletindo sobre a importância desse ato, ficou claro que o Ipiranga é o marco da Liberdade do nosso povo, mais que isso, a história de São Paulo e do Brasil. E cá estou eu, feliz e honrada por fazer parte desse grupo coordenado por Flavio Passaia. A iniciativa de resgatar a história do nosso país, é um ato de cidadania, de respeito para com nossos antepassados e um legado para as futuras gerações, pois o bairro não é só um fato histórico, mas a história do desenvolvimento da cidade de São Paulo, do estado e do país. É a história que passa com o tempo, semeando as sementes da vida. Registro meu agradecimento às pessoas da equipe Grito do Ipiranga: Flavio Luiz Passaia - Sandra Vita - David Blaser e muitas outras pessoas
magazine 60+ #27 - Setembro/2021 - pág.24