A diferença, agora, é que ambos estão mais velhos, mais vividos e se conhecem mutuamente. Pior, acreditam que se conheçam completamente. Não percebem que a vida lhes oferece a oportunidade de se reapaixonarem por si mesmos e por aquela pessoa com quem conviveram por todos esses anos, renovando sua amizade, confiança e cumplicidade, agora em novos termos. Muitos casais, pelo hábito que criaram de se fazer acompanhar por seus cônjuges desde muito cedo, não percebem esses novos tempos e agem como se ainda tivessem muitas outras preocupações que não o seu próprio bem estar. Que tal o casal pensar em fazer algo diferente? Viajar, ir ao teatro ou ao cinema, frequentar o grupo de amigos, fazer caminhadas, praticar natação, levar os netos para a praia e ensiná-los a empinar pipas, participar de um programa de ajuda comunitária etc.. Nós, da Feliz Idade elaboramos atividades que visam garantir a quem envelhece, a exercitação de suas funções cognitivas, da participação social, da união e força do grupo, do valor da contribuição individual, o resgate da auto estima e outras tantas condições que servirão como um benefício a mais para o envelhecimento ativo e saudável. Plácido Augusto di Salvo – Rio de Janeiro - RJ 2 – Oi gente. Com o mundo tão mudado eu sinto que envelheci 10 anos nessa pandemia. Minha energia está no final e gostaria de saber dessa respeitosa revista se a única saída para quem chegou aos 70 anos é ficar sentado esperando que o mundo acabe. Perdi minha esposa nessa pandemia e não sinto mais vontade de nada. Gostaria de receber um conselho. Sr. Plácido, a pandemia pegou o mundo inteiro desprevenido. De forma muito particularizada fomos todos surpreendidos com a realidade que se impunha e tivemos de nos adaptar, rapidamente, às medidas que a ciência fez saber como sendo necessárias: distanciamento social, isolamento, não aglomeração, uso de máscara, álcool em gel, lavagem frequente das mãos. Tivemos e ainda temos que fazer um exercício diário de altruísmo e abnegação: agir individualmente pensando no coletivo para salvaguardar o maior número de vidas. Nem por isso deixamos de ver pessoas queridas partirem abrindo um vazio enorme em nossas vidas e corações. O falecimento de alguém neste tempo, qualquer que tenha sido o motivo, parece amplificar nossa dor, pois nos sentimos frágeis, pequenos, desamparados frente a um contexto implacável. O desânimo, a tristeza e a sensação de derrota se fazem presentes e aos poucos vão minando nossas estruturas e crenças. É nesta hora que precisamos reagir, pois sabemos que a vida é muito maior que a pandemia ou as desventuras que nos atingem. Procurar os amigos, mesmo que virtualmente ou por telefone, conversar com eles, trocar ideias, fazer planos; buscar aprender algo que sempre quis, mas não teve oportunidade de fazê-lo; auxiliar outras pessoas doando parte de seu tempo a obras de caridade; procurar maior convivência com filhos e netos; lidar com a terra, cultivar e cuidar de plantas. Essas são algumas das possibilidades de atividades possíveis de se fazer para, como o senhor mesmo disse, não “ficar sentado esperando que o mundo acabe”. Nós, da Feliz Idade temos outras alternativas de vivências para quem está envelhecendo. Atividades individualizadas ou em grupos – pequenos grupos – visando a manutenção das habilidades intelectuais, a preservação da autonomia, o fortalecimento das relações pessoais, entre outras, ampliando a qualidade de vida. Tudo feito de forma a respeitar o momento de vida das pessoas, suas características, seu ritmo e desejo.
magazine 60+ #27 - Setembro/2021 - pág.60