por onde sonho e trafego mares planos de incertezas na esperança de algum pôr do sol de estrelas Como quem cose auroras, teço fios de ouro e prata nos meus passos e esparramo pistas plenas de poesia ...O resto é segredo
tempo nessa autêntica e voraz identidade em que eu já me fiz mulher dona de si Eu me apresso em resguardar minhas verdades e a vibrar por praticar minhas vontades e a poder dizer: - Confesso que vivi!
IDENTIDADE De repente, meu olhar tropeçou naquela foto, e caiu. Porque eu não me reconheço mais naquele olhar tristonho de cãozinho rejeitado em noite fria. Todavia, eu sei que estive ali, naquela solidão de barco que balança à deriva em mares de tormenta. Em toda via, eu sou quem era ali naqueles olhos súplices de nuvem e chamuscados por faíscas de esperança. E hoje em dia, quando resvalo o olhar na borda de um espelho vejo nas rugas rios ricos de chegança em mar sem rusgas e oceanos sem rasuras. Porque, agora, no avançado do meu
PERANTE O ESPELHO Perante o espelho eu me desarmo e travo e armo as claraboias da lembrança São poucas minhas rugas, mas na alma, há chaga e geme, há dor que não se cansa. Perante o espelho empalideço e ardo e só me espanto se me desconheço enquanto choro, eu me enterneço e tardo na volta para onde há esperança. Perante o espelho eu me apavoro e paro e me apodero de uma fortaleza São muitas minhas marcas mas me espalho e encontro em cada talho uma beleza.
magazine 60+ #27 - Setembro/2021 - pág.74