Projetos na EFASERRA: um estímulo à aprendizagem e a um novo tempo Rosa Ana Bisinella* Vania Marta Espeiorin* O ensino e a aprendizagem por meio de projetos evocam uma palavra que valoriza o encontro, a união, a troca... Essa palavra é interdisciplinaridade. E estamos nos referindo ao que ela oportuniza em termos de encontro entre docentes de diferentes áreas, de união entre estudantes de distintos ritmos de aprendizagem e de troca de saberes e vivências entre educadores e alunos e alunas tanto presencial quanto virtualmente. Pois, este novo tempo em que vivemos, o qual exige enfrentamento a um vírus que não enxergamos e precisamos evitar aglomerações para que não se dissemine, a educação teve que se adaptar a sistemas híbridos, envolvendo o real e o universo on-line. Nesse contexto, quando o assunto é projeto de ensino-aprendizagem, interdisciplinaridade caminha abraçada a outra palavra: interação. Vasconcellos (2002, p. 103) ressalta que “um projeto será tanto melhor quanto mais estiver articulado à realidade dos educandos, à essência significativa da área do saber, aos outros educadores (trabalho interdisciplinar) e à realidade social mais geral". Na Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (EFASERRA), com cerca de 150 estudantes e uma equipe qualificada de quase 20 monitores, há projetos que têm aproximado conhecimentos e reflexões. Os educandos se envolvem e aprendem muito sobre o mundo agrícola por meio dos conteúdos e práticas interdisciplinares que esses projetos viabilizam. Na EFASERRA, cuja base é a Pedagogia da Alternância e o ensino é voltado, principalmente, ao jovem do campo, com formação de Ensino Médio concomitante ao curso de Técnico em Agropecuária, o tra-
Quando o assunto é projeto de ensino-aprendizagem, interdisciplinaridade caminha abraçada a outra palavra: interação. balho final é em forma de projeto e se assemelha à proposta da Base Nacional Comum Curricular/BNCC (BRASIL, 2018, p. 473). O documento nacional realça que é “papel da escola auxiliar os estudantes a aprender a se reconhecer como sujeitos, considerando suas potencialidades e a relevância dos modos de participação e intervenção social na concretização de seu projeto de vida”. E é por esse caminho que o Projeto Profissional do Jovem (PPJ), trabalho de final de curso na EFA, é construído. Todo estudante do terceiro ano o elabora, pensando nos próximos passos que sonha dar à sua vida no âmbito rural. Ao mesmo tempo que desenvolvem o projeto, seguem frequentando as aulas do Programa Jovem Aprendiz, iniciativa fundamental para a juventude. Na prática, projetos e Programa Jovem Aprendiz dialogam no percurso de ensino ofertado na EFASERRA. Em conversa com estudantes, ficam nítidos essa relação e os benefícios do Jovem Aprendiz no dia a dia da garotada. Segundo os alunos, é uma chance de aprendizado técnico sem precisarem abandonar a escola ou o campo, “e que mostra possibilidades de trabalho e de mercados disponíveis e reais para aperfeiçoarmos a atuação ali em frente”. Enquanto absorvem novos saberes, ainda recebem um valor que auxilia na independência financeira, e ampliam o convívio entre colegas. “O Jovem Aprendiz olha para
nossa autoestima e para as relações humanas que nos constituem como cidadãs e cidadãos”, entendem os estudantes. Esse diálogo entre projetos e entre as diversas disciplinas que o Ensinos Médio e Técnico preveem fortalece o aprendizado. E seu resultado acaba sendo um convite aos estudantes da EFASERRA continuarem se qualificando para que o campo e também a cidade sejam ambientes melhores para todos viverem. REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. São Paulo: Libertad, 2002
*Monitoras na EFASERRA.
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