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sem exceção: a vocação à santidade. O bem, porém, é um dever que se impõe ao homem, porque é na prática do bem e na busca do Criador que o homem exerce plenamente a sua liberdade. Os sentimentos ou afeições que existem no homem não são boas nem más, não possuem valor moral. Contudo, são boas quando são ferramentas usadas pelo homem para fazer o bem, e más quando o contrário. Sendo o pecado a renúncia a Deus e amor de si mesmo, quando praticado e movido pelas paixões, essas são más. Quando, porém, as paixões contribuem para que o homem renuncie a si mesmo em favor de Deus, do próximo (servir a Deus no outro), são boas. A prática do bem, o agir por Cristo, em Cristo e com Cristo, buscar entender e atender às inspirações do Espírito Santo faz do homem um ser virtuoso. O modo de ser, ou seja, o conjunto de hábitos que fazem parte do homem são bons ou ruins se contribuem ou não para sua santificação. Como um ser livre, o homem pode escolher por adquirir, alimentar ou extirpar do seu ser hábitos, fazer escolhas. Os hábitos, quando bons, são chamados virtudes. As virtudes são disposições práticas que amadurecem o homem na prática do bem, na busca pela santidade, vocação primeira do mesmo. Quando maus, os hábitos são chamados vícios. As virtudes são, na prática, uma docilidade ao Espírito Santo; enquanto os vícios são práticas de resistência a ação do mesmo Deus. Sendo o pecado uma negação de Deus, tem suas consequências. O homem procede de Deus e o pecado fere a natureza do homem, porque Deus é Bom (Lc 18, 19), caminho, verdade, vida (Jo 14, 6) e humilde servo (Fl 2, 6-7); e o homem não o é, mas deve buscar Aquele que é. Como o pecado é essencialmente uma renúncia a Deus, reflete numa renúncia à essência do homem, que é o Criador. Existem muitos modos de pecar e duas espécies de pecados: o pecado venial e o pecado mortal. O pecado mortal é todo e qualquer pecado em matéria grave contra um dos Dez Mandamentos. Enquanto o venial, são faltas leves, mas que não deixam de ser faltas. O pecado é um ato pessoal e consciente. Para um ato ser pecado, o homem deve ter o conhecimento de tal, deve haver a matéria e estar presente a liberalidade, ou seja, querer fazêlo. O pecado é o ato de negar a salvação de Deus e sucumbir aos vícios, ou seja, resistir à ação do Espírito Santo, tornando-se livremente escravo da morte.
5.4 A Oração Cristã
Tão eficaz é a oração para santificar-nos, que os Santos repetem à porfia este adágio: ‘Sabe bem viver quem sabe bem orar.’ A oração, de fato, produz três maravilhosos efeitos: desapega-nos das criaturas, une-nos totalmente a Deus e transforma-nos progressivamente em Deus. (CTAM 517)