ME ACOMPANHE SE PUDER
O D A N O X I A P A M E M O UM H
Por Fernando de Freitas
O R T S E A M S O L R A C O Ã O J S N I T R A M E
stamos diante de um homem apaixonado. Pela música e pela vida. Em seus olhos e suas famosas mãos vemos todo amor do maestro e pianista João Carlos Martins. É fácil começar a conversa, ele é didático, mas nunca professoral, trata com carinho as palavras e o entrevistador. Se devemos chamar de música clássica ou erudita? “Pode chamar de clássica!”, ainda que exista uma distinção de conceitos, ele adequa o discurso ao seu público e emenda: “na minha opinião, só existe música boa”. E, realmente, para ele só existe um tipo de música. Àquela música que não lhe prende a atenção e que, em meses será esquecida, ele não dá atenção. Um homem que dedica sua vida a construir não precisa dedicar um momento de seu talento para algo que não seja sua generosidade. Não é de se ignorar que um músico que se dedica a gravar toda a obra de Bach seja um homem profundamente religioso. Ele se diz conservador, mas, assim como a distinção entre música clássica ou erudita, não se interessa por esse rótulo. Embora em nenhum momento sua religiosidade seja tema da conversa, ela permeia a sinceridade dos atos de Martins: amor, generosidade e, claro, dedicação. Martins é, em certa perspectiva, o Jobim que permaneceu no conservatório. Cada qual expressando uma faceta do legado de Villa-Lobos, ora paralelamente, ora se entre-