Revista 440Hz - Edição 0

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DENTRO E FORA DO ESTÚDIO

O Ã Ç A D E R A N S O M A T U C S E E QU ANIMA - A MELANCOLIA ATMOSFÉRICA DE THOM YORKE

E

m seu novo álbum Anima, o eterno frontman do Radiohead, Thom Yorke, nos apresenta um pouco do clima melancólico de seu mundo. A produção é focada, em sua quase totalidade, em sintetizadores analógicos e inconsistentes, atmosferas densas e batidas eletrônicas delicadas, à sua maneira. Não poderia deixar de estar presente a clássica musicalidade complexa do compositor e seu forte gosto por escalas e acordes invulgares, além dos seus vocais fortemente emocionais e, muitas vezes, propositalmente ininteligíveis. Apesar de extremamente pessoal, o álbum nos traz ares de familiaridade, com produções clássicas do Radiohead, como o aclamado In Rainbows (2007), e o mais recente A Moon Shaped Pool (2016), que parece ter sido de grande importância para a maturação do compositor. Anima foi desenvolvido a partir de improvisações de Thom Yorke com o já íntimo produtor Nigel Godrich: a impressão que fica é que o artista sente se livre para explorar o seu lado mais cru e sem disfarces. Se ao dar play no álbum você, como eu, pensou que o trabalho daria uma boa trilha-sonora para um filme altamente artístico e alternativo, você está certo(a): três das faixas presentes em Anima fazem parte do curta-metragem da Netflix, de mesmo nome, estrelado por Thom e sua namorada e dirigido por Paul Thomas Anderson, antigo conhecido do músico. Não há diálogos, apenas música e dança e casa perfeitamente com a atmosfera da produção sonora. (IS)

LONG TIME NO SEE –PIN-UPS

U

ma boa notícia no cenário independente. Os Pin-Ups estão de volta com um álbum de título sugestivo: Long time no see. (Contextualizando os mais jovens: quem gostava e entendia de rock alternativo em 1993 não conseguia entender como os Pin-Ups não foram convidados a abrir o show do Nirvana em sua turnê no Brasil. Essa era a opinião, pelo menos, de Dave Grohl.) Com o passar dos anos algumas coisas mudaram e este é um álbum gravado com o cuidado que a pressão, os prazos e (claro) os equipamentos não permitiam no passado: “A maturidade traz calma. É o melhor disco que já fizemos “, afirma Alê Briganti, vocal e baixista da banda. “Fizemos tudo exatamente como queríamos”, conta Zé. Tudo isso transparece em faixas que se relacionam com as diversas fases pelas quais a banda passou. Mas se engana quem acha que encontrará um registro saudosista ou uma homenagem empoeirada. Em Long time no see, a banda revisita a si mesma para se reler e seguir em frente. Os Pin-Ups voltaram para mostrar como se faz rock alternativo (indie ou como quer que você queira chamar) para a molecada que está na onda do revival dos anos 1990. Os destaques do álbum ficam para Separete ways, Spining e Mexican Tale. (FF)


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