Pecuária Brasil #45

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29 DE ABRIL A 07 DE MAIO 2023 • UBERABA-MG • BRASIL ABCZ DE TODOS
45 - ANO IX - ABRIL/MAIO 2023

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NOSSA CAPA

Nesta edição, destacamos a maior exposição de pecuária zebuína do mundo: a ExpoZebu. Você vai conferir todas as novidades da edição 2023, que tem como tema os desafios da pecuária sustentável, carne e carbono.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 4

Com os desafios vividos na economia e na política brasileira neste ano, o agronegócio segue trabalhando para não ser impactado fortemente pelos acontecimentos nacionais. As oportunidades de negócios não podem ser desperdiçadas, exigindo dos criadores e empresas do setor um planejamento cuidadoso das ações e investimentos mais sólidos. Nesta edição da revista Pecuária Brasil, você vai acompanhar projetos que estão contribuindo para a solidez do setor.

O mercado externo continua demandando pela genética bovina brasileira. Um exemplo é a raça Guzerá, que terá este ano a maior exportação de touros melhoradores de sua história, rumo ao mercado africano. A procura pela genética de Nelore das mais variadas pelagens, o chamado Nelore pintado, também está aquecida. Os leilões da raça estão apresentando médias elevadas e a expectativa é de que essa valorização aumente coma a participação na ExpoZebu. Essa é a grande novidade da pista da exposição em 2023 e promete chamar a atenção dos visitantes.

E falando em ExpoZebu 2023, a feira é nossa matéria de capa, que traz as novidades e a programação completa. Entre 29 de abril e 7 de maio, a 88ª edição promete movimentar o Parque Fernando Costa, em Uberaba/MG. A “ExpoZebu de Todos” abordará desafios da pecuária sustentável, carne e carbono.

A eficiência alimentar como ferramenta de seleção é outro destaque desta edição. Várias raças já contam com pesquisas consistentes sobre o consumo alimentar. Trata-se de uma característica importante, já que os custos com nutrição impactam muito a pecuária de corte.

E fomos falar com especialistas para responder a seguinte questão: O que interfere na qualidade do sêmen? Vários processos podem comprometer a condição do material genético caso não ocorra uma boa conservação, transporte e nem sejam adotados os procedimentos corretos para inseminação. Já na pecuária leiteira vamos mostrar uma pesquisa da Embrapa com animais leiteiros que apontou o real consumo de água por vaca e nos cuidados com os animais. Ainda trazemos pesquisas na área de bem-estar animal e o uso de “brinquedos” em currais para melhorar o desempenho do rebanho confinado.

Fomos falar com várias lideranças femininas para mostrar como elas estão trabalhando pelo crescimento do agronegócio. Investimentos em capacitação das mulheres são importantes para que elas conquistem mais espaço no mercado.

Nosso entrevistado do mês é o assessor técnico da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA, Rafael Ribeiro. Ele fala sobre os desafios do setor em 2023, o ciclo de baixa da pecuária, a proposta de adoção de um sistema de rastreabilidade individual de bovinos, as fragilidades da cadeia produtiva, dentre outros assuntos.

Ainda trazemos análises sobre intensificação do sistema de produção, o mercado internacional, inteligência ativa no agro, importância da comunicação, além de dicas para vedação do silo, eventos do setor, realizações das entidades e empresas do setor e muito mais. Confira nas páginas a seguir.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 6
GUSTAVO MIGUEL E CLÁUDIA MONTEIRO Diretores
redacaopecuariabrasil@gmail.com APRESENTAÇÃO
RAÇA CAPA CARNE

Tom da produtividade

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 10 SUMÁRIO
PG. 66 34 ExpoZebu

SEMPRE NA PECUÁRIA BRASIL

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 11
14 . PECUÁRIA EM REDE 20 . PECUÁRIA INDICA 24 . AGRO NO PRATO 28 . PORTEIRA ABERTA 42 . ENTREVISTA 48 . PECUÁRIA 360 53 . RAÇA 71 . CARNE 81 . LEITE 89 . ZONA RURAL 99 . GENTE 108 . SOCIAIS 114 . PONTO DE VISTA 116 . OPINIÃO 120 . EM FOCO
em várias frentes
104
de touros Guzerá
Líder
PG.
Exportação
PG.
54
lideranças
100 Eficientes no cocho e mais lucrativos
Mais espaço para as
femininas PG.
PG. 72
#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 14
EM REDE Use a hashtag #pecBR e apareça aqui! @douglasnascente @dradaniellecmendes @fazendaesperancaqlegrete @ciamatelaranjeira #pecBR @carloslopesphoto @fazendajabaquara @jadir.bison @fazendaterraverde @gabidccarvalho @girdantas @hdaanaluz @brahmanvitoria
PECUÁRIA
ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 15
@zznperes @tabapuadage05
#pecBR
@tabapuatjg @jorgesab @junior_machado_jm @marcus.rezend @matheus.alves.oficial @murilogibertoni @neloredosozinho @nelorepintado_heliocorrea @netinhojcn @np_agropecuaria

PECUÁRIA DE ONDE

Municípios brasileiros que aparecem nessa edição

DESTINOS INTERNACIONAIS

Alegrete (RS)

Aparecida do Rio Doce (GO)

Araçatuba (SP)

Arapongas (PR)

Avaré (SP)

Barretos (SP)

Bauru (SP)

Bela Vista (MS)

Belo Horizonte (MG)

Birigui (SP)

Bocaiúva (MG)

Bom Jesus (PI)

Botucatu (SP)

Britânia (GO)

Brotas (SP)

Campinas (SP)

Campo Grande (MS)

Conceição das Alagoas (MG)

Conceição de Macabu (RJ)

Coromandel (MG)

Cuiabá (MT)

Curvelo (MG)

Curitiba (PR)

Dourado (MS)

Fortaleza (CE)

Franca (SP)

Frutal (MG)

Funilândia (MG)

Goiânia (GO)

Governador Valadares (MG)

Gurupi (TO)

Guará (SP)

Ibitiúva (SP)

Ilha Solteira (SP)

Inhaúmas (MG)

Itapetinga (BA)

Itaquirai (MS)

Jaboticabal (SP)

Ji-Paraná (RO)

Lençóis Paulista (SP)

Londrina (PR)

Luís Eduardo Magalhães (BA)

Maracaju (MS)

Maceió (AL)

Marília (SP)

Maringá (PR)

Medianeira (PR)

Morrinhos (GO)

Natal (RN)

Nova Crixás (GO)

Passos (MG)

Paulo de Faria (SP)

Patos de Minas (MG)

Piracicaba (SP)

Pompéu (MG)

Ponta Porã (MS)

Porangatu (GO)

UBERABA-MG

ExpoZebu

Porto Murtinho (MS)

Quirinópolis (GO)

Ribeirão Preto (SP)

Rio de Janeiro (RJ)

Rio Pardo (RS)

Rio Preto (SP)

Rio Verde (GO)

Sacramento (MG)

Santa Maria da Serra (SP)

São Gotardo (MG)

São Paulo (SP)

Soledade (RS)

Salvador (BA)

Terenos (MS)

Três Passos (RS)

Uberaba (MG)

Uberlândia (MG)

Vale do Paraíba (SP)

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 18
Austrália Bolívia Camboja China
Estados Unidos Guatemala
México
Perfil Roberta Bertin
LINS - SP Índia Japão
Senegal Uruguai
sindidaporangaba.com.br contato@sindidaporangaba.com.br @fazendaporangaba SINDI: ARAÇADE DUPLAAPTIDÃO QUEMAIS CRESCE NOPAÍS 9.9139-3430 +55 (16) 9.9177.7514 +55 (16) 3610.0302 +55 (16) Helena Felipe 20 MAIO 2023 - SÁBADO 14H JA R D I N Ó P O L I S / S P T R A N S M I S S ÃO : AG R O C A N A L 5°LEILÃOSINDIPORANGABA

De autoria de Xico Graziano, o livro “Desen volvimento e democracia no campo” expõe, de uma forma clara e fundamentada, o vigoroso processo de transfor mação ocorrido na agricultura brasileira nas últimas décadas. Uma economia rural oligárquica e primária, rumo ao capitalismo tecnológico e globalizado. Os re sultados dessa história modernizadora nem sempre são favoráveis a todos os personagens do campo. Há vence dores e perdedores, e existem aqueles que ainda aguardam as oportunidades de progredir ou temem a derrocada. O livro está disponível para venda online.

Desenvolvimento e democracia no campo

Xico Graziano | Editora Baraúna | 1ª Edição | 330 páginas R$49,00

DESENVOLVIMENTO E DEMOCRACIA NO CAMPO PLATAFORMA DE CONTEÚDOS

Buscando oferecer cada vez mais inovações para o mercado, a JA Saúde Animal lançou em março a Plataforma JA Play, um ambiente voltado para abrigar conteúdos técnicos relevantes no contexto da saúde de animais de grande porte. Lá, o usuário tem acesso a materiais de alta qualidade, incluindo vídeos, artigos, detalhes sobre o portfólio de produtos JA, episódios da série Porteira Adentro e outros conteúdos informativos. São mais de 150 vídeos, dentre histórias e depoimentos de pecuaristas, aulas sobre os principais desafios do campo, vídeos sobre os produtos de nosso portfólio, dentre outros.

Para ter acesso aos materiais é necessário fazer um cadastro gratuito no endereço: https://japlay.com.br/

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 20
PECUÁRIA INDICA

CERCA PARA SILO

Cercar a área do silo é uma medida de proteção indispensável. Mas é preciso fazer um cercamento de qualidade para não se arrepender mais tarde. A Belgo Arames desenvolveu a tela Belgo Javaporco®, cerca inteligente e versátil, com 11 fios na horizontal, que comprovadamente impede a invasão de animais. Além disso, entrega alta durabilidade devido à camada pesada de zinco e alta resistência ao impacto de animais de médio e grande porte, além de ser um produto de fácil instalação e manutenção.

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Vinho nacional e a Vindima 2023

Ovinho nacional vem, a cada ano, conquistando importante espaço na adega dos consumidores brasileiros e do mundo afora. Tecnologia, ciência e gestão podem ser consideradas o tripé para esta conquista e consequente sucesso de nosso vinho.

No entanto, na colheita deste ano, todo este reconhecimento foi tremendamente comprometido, por grave denúncia de uso de mão de obra análoga à escravidão pelas três maiores vinícolas brasileiras, sediadas no sul do país.

A investigação feita pelos agentes da Polícia Federal, dentro do inquérito aberto para apurar responsabilidades, concluiu que as vinícolas denunciadas não foram as responsáveis pela situação, mas sim, uma empresa terceirizada. Mas os efeitos da denúncia nas vendas e na imagem do vinho brasileiro, não só aqui no Brasil, como no exterior, foram ruins. As consequências só saberemos no futuro.

Apesar de tudo, pelo menos uma destas vinícolas tem bons motivos para comemorar. A Vinícola Aurora finalizou a sua vidima 2023 com 70,5 milhões de quilos de uva colhidas, o que representa um volume 6,5% superior à vindima do ano passado. Historicamente, essa quantidade representa cerca de 10% do total colhido no Rio

Grande do Sul. Características das variedades chamam a atenção dos especialistas e devem resultar em produtos de qualidade superior.

Neste ano, a qualidade da matéria-prima superou as projeções mais otimistas, com excelente sanidade, maturação e com grau Brix acima de 20 nas variedades como Chardonnay, Pinot Noir, Tannat e Merlot. O índice registrado é o mesmo da vindima de 2020, considerada uma das melhores safras da história da vitivinicultura brasileira. Grau Brix é como a doçura da fruta é classificada. Ou seja, quanto mais elevada esta referência, maior será a qualidade dos produtos elaborados.

As uvas viníferas, destinadas para vinhos finos tranquilos e espumantes, destacaram-se na colheita deste ano, representando 31,5% do total colhido, com 22,2 milhões de quilos. Já as uvas utilizadas para elaboração de vinho de mesa e suco de uva, as chamadas americanas e híbridas, também tiveram parâmetros de sanidade e qualidade acima da média histórica, somando 68,5%, com 48,3 milhões de quilos.

A safra de uvas começou no dia 9 de janeiro, no município de Bento Gonçalves, nas regiões do Vale Aurora e na Linha Alcântara. As primeiras variedades recebidas foram a Chardonnay e Pinot Noir; o término ocorreu no município de Pinto Bandeira, com as uvas Cabernet Sauvignon e Moscato Branco.

Os 1,1 mil associados produzem atualmente 57 variedades, entre americanas e híbridas e uvas vitis viníferas. Nesta safra houve um incremento considerável em volume nas variedades Bordô, Malvasia de Cândia Aromática e Moscato Branco, destinadas para suco de uva integral e espumante, com plantio incentivado pela cooperativa. Com as uvas colhidas, devem ser elaborados aproximadamente 20 milhões de litros de vinhos, 5 milhões de litros de espumantes, além de 28 milhões de litros de suco de uva integral tinto e 1,8 milhão de suco de uva integral branco.

PECUÁRIA INDICA VINHOS
Jornalista,

A Ganaderia Palmira vem há 51 anos selecionando várias raças zebuínas com o propósito de ofertar ao mercado de México e da Centro América uma genética de extrema eficiência das raças Brahman, Guzerá, Nelore e Nelore Mocho. Um trabalho iniciado pelo casal de pecuaristas Edgar Molina e Angelina Morán e que atualmente vem sendo desenvolvido pelo filho José Santiago Molina, atual presidente da FICEBU. Mais uma vez, a família Molina terá seu trabalho reconhecido mundialmente. Depois de ser homenageado com o Mérito ABCZ, em 1991, Edgar Molina, agora, verá seu filho, José Santiago, ser igualmente condecorado com a honraria, durante a ExpoZebu 2023, e com o Mérito Cebuista Internacional no México. É a seleção da Ganaderia Palmira recebendo, mais uma vez, o reconhecimento da pecuária zebuína da América Latina.

LÍDERES EM COMERCIALIZAÇÃO DA MELHOR GENÉTICA DISPONÍVEL, CONTRIBUINDO ASSIM COM O MELHORAMENTO DO REBANHO NACIONAL.

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QUIBE CRU LIBANÊS RECEITAS

Esta receita de quibe cru retrata a rica história da família libanesa Mameri El Aouar, que ama a descendência, a cultura e a culinária milenar. Eles mantêm a tradição do legítimo sabor árabe, herdado pela matriarca Najla El Aouar, vinda do Líbano com o patriarca Amin El Aouar, que iniciou sua vida com comércio de tecido, e mais tarde o casal prosperou com criação bovina na Fazenda Amin El Aouar. Hoje, o criatório está sob gestão do Dr. Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB (Associação dos Criadores de Nelore do Brasil). Nesta receita “menos é mais”, pois com uma base de quatro ingredientes a família construiu um sabor imbatível em seu buffet Mabruk Culinária Árabe comandado pela filha de Nabih, a chef Najla El Aouar .

INGREDIENTES

Para fazer 1kg de quibe cru:

600g carne moída

300g triguilho hidratado

Azeite extra-virgem

(preferencialmente libanês)

Sal a gosto

COMPLEMENTOS

Hortelã

Cebola crua picadinha

Cebolinha

Salsinha

Pimentão vermelho picado

Tabule

Cebola crispy

DICAS DA CHEF NAJLA EL AOUAR:

A carne precisa ser fresca, limpa de gordura, resfriada e moída cinco vezes, seja no local de aquisição ou em casa. Os cortes magros são bem-vindos para elaboração desta receita. Nossos cortes favoritos são acém e patinho, respectivamente. O resultado da carne fresca é a coloração avermelhada que o prato apresenta; e a forma de moer preserva uma melhor textura. O triguilho deve ser hidratado com água fervendo. Escorre a água e deixe hidratar por 20 a 30 minutos.

MODO DE PREPARO DO QUIBE CRU

Misture a carne e o triguilho hidratado com as mãos. Vai dosando azeite e sal nesta mistura até chegar no sabor perfeito. Sempre experimente antes de servir. Para desenhar a superfície, utilize um garfo ou uma faca. Decore com os complementos sugeridos, em especial a cebola crua que é um antibactericida, e o hortelã que traz frescor ao prato.

MODO DE PREPARO DA CEBOLA CRISPY

Este é um tradicional complemento que traz crocância ao prato. Corte uma cebola em forma de anéis e deixe reservado com vinagre, sal e pimenta síria por 15 minutos. Faça o empanamento dos anéis no trigo e frite. Espere esfriar para decorar o Kibe cru e degustar esta explosão de sabores. Obs: pão folha ou pão árabe são as melhores opções para servir como base do quibe cru .

AGRO NO PRATO Najla El Aouar e Nabih Amin El Aoua Najla - chef Mabruk Culinária Árabe Nabih - presidente da ACNB e criador de Nelore instagram @mabruk.vix | mabrukvix@gmail.com

CEREJA MPERBONI MPER138

19/04/2021

KAYAK TE MAFRA x CELESTE FIV DA PERBONI (BITELO DA SS)

Segue com prenhez positiva do QUIL 7308/04 PO Perdizes e previsão de parto para 27/05 - 26/06/23.

CEREJA MPERBONI é uma das melhores fêmeas jovem do Ranking Nacional, com um volume de carcaça exemplar na Raça Nelore. Leva em sua genealogia sangue dos grandes genearcas como Kayak TE Mafra, Bitelo da SS, Backup e 1646 da MN. Na linha baixa, matrizes consagradas no cenário Brasileiro como a Espanhola J. Galera e Ópera S. Cruz.

FOTO JM MATOS

PROGRAMA

Esse programa foi feito para quem quer garantia de prenhez e qualidade em seus rebanho.

R ECEPTORA + PR ENHEZ

Voltados para produtores que deseja focar nos negócios e deixa a preparação das receptoras para receber os embriões, com a equipe da ALA.

EMBRIÕES FIV

Melhoramento genético completo, melhor genética materna (doadoras) e paterna (touros) para a produção dos embriões

FAZENDA AMIGA

Para os pequenos e médio criadores, programa de parceria 50/50. Consultoria veterinária, assistência técnica + genética superior e aplicação.

TOUROS PO

Tourinho PO para monta de 18 a 24 meses / Vacas solteiras e paridas / Bois para abate e acabamento

PORTEIRA ABERTA

TESTE DE PROGÊNIE

A Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) recebe a 14ª Edição da Prova de Pré-seleção de Touros Gir Leiteiro para o Teste de Progênie da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) e Embrapa Gado de Leite. Este ano a prova iniciou em janeiro, diferente das edições passadas que começavam em novembro, e será mais curta e efetiva, mas mantendo as mesmas importantes avaliações. O objetivo é otimizar custo, diminuir a permanência do touro na fazenda, porque eles têm que ‘passar’ pela prova e logo ir para a central, minimizando também os riscos de acidentes e problemas sanitários. Outra novidade é que agora a prova acontece no semiconfinamento da Fazu. A área foi planejada para os touros expressarem todo o seu potencial produtivo e reprodutivo. São avaliados para as características de fertilidade e funcionais 56 touros da raça Gir Leiteiro.

MAIS CARNE PARA CHINA

Quatro novas plantas frigoríficas do Brasil foram habilitadas em março para exportar para a China. São duas plantas de Rondônia, uma do Espírito Santo e uma do Pará. Também foi autorizada a retomada da suspensão de duas plantas frigoríficas que estavam suspensas e que vão poder voltar a exportar para a China: um abatedouro bovino no Mato Grosso e um frigorífico de frango no Rio Grande do Sul. As importações do Brasil estavam suspensas desde fevereiro após a confirmação de um caso isolado e atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina.

PROVA LEITE A PASTO

A partir de 1º de junho, criadores das raças Gir Leiteiro, Guzerá, Sindi e cruzamentos poderão inscrever novilhas na 9ª Prova Brasileira de Produção de Leite a Pasto do Zebu Leiteiro no Centro de Tecnologias para Zebuínos Leiteiros (CTZL) da Embrapa Cerrados (DF), que será realizada em Brasília entre 2023 e 2024. São oferecidas 20 vagas para novilhas da raça Gir Leiteiro, 20 para novilhas Guzerá, 20 para novilhas Sindi e seis vagas para novilhas de cada cruzamento. Cada criador poderá inscrever até três animais de cada raça. Poderão participar somente novilhas registradas na ABCZ, inscritas nas categorias PO (puro de origem) ou PA (puro por avaliação), devendo estar obrigatoriamente gestantes de sete meses, devendo o parto ser efetivado durante o período de adaptação no CTZL. As inscrições dos animais serão recebidas pela ACZP no e-mail: aczp.df@uol.com.br.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 28

PARCERIAS DA GIROLANDO

Com a expectativa de ampliar os rebanhos da raça leiteira Girolando nos próximos anos, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando está investindo na cooperação com o mercado de genética. A entidade acaba de firmar parceria com a GENEX Brasil, empresa que recentemente inaugurou seu Centro de Biotecnologia e Difusão Genética em Uberaba/MG e passou a atuar também no mercado de embriões. A proposta é desenvolver ações conjuntas para levar mais tecnologias e informações aos produtores rurais de todo o Brasil. As atividades de fomento ocorrerão durante os eventos da raça, dentre eles a maior exposição da pecuária leiteira da América Latina, a Megaleite 2023. A procura pela genética Girolando vem crescendo dentro e fora do país, alicerçada pelo trabalho de melhoramento genético desenvolvido nas últimas décadas. A empresa tem exportado doses de sêmen de touros Girolando para vários países da América Latina.

FINANÇAS PRIVADAS

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) desenvolveu o Boletim de Finanças Privadas do Agro, que mostra um crescimento no estoque de recursos desses instrumentos de financiamento. Os dados do relatório são obtidos junto às entidades registradoras dos ativos financeiros, B3, CERC e CRDC, além de órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central do Brasil. A CPR, por exemplo, cresceu 81% entre fevereiro de 2022 e o mesmo mês deste ano, passando de R$ 128,81 bilhões para R$ 232,58 bilhões. O maior crescimento em percentual foi do Fiagro, que registrou aumento de 310% no período. No boletim, é possível acompanhar os títulos do agro e Fiagro de forma mais detalhada. A publicação é mensal e está disponível no site do Mapa.

PORTEIRA ABERTA

PIRATARIA DE SEMENTES

Apesar de uma constante fiscalização, há um volume considerável de sementes piratas no mercado brasileiro, que afeta a produtividade e coloca em risco o status sanitário da produção de soja, milho, arroz, feijão, trigo e pastagem. A afirmação é do engenheiro agrônomo e Gerente de Produto da Produce, Juliano Ribeiro, que avalia a entrada de sementes piratas nas lavouras, como um desafio para eficiência produtiva. Segundo o especialista, além de informações básicas sobre a origem das sementes é primordial se atentar ao histórico daquele híbrido ou variedade. Carga desacompanhada de nota fiscal, anotações com nome da empresa e recomendações feitas manualmente, sacaria branca ou sem identificação são alguns dos sinais de alerta para o agricultor. É fundamental conhecer testes e pesquisas realizadas com as sementes, que comprovem resultados para região, comprar de empresa registradas e fiscalizadas pelo MAPA. Comercializar e comprar sementes piratas é crime.

MUDANÇAS NO CIRCUITO NELORE DE QUALIDADE 2023

A 25ª edição do campeonato terá adequações na faixa de peso para machos e nova premiação para animais terminados a pasto. A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) anunciou mudanças no regulamento. As etapas nacionais já têm data para início, 25 de abril, e uma internacional já foi realizada, em fevereiro, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. O calendário também já foi definido, com previsão para realização de 41 etapas ao todo, sendo 37 nacionais e 4 internacionais.

A primeira alteração é a faixa de peso de carcaça em que os machos julgados recebem a pontuação máxima. Até 2022, os bovinos que pesassem de 18 a 25 arrobas recebiam nota 10. Em 2023, o limite mínimo para alcançar tal nota sobe duas arrobas. Agora, apenas as carcaças de machos que pesarem de 20 a 25 arrobas receberão a nota máxima.

BEZERROS PANTANEIROS

A Fundação IDH e a ABPO (Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável) celebram uma parceria estratégica de longo prazo para apoiar o desenvolvimento sustentável da cadeia da pecuária do bioma Pantanal. Através do acordo, as organizações trabalharão para implementar uma agenda de uso sustentável do solo que promova a produção, a atração de investimentos públicos e privados e a abertura de mercados consumidores globais. O termo de cooperação pactua também que serão utilizados o Protocolo de Produção Sustentável de Bezerros e a Pecuária Orgânica Certificada como pilares para a produção de bezerros do bioma Pantanal, apoiando as etapas piloto e expansão. O foco está na meta de atingir 1 milhão de animais declarados na plataforma de rastreabilidade, que está sendo desenhada para integração com os demais sistemas existentes na indústria e no varejo dos mercados globais. O Protocolo de Intenções entre IDH e ABPO se estenderá até dezembro de 2025.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 30

R$ 200 MILHÕES EM CRÉDITO

Com movimentação direcionada para estados tradicionais na produção de leite, suínos e aves, a Fintech AgroForte estima avanço na busca por crédito, e investe no formato 100% digital. A previsão para 2023 é de que a AgroForte movimente mais de R$ 200 milhões, distribuídos para mais de 10 mil pequenos e médios produtores rurais, ligados às agroindústrias e cooperativas com operações centradas, principalmente, no Sul e Sudeste do Brasil. No país a agtech já consolidou parceria com mais de 10 agroindústrias. Via aplicativo, o processo de acesso a crédito, neste formato, elimina todas as burocracias ao produtor, começando por dispensar a figura do avalista ou incluir a terra como garantia. Comparando o segundo semestre de 2022, com o mesmo período do ano anterior, a AgroForte avançou 113% na disponibilização de crédito para produtores rurais.

EMPREGOS NO AGRO

O número de pessoas atuando no agronegócio brasileiro somou 18,97 milhões de pessoas em 2022, o maior contingente desde 2015, quando totalizava 19,04 milhões de pessoas, segundo pesquisas realizadas pelo Cepea. Esse resultado evidencia que as ocupações perdidas em 2020 em decorrência dos desdobramentos da pandemia de covid-19 já foram totalmente recuperadas, superando até mesmo os contingentes observados antes da crise sanitária. O aumento no número de pessoas ocupadas no agronegócio em 2022 foi de 2,76% frente ao de 2021 e de expressivos 8,52% em relação ao de 2020. No Brasil como um todo, 98,04 milhões de pessoas estavam ocupadas em 2022, acima das 91,29 milhões no mesmo período do ano anterior. Diante disso, a participação do agronegócio no mercado de trabalho brasileiro foi de 19,35% em 2022, um pouco abaixo da observada em 2021, quando esteve em 20,22%.

EXPORTAÇÃO PARA POLINÉSIA FRANCESA

As autoridades sanitárias da Polinésia Francesa publicaram a autorização oficial para as importações de carne de frango proveniente do Brasil, segundo informações repassadas em março pelo Ministério da Agricultura e Pecuária à Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Todos os estabelecimentos frigoríficos que hoje embarcam para a União Europeia poderão exportar carne de frango para o território ultramarino localizado no Sul do Oceano Pacífico. De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, as vendas deverão atender o mercado de food service do país, especialmente para a ampla rede hoteleira do país, que tem no turismo o principal setor econômico.

PORTEIRA ABERTA

RECORDE DE EXPORTAÇÃO DE CARNE

A Carne Angus Certificada atingiu novo recorde de exportação. O total enviado ao mercado externo ao longo de 2022 alcançou a marca de 1,88 mil toneladas, conforme dados apurados pela Associação Brasileira de Angus. A quantia é 102% superior ao consolidado em 2021, quando os embarques somaram 934,01 toneladas. Esse resultado é motivado pela alta dos envios para China e países do Oriente Médio, além da abertura de mercado para Malásia, Portugal e Tailândia e a venda de outros tipos de produtos, como os inéditos entranha, linguiça e hambúrguer.

PARCERIA ABCZ/ HOLANDESA

A ABCZ firmou parceria técnica com a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH) para utilização do Software de Controle Leiteiro e Aplicativo de coleta de dados de Características Lineares, utilizado pela Associação da Raça Holandesa. O Software utilizado pela ABCBRH é considerado o mais completo do país. Os criadores participantes do programa da ABCZ e que fazem o Controle Leiteiro serão automaticamente inseridos no novo Sistema. Os técnicos de campo e controladores autônomos que atuam em todas as regiões do país irão coletar as informações nas propriedades e inseri-las no novo Software que, por sua vez, irá gerar relatórios aos criadores, auxiliando-os no controle zootécnico, gestão e manejo dos negócios.

SELO LEITE DE ZEBU

Produtores de leite 100% zebuíno já podem obter o selo Leite de Zebu, concedido pela ABCZ. A chancela funciona como uma garantia de origem dos produtos lácteos fabricados integralmente com leite de zebu, agregando valor no mercado e comprovando a superioridade nutricional dos produtos. Para receber o selo, o criador deve participar do PMGZ Leite Max, possuir garantia sanitária de seus produtos lácteos, assim como as suas análises nutricionais. Deve participar, também, das provas de controle leiteiro. A novidade é que o selo poderá ser concedido ao criador que não está com o controle leiteiro ativo na ABCZ, desde que ele assine um Termo de Compromisso com prazo estabelecido para regularização.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 32

MEDIÇÃO DE CARBONO

O avanço da pecuária leiteira como atividade estratégica nos sistemas produtivos sustentáveis e o balanço da emissão de carbono em sistemas agropecuários estão no foco do trabalho que vem sendo desenvolvido em conjunto pelo Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) e pela Embrapa Pecuária Sul. Juntas, as entidades darão início a elaboração de uma estratégia com vista à captação de R$ 4 milhões, valor necessário para a aquisição de um conjunto de quatro medidores com os quais será possível iniciar as aferições em rebanhos gaúchos. Para viabilizar a compra, uma proposta será enviada ao Fundoleite e também aos parlamentares gaúchos, visando a destinação de recursos através de emendas. Outra ação prevista é a realização durante a Expointer 2023 de um seminário sobre pesquisa e métodos de medição de carbono em propriedades leiteiras. A produção de leite com menor impacto ambiental é uma preocupação que deve dar o tom das linhas de investimentos nos próximos anos.

PARCERIA INTERNACIONAL

A ACNB firmou protocolo de intenções para a criação de um selo de certificação para a produção da carne Nelore da Bolívia. A parceria envolve a Associação Boliviana dos Criadores de Zebu (Asocebu) e o frigorífico Fridosa. O presidente da Asocebu, Yamil Nacif Nacif, entende que a iniciativa proporciona avanço na promoção da raça Nelore em seu país.

Leilão Brumado

1º JULHO 2023

Sábado 13h00

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 33 17 99151 0572 / 3322 0166 fazendabrumado@fazendabrumado.com.br
Oficial
L E I L Ã O V I R T U A L M A C H O S E F Ê M E A S P O I
Parceria Leilão
Leiloeira Assessoria Transmissão Retransmissão

CAPA

“ExpoZebu de Todos” abordará desafios da pecuária sustentável, carne e carbono

Com programação extensa e pensada para todos os públicos, a maior feira de zebuínos do mundo acontece entre os dias 29 de abril e 7 de maio maior feira da pecuária zebuína do mundo está de volta!

AEntre 29 de abril e 7 de maio, a 88ª ExpoZebu promete movimentar o Parque Fernando Costa, em Uberaba/MG com uma programação extensa e rica em conteúdo para os apaixonados pelas raças zebuínas.

Além do tradicional conteúdo técnico e comercial, como julgamentos, concurso leiteiro e leilões, o evento contará com quatro dias de shows de alguns dos maiores nomes da música nacional.

Com destaque para a sustentabilidade da pecuária, a 88ª ExpoZebu terá a realização do “1º Seminário Zebu Carbono Neutro – Pecuária Sustentável Gerando Riquezas”, no dia 1º de maio, das 8h30 às 17h30, no Salão Nobre. O evento, organizado pela ABCZ em parceria com a My Carbon, contará com a participação de cinco palestrantes que discutirão o posicionamento do setor e as soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, além de políticas de incentivo à pecuária de precisão.

RUBENS APARECIDO FERREIRA - PECUÁRIA EFICIENTE E SUSTENTÁVEL BRENO CORDEIRO

O 14º Encontro Rural Jovem, marcado para o dia 4 de maio, das 8h30 às 12h30, no Tatersal Rubico de Carvalho, no Parque Fernando Costa, é um convite para que a geração de sucessores se reconecte ao campo. A atração é organizada pela comissão ABCZ Jovem terá rodas de conversa com as principais lideranças da juventude no agronegócio e conta com a parceira de faculdades e entidades como Sebrae, Fazu, UniFacthus e Instituto Insper.

O Museu do Zebu terá atrações culturais, com destaque para a 38ª Mostra do MuZe, além de visitas a pontos turísticos, em parceria com o Geoparque Uberaba: Terra de Gigantes. O projeto Arte e Cultura no Parque, com apoio da Fundação Cultural de Uberaba e do Centro Cultural da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), trará oficinas, performances e apresentações de artistas locais. Além disso, o Museu também promoverá mais uma edição do projeto Meu Amigo Animal, que incentiva o contato de pessoas com deficiência com animais das raças zebuínas e equinos participantes da Equishow. O

Zebu na Escola e Zebu na Universidade – iniciativas que levam alunos dos ensinos Fundamental, Médio e Superior a visitar o Museu –também movimentarão a instituição, além das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e a Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Júnior, em Uberaba. A previsão é que mais de mil estudantes visitem o museu diariamente durante a ExpoZebu.

No ano em que o projeto Brazilian Cattle completa 20 anos, o Departamento Internacional da ABCZ, em parceria com a ApexBrasil, realizará encontros técnicos, workshops, Farm Tours com roteiros personalizados em fazendas e centrais de inseminação, além de rodadas de negócios, encontros com a imprensa internacional, dentre outros.

A 88ª ExpoZebu também contará com a entrega do Mérito ABCZ – a tradicional premiação de nomes importantes na promoção das raças zebuínas, nas categorias Nacional, Internacional, Colaborador, Político, Técnico e Mérito ABCZ Jovem.

A Feira de Gastronomia também retornará ao Parque Fernando Costa durante a feira. De 28 de abril a 3 de maio, mais de 100 estandes estarão em funcionamento no local, com produtos e oficinas para ensinar a preparar receitas clássicas com carne de zebu.

Com a iniciativa de levar ações sociais e técnicas para o público, a comissão ABCZ Mulher prepa-

SIDNEY GONÇALVES FERNANDES 100 ANOS DE ABCZ

rou uma programação extensa que inclui rodas de conversa sobre previdência no campo, sustentabilidade ambiental, manejo de gado, sucessão familiar, entre outros. Palestras técnicas e um happy hour também estão previstas num espaço exclusivo para elas. Será ofertado um minicurso para conhecimentos básicos sobre morfologia das raças zebuínas – o evento, ministrado por mulheres juradas com extenso conhecimento técnico, acontece nos dias 4 e 5 de maio, das 14h às 18h.

No Espaço ABCZ Mulher, os visitantes poderão conhecer 12 estandes com marcas de moda, acessórios, botas, artesanato, objetos de decoração, salão de beleza e um bar com vinhos e cardápio especial de petiscos, além atividades para crianças.

Os tradicionais julgamentos das raças zebuínas trazem novidades. Para este ano, a maioria dos Grandes Campeonatos, que definem os melhores animais de cada raça, será concentrada no dia 6 de maio. Além disso, o 43º Concurso Leiteiro também será realizado, entre os dias 28 de abril e 3 de maio. Com número recorde de animais inscritos

70 cabeças das raças Gir Leiteiro e Sindi –, o concurso terá as primeiras ordenhas no dia 30 de abril. As categorias são Fêmea Jovem, Vaca Jovem e Vaca Adulta, além da premiação de Tipo Funcional Leiteiro, em que uma matriz de cada raça é escolhida como vencedora.

A programação da ExpoZebu inclui cerca de 40 leilões e shoppings de animais entre os dias

27 de abril e 7 de maio. Além de zebuínos, haverá venda de equinos e muares.

Para os apaixonados pelas raças equinas, a Equishow 2023 reunirá mais de 900 equídeos, entre cavalos, asininos e muares na Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Júnior, para competições oficiais e julgamentos, além de atividades culturais em parceria com o Museu do Zebu. O evento está programado para os dias 28 de abril a 7 de maio.

A ExpoZebu conta com uma vasta agenda de shows. Na noite de 29 de abril, Gustavo Mioto inaugura o palco da maior feira das raças zebuínas do mundo, seguido de Pedro Sampaio. No dia 30, será a vez de Ana Castela e KVSH. Na semana seguinte, o dia 5 de maio será marcado pelos shows de Gusttavo Lima e a dupla Bruno & Denner. E, para encerrar as apresentações deste ano, Jorge & Matheus e Fred & Fabrício realizam os últimos shows, na noite de 6 de maio.

Os ingressos para os shows podem ser adquiridos pelo site da Guichê Web (https://www.guicheweb.com. br/), ou nos seguintes pontos de venda: Loja Oficial no Shopping Uberaba (ao lado da Riachuelo); Empório Trem Bão Di Minas e Ailton Discos.

ROGERIO DE ALBUQUERQUE MENDES ZEBÚ NA PORTEIRA

27/04/2023 – quinta-feira

19h - Descerramento da placa do Residencial Cícero Correia de Lima seguido de Jantar dos Tratadores.

20h - Leilão III Gran Reserva Fêmeas Sino Agropecuária –Nelore - Virtual – Programa Leilões/Canal Rural.

28/04/2023 – sexta-feira

8h às 20h - Equishow - Fazenda Experimental Orestes Prata

Tibery Junior

14h - Início do Concurso Leiteiro (fiscalização). Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

14h - Leilão Agropecuária Diamantino e Fazenda VitóriaNelore. Local: Agropecuária Diamantino - Estância Buriti II – BR 050 – Km 158 sentido Uberlândia – Central e Programa Leilões/Canal Rural.

20h - Leilão Tradição MAAB desde 1940 - Nelore.

Local: Tatersal Rubico de Carvalho – Central Leilões/Canal

Terra Viva.

29/04/2023 – sábado

8h às 20h - Equishow - Fazenda Experimental Orestes Prata

Tibery Junior.

8h30 - Início do credenciamento das autoridades para a Abertura Oficial da 88ª ExpoZebu. Local: Palanque Oficial.

10h - Solenidade de Abertura Oficial da 88ª ExpoZebu. Local: Palanque oficial.

12h - Leilão Guadalupe Edição ExpoZebu 2023 - Nelore.

Chácara Mafra – Programa Leilões/Canal Rural.

20h - 28º Leilão Nova Era/VR-JO e Convidados - Nelore.

Local: Tatersal Rubico de Carvalho – Central Leilões/Leiloboi/Canal do Boi.

30/04/2023 – domingo

7h30 às 12h30 - Julgamentos Raças Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

9h - Leilão Virtual Reprodutores Ipê Ouro - Nelore. Virtual – Programa Leilões/Canal Rural.

Equishow – Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Junior.

13h - Leilão Genética Campeã Fazenda Mutum e Convidados - Gir Leiteiro. Virtual – Programa Leilões/Remate Web.

14h - Leilão Five Points-QM - Quarto de Milha. Local: Centro de Eventos RKC – Programa Leilões/Remate Web.

14h - Leilão de Olho na Fazenda TAB G4 – Tabapuã - Local: Chácara Nelore Mafra – Central Leilões/Canal do Boi.

14h às 16h - Primeira Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

14h às 18h - Julgamentos Raças Gir Leiteiro. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

20h - Leilão Elo de Raça - Nelore. Local: Chácara Mata Velha – Programa/Remate/Canal do Criador.

20h – Leilão TOP da Raça Pêga & Marchador. Equinos –Virtual – Fiel Leilões/CTV.

22h às 00h - Segunda Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

01/05/2023 – segunda-feira

6h às 8h - Terceira Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

7h30 às 12h30 - Julgamento Raça Nelore. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

Equishow - Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Junior.

9h às 17h - Seminário Zebu Carbono Neutro Salão Nobre (Sede da ABCZ)

9h - Desfile de Touros ABS – Local: Central ABS – BR 050, KM 196.

13h - 34º Leilão Naviraí - Nelore.

Local: Chácara Naviraí – Programa Leilões/Canal Rural.

14h às 16h - Quarta Ordenha Oficial.

Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

14h às 18h - Julgamento Raça Gir Leiteiro. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

19h - 48º Leilão Peso Pesado Tabapuã – Tabapuã – Local: Tateresal Rubico de Carvalho – Connect Leilões/Canal do Boi.

20h - Leilão Noite do Nelore Nacional - Nelore. Local: Chácara Nelore Nacional – Programa Leilões/Canal Rural.

20h - Leilão ProgreGIR - GIR.

Local: Virtual – Programa Leilões/Terra Viva.

22h às 00h00 - Quinta Ordenha Oficial. Local: Complexo

Leiteiro Vanderley de Andrade

02/05/2023 – terça-feira

6h às 8h - Sexta Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

7h30 às 12h30 - Julgamento Raça Nelore, Sindi e Tabapuã. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

8h às 20h - Equishow Faz. Exp. Orestes P. Tibery Junior.

9h - Reunião do Conselho Consultivo. Local: Sala de Reuniões da Diretoria.

13h - Leilão Matinha ExpoZebu - Nelore. Local: Rancho da Matinha – Programa Leilões/Canal Rural.

14h às 16h - Sétima Ordenha Oficial.

Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

14h às 18h - Julgamento Raça Gir (dupla Aptidão), Gir Leiteiro, Guzerá e Tabapuã. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

20h - Leilão Noite dos Campeões - Nelore. Local: Chácara

São Geraldo – Programa Leilões/Canal Rural.

20h - Leilão Tradição Gir Leiteiro.

Virtual. Programa Leilões/Canal Terra Viva.

22h às 00h00 - Oitava Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

03/05/2023 – quarta-feira

6h às 8h - Nona Ordenha Oficial.

Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

7h30 às 12h30 - Julgamentos Raça Brahman a Campo Local: Recinto de Avaliação Ernani Torres Cordeiro.

7h30 às 12h30 - Julgamentos Raças Guzerá, Nelore, Sindi, Tabapuã. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

9h - Reunião FICEBU. Local: Sala de Reuniões da Diretoria seguido do Descerramento do Quadro do Ex-Presidente da FICEBU, Sr. Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges –Sala Kamadhenu.

8h às 20h – Equishow - Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Junior.

10h - Campeonato Modelo Frigorífico. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha – Parque Fernando Costa

10h30 às 12h - Matriz Modelo - Prêmio Orestes Prata Tibery Jr. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

13h - Leilão Terra Brava, Genética Aditiva e Convidados Especiais - Nelore. Local: Centro de Eventos RKC – Programa Leilões/Canal Rural.

14h às 16h - Décima Ordenha Oficial. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

14h às 18h - Julgamentos Raças Brahman, Gir (dupla aptidão), Gir Leiteiro, Nelore Mocho, Nelore Pelagem e Sindi. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

14h - Leilão Guzerá Genética de Campeões - Guzerá. Local: Tatersal Rubico de Carvalho – Minas Leilões/Site Minas Leilões.

14h – 1º Grande Leilão JLT – Fazenda Agua Marinha – Tabapuã - Local: Fazenda Agua Marinha – Central Leilões/Canal do Boi.

17h às 17h30 - Encerramento do Concurso Leiteiro e divulgação dos resultados. Local: Complexo Leiteiro Vanderley de Andrade.

20h - Leilão Sindi Castilho e OT Convidados - Sindi. Local: Tatersal Rubico de Carvalho – Connect Leilões/Canal do Boi.

20h30 - Leilão Mafra - Edição ExpoZebu - Nelore. Local:

Chácara Nelore Mafra – Programa Leilões/Canal Rural.

20h30 - Leilão Melhor que a Encomenda - Fazendas do BASA – Gir Leiteiro – Centro de Eventos Rômulo Kardec de Camargos – Programa Leilões/Terra Viva.

04/05/2023 – quinta-feira

7h30 às 12h30 – Julgamento Raça Brahman a Campo Local: Recinto de Avaliação Ernani Torres Cordeiro.

7h30 às 12h30 – Julgamento Raças Girolando, Guzerá, Nelore, Nelore Pelagens, Sindi e Tabapuã - Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

8h30 às 12h30 – 14º Encontro Rural Jovem

Tatersal Rubico de Carvalho.

8h às 20h – Equishow

Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Junior.

13h - Leilão Só Elas – Tulipa Agropecuária e Agronova –Fêmeas - Nelore. Virtual – Programa Leilões/Canal Rural.

14h às 18h - Julgamentos Raças Brahman, Gir (dupla aptidão), Gir Leiteiro, Girolando, Guzerá, Indubrasil, Nelore Mocho. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

20h - Leilão Caminho da Índia – Gir Leiteiro. Local: Tatersal Rubico de Carvalho – Programa/Remate/Remate Web.

20h - 4° Leilão VPJ Red Brahman. Virtual – Programa Leilões/Canal do Boi.

20h30 - Leilão ExpoZebu Camparino, Nova Trindade e Amigos - Nelore. Local: Leilopec – Programa Leilões/Canal Rural.

05/05/2023 – sexta-feira

7h30 às 12h30 – Julgamentos Brahman a campo. Local: Recinto de Avaliações Ernani Torres Cordeiro.

7h30 às 12h30 - Julgamentos Raças Gir Leiteiro, Girolando, Guzerá, Nelore, Nelore Pelagens e Sindi. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

13h às 18h - Equishow - Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Junior.

13h – Leilão 70 anos da Fazenda Angico – Nelore - Local: Tatersal Rubico de Carvalho – Programa Leilões/Canal Rural.

14h – Leilão Dose Dupla Gir Leiteiro – Gir Leiteiro - Local: Fazenda Rancho ING – Uberaba – MG Leilões/Canal do Campo.

14h às 18h - Julgamentos Raças Brahman, Gir Leiteiro (encerramento), Girolando, Guzerá e Indubrasil. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

17h - Encerramento dos trabalhos de classificação da raça Gir Leiteiro e Premiação do 43º Concurso Leiteiro. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

20h - Leilão Elite Provada - Nelore.

Chácara Nelore Mafra – Programa Leilões/Canal Rural.

20h - Leilão GIR LEITEIRO Made in Brazil – Gir Leiteiro.

Local: Tatersal Rubico de Carvalho – Programa Leilões/Remate Web.

20h30 - Leilão Brahman Portobello e Demais Promotores -

Local: Armazém do Boi – Programa Leilões.

06/05/2023 – sábado

8h às 10h – Grande Campeonato das raças Brahman, Gir (dupla aptidão), Guzerá e Indubrasil. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

9h - 3º Mega Leilão EAO ExpoZebu - Nelore - Local: Fazenda Reunidas - Programa/Central Leilões/Canal Rural.

8h às 18h – Equishow - Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Junior.

10h às 12h - Grande Campeonato das raças: Nelore, Nelore Mocho, Nelore Pelagens, Sindi e Tabapuã. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

12h - Premiação dos melhores apresentadores e pavilhões. Local: Recinto de Avaliações Torres Homem Rodrigues da Cunha.

12h - Encerramento Oficial da 88ª EXPOZEBU (2023). Local: Palanque oficial

12h - Zebu na Brasa - O Churrasco.

Local: Pavilhão multiuso.

07/05/2023 – domingo

9h – 3º Mega Leilão EAO ExpoZebu – Nelore – Fazenda Reunidas – Programa/Central Leilões/Canal Rural.

8h às 18h – Equishow - Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Junior.

08/05/2023 – segunda-feira

6h – Início da saída dos animais

SHOPPINGS DE ANIMAIS

De 29/04 a 07/05

8h às 18h - Shopping Agropecuária Diamantino & Vitória Nelore. Local: Estância Buriti II – BR 050 – Km 158 (sentido Uberaba/Uberlândia).

DE 01 A 06 DE MAIO

8h às 16h30 - 7º Shopping Gir Leiteiro EPAMIG. Local: Campo Experimental Getúlio Vargas – EPAMIG

8h às 19h - Shopping Ipê Ouro.

Local: Fazenda Ipê Ouro – BR 050 – Km 147

Obs: essa agenda poderá sofrer alterações sem prévio aviso. Consulte em nosso site em caso de dúvidas.

As turbulências de 2023 no mercado pecuário

Os primeiros meses do ano trouxe ram desafios para os pecuaris tas, que já vinham trabalhando dentro de um cenário de incer tezas políticas e econômicas. O setor teve de lutar com mais um embargo da China, com a queda no poder de compra da população e o acirramento da concorrência com as demais carnes. Para o assessor técnico da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Con federação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rafael Ribeiro, nosso entrevistado es pecial desta edição da revista Pecuária Brasil, o país deve continuar trabalhando para não depen der tanto de um único país, como vem ocorrendo. Ele também destaca que o produtor precisa investir em gestão e em ferramentas, como a trava de preço, para não sofrer com as oscilações do mercado. Ribeiro ainda explica como é a proposta do sistema de rastreabi lidade individual que vem sendo desenvolvido pela CNA e será apresentado ao Ministério da Agricultura e Pecuária ainda este ano.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 42 ENTREVISTA
RAFAEL RIBEIRO LARISSA VIEIRA

Pecuária Brasil - Como avalia o primeiro trimestre de 2023 para a pecuária de corte?

Rafael Ribeiro – Bastante tumultuado. Estamos vivendo mais um ano do ciclo de baixa na pecuária. Desde o ano passado, os preços do boi gordo e das outras categorias recuaram por conta da maior oferta causada pela retenção de fêmeas em 2020 e 2021. Ainda tivemos uma menor atratividade no sistema de cria por conta da queda no preço do bezerro, levando muitos produtores a descartarem matrizes. Se avaliarmos as escalas dos últimos meses, veremos que mais da metade delas foi composta por fêmeas. Para completar o cenário de 2023, em fevereiro houve o caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (BSE), conhecido popularmente como mal da vaca louca, gerando a suspensão dos embarques de carnes para a China e outros países, o que só foi retomado em março. Toda essa conjuntura levou a um primeiro trimestre de pressão de baixa, causando queda nos preços e no volume embarcado.

Pecuária Brasil- Qual a expectativa agora que a China voltou a importar carne do Brasil?

Rafael Ribeiro – Em termos de expectativa, o cenário é positivo com os preços, no final de março, retomando os patamares de antes da suspensão, mas vale destacar que estamos falando de um ano de baixa para a pecuária. A exportação representa apenas 30% do mercado, ou seja, sozinha ela não mudará esse cenário atual da pe-

cuária brasileira. Outros desafios são os custos elevados da alimentação, pois, apesar do cenário mais calmo de preços em 2023, vários itens continuam pesando bastante, dentre eles os farelos, milho, suplemento mineral, combustíveis e mão de obra.

aumento das compras de carne por parte de outros países importantes, como os Estados Unidos, Indonésia e Ásia. São mercados que ainda compram pouco, mas têm potencial de crescimento, pois o consumo per capita de carne bovina tem crescido à medida que muitas dessas economias vão se fortalecendo. A China também foi crescendo aos poucos, ampliando as compras à medida que a carne caiu no gosto da população local e outras conjunturas de mercado ocorreram. O Brasil tem feito um bom trabalho no sentido de ampliar os mercados para a nossa carne.

Pecuária Brasil- Preocupa o fato de o Brasil ser tão dependente de um país no caso das exportações de carne?

Rafael Ribeiro – Certamente. Hoje, a China é o nosso principal cliente na compra de carne bovina, suína e frango. E quando ocorre um embargo como esse, o produtor é sempre o maior prejudicado. Dados do mercado em 2021, após um período maior de embargo que este atual, mostram que o produtor sofreu mais que outros elos da cadeia. Tivemos queda de preço de 16% para o pecuarista, de 5% no atacado e alta de quase 1% no varejo. Esses números mostram que devemos trabalhar para evitar essa concentração maior das vendas em um único país. Nos últimos tempos, tem tido um

Pecuária Brasil- E no caso do mercado interno, como deve ficar já que os números da economia em 2023 até agora não são bons?

Rafael Ribeiro – Neste momento de queda da renda da população, o fato de a carne bovina ser mais cara que suínos e frango, vimos uma procura maior pelas proteínas mais baratas, com aumento das vendas de frango, ovos e outros produtos mais baratos. Nos últimos anos, a carne bovina manteve o patamar de preço enquanto das demais tiveram baixa, o que fez com que perdesse competitividade. Para ter um crescimento do consumo interno, precisaríamos de uma retomada do crescimento da economia e não enxergo isso para 2023. As apostas de crescimento ficam por conta das exportações, mas não devem ultrapassar os 30% do total produzido.

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 43
O Brasil tem feito um bom trabalho no sentido de ampliar os mercados para a nossa carne.

ENTREVISTA

Pecuária Brasil- Algum sistema de produção conseguiu fugir da alta dos custos?

Rafael Ribeiro – A margem da atividade ficou realmente menor, mas em alguns casos houve um certo alívio. Quem trabalha com recria e terminação dos bovinos e vinha pagando mais caro pelos animais, agora está conseguindo comprar a preços um pouco menores.

Pecuária Brasil- Apesar dos avanços no sistema de produção, a pecuária de corte ainda é suscetível a evento pontuais, como o registrado no Pará. O Brasil tem feito o dever de casa na questão sanitária?

Rafael Ribeiro – Logo que foi registrado o caso, em fevereiro, atuamos junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária para reforçar que o Brasil tem uma defesa sanitária animal bem forte. Um exemplo é a agilidade das ações em todo o processo, desde a comunicação do caso pelo produtor e agências de defesa, a coleta e envio de amostras para análise. Tudo isso demandou um esforço de toda a cadeia, ou seja, todos fizeram bem a sua parte. Com isso, conseguimos manter o status de risco insignificante para a doença. Cumprimos o que prevê os acordos comerciais para este tipo de situação, o que só reforça como o país está comprometido com os compradores. Nossa imagem perante o mercado internacional continua sendo de um grande exportador de carne. Estamos avançando na retirada da vacinação e vale lembrar que os casos registrados no Brasil foram todos atípicos, não tivemos casos clássicos da doença.

Pecuária Brasil- Diante de tantas surpresas negativas nos últimos anos, teria uma forma do produtor não ser tão impactado?

Rafael Ribeiro – Existem algumas ferramentas que ajudam muito. A própria análise do ciclo pecuário mostra um horizonte no curto, médio e longo prazo. Em 2019, por exemplo, já tinha essa sinalização de que entraríamos em uma fase de baixa a partir de 2022. Ainda que essa análise não permita saber quanto os preços vão recuar ou subir, ela é uma sinalização de tendência de movimentação importante para quem trabalha no setor. Outro ponto essencial é o gerenciamento de risco do produtor. Hoje, ele tem à disposição inúmeras ferramentas de trava de preço, de compra/venda, mercado a termo, dentre outros, para diminuir os riscos com relação à receita. Existe a possibilidade de travar os custos de produção referente à parte de soja, milho, farelo. Mas é essencial que o produtor tenha ideia de seu custo de produção, entenda de gerenciamento da atividade, pois isso permite a ele ter estratégias melhores para trabalhar e obter receita mesmo em tempos de baixa.

Pecuária Brasil- A CNA está propondo a criação de sistema de rastreabilidade individual de bovinos e bubalinos no Brasil. O que contempla essa proposta?

Rafael Ribeiro – Hoje temos no Brasil algumas ferramentas de rastreabilidade, como, por exemplo, a GTA (Guia de Trânsito Animal) e a nota fiscal. Nossa proposta é que tenham um sistema base de rastreabilidade individual, que seria a “certidão de nascimento” do animal. Ela teria uma numeração oficial que acompanharia o animal durante toda a sua vida, inserção dos dados de registro desse animal no sistema antes da primeira movimentação e nas demais. Tudo isso com um sistema simples, porém eficiente onde o produtor consiga operar, realizando a inserção dos dados, a aquisição dos brincos, a solicitação da numeração, dentre outros procedimentos. A construção desse sistema ficará a cargo do Ministério da Agricultura e Pecuária. Com a rastreabilidade individual, será possível saber a propriedade de origem do animal e toda sua movimentação do nascimento até o abate. Agora, questões socioambientais de controle de resíduo e outros não estará relacionado com a nossa proposta. Isso ficaria a cargo de certificações e protocolos de adesão voluntária, com diretrizes capazes de atender exigências específicas de mercado, como por exemplo, o SISBOV que atende o mercado europeu. A ideia é que os protocolos utilizem essa numeração do animal. Para o sucesso do sistema precisaremos de uma integração com outros sistemas, como das agências de defesa sanitária e dos frigoríficos. A rastreabilidade individual será voluntária nos primeiros anos para permitir uma boa adaptação dos produtores. Até junho deve ser encaminhada ao Mapa.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 44
Com a rastreabilidade individual, será possível saber a propriedade de origem do animal.

CALENDÁRIO

9ª EXPOSIÇÃO INTERESTADUAL MANGALARGA

19 a 23 de abril

Anápolis-GO cavalomangalarga.com.br

44ª EXPO CARPINA

19 a 23 de abril

Carpina - PE (81) 9949 2546

CAMPO GRANDE EXPO

13 a 23 de abril

Campo Grande (MS) acrissul.com.br

ETAPA MANGALARGADA

NÚCLEO MANGALARGA DE AMPARO

27 a 29 de abril

Amparo (SP) cavalomangalarga.com.br

AVESUI

25 a 27 de abril

Medianeira (PR) avesui@gessulli.com.br

EXPOSIÇÃO RIO VERDE

06 a 16 de julho

Rio Verde - GO (62) 9159-2533

AGRISHOW

01 a 05 de maio

Ribeirão Preto (SP) agrishow.com.br

EXPOINGÁ

04 a 14 de maio

Maringá - PR (43) 3348 4380

EXPOSIÇÃO NORDESTINA

DA RAÇA SINDI

14 a 21 de maio

Campina Grande (PB) Sindi.org.br

EXPOAGRO DOURADOS

13 a 21 de maio Dourado (MS) sindicatoruraldedourados.com.br/expoagro

EXPO CURVELO

11 a 15 de maio

Curvelo (MG) expocurvelo.com.br

AGROTECNOLEITE

COMPLEM

09 a 12 de maio Morrinhos (GO) agrotecnoleitecomplem.com.br

RONDÔNIA RURAL SHOW

22 a 27 de maio Ji-Paraná (RO) rondoniaruralshow.ro.gov.br

CONGRESSO DE ZOOTECNIA

31 de maio a 02 de junho Natal (RN) zootec2023.com

BAHIA FARM SHOW

06 a 10 de junho

Luís Eduardo Magalhães (BA) bahiafarmshow.com.br

EXPONEL

13 a 17 de junho Avaré (SP) (14) 3732-1608

EXPO RIO VERDE

6 a 16 de julho Rio Verde (GO) exporioverde.com.br

SUPERLEITE

19 a 22 de julho Pompéu (MG) superleitepompeu.com.br

XX EXPOINEL VILA VELHA

01 a 06 de agosto VILA VELHA – ES (27) 99622-2248

XI EXPONEL VILA VELHA

07 a 13 de agosto VILA VELHA – ES (27) 99622-2248

GRAND EXPO BAURU

8 a 13 de agosto Bauru (SP) facebook.com/EXPOBAURU

19º EXPOSIÇÃO NACIONAL DA RAÇA SINDI

27 de setembro a 07 outubro São José do Rio Preto (SP) sindi.org.br

MEGALEITE

07 a 10 de junho Belo Horizonte (MG) sup.tecnico@girolando.com.br

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FOTO/CARLOS LOPES

PECUÁRIA 360O

BRAZILIAN GIROLANDO

Um dos países que mais importa sêmen da raça Girolando, o Panamá foi escolhido para a retomada do projeto internacional Brazilian Girolando, que, por conta da pandemia, estava paralisado. A Feira Internacional David, que aconteceu de 16 a 26 de março, contou com uma participação inédita da raça, com exposição de 25 animais, além de um estande para divulgar as inovações da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando e das empresas associadas, dentre elas a revista Pecuária Brasil. A iniciativa tem como objetivo promover no exterior a genética Girolando, raça que surgiu no Brasil e vem conquistando espaço por conseguir boa produção de leite em regiões tropicais e a baixo custo. Os próximos eventos internacionais com a presença do Brazilian Girolando acontecem na Bolívia e no Brasil.

FAZU TECH SHOW

O 1° Dia de Campo Fazu Tech Show, realizado no dia 24 de março, em Uberaba/MG, reuniu centenas de estudantes, produtores rurais e profissionais do setor. Ao longo de seis estações, os participantes puderam conhecer diversas inovações desenvolvidas para impulsionar o agronegócio. No espaço dedicado à pecuária leiteira, um dos destaques foi a raça Girolando. Na estação da pecuária de corte, o público acompanhou um minicurso sobre características morfológicas e de carcaça. Na estação Performance, a ABCGIL abordou os avanços da raça e sua 14ª Prova de Pré-seleção de Touros Gir Leiteiro. Outras entidades como Emater também ministraram minicursos, bem como empresas do setor.

CONFRARIA DA CARCAÇA NELORE

A Agropecuária Nelore Beka, em Santo Antônio da Platina/PR, realizou em março o Dia de Campo 2023 da Confraria da Carcaça Nelore e teve a participação de cerca de 400 convidados. Criadores, técnicos e pesquisadores compartilharam experiências e dados científicos que comprovam os avanços na pecuária de corte no Brasil e especialistas apresentaram um panorama do mercado da carne para os próximos anos. O titular do criatório, Abelardo Lupion, apresentou os resultados da sua seleção em relação ao marmoreio. Segundo ele, a produção de carne com marmoreio atende o mercado que vem demandando cada vez mais por carnes especiais.

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INSCRIÇÕES PROVA DE BRAHMAN

A terceira edição da Prova de Eficiência e Performance Brahman/BoicomBula já está com inscrições abertas. Estão disponíveis 80 vagas. A novidade desta edição é que a avaliação será somente de touros. Podem participar machos nascidos de 1º de agosto de 2021 a 31 de janeiro de 2022. A proposta é avaliar características de maior impacto econômico dentro da pecuária de corte, baseada em um sistema de produção de cria e recria a pasto, com suplementação e confinado para terminação. A prova será realizada durante 77 dias, no Centro Tecnológico Bela Vista, em Botucatu/SP, com início no dia 17 de abril. O resultado será informado no dia 5 de agosto. A prova é realizada pela ACBB, em parceria com a BrasilcomZ, e tem o apoio da ABCZ e da Central Bela Vista.

UNIVERSIDADE DO AGRO

A Uniube (Universidade de Uberaba) lançou, em março, a Universidade do Agro: uma unidade de negócio desenvolvida para atender e impulsionar o agronegócio no país. O projeto oferta cursos de graduação e pós-graduação em Agronegócio, Agronomia, Logística, Medicina Veterinária, Zootecnia e outros ligados ao Agro, além de cursos livres, serviços de exames, testes, diagnósticos laboratoriais, palestras de consultorias e desenvolvimentos de novos produtos, reunidos em uma plataforma eletrônica de E-commerce. A ideia com certeza é que a Universidade do Agro se torne uma referência nacional e internacional. Com relação a infraestrutura física, conta com o Hospital Veterinário, o Park LAB, o Uniube Maker, a Unitecne, a Fazenda Escola e muitos outros laboratórios que serão potencializados com a Universidade do Agro. Durante o evento, foram homenageadas personalidades do agro.

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 49

INVESTIMENTOS E DIREITO DO AGRO

Como o direito de propriedade e a segurança jurídica podem contribuir para impulsionar novos investimentos no agronegócio? A questão foi debatida no dia 29 de março, durante o 3º Congresso Brasileiro de Direito do Agronegócio (CBDA), em Brasília/DF. O CEO da Ceres Investimentos, Guilherme Rodrigues da Cunha, foi um dos debatedores do painel “Direito de Propriedade, Segurança Jurídica e Investimentos”, que teve também a participação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ricardo Villas Bôas Cueva, e do Diretor Jurídico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rudy Ferraz. Segundo o CEO da Ceres Investimentos, o Brasil o desafio de atrair novos investidores passa também por uma legislação segura e pelo respeito ao direito de propriedade. Focada nos desafios e oportunidades do agronegócio, a Ceres Investimentos é uma plataforma de soluções financeiras que evolui de forma acelerada, em sua atuação como consultoria especializada em análise de crédito e originadora de operações estruturadas.

EXPOLINS

A 8ª Exposição Regional do Gir Leiteiro de Lins, que ocorreu de 27 de fevereiro a 4 de março, abriu o calendário de exposições ranqueadas da raça em 2023. O Melhor Expositor foi Luiz Eduardo Branquinho, que fez a Grande Campeã Hebe Milk Center. Ela ainda conquistou o título de Grande Campeã do Torneio Leiteiro. Já o Melhor Criador foi José Coelho Vitor que conquistou o título de Grande Campeão com o touro Abel FIV Cabo Verde. O jurado que conduziu os trabalhos foi Antônio Garcia.

FEMEC 2023

A 10ª Feira do Agronegócio Mineiro (Femec), ocorrida entre os dias 21 e 24 de março em Uberlândia/MG, registrou um volume de negócios de cerca de R$ 2,4 bilhões, gerados a partir das vendas realizadas pelos 300 expositores presentes no parque. O valor total de negociações oriundas da Femec 2023 poderá chegar a R$5 bilhões até o final de 2023, levando em conta que 73,6% dos expositores afirmaram que o maior volume de vendas é fechado após os dias de feiras. O público visitante da Femec 2023 em quatro dias foi superior a 100 mil pessoas. Na parte de pecuária, o evento teve exposição de várias raças, como Gir Leiteiro, Girolando, Nelore, que trouxe para Uberlândia uma etapa do Circuito Ouro, e Senepol.

PECUÁRIA 360O

CONGRESSO DAS MULHERES DO AGRO

Força feminina, novidades, trocas de experiências. Assim foi o lançamento da 8ª edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que aconteceu no dia 23 de março, em São Paulo. Com o tema “Dobrar o Agro de tamanho com sustentabilidade: A Marca Brasileira”, o Congresso terá como um dos principais objetivos debater as modernizações e evoluções necessárias para que o setor continue crescendo e consolidando sua importância para o Brasil e para o mundo nas questões de segurança alimentar, energética e ambiental. O evento, que espera reunir 3 mil protagonistas do setor, ocorrerá nos dias 25 e 26 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo.

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 51

RAÇA

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 53 GUZERÁ RUMO AO SENEGAL RAÇA TERÁ
EXPORTAÇÃO
MAIOR
DE TOUROS
SELEÇÃO
GENÉTICA
Nelore Pintado #pecBR VARIEDADE REGISTRA FORTE DEMANDA NO MERCADO
.
. CRIAÇÃO . LEILÕES

Brasil pronto para a maior exportação de touros Guzerá

Primeira etapa do acordo entre governo senegalês e empresa brasileira de logística prevê o envio de mais de 300 touros da raça

No ano em que completa o centenário da primeira exportação de animais Guzerá, o Brasil terá a oportunidade de levar mais tecnologia para a pecuária de corte e de leite da África. Recentemente foi firmado um acordo entre o governo do Senegal e a empresa de exportação GBC Internacional para o envio de animais melhoradores da raça pelo período de 10 anos.

O primeiro embarque está previsto para abril e será somente de touros. “Como os rebanhos puros Guzerá

são bem poucos no Senegal, os produtores locais viram na importação da genética brasileira uma oportunidade de melhorar o gado e de formar seus próprios planteis”, explica Cristiano Lima, CEO da GBC Internacional, empresa que atua há 23 anos no mercado, principalmente no Oeste da África, tanto no envio de gado vivo, como de comodities, ração animal e alimentos.

Uma comitiva formada por 15 senegaleses, entre representantes do governo, da associação de Guzerá e produtores, esteve no Brasil no mês de março para selecionar

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 54
RAÇA
ARQUIVO PESSOAL
VIEIRA
LARISSA

pessoalmente os animais. Eles visitaram cerca de 20 criatórios do Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará e São Paulo e ficaram impressionados com a qualidade e diversidade do rebanho brasileiro. De acordo com Lima, os senegaleses priorizaram a parte morfológica dos animais durante as visitas, visando adquirir exemplares que atendam as condições climáticas e da pecuária africana.

Para a primeira exportação, foram adquiridos 310 reprodutores de 14 propriedades, sendo que as demais serão contempladas nas próximas exportações. As fazendas onde foram adquiridos exemplares são: Cassilândia, Ibituruna, Guzerá ANPL, Guzerá AWS, Guzerá da Geada, Guzerá GL, Guzerá JUZZ, Guzerá Império, Guzerá MF, Guzerá Morumbi, Guzerá NF, Guzerá Pedra Negra, Guzerá Sula e Taboquinha. “Optamos por adquirir touros em um número maior de criatórios como forma de incentivar os selecionadores brasileiros a continuarem apostando no Guzerá. Em alguns compramos dois exemplares e em outros 60, o que nos exigiu um planejamento de logística muito maior, mas acredito que esse esforço contribui para fortalecer a raça no Brasil”, garante o CEO da GBC Internacional.

Os exemplares seguirão para fazendas da região de Dakar e outras cidades do interior. O perfil das propriedades é de médios a grandes produtores, dentre 800 a 3 mil cabeças, sendo a maior parte com algum grau de sangue de Guzerá. Apenas algumas são de rebanhos puros.

Antes do embarque, os touros passarão de 14 a 20 dias no quarentenário homologado pelo Ministério da Agricultura e

Senegal eles terão de ficar mais 10 dias em quarentena para depois seguirem para as fazendas de destino.

A exportação de animais vivos só foi possível graças ao trabalho realizado pela empresa junto ao governo de Senegal. O protocolo sanitário entre os dois países estava vencido e foi renovado em março de 2023. Ele permite tanto a exportação de animais vivos quanto de sêmen e embriões.

Um segundo embarque deve acontecer ainda em 2023. Três produtores rurais e o presidente da Associação de Guzerá do Senegal, Harouna Ba, visitarão fazendas no Brasil para selecionar os animais, que serão fêmeas e machos de várias categorias. A estimativa é enviar 500 a 1000 cabeças de Guzerá anualmente.

Desde 2015, a GBC Internacional vem fazendo embarques de animais da raça para o Senegal. Já foram feitos dois envios de aproximadamente 400 exemplares, porém eram compostos de várias categorias de machos e fêmeas. “O Brasil é referência na seleção de Guzerá, contando com linhagens de corte e de leite de extrema qualidade. Com as exportações, queremos colaborar com a evolução da pecuária da África, tendo o Guzerá como uma das raças principais”, finaliza Cristiano Lima.

Demanda crescente

A raça Guzerá vem apresentando crescimento não só de animais vivos, mas também de material genético. Nos últimos quatro anos, as exportações de sêmen tiveram elevação em torno de 172%, sendo a maior parte de linhagens leiteiras. Conforme dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), de 2021 para 2022, esse aumento foi de 6,7%, índice acima do registrado no

O presidente da Associação dos Criadores de Guzerá e Guzolando do Brasil (ACGB), Carlos Fontenelle, assegura que a raça está preparada para atender esse aumento da demanda internacional. “Estamos em novo ciclo de expansão da raça, suportado em avaliações genéticas e genômicas, bem como em provas oficiais de avaliação de desempenho que ressaltam as qualidades da raça. A demanda internacional por material genético com avaliação, corte e leite, tem crescido bastante com a exportação de embriões e sêmen. E a exportação de animais vivos já é uma realidade com perspectivas crescentes”, diz Fontenelle.

100 anos da primeira exportação

A primeira exportação de touros Guzerá ocorreu graças ao empenho de criadores uberabenses e fluminenses, uma ação que contou com o apoio do governo

brasileiro. Na época, a Sociedade do Herd Book Zebu, hoje ABCZ, viu na abertura do mercado internacional uma possibilidade de impulsionar o comércio e crescimento das raças zebuínas.

Os primeiros bovinos foram embarcados em maio de 1923. Em outubro, foram exportados lotes de Guzerá e Nelore pelos pecuaristas do Rio de Janeiro Pedro Marques Nunes e Otacílio Lemgruber. Outras 200 cabeças foram embarcadas em dezembro do mesmo ano. Em função de adversidades ocorridas na época, boa parte dos animais exportados acabou sendo destinada aos Estados Unidos.

Segundo informações históricas compiladas pelo gerente Executivo da Fundação Museu do Zebu Edilson Lamartine Mendes, Thiago Riccioppo, entre os touros Guzerá que contribuíram para o avanço do rebanho norte-americano, está o animal Aristocrata, que pertencia ao criatório de Orlando Rodrigues da Cunha.

RAÇA

NANDA NF - FNF A2914

Hortêncio FIV NF x Dalila TE NF (Guzerá da Barra 2)

INTERFACE FIV NF - FNF A1605

Juazeiro JA x Uba NF (ABC S)

MENINA NF - FNF A2741

Hum Sonho Abadon x Guanduense NF (Neofito Maia)

LANCHA NF - FNF A2286

Plebeu NF x Benzina NF (Patrono NF)

TAFONA NF - FNF A4572

Hidrante FIV NF x Lucila NF (Notável TE JF)

TAQUARA NF - FNF A4629

Gráfico NF x Inspetora FIV NF (Remanso TE Tabo)

SENZALA NF - FNF A4166

Hortêncio FIV NF x Junta NF (Quito FIV JA)

IRMA NF - FNF A1388

Nova Seita D x segurança NF (Califa JP)

Vacas Guzerá NF em Controle Leiteiro Oficial da ABCZ.

CIA MATE LARANGEIRA Fazenda Santa Virgínia Rod. MS 164, KM 31,5 – Caixa Postal 261 CEP: 79.904-970 – Ponta Porã/MS fazenda@santavirginia.com.br (67) 3010-0040 | (67) 3010-0041 ciamatelarangeira GIROLANDO GUZOLANDO SAIBA MAIS SOBRE AS RAÇAS Grandes Campeões CIA MATE LARANJEIRA Globo FIV da CM - CMLG633 Signo AM X Grandiosa FIV do DER (Besouro ROE) EXPOZEBU 2015 Globo FIV da CM - CMLG633 Signo AM X Grandiosa FIV do DER (Besouro ROE) EXPOZEBU 2016 IMPÉRIO FIV DA CM - CMLG75 Encanador Villefort x Fera II FIV Morumbi (Signo AM) EXPOZEBU 2017
FIV DA CM - CMLG1356 Globo FIV da CM x Marimba da ICIL (Beijim S) EXPOZEBU 2022
OCTÓGONO

Clientes Campeões

GENÉTICA CIA MATE LARANGEIRA SE DESTACANDO EM OUTROS CRIATÓRIOS QUE INVESTIRAM NA MARCA

JOGADA FIV DA CM - CMLG940

Globo FIV da CM x Alvorada FIV da DHMF (Mabrouk da Vic)

CAMPEÃ FÊMEA JOVEM NACIONAL 2018 - VENDIDA PARA ICIL

OUSADA FIV DA CM - CMLG1388

Encanador Villefort x Marimba da ICIL (Beijim S)

CAMPEÃ NOVILHA MENOR NACIONAL 2021 - VENDIDA PARA ICIL

PALAK FIV DA CM - CMLG1468

Espião S x Luxuosa da DHMF (Tirano TE EG)

CAMPEÃ BEZERRA EXPOZEBU 2022 - VENDIDA PARA TORK

NINFETA FIV DA CM - CMLG1308

Espião S x Gineta da CM (Conjunto FIV Origem)

GRANDE CAMPEÃ EXPOCURVELO 2022 - VENDIDA PARA ICIL

PRAVAR FIV DA CM - CMLG1480

Encanador Villefort x Jamaica FIV da CM (Globo FIV da CM)

CAMPEÃO JÚNIOR MAIOR NACIONAL 2022 - VENDIDO PARA TORK

OUSADA FIV DA CM - CMLG1388

Encanador Villefort x Marimba da ICIL (Beijim S)

CAMPEÃ FÊMEA JOVEM NACIONAL 2022 - VENDIDA PARA ICIL

O que interfere na qualidade do sêmen?

Vários processos podem comprometer a condição do material genético caso não ocorra uma boa conservação, transporte e nem sejam adotados os procedimentos corretos para inseminar

Com mais de 82 milhões de matrizes aptas para inseminar, o Brasil elevou sua produção de sêmen no último ano, chegando a 24.757.250 doses, aumento de 4% em comparação a 2021. O caminho que essas doses vão percorrer até chegar o momento da inseminação artificial precisa seguir vários procedimentos para que a qualidade do sêmen seja preservada, resultando em boa taxa de prenhez.

De acordo com a médica-veterinária, Tatiana Issa Uherara Berton, a qualidade depende de um trabalho multifatorial tanto na fase de coleta quanto nas demais

etapas. “Existe todo um processo para a coleta e processamento de sêmen, em que as células espermáticas passam por resfriamento e posterior congelação e depois são armazenadas em nitrogênio líquido. Quando as doses de sêmen são expostas às temperaturas maiores, começam a existir danos às células e pode ocorrer a diminuição do potencial de fertilidade que aquela dose poderia entregar”, explica Tatiana, que é gerente geral e responsável técnica da central de coleta Tairana, em Presidente Prudente/SP. A empresa coletou 2 milhões de doses em 2022 e tem a perspectiva de elevar essa produção em 2023, mesmo considerado o ano desafiador.

Análise computadorizada da cinética espermática na central Tairana

RAÇA
LARISSA VIEIRA

Para aumentar as chances de o touro entregar um material dentro dos padrões estabelecidos pelo mercado, as centrais de coleta redobram os cuidados com a sanidade, nutrição, bem-estar animal. Além disso, todo o cuidado com a manipulação de sêmen dentro do laboratório é essencial para a preservação da qualidade das células. “Hoje em dia, os equipamentos para o processamento de sêmen dentro das centrais nos dão condição de realizar o procedimento de resfriamento, envase e congelamento de sêmen com cuidados e com a possibilidade de acompanhamento das etapas”, esclarece Tatiana. Além das técnicas convencionais de análise de sêmen, hoje é possível contar com a análise de cinética espermática através de softwares próprios de análise computadorizada e outros métodos de avaliação como uso de sondas fluorescentes e citometria de fluxo, que também podem vir a contribuir na rotina de um laboratório de coleta e congelação de sêmen.

As avaliações qualitativas nas doses também são importantes já que o processo de resfriamento e congelação do material é danoso para célula espermática. É uma forma de avaliar a viabilidade da dose de sêmen, da partida.

Cuidados na logística e manuseio

Depois da coleta, a etapa de armazenamento no banco das centrais também exige cuidados. “Quando o sêmen vem do laboratório, após passar por todas as etapas póscoleta, para armazenamento no banco, ele é manipulado por uma equipe altamente treinada, sempre submerso no nitrogênio líquido, sendo minimamente exposto fora dele. O nível de nitrogênio dos nossos bancos e botijões

são conferidos diariamente”, explica Junior Salandim, gerente de Armazenamento e Logística da central de biotecnologia Seleon, localizada em Itatinga/SP. A empresa produziu 4 milhões de doses em 2022 e a expectativa é ter desempenho melhor em 2023.

Outra regra na Seleon é guardar uma amostra de cada partida produzida lá, com o objetivo de ter uma garantia da qualidade do sêmen que saiu da central.

Salandim explica que entre os erros mais comuns dos produtores no manuseio do sêmen e no transporte estão a falta de nitrogênio no nível adequado dentro do botijão e a manipulação excessiva ou errada das doses. “Não é recomendado o inseminador erguer a todo momento a caneca para tirar a dose da raque e ver de qual touro é”, orienta.

Tatiana Berton reforça também que ficar manuseando o sêmen com as mãos e não transferir as doses de um botijão para o outro da maneira adequada pode prejudicar a qualidade do material. Em todos esses processos ocorre um aumento da temperatura. “Em cada erro cometido se perde um pouco a via bilidade, o potencial de fertilidade da dose”, in forma.

Junior Salandim Gerente de Armazenamento e Logística da Seleon Fernando Pereira Sócio-diretor da PremiunGen Tatiana Issa Uherara Berton Médica-veterinária

É importante ficar atento ao nível de nitrogênio no botijão, pois ele tem a função de conservar o sêmen. “O ideal é manter sempre um nível mínimo 20 cm de nitrogênio, pois, assim, todas a paletas estarão mergulhadas no produto e permanecerão congeladas. Com 15 cm ainda está viável por conta do vapor, mas já é um sinal amarelo de que a qualidade começa a ser comprometida”, ressalta o médico-veterinário Fernando Pereira, da distribuidora de sêmen PremiumGen, em Londrina/PR.

No momento do transporte, é preciso ficar atento ao nível de nitrogênio por conta do tombamento ou batida do botijão.

Já o descongelamento não pode ser demorado. Se a escolha do sêmen, por alguma razão, prolongar, é necessário introduzir o caneco no nitrogênio para não perder temperatura e causar danos. Retire a palheta de sêmen com uma pinça e coloque-a no descongelador eletrônico ou na água na morna (35 a 37ºC) durante 30 segundos para descongelar. Descongelar utilizando a temperatura das mãos, axilas ou qualquer outro meio é diferente de utilizar um banho-maria (ou descongelador) com temperatura adequada, com tempo adequado.

Fernando Pereira recomenda que seja feita uma avaliação de amostra do sêmen para verificar vigor, motilidade e outros pontos, mas isso precisa ser realizado antes do dia da inseminação. “Se isso for feito na hora de inseminar e for comprovado que o material não tem qualidade, não haveria tempo hábil de comprar outras doses de sêmen já que as vacas estarão todas sincronizadas”, acrescenta. Segundo ele, a PremiumGen tema a prática de realizar as análises periodicamente, garantindo, assim, melhores índices de fertilidade nos procedimentos feitos. Teoricamente, uma dose bem conservada permanece viável por tempo indeterminado.

Treinamento da equipe

A inseminação artificial exige que os profissionais tenham cuidados na realização do passo a passo do processo. No Centro de Treinamento Pecuário (CTPEC), em Londrina, o médico-veterinário, Sérgio Félix Pessoa, tem conduzido cursos de inseminação. Anualmente, são treinados 400 alunos, sendo 80% deles para a IA. “Uma equipe bem treinada, aliada a uma propriedade bem manejada, com instalações apropriadas, preocupada com os fatores nutricionais e sanitários do rebanho e, sem sombra de dúvida, uma assistência técnica veterinária eficiente, traz o sucesso na aplicação da técnica. Com a capacitação da equipe, os pecuaristas brasileiros conseguirão intensificar a produção para continuarem eficientes no mercado”, alerta o diretor da CTPEC.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 62
RAÇA
Curso de inseminação no CPTEC

AGRA

FIV ANGICO – UNFF 728

CARTUCHO DO MBA x SANTISTA TE ANGICO

Tetracampeã Nacional Melhor Matriz Mocha do Brasil em (2017/2018) – (2019/2020) (2020/2021) - (2021/2022)

MIKAELA FIV ANGICO UNFF 1460

BRONZE CAMPARINO x 7546 TE MAFRA (NERO FIV DE NAV.)

Grande Campeã – Expoinel/2022

Grande Campeã – Expopar/2022

Reservada Grande Campeã – ExpoZebu/2022

LINDA FIV ANGICO UNFF 1355

KAYAK TE MAFRA x AGRA FIV ANGICO (CARTUCHO MBA)

Reser vada Grande Campeã – Expoinel Vila Velha/2020

3º Melhor Matriz Nelore Mocha do Brasil

NAGALY FIV ANGICO UNFF 1526

LEGADO FIV RG x MEGAN FIV ANGICO (D4685 DA MN)

Campeã Bezerra – Expo Paraíba/2022

Tom da produtividade

Cresce no Brasil a demanda pelo Nelore de pelagens variadas, mais conhecido como “Nelore Pintado”. Depois de quase 30 anos, ele volta às competições da ExpoZebu

Raça mais selecionada no Brasil, o Nelore vem conquistando ainda mais espaço no mercado pecuário com os animais de pelagens variadas, especialmente os pintados de preto e de vermelho. As médias de preço nos pregões comprovam essa valorização. Na edição de 2022 do “Leilão Nelore Pintado Brasil & Convidados”, as fêmeas PO saíram a uma média de R$147 mil e os machos PO a R$40 mil. O animal mais caro foi a matriz Olinda, vendida 50% a R$485 mil. “É uma realidade bem diferente de quando meu pai começou a formar seu reba-

nho, há mais de duas décadas. Na época não tinha opção de touros no mercado”, lembra Fernando Carvalho, da Fazenda São Lourenço, no município de Amambai/MS, responsável pela organização de um dos maiores pregões da variedade.

Junto com os irmãos Geraldo e Roberto, ele dá continuidade ao trabalho de seleção iniciado pelo patriarca Geraldo Souza Carvalho Júnior, que já era criador de Nelore. Os primeiros animais pintados de vermelho foram adquiridos, há mais de 20 anos, na Fazenda Santa Maria do Apa, no Mato Grosso do Sul, de propriedade do criador Hélio Corrêa de Assunção. Já os pintados

RAÇA
LARISSA VIEIRA

Com a experiência adquirida na seleção do Nelore padrão, a São Lourenço foi aprimorando e multiplicando a genética dos animais pintados. “Assim como no Nelore, a busca tem sido por exemplares produtivos, sempre priorizando características funcionais e raciais, mas aliando à beleza da pelagem. Todo o rebanho é avaliado por dois programas de melhoramento, que são o PMGZ e o Geneplus/Embrapa. Com base nos resultados das avaliações genéticas e fenotípicas, estamos obtendo desempenho similar ao Nelore padrão, em relação ao ganho de peso, rendimento de carcaça e outras características”, informa Fernando Carvalho. A propriedade seleciona Nelore há mais de 50 anos.

Apostando em tecnologias como FIV e inseminação artificial para multiplicar a genética selecionada, a fazenda tem mais de 20 touros em centrais. “Estamos contribuindo para o melhoramento da raça, que a cada ano atrai novos investidores por conta de sua grande eficiência e valorização”, acrescenta o criador. Com um rebanho em torno de mil animais vermelho e preto, a Fazenda São Lourenço ainda comercializa mais de 300 fêmeas e machos registrados em seu leilão anual, um dos maiores do país e que ocorre há dez anos, sempre no mês de outubro, em Campo Grande/MS.

A novidade para 2023 será a participação do criatório na ExpoZebu. Eles concorrerão com 30 animais. “Será um marco para o Nelore pintado, que trará ainda mais

valorização para a raça. Há mais de 10 anos participamos da ExpoZebu, mas nunca tivemos acesso ao julgamento. Trabalhamos muito junto à ABCZ para que o Nelore pintado voltasse às pistas. É uma conquista histórica”, conclui Fernando Carvalho.

Novos criadores

Entre os novos investidores do Nelore pintado está Angelo Prata Tibery, que é criador de Sindi, em Três Lagoas/MS. Há dois anos adquiriu a bezerra Estrela, no leilão promovido pelo criatório V3. “A bezerra era diferenciada, com um excelente biotipo, e decidi iniciar com ela meu plantel. Depois, passei a adquirir mais exemplares pintados de preto e de vermelho. Nesses dois anos, já nasceram 50 produtos, já vendemos alguns, e queremos chegar a umas 200 cabeças. Tenho um rebanho pequeno, mas que foi iniciado com o melhor que tem dentro da raça”, diz Tibery, que fará a clonagem da vaca Genebra GC da São Lourenço.

Segundo ele, o trabalho de grandes criatórios, como o São Lourenço e o V3, foram uma inspiração, pois estão conseguindo produzir indivíduos de alta performance, precoces, que mostraram bom revestimento de carcaça, de for ma equili brada.

Fernando, Roberto e Geraldo. Irmãos Carvalho comandam a Fazenda São Lourenço

RAÇA

“Os animais Nelore pintado evoluíram muito e estão em grande ascensão graças ao trabalho de seleção que diversos criadores vêm fazendo”, assegura o criador, que levará 12 animais para concorrer na ExpoZebu. “O alto nível das competições da ExpoZebu são um indicador de que teremos um julgamento muito concorrido também no Nelore pintado. Será uma vitrine importante para todos”, finaliza Angelo.

Referência no Brasil

A história do Nelore pintado no país passa pela Fazenda Café, no município de Paranaíba/MS, fundada pelo criador Walmir Lopes Cançado, titular da marca V. Lá, no dia 30 de outubro de 1984, foram registrados os primeiros animais da variedade de pelagem, pintado de preto: o touro Pintor da Café e a matriz Pintora da Café.

A base de seu rebanho começou a ser formada muito tempo antes, na década de 1920, com animais descendentes do touro Pintor Importado, de propriedade de Manoel Andrade (conhecido como “Neca Andrade”), pecuarista do Triângulo Mineiro. A partir de 1953, ele intensificou a seleção dos animais de pelagem pintada de preto. Anos depois, adquiriu exemplares pintados

de vermelho do selecionador do Mato Grosso do Sul, Hélio Corrêa de Assunção, pioneiro desta variedade de pelagem do Nelore. Também foram adquiridos animais Nelore padrão que apresentavam manchas ou pintas, descendentes dos touros da importação de 1962, Karvadi e Kurupathy Importado.

O legado da marca V continua hoje pelas mãos do médico-veterinário João Antônio Soares Bessa Costa, bisneto de Walmir. “Ele lutou muito para defender o Nelore pintado, que no início não despertava o interesse dos pecuaristas, e sua insistência na promoção do melhoramento genético do rebanho possibilitou posteriormente a oferta ao mercado de exemplares superiores”, defende João Antônio, que comanda a marca V3.

Assim como o bisavô e a avó Dona Mariita, filha do fundador da Fazenda Café, João Antônio vem trabalhando para o avanço da raça desde muito jovem. Quando era adolescente já auxiliava a avó e, depois de formado, assumiu a gestão do negócio. “Estamos sempre desafiando o nosso gado, investindo na melhoria da carcaça, habilidade materna, desempenho, precocidade, qualidade da carne e promovendo acasalamentos que garantam a pelagem pintada de vermelho e pintada de preto”, diz. Entre as tecnologias utilizadas estão a genotipagem, FIV e a ultrassonografia de carcaça.

Para difundir a genética do criatório, o selecionador fundou a empresa V3 Genetics, focada na produção de embriões congelados de doadores do plantel.

São produzidos e comercializados anualmente 2500 embriões para todo o Brasil. “O Nelore pintado passa por um momento muito favorável, de demanda grande. A entrada de novos investidores contribui para aumentar a credibilidade da variedade, traçando um futuro promissor para o Nelore Pintado”, acredita João, que está pronto para a ExpoZebu, onde concorrerá com 15 animais.

O retorno à ExpoZebu

A ExpoZebu terá em pista 162 animais, tanto mochos quanto padrão de diversas variedades de pelagem. Os julgamentos serão entre os dias 4 e 6 de maio, sob o comando dos jurados Carlos Alberto Marino Filho, Célio Arantes Heim e Horácio Alves Ferreira Neto.

O Nelore pintado estreou na pista da ExpoZebu em 1986, porém, na época os animais eram registrados como LA pela ABCZ, separado do Nelore padrão. O jurado foi Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, atual 1º vice presidente da associação. O primeiro Grande Campeão Nelore Pelagens da ExpoZebu foi Aracaju da Café, pintado de preto, do expositor Agropecuária Lopes Cançado.

A galeria de campeões exposta na sede da ABCZ, em Uberaba/MG, ainda conta com outros dois Gran des Campeões. Em 1990, venceu Esperando da L. Can çado, do expositor Agropecuária L. Cançado S/A. Ele era filho do campeão Aracajú da Café. Já em 1996, o criatório fez novamente o Grande Campeão, com Líbero Café.

Dois anos antes de comandar o primeiro julgamento, Arnaldinho tinha participado do registro dos primeiros animais Nelore pintado, o macho Pintor e fêmea Pintora, de propriedade da família de Walmir Lopes Cançado. “Até 1983, os animais com pelagem vermelha, preta ou pintada eram desclassificados e não podiam receber o registro genealógico. No ano seguinte, consegui a aprovação no Conselho Deliberativo Técnico da raça Nelore para registrar esses animais como livro aberto”, lembra Arnaldo

Nos anos 1990, ele encaminhou mais uma proposta para que as variedades de pelagem fossem consideradas permissíveis dentro do padrão racial do Nelore. Anos depois, elas já foram consideradas como “Ideal”. Com as alterações no regulamento de registro, o julgamento separado na ExpoZebu foi suspenso. “Quando visitei a Índia vi muitos rebanhos com essas variedades de pelagem. Meu avô, Rodolfo Machado Borges, chegou a ter alguns animais pintados de origem indiana, mas na época, vendeu todos esses exemplares para um criador do

CARNE

EFICIÊNCIA ALIMENTAR

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 71
PESQUISAS MOSTRAM AVANÇOS NAS RAÇAS ZEBUÍNAS
#pecBR
PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA
Touros avaliados na prova IT-CAR

Eficientes no cocho e mais lucrativos

Em busca de animais da raça Guzerá e Nelore de maior conversão alimentar, a Fazenda Perfeita União, em Pirajuí/SP, incorporou há 11 anos a tecnologia do CAR (Consumo Alimentar Residual). O criatório é um dos pioneiros na adoção do índice na raça Guzerá.

No Centro de Performance Aldo Tonetto, erguido na propriedade, já foram realizadas 42 edições da Provas IT-CAR, sendo a última finalizada em março de 2023. Em 2022, o projeto foi ampliado para incorporar a raça Nelore nas avaliações. “Para ter sucesso na pecuária, é preciso achar menos e medir mais.

Por isso, medir para identificar os melhores indivíduos e multiplicá-los para ofertar ao mercado uma genética de alta confiabilidade e performance sustentável, sempre foi a filosofia do Guzerá IT nessas quase seis

décadas de seleção”, afirma o pecuarista Tarcisius Tonetto, que comanda o criatório.

No início da medição, as baias individuais instaladas na propriedade tinham capacidade para 20% do rebanho. Com a ampliação do número de equipamentos, o espaço atualmente pode acomodar até 90 exemplares. Participam todos os filhos dos melhores reprodutores do plantel, classificados nas primeiras provas ou líderes no teste de progênie (no caso do Guzerá). Eles são criados e desmamados a pasto e depois, aos 12 meses, entram na prova, recebendo ração balanceada. Os que alcançam métricas desejáveis, classificados como Elite ou Superior, são selecionados e têm a genética multiplicada no rebanho. “Realizamos três provas por ano e as avaliações de eficiência alimentar realizadas até 2022 apontaram uma redução no consumo sem afetar as características funcionais e fenotípicas”, afirma.

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 73
Vários criatórios vêm investindo nas avaliações de eficiência alimentar para selecionar seus animais melhoradores. As pesquisas apontam um percentual bem menor de consumo para mantença
LARISSA VIEIRA

O acompanhamento conduzido pelo pesquisador e professor Emérito de Ciência Animal da Universidade da California, Roberto Sainz, apontou um percentual de consumo alimentar para mantença dos animais bem menor que em 2012, ano de início do projeto. Nos resultados divulgados pelo pesquisador, a evolução foi de 2% ao ano. “No acumulado do percentual até 2022, esse índice chega a 20% mais de margem de lucro no índice Margem @, que é uma métrica para saber se a fazenda está tendo lucro, considerando os gastos com nutrição”, explica Sainz. Desenvolvido há oito anos, o Margem @ está relacionado ao custo da arroba produzida, aliando as informações de eficiência alimentar às coletadas na ultrassonografia de carcaça, como Área de Olho de Lombo e Gordura.

Segundo o pesquisador, o resultado alcançado na Perfeita União corrobora com os obtidos no criatório de Nelore, o Rancho da Matinha, conduzido pelo pecuarista Luciano Borges Ribeiro. “Esses dois programas de seleção são os únicos exemplos em todo o mundo onde a seleção para CAR, há mais de 10 anos, foi realizada em condições comerciais. Esses resultados são de alto interesse tanto para a pecuária quanto para a comunidade científica”, informa o pesquisador.

Dentro do sistema de seleção do criatório, a eficiência alimentar é um critério complementar. “Trata-se de uma característica importante, já que os custos com nutrição

impactam muito, mas não pode ser vista como a solução de tudo. A meta é produzir animais equilibrados para diversas características, aliando a informação de eficiência alimentar a outras DEPs de interesse econômico”, informa Tarcisius Tonetto. Segundo ele, mais de 1400 animais já foram avaliados, sendo que foi possível identificar mais de 30% do rebanho com CAR negativo e sem alterar qualquer característica ligada ao ganho de peso, produção e qualidade de carne. Em relação à herdabilidade da eficiência alimentar, os pesquisadores apontam uma transferência genética em torno de 60% dos reprodutores aos seus descendentes.

Prova de eficiência no Brahman

Há dois anos a raça Brahman ganhou uma avaliação própria de CAR. Em 2023, 80 touros serão avaliados pela Prova de Eficiência e Performance Brahman Boi com Bula, no Centro Tecnológico Bela Vista, em Botucatu/SP. “Pelos resultados da última edição foi possível identificar animais da raça Brahman eficientes no consumo de alimentos. Por ser moderadamente herdável, é uma característica que deve ser explorada na identificação e seleção de touros e fêmeas geneticamente superiores para produção de carne nacional” informa o zootecnista e supervisor de

Prova de eficiência alimentar da raça Brahman

Produção e Pesquisa da central Bela Vista, Matheus Henrique Vargas de Oliveira.

Na prova dos machos em 2022, o animal mais eficiente consumiu -1,57 kg Matéria Seca (MS)/dia e o menos eficiente 1,47 kg MS/dia em relação à média dos animais avaliados. Nas fêmeas, a mais eficiente consumiu -1,40 kg MS/dia e a menos eficiente 1,16 kg MS/dia. E quando considerado animais extremos (eficientes e não eficientes), existe diferença de consumo de 3,04 kg MS/dia e 2,56 kg MS/dia entre machos e fêmeas, respectivamente. A prova é realizada pela Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB) e terá uma nova edição a partir de maio. A raça também participa de provas coletivas de eficiência alimentar, como por exemplo, o Teste de Desempenho e Eficiência Alimentar do Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT).

Os dados comprovam que eficiência alimentar tem grande impacto econômico dentro de um sistema de produção. Para identificar exemplares com essa característica, o criatório Brahman Vitória, em Brasilândia/MS, passará a realizar a partir deste ano uma própria prova de eficiência alimentar. A proposta é avaliar 50 animais do rebanho, entre PO (Puro de Origem), PC (Puro por controle) e PA (Puro por Avaliação).

Na propriedade, será montada uma nova área de confinamento, onde haverá a instalação de cochos eletrôni-

cos para medir consumo. “Nossos animais já participam da avaliação de CAR nas provas do PNAT e da ACBB e agora ampliaremos essa medição por se tratar de dados importantes dentro da atual realidade da pecuária de corte”, explica Alexandre Ferreira, que comanda a seleção junto com o filho João Ferreira. “Nossos animais são avaliados frequentemente para certificarmos que estamos realmente promovendo o melhoramento genético. Estamos comprovando que a raça é precoce e produz carne de qualidade”, diz João.

Tabapuã eficiente e sustentável

A eficiência alimentar é uma ferramenta de extrema importância para o cenário que se vive a pecuária. Alguns trabalhos já realizados mostram que é possível ter aumento de até 20% da taxa de lotação em uma mesma área, utilizando fêmeas de CAR negativo. “Com a grande pressão alimentar do planeta para que ocorra cada vez menos des-

Renato Ximenes, Criador de Tabapuã Criador de Brahman Alexandre Ferreira e o filho João vão investir na prova de eficiência

matamentos, a nossa solução é produzir melhor nas áreas que já temos. Animais de CAR negativo ajudam diretamente nessa questão. Se o animal tem a capacidade de comer menos e ganhar dentro da média do rebanho, logo eu gasto menos alimento, menos tempo para a terminação e, o ponto mais importante e impactante para a pecuária, aumento a taxa de lotação, sem precisar aumentar áreas”, destaca o criador de Tabapuã Renato Ximenes, que comanda a Fazenda Recanto Goiano, em Piracanjuba/GO.

Os animais da propriedade participam do Teste de Desempenho de Touros Jovens Embrapa/AGCZ, realizada pelo Centro de Desempenho Animal da Embrapa Cerrados, em Santo Antônio de Goiás, na unidade da Embrapa Arroz e Feijão. Este ano, a prova inicia no dia 21 de junho. São esperados em torno de 60 exemplares da raça, oriundos de vários criatórios.

De acordo com o técnico da Embrapa Cerrados, Daniel Almeida, os animais que participam do teste de eficiência alimentar passam primeiro por uma prova a pasto, ultrassonografia e avaliação visual/funcional com duração de 10 meses. “Somente aqueles classificados como

Elite e Superior permanecem na Embrapa para avaliação do CAR”, destaca Almeida.

Contando com uma equipe técnica formada por pesquisadores renomados e técnicos qualificados, a Embrapa garante maior segurança na coleta de dados gerando confiança na escolha de animais que se adaptam melhor ao sistema de produção a pasto e, posteriormente, que possuam CAR negativo. “O objetivo é identificar animais com capacidade de comer menos do que foi projetado por meio de cálculos estatísticos e que atingem a média esperada de ganho”, informa o técnico.

A ferramenta tem permitido o criador Renato Ximenes selecionar zebuínos mais eficientes. “Nossos critérios de seleção são baseados em eficiência alimentar, precocidade sexual e ultrassonografia de carcaça. Hoje, cerca de 80% dos touros que utilizamos na estação de monta são provenientes da prova a pasto e de eficiência alimentar, com avaliações concretizadas. Também usamos touros do PNAT e de destaque nacional”, conclui o criador de Tabapuã.

Obrigado família Sindi!

O 1º leilão Sindi Goiabeira foi um sucesso e superou as expectativas. Agradecemos muito aos nossos colaboradores, parceiros e amigos que tornaram isso possível.

Nos encontramos novamente em 2024!

Henrique e Donizete Ricardo, Orlando e Henrique Henrique e Thaís Agnaldo Agostinho Silvestre, Geraldo e Adaldio Victor, Ricardo, Henrique, José Luis e Luis Otávio Bia Biagi e Vinícius Bia e Silvestre Gabriel, Fábio e Samuel Renata, Blendha, Thaís, Helena, Gabriela e Fernanda Ricardo, Fábio, Adaldio e Henrique Cláudia e Felipe Paula e Janiel Almir, Angelo, Matheus, Adaldio e Eder Ricardo, Henrique, Jander e Renato Álvaro, Jairo e Luis Otávio Enio, Sérgio, Thaís, Henrique, Juliano, Fernanda, Almir, Alana e Eder

LEITE

Consumo de água

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 81
#pecBR SILAGEM ERROS NA VEDAÇÃO COMPROMETEM QUALIDADE
NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA
PESQUISA APONTA SISTEMA MAIS ECONÔMICO

Qual sistema de produção consome mais água?

Pesquisa com animais leiteiros apontou o consumo por vaca e nos cuidados com os animais, além da relação com a produção de leite

m estudo realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste identificou os valores de referência para o consumo de água na atividade leiteira, tanto das vacas em lactação quanto para lavagem de sala de ordenha (pisos, equipamento de ordenha e tanque de leite).

Em um sistema a pasto as vacas em lactação bebem em torno de 64 litros de água ao dia. Já no semiconfinado, são 48 litros de água por

vaca em lactação ao dia e, no confinado, 89 litros. Esse consumo das vacas em lactação é influenciado por sua produtividade de leite. A pasto, a produtividade média foi de 17,6 litros de leite por vaca ao dia; no semiconfinado, 14,4 e, no confinado, 25 litros. Assim, uma vaca em sistema confinado consome 8 litros de água ao dia a mais do que uma vaca a pasto e produz uma quantidade maior de leite, 7,4 litros adicionais. Em relação ao consumo de água por litro de leite ao dia, os valores para os três modelos de produção variaram de 3,3 (a pasto) a 3,8 (confinado) litros de água por litro de leite/dia.

Para a lavagem da sala da ordenha, os valores de referência foram 17 litros de água por vaca em lactação ao dia para os produtores que mantêm os animais no pasto; no semiconfinado e confinamento, foram 20 e 21 litros de água, respectivamente.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária

Sudeste, Julio Palhares, que avaliou os dados, para esse tipo de uso da água há grande variação entre as fazendas. “Enquanto a maior parte das propriedades em sistema semiconfinado consome 20 litros de água por vaca ao dia, há fazendas consumindo em torno de 55 litros. Nos locais onde o consumo é muito alto, os produtores devem se perguntar: por que estamos consumindo essa quantidade de água se outras fazendas consomem menos para o mesmo uso?”, observa Palhares.

O pesquisador diz que a variação no valor do indicador ocorre porque esse tipo de uso da água é influenciado por vários aspectos, como raspagem ou não do piso, utilização de água com ou sem pressão, mangueira com fechamento do fluxo hídrico, condição do piso da ordenha (rachaduras, buracos etc.) e mão de obra capacitada.

Quando se fala em eficiência hídrica do produto leite, o confinamento foi o mais eficiente – um litro de água por litro de leite produzido ao dia. No semiconfinado, o consumo foi maior – 1,5 litro por litro de leite. No sistema a pasto, o valor foi de 1,2 para cada litro de leite produzido.

Com esses valores, o produtor de leite pode saber se seu consumo de água está de acordo com os valores de referência. Se o gasto for além, o pecuarista não está sendo eficiente e, consequentemente, desperdiçando dinheiro. Há uma lista de boas práticas para melhorar esses indicadores.

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ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 83
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Boas práticas hídricas

O estudo teve como refe rência o programa Boas Práticas Hídricas, desenvolvido pelas duas empresas, que oferece apoio às fazendas leiteiras e instalação de hidrômetros para aju dar a mensurar o consumo de água na produção. Foram analisadas cerca de 10 mil leituras dos hidrômetros de 1.200 produtores que fornecem leite para a Nestlé, no período de 2021 e 2022, dos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.

Por meio do monitoramento mensal realizado com hidrômetros instalados em diversos locais de consumo nas propriedades, ao longo desses dois anos, foi possível analisar o volume total de água utilizado em cada propriedade. “Há cinco anos que o programa Boas Práticas Hídricas contribui, de forma prática, para o desenvolvimento da nossa jornada de sustentabilidade no campo. A cada ano, novos índices de produtividade e eficiência são alcançados. O que antes parecia distante para a cadeia leiteira agora é uma realidade que supera os desafios em cada uma das milhares de fazendas leiteiras do nosso País”, explica a gerente de Milk Sourcing da Nestlé Brasil, Barbara Sollero.

Casos práticos

No grupo analisado existem extremos, tanto positivos quanto negativos. Um exemplo é um produtor na cidade de Lagoa dos Patos, Minas Gerais. Ele trabalha com sistema confinado. No uso para lavagem da sala de ordenha, o consumo foi de 79 litros de água por litro de leite ao dia. Já a quantidade

de um e 21 litros – para cada um desses indicadores. No mesmo estado, na cidade de Serra do Salitre, uma pecuarista consegue ser eficiente e mostra que é possível fazer melhor uso da água. A fazenda consome um litro de água por litro de leite ao dia, valor igual à referência, e 19 litros diários por vaca. Ou seja, ela é mais eficiente porque consome, diariamente, dois litros de água por vaca a menos que o referencial, que é 21.

O fato atípico da propriedade de Lagoa dos Patos, segundo o pesquisador, pode ser um erro de anotação dos tipos de consumo medidos pelo hidrômetro. É possível que outros usos passem pelo hidrômetro, como irrigação, por exemplo.

O pesquisador alerta que não existe sistema hidricamente melhor; cada uso de água vai determinar se a propriedade está sendo eficiente ou não. O objetivo do trabalho é iniciar a geração desses valores de referência de indicadores do uso da água no Brasil. É uma ação contínua. “Esses não são valores de referência definitivos. O banco de dados não está fechado, continua sendo alimentado mensalmente. Quanto mais informações, maior robustez. Também vamos gerar referências para outros usos da água, como irrigação, residências etc.”, esclarece Palhares.

Leite carbono zero

Outra pesquisa conduzida com animais leiteiros pela Embrapa Pecuária Sudeste chegou à conclusão de que o plantio de árvores nas propriedades leiteiras é uma es-

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 84

tratégia eficiente para o desenvolvimento de uma pecuária mais sustentável e voltada para a descarbonização. Segundo o estudo, são necessárias 52 árvores por vaca nos sistemas intensivos de produção para chegar ao leite carbono zero. Em sistemas extensivos (baixo nível tecnológico), essa quantidade é de 33 eucaliptos. Foram considerados dois diferentes modelos produtivos brasileiros a pasto – extensivo e intensivo.

O trabalho avaliou o efeito de vacas em diferentes níveis de intensificação - pastejo contínuo com baixa taxa de lotação e rotacionado irrigado com alta taxa de lotação - e a interação entre esses dois fatores na mitigação de gases de efeito estufa (GEEs).

De acordo com a pesquisadora Patrícia Oliveira, como no Brasil, grande parte dos bovinos são criados a pasto, a necessidade de árvores para a compensação das emissões de GEEs é menor, porque na contabilização do balanço de carbono, o sequestro de carbono do solo, positivo nos dois sistemas testados, contribui na compensação das emissões.

A pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste foi realizada durante dois anos,

xa taxa de lotação e o intensivo - sistema de pastejo rotacionado irrigado, com alta taxa de lotação. A mata nativa (Mata Atlântica) foi utilizada como área de referência para o cálculo dos estoques de carbono. Cada tratamento teve duas repetições de área.

Foram utilizadas 24 vacas em cada período de avaliação, totalizando 48 vacas em todo o experimento, separadas por raça, idade, peso vivo, estágio de lactação e produção de leite, com aproximadamente 90 dias de lactação no início de cada período experimental.

Efeito poupa-terra

Outro benefício identificado na pesquisa foi o efeito poupa-terra (tecnologias adotadas pelo setor produtivo que permitem incrementos sustentáveis na produção total em uma mesma área, evitando a abertura de novas áreas para produção agropecuária). “A adoção de raças adequadas e a intensificação de sistemas de produção pecuária a pasto são alternativas para otimizar o uso da terra pelo setor”, destaca. Os dados demonstraram que a intensificação das pastagens contribui para elevar a produção de leite e para a economia de 2,64 hectares de terra.

A taxa de lotação nesse modelo foi de cerca de sete vacas por hectare, enquanto no extensivo, apenas duas vacas por hectare. “Isso significa que é possível produzir a mesma quantidade de leite em um hectare do sistema intensivo como em 3,64 ha do extensivo. A intensificação adotada permite diminuir a pressão por desmatamento dos 2,64 ha restantes. Dentro dessa área, é possível preservar aproximadamente 145 diferentes espécies arbóreas nativas, além da manutenção de diversas espécies da fauna da Mata Atlântica”, explica Patrícia.

As árvores necessárias para mitigar a emissão foram calculadas considerando o balanço de carbono dentro da porteira da fazenda. A taxa de crescimento anual e o acúmulo do gás nos troncos dos eucaliptos foram obtidos em sistemas silvipastoris próximos ao local do experimento.

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 85

Falhas de vedação do silo pode comprometer a silagem

Não é segredo que a nutrição é um dos pilares para o bom desenvolvimento do rebanho bovino, contribuindo não apenas para o peso corporal adequado, mas também para o bem-estar dos animais – além, é claro, da maior quantidade e qualidade de carne e de leite. Mas nunca é demais reforçar que os criadores devem ficar atentos à alimentação porque este é um tópico essencial para o sucesso ou o prejuízo do negócio.

Nesse sentido, a atenção deve envolver a qualidade e a própria origem dos insumos, bem como o armazenamento correto.

A silagem tem sido uma opção nutricional cada vez mais utilizada em sistemas intensivos de pecuária – de leite e de corte e, assim como os produtos industrializados (rações prontas e suplementos) precisa seguir determinadas etapas para cumprir bem sua função nutricional. O manejo correto da silagem e sua preservação mantém a qualidade do material ensilado.

O processo de ensilagem envolve plantio, colheita, picagem, compactação e vedação do silo. Após a vedação do silo, o ambiente anaeróbio – no qual não há entrada de oxigênio – deve ser mantido, permitindo o crescimento de bactérias que reduzem o pH da massa ensilada, inibindo o crescimento de leveduras e fungos. Assim, a material ensilado continuará fermentando e conservando o seu valor nutritivo muito próximo do da planta colhida, usualmente milho e sorgo.

No Brasil, é comum os produtores utilizarem filme plástico dupla face para vedação do silo, etapa que pode durar até dois anos. A sugestão é colocar um peso na lona para ter maior aderência. Fica aqui um alerta pois não é incomum haver exemplos de silos mal vedados, permitindo a entrada do oxigênio, o que deteriora a silagem, gerando a produção de ácido acético, ácido butírico e amônia, que dão odor pútrido na silagem. Além disso, há queda no valor nutricional e redução da palatabilidade para os animais, levando à redução no consumo. Em outras palavras, se malcuidada, a silagem não produzirá os benefícios desejados.

As falhas de proteção do silo também são prato cheio para os animais. É o caso do javaporco, que pode causar grandes danos e impactos econômicos. Sua presença vem aumentando sensivelmente nas propriedades agrícolas e de criação. Eles são especialistas em devorar lavouras e silagem. Os produtores rurais devem se precaver contra esses animais para garantir a proteção do insumo e manutenção de sua qualidade.

Cercar a área do silo é uma medida de proteção indispensável. Mas é preciso fazer um cercamento de qualidade para não se arrepender mais tarde, utilizando telas de alta durabilidade com camada pesada de zinco e alta resistência ao impacto de animais de médio e grande porte, que comprovadamente impedem a invasão de animais. Além disso, são produtos de fácil instalação e manutenção.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 86
Flávia Cristina de Oliveira e Silva Médica-veterinária, Mestre e Doutora em Zootecnia e Analista de Mercado Agro da Belgo Arames

ZONA RURAL

Sistemas de produção

RESULTADOS COMPROVAM BENEFÍCIOS DA INTENSIFICAÇÃO

DIVERSÃO EM CAMPO USO DE BRINQUEDOS EM CONFINAMENTOS

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 89
GESTÃO . TECNOLOGIA . SUSTENTABILIDADE . MERCADO #pecBR

ZONA RURAL

Intensificação: um caminho inevitável

Em um contexto geral, a pecuária brasileira é caracterizada por apresentar baixos índices produtivos e, consequentemente, baixos resultados econômicos quando comparado com outras opções de uso da terra. Isso não é surpresa para ninguém, pois já vem sendo apresentado em relatórios publicados por diversas instituições que fazem levantamentos estatísticos deste setor a bastante tempo.

O último relatório publicado pela ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) mostra que, apesar do aumento do peso de carcaça dos animais abatidos e de uma redução na idade de abate de machos, a nossa produtividade nacional ainda está próxima dos 60 kg de carcaça/hectare/ano. Número ainda muito aquém do nosso real potencial, como mostram alguns projetos em fazendas comerciais produzindo mais de 100 @/hectare/ano.

Em muitas regiões do país a pecuária ainda é uma atividade executada sob baixo nível gerencial, em que os indicadores técnicos e econômicos inerentes a cada sistema de produção são inadequadamente mensurados ou não se mensura nada. Parte dessa cultura, se deve, ao fato de muitos pecuaristas trazerem consigo uma ideia de crescimento horizontal do negócio. Isso foi interessante até a década de 90, porque as terras se valorizavam muito e era uma maneira do pecuarista proteger seu patrimônio contra as altas taxas de inflação, investindo em ativos reais como a terra e gado. Acontece que, o jogo virou após a estabilização da moeda com o plano real.

Situações de investimento que ocorreram no passado, como a aquisição de terras em regiões de fronteira devido às perspectivas de valorização patrimonial espe-

rada, hoje já não ocorrem da mesma forma. A taxa de valorização do imóvel diminuiu, e por isso, as vezes se torna necessário intensificar a produção para justificar o capital imobilizado nos bens. Além do mais, os custos de produção da pecuária têm aumentado em proporção superior à receita e à inflação. E a reposição tem aumentado significativamente, reduzindo a relação de troca bezerro: boi gordo ou garrote: boi gordo.

Essas condições têm pressionado os pecuaristas a melhorarem o sistema produtivo, devido à forte participação do ágio nos custos de produção da recria e engorda. Situações como esta foram tema de um trabalho de longo prazo (de 1910 a 1986) avaliando a evolução da situação econômica da agricultura americana e tomando como base os termos de troca do setor, a evolução da produtividade e o poder de compra do produtor americano. Este trabalho mostrou que, enquanto os termos de troca reduziram quase duas vezes, a produtividade da agricultura triplicou, o que influenciou para aumentar o poder de compra mais que 50%.

Isso ocorre porque o produtor se vê em uma situação em que é obrigado a adotar tecnologias para aumentar sua escala de produção diluindo seus custos fixos e, consequentemente, para manter o padrão de vida e lucratividades ou aumentá-las. É nítido que a pecuária vem perdendo espaço no campo. A baixa produtividade individual (GMD ou litros de leite/cab/dia) e por área (@/ hectare/ano ou litros/hectare/ano) e os altos custos da pecuária tradicional transformou a atividade em um negócio para poucos.

Diante disso, é necessário que o produtor abandone a posição tradicional de pecuarista sitiante para assumir o papel de empresário visando a verticalização do seu

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sistema de produção para garantir o lucro na atividade. Infelizmente, devido à sua cultura tradicionalmente extrativista em relação à pecuária, muitas vezes o produtor demonstra bastante interesse e é facilmente convencido a utilizar sistemas de produção animal baseados apenas na fertilidade natural dos solos e na reciclagem de nutrientes promovida pela rotação dos animais nas pastagens.

Também se acredita, desde a formação universitária, na ideia de que solos com restrições severas e/ou com baixa fertilidade natural são indicados para pecuária. Esses conceitos sobre baixas exigências nutricionais levam produtores e técnicos a alimentarem expectativas de obtenção de resultados satisfatórios, rápidos e de baixo custo, a partir de pastagens estabelecidas em solos pobres. Desde a década de 70 trabalhos vem sendo feitos por vários técnicos, pesquisadores e instituições mostrando o alto potencial produtivo das forrageiras tropicais.

Muitos técnicos e produtores rurais assimilaram bem os sistemas intensivos de produção animal a pasto, no entanto, ainda existe muita resistência e questionamento sobre a viabilidade técnica e econômica da intensificação desse sistema de produção pecuário. A baixa produtividade animal a pasto é resultado de uma série de fatores que combinados levam à degradação das pastagens, entre

esses fatores podemos destacar: a escolha de cultivares não adaptados às condições edafoclimáticas da região, práticas inadequadas de plantio, a falta de correção e/ou adubação dos solos, o manejo do pastejo incorreto, a infestação de plantas invasoras, o ataque frequente ou severo de pragas de pastagens, entre outros.

Dentre todos esses fatores, a baixa fertilidade dos solos brasileiros ou a não reposição adequada de nutrientes via fertilizantes destacam-se como os principais fatores para a degradação das pastagens como já mostrado em vários trabalhos desde a década de

Lucas Castro Silva Zootecnista – Lancer Consultoria em Pecuária

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deixar claro que qualquer estratégia adotada dentro do sistema que impacte positivamente a produtividade da fazenda, é considerado uma ação de intensificação.

É mais comum a divulgação de trabalhos sobre intensificação pecuária com o uso de insumos, como suplementação nutricional estratégica, correção e adubação de pastagens, irrigação de pastagens e protocolos sanitários. No entanto, também contribui para a intensificação ações como, o manejo do pastejo, manejo reprodutivo e o melhoramento genético animal. Devido às diversas condições que temos no país, é necessário entender que cada estratégia de intensificação deve ser adequada às condições sociais, ambientais, operacionais, mercadológi-

cas e de logísticas de cada local. Cada caso deve ser diagnosticado e estudado para adotar o melhor caminho para a intensificação do projeto.

Os dados que apresentarei abaixo são de um projeto que desenvolve a atividade de ciclo completo (cria, recria e engorda) de animais da raça Nelore no agreste sergipano e mostra um comparativo entre os resultados alcançados no ano de 2021 e 2022. São três propriedades que trabalham de forma integrada e estão situadas nos munícipios de Simão Dias e Lagarto. A precipitação média histórica de Lagarto é de 1.120 mm e a temperatura média anual é de 24,5°C na série histórica de 1961 a 1990, segundo dados do INMET

Esses resultados estão sendo alcançados por meio de um conjunto de ações realizadas em vários setores, como: manejo do pastejo visando alto desempenho animal e otimização da forragem produzida; programa de monitoramento e controle de pragas e plantas invasoras; melhor apartação de lotes visando a máxima uniformização; ajuste da suplementação do rebanho conforme as condições do ano; sanidade sempre em dia; avaliação de animais para reprodução; adequações de infraestrutura e gestão zootécnica.

Por fim, é importante ressaltarmos que a pecuáriaassim como qualquer outro negócio - demanda planejamento de longo, médio e curto prazo. Trabalhar com estes três níveis de planejamento durante a execução de um projeto é fundamental para garantir a sobrevivência nesta atividade, pois assim, é possível avaliar tecnicamente e economicamente qualquer adoção de tecnologia e/ ou investimento, executar cada etapa operacional no momento correto e mitigar os riscos inerentes à atividade.

PARÂMETRO 2021 2022 DIF (%) Rebanho médio (cab) 1.252 1.393 11% Peso médio (kg de PC) 402 405Produção de arrobas (@ totais) 7.141 8.680 22% GMD global (kg/cab/dia) 0,469 0,512 9% Nº de matrizes expostas EM (cab) 352 473 34,4% Taxa de prenhez (%) 72,7% 86,7% 19,2%
CARLOS LOPES

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A diversão entra em campo

Pesquisas apontam que instalar “brinquedos” em currais traz bem-estar aos animais confinados, contribuindo para um melhor desempenho do rebanho

Não é novidade que o estresse é prejudicial ao desempenho dos animais, principalmente daqueles em sistema de confinamento de corte ou de leite. Mas, como solucionar o problema? Vários estudos realizados no país apontam que a alternativa pode ser a implantação de “brinquedos” no ambiente dos currais.

Para comprovar a eficácia da técnica, a Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) iniciou uma pesquisa científica. Os currais de confinamento de bovinos da fazenda escola agora contam com um “playground” repleto de objetos com estruturas de cerdas, pneus e blocos de sal.

A proposta é avaliar se esse ambiente diminui o estresse e promove o bem-estar animal.

De acordo com a professora Danielle Matarim, orientadora da pesquisa, os confinamentos, apesar de proporcionarem condições para elevar o ganho de peso e eficiência do gado, fornecem uma complexidade ambiental limitada aos bovinos, uma espécie altamente curiosa e social. “Na ausência de estimulação adequada, os animais podem se envolver em comportamentos agressivos ou anormais. Assim, o enriquecimento ambiental é implementado para promover o bem-estar do animal e diminuir o estresse, podendo ainda aumentar a produtividade”, explica Danielle.

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Outro ponto positivo do enriquecimento ambiental é o seu baixo custo de implantação nas propriedades rurais, uma vez que vários destes estímulos podem ser elaborados na própria propriedade, conhecendo o comportamento da espécie criada e adaptar materiais encontrados no local para serem utilizados como ferramentas de enriquecimento.

Resultados parciais coletados durante um projeto-piloto já demonstram uma redução do tempo em ócio e do comportamento agressivo. A avaliação contou com 12 animais antes e depois da implantação dos itens de enriquecimento, pneus e escovas. “Outro ponto importante foi a redução de sodomia, muito comum em confinamentos e que pode gerar grandes prejuízos ao sistema. Após o enriquecimento, conseguimos reduzir pela metade o número de animais que expressavam esse comportamento nos momentos de avaliação”, comenta Matarim.

Será construído um etograma com os principais padrões comportamentais. As avaliações serão realizadas em três momentos, início, meio e fim do período experimental. Serão três horas de observações diárias por 7 dias

cipantes do Teste de Desempenho e Eficiência Alimentar (TDEA) da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), que se inicia em abril.

Durante o período experimental, de 56 dias, os animais serão avaliados via etograma, caracterizando o comportamento e a adaptação aos itens, o item de enriquecimento ambiental utilizado com maior frequência pelos animais e pela comparação da frequência de comportamentos no início, meio e fim do período experimental.

Melhoria no comportamento animal - A pesquisa vai avaliar se a interação com os objetos reduz casos, como: incidência de comportamentos agressivos, como cabeçadas – quando um animal agride o outro batendo cabeça com cabeça; empurrar – quando o animal afasta o outro com toques agressivos; tirar do cocho – quando o animal empurrar o outro, impedindo-o de se alimentar; perseguir – quando andar atrás de outro animal, impondo autoridade e isolamento, quando se afastar do grupo.

O comportamento social também será registrado e

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Ainda será observada na pesquisa a frequência de utilização dos itens, que serão três, para definir a preferência dos animais e assim possibilitar a indicação das melhores estratégias para produtores que queiram implementar o enriquecimento em confinamentos de bovinos de corte. “O bem-estar ainda será mensurado a partir de avaliações fisiológicas, como a frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura retal, nos momentos de pesagem que ocorrerão a cada 14 dias. Os dados serão apresentados de forma descritiva, detalhando a frequência de ocorrência de cada comportamento. Os comportamentos observados ainda serão comparados considerando os três períodos de avaliação, início, meio e final do período experimental”, destaca a aluna de Zootecnia e bolsista de Iniciação Científica, Thais Regina Ribeiro Silva, que é a autora do projeto e estará no dia a dia acompanhando e registrando o comportamento dos animais.

Benefícios em rebanhos leiteiros

A criação de bezerros na fazenda leiteira é uma das atividades mais complicadas, exigindo muito cuidado e atenção. Quando as instalações restringem de forma severa a possibilidade de as bezerras expressarem seu comportamento natural, o bem-estar fica comprometido.

Um estudo conduzido em 2022, por alunos do Curso Técnico em Agropecuária da Fundação Roge, avaliou comportamentos do desenvolvimento dos animais em bezerreiros coletivos quando submetidos às práticas de enriquecimento ambiental. A pesquisa foi feita em uma fazenda leiteira do município de Delfim Moreira/MG.

Na propriedade avaliada, as bezerras em estado de estresse apresentaram comportamentos de mamada não nutritiva, relacionados com distúrbios comportamentais que não são associados a doenças. Além disso, elas estavam mastigando a madeira e

o cocho da instalação, e comendo terra.

Os estudantes produziram brinquedos a partir de materiais reutilizáveis, avaliaram o ganho de peso e analisaram a mudança de comportamento dos animais, especialmente durante a mamada, após a implantação dos brinquedos. Um dos brinquedos instalado para maior socialização das bezerras foi uma bola, outro foi um pneu de bicicleta usado e uma garrafa pet com pedras.

Os animais tiveram um ganho de peso significativo e passaram a ser menos estressados na relação homem/ animal. “As propriedades leiteiras devem se organizar e estarem atentas aos benefícios que um sistema com o bem-estar proporciona aos animais. Estes benefícios retornam para os proprietários em forma de lucro, ou seja, animais calmos, sem estresse, que obtêm maior ganho de peso, entregam maior produção leiteira, e consequentemente, maiores rentabilidades ao proprietário”, apontam os estudantes.

Diversão nas granjas de suínos

Investir em elementos de enriquecimento ambiental nas instalações em que são criados os suínos é uma espécie de segunda onda do bem-estar animal na suinocultura brasileira. A primeira onda teve início em meados dos anos 2000 e focou na melhoria das condições básicas disponibilizadas aos animais do nascimento ao abate –espaço adequado, temperatura, qualidade do ar, limpeza, transporte e tratamento humanitários.

Propiciar as melhores condições de vida possíveis aos suínos é uma exigência cada vez mais comum entre consumidores de todo o mundo. Além disso, significa reduzir perdas econômicas. Animais estressados, em geral, diminuem sua capacidade de transformar ração em carne e oferecem uma matéria-prima de pior qualidade.

A introdução de “brinquedos” também vem ganhando espaço nas instalações em que os suínos são criados, visando reduzir os efeitos do confinamento intensivo. “Brinquedo é como são chamados elementos colocados nas baias com a intenção de permitir que esses animais

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expressem comportamentos naturais, iguais aos que eles teriam se estivessem soltos na natureza”, explica o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves. A iniciativa pode contribuir para superar os desafios da cadeia produtiva em relação ao bem-estar. A produção global de carne suína aumentou quatro vezes nos últimos 50 anos e deve se manter em alta até 2050 devido ao crescimento da população mundial e do consumo per capita em algumas regiões do planeta, como a Ásia. Qualquer modificação que aumente o conforto do ambiente (como a diminuição no número de animais por baia ou a instalação de ventiladores) pode ser vista como uma ação de enriquecimento ambiental.

De acordo com o gerente executivo de Sustentabilidade Agropecuária na Seara Alimentos, Vamiré Luiz Sens Júnior, os “brinquedos” visam principalmente quebrar a monotonia, que podem provocar comportamentos anormais por parte dos suínos. Por exemplo, quando os animais experienciam estados de estresse e frustração, exibem com frequência atitudes sem função aparente, como mastigar com a boca vazia, ranger os dentes, morder barras de ferro ou lamber o chão. Os suínos que vivem em ambientes enfadonhos também demonstram mais propensão a interações sociais negativas. “Esse tipo de comportamento traduz-se, na prática, em episódios de agressividade dentro das baias. É daí que vêm problemas como a caudofagia, que ocorre quando um ou mais animais na baia sofrem mordeduras e consequentes lesões na cauda”, explica Dalla Costa.

Um estudo de 2016 feito na União Europeia mostrou que os custos associados a mordidas de cauda e orelhas atingiram 18,96 euros por animal agredido, o que equivale atualmente a, aproximadamente, R$95. Essa perda compromete em até 43% o lucro por animal afetado.

Além disso, o ganho de peso diário em suínos em crescimento com mordida de cauda pode ser reduzido entre 1% e 3%. Esses dados significam que cada animal afetado por problemas de confinamento intensivo representa uma oportunidade de redução de perdas econômicas.

A introdução de “brinquedos” para os suínos é respaldada pela instrução normativa número 13 (IN 13), publicada pelo Ministério da Agricultura em dezembro de 2020, que estabeleceu as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial. “Temos visto problemas menores nas baias com o uso de correntes. Quando bem manejadas, elas ajudam a manter os suínos mais calmos. Mas é importante destacar que os ‘brinquedos’ fazem parte de um contexto mais amplo de investimentos no bem-estar animal. Não é somente colocar algo na baia e deixar lá. Tem todo o ambiente, a ração e uma série de outras coisas que evoluíram muito”, garante Valdecir Folador, produtor de suínos da região de Barão do Cotegipe, no Rio Grande do Sul, e presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS).

Da régua de orelha aos marcadores moleculares

Se somente os mais velhos se lembram das “réguas de orelha” para aferir a qualidade racial de alguns animais, os mais novos têm a oportunidade de conversar com os pioneiros do melhoramento genético no Brasil ou mesmo de visitar o Museu do Zebu, no Parque Fernando Costa, em Uberaba/MG, para observar como evoluímos no quesito melhoramento genético de bovinos.

O passado glorioso dos pampas, com animais vigorosos e rústicos evoluiu para animais fortes, precoces e com alta habilidade materna. Do Sudeste do Brasil, os bovinos subiram para o Centro-Oeste e Norte, fazendo da pecuária uma ferramenta fundamental para a colonização e desenvolvimento de muitas regiões até os dias de hoje. Mas, antes que me condenem pelo saudosismo, é importante destacar que a evolução da pecuária acontece a passos largos. O rebanho brasileiro cresce ano a ano, em oposição às áreas de pastagem que encolhem em ritmo acelerado. Nossos bovinos que eram abatidos com seis anos agora quase não completam 36 meses. Nossas vacas até bem pouco tempo atrás eram bezerras, afinal, quem na década de 90 emprenhava novilhas aos 14 meses?

Sim, evoluímos ao ponto de substituirmos a fotografia nos catálogos de touros para uma tabela com números ininteligíveis para quem não é da área. Tomamos o lugar do touro por um botijão de sêmen e até as inúmeras matrizes deram lugar a uma grande doadora e uma porção de fêmeas receptoras. E houve quem dissesse que o homem do campo era matuto; só jamais imaginou o quanto esses matutos são sabidos!

O último passo que observei dessa “evolução matuta” foi a genômica. Uma tecnologia que permite ao pecuarista selecionar seus animais por meio de marcadores moleculares e saber se aquelas matrizes e reprodutores atenderão aos rumos estabelecidos pela seleção genética da propriedade.

Em 2014, tive a oportunidade de visitar duas fazendas na Holanda onde vi dois bezerros de pouco menos de oito meses que foram selecionados pela genômica e identificados como “touros do futuro”. Semana passada atendi um projeto no qual o produtor está fazendo a reposição do seu lote de matrizes via FIV, com todos os embriões filhos de animais com genômica comprovada, dando um salto de duas ou três gerações em uma única estação, mostrando que o que é ficção científica para alguns setores, na pecuária é ciência aplicada na lida diária.

Mas, para onde vamos neste ritmo alucinado de evolução? Será que um dia renunciaremos às pistas, ao olho do dono, ao técnico? Eu diria que não, pois é nas pistas que desfilamos o resultado de toda esta ciência. O olho do dono ganhou uma lupa e drone para análises que vão do DNA às nuvens. Já o técnico, esse sim vem se tornando a cada dia mais importante, pois é ele quem ganhou a tarefa de manter os produtores atualizados de tudo o que acontece de novo nas principais fazendas do Brasil e do mundo. Ele vai continuar sujando a botina, mas o Data Science em seus tablets se tornará tão comum quanto as varinhas para andar no meio do pasto.

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O matuto ficou sabido e colocou o povo da cidade no emborná Ciência ZONA RURAL Marcus Rezende Médico-veterinário e consultor de empresas para o agronegócio.

GENTE

Lideranças femininas

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PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES #pecBR PERFIL ROBERTA BERTIN
ELAS CONQUISTAM SUCESSO NO AGRO

Mais espaço para as lideranças femininas

Inspirações para as mulheres vencerem os desafios dentro e fora da porteira vêm deixando a cada ano de serem raras no setor.

Apesar de a maior parte dos negócios serem conduzidos por homens, elas vêm se aperfeiçoando e garantindo espaço nos mais diversos cargos, seja diretamente no campo, nas entidades, empresas ou até comandando as churrasqueiras. Vamos mostrar aqui quatro exemplos de mulheres que resolveram mostrar que competência não tem gênero, é uma qualidade legítima de quem busca o aprimoramento constante.

Nascida em Laranjeiras do Sul, uma pequena cidade do interior do Paraná, e criada com os pés

advogada e professora universitária, mas em 2017 deixou sua carreira para assumir, a convite do pai Luiz Carlos Romancini, a gestão da empresa de troncos da família, que está no mercado desde o início da década de 70. Ela lembra com exatidão da data de início da nova jornada, dia 18 de janeiro de 2016, pois foi uma grande guinada em sua vida, que exigiu a superação de desafios. “Enfrentei um litígio societário, não tive apoio da equipe e de membros da família, mas tinha certeza de que estava fazendo o certo e que a sobrevivência da empresa dependia de decisões firmes e certeiras. Continuei firme no meu propósito de suceder meu pai e levar adiante o seu legado. Sensível à paixão que ele nutria pela empresa, levantava cedo todos os dias, incansavelmente, colocava um sorriso no rosto e uma maquiagem para disfarçar o cansaço e colocava a mão na massa”, lembra Lu.

Uma das medidas foi a reestruturação de vários setores da empresa, profissionalizando toda a gestão, com controle de processos, de estoques, auditorias financeira e contábil, além de investir pesado em propaganda, marketing e fortalecimento da marca. Tudo isso contribuiu para retomar a confiança do mercado na empresa. Nas andanças pelas feiras agropecuárias e fazendas de clientes, percebeu que a Romancini tinha um

Em vários segmentos, as mulheres vêm comandando, com sucesso, seus negócios ou atuando na política com foco em inovação e competência profissional
LARISSA VIEIRA
GENTE
Lu Romancini Empresária

nome forte. Faltava apenas reforçar a marca, dar um rosto e uma voz para ela. Como a empresária “respirava” a empresa 24 horas por dia, decidiu ser a nova imagem da Romancini. “Nesse interim, conquistei a confiança dos funcionários, com uma gestão participativa, envolvendo os funcionários de alto escalão nas decisões da empresa, dobrando o faturamento da empresa em apenas 4 anos e consolidando a posição de liderança de mercado em seu segmento”, assegura Lu.

Hoje, ela percorre eventos agropecuários ministrando palestra sobre sucessão no agro, onde conta sua trajetória com o objetivo de motivar outras mulheres a assumirem cargos de liderança no setor. “Não romantizo a sucessão, conto uma história real, cheia de adversidades, de lágrimas, de decisões difíceis, mostrando que a gestão do negócio deve vir acompanhada da gestão emocional para se ter sucesso em um processo sucessório”, diz a empresária.

Atuação das mulheres na política

Esta não é uma área de forte presença feminina, mas ela vem crescendo. “Felizmente estamos em uma legislatura com a maior bancada feminina já eleita na Câmara dos Deputados. Somos 91 mulheres representando milhões de brasileiras em espaços de liderança. O nosso papel é fundamental na garantia e ampliação dos direitos da mulher em busca de uma realidade mais justa para todas”, assegura a deputada federal Ana Paula Junqueira Leão (PP-MG).

Em seu primeiro mandato político, ela chega à Brasília determinada em ajudar o setor no qual atua há muitos anos. Nascida no interior de Minas, em Varginha, e criada no município de Caxambu, Ana Paula é neta e filha de produtores de leite e deu continuidade aos negócios da família. Uma de suas primeiras ações na Câmara dos Deputados foi criar a Frente Parlamentar em Apoio ao

Produtor de Leite, que deve ser lançada em breve. Ela também assumiu o cargo de 1ª vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, além de integrar as Comissões de Turismo, Relações Exteriores e Defesa Nacional e da Defesa dos Direitos da Mulher, como suplente.

Ana Paula é fundadora do grupo Marias de Minas, um movimento formado por mulheres para debater política e agir para aumentar a representatividade feminina nos governos. “É graças à representatividade feminina na política que, recentemente, conseguimos a aprovação de projetos importantes na Câmara, como o direito a acompanhante para mulher que realizar exame com sedação e uma medida provisória que cria programa de combate ao assédio sexual em escolas e na administração pública”, conclui Ana Paula.

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 101
Ana Paula Leão Deputada Federal

Pecuária sob o comando feminino

No universo da seleção de zebu, a presença feminina permeou a história de muitos criatórios, principalmente com as mulheres assumindo os negócios após o falecimento dos maridos, mas nas novas gerações essa participação vem ganhando outros contornos. Um exemplo é a médica-veterinária e selecionadora da raça Sindi, Helena Curi. “Eu comecei na pecuária muito cedo, pois meus pais Felipe e Cláudia sempre atuaram no setor. Minha mãe, por ser zootecnista, fez questão de me inserir no dia a dia da fazenda. Hoje, a mulherada está cada vez mais capacitada para fazer serviços que antes era realizados apenas por homens. Estão abrindo os olhos para o fato de que a pecuária é para todo mundo”, destaca Helena, que cria a raça Sindi, na Fazenda Porangaba, em Ribeirão Preto/SP.

Recentemente, ela uniu forças com outras criadoras da raça para fundar o grupo “Sindi Mulher”, um braço da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi, com o objetivo de incentivar cada vez mais a participação feminina na pecuária e capacitá-las para atuarem no setor. Serão realizados cursos sobre a raça e sobre a pecuária, dentro do conceito de levar a informação de mulher

para mulher. “Capacidade as mulheres têm demais, faltava era espaço. Agora, estamos conquistando nosso lugar. É importante que todas tenham em mente que o aprendizado é diário. Não é porque eu já sei muito sobre um assunto que vou deixar de buscar novas informações sobre ele, de observar outras maneiras de fazer e a trajetória das pessoas. Na prática, também se aprende muito. É preciso ter coragem para buscar os resultados dentro da seleção bovina, pois os erros fazem parte do processo, mas os acertos trarão benefícios que superam qualquer falha”, diz Helena.

Essa prática diária para a criadora acontece nos currais da Fazenda Porangaba. Lá, comanda o manejo sanitário do rebanho, bem como a parte reprodutiva, definindo as estratégias de melhoramento genético do rebanho. Ela atua na apartação, escrituração zootécnica, no planejamento dos acasalamentos, insemina e ainda faz a avaliação ginecológica das fêmeas, dentre várias outras atividades rotineiras no campo. “A instrução da equipe é outro ponto importante para o sucesso da atividade. Sempre estou mostrando para eles como cada etapa precisa ser feita e explicando sobre os diferenciais da raça Sindi”, conta Helena, que também promove a raça em seu canal

GENTE
Helena Curi Pecuarista

no Youtube e redes sociais com vídeos explicativos sobre vários temas ligadas à seleção bovina. A seleção do Sindi Porangaba preza pela funcionalidade animal dentro do sistema de manejo a pasto, buscando animais rústicos, precoces, capazes de manterem o bom ganho de peso e produzir bons bezerros em qualquer época do ano e sem receber suplementação.

Helena Curi receberá este ano o Mérito ABCZ 2023, na categoria “ABCZ Jovem”. “É gratificante ter meu trabalho reconhecido por uma entidade tão representativa como a ABCZ. Tudo que fiz até hoje foi com muita dedicação e amor e essa premiação mostra que estou no caminho certo”, conclui Helena, que ainda adolescente, na pista da ExpoZebu, atuava na apresentação dos animais da Porangaba durante os julgamentos. Como faltava funcionários para o trabalho, ela se dispôs a conduzir os exemplares.

“As pessoas achavam estranho a filha do expositor fazer esse serviço, o que é algo raro até para homens, mas minha proximidade com os animais e meus conhecimentos com a doma me ajudaram a desempenhar bem a função”, lembra. Para as mulheres que querem investir profissionalmente no agro, Helena aconselha a não ter medo de julgamentos. “Foque em se profissionalizar, dominar o assunto porque não há preconceito que resista a uma pessoa capacitada. Conhecimento ninguém te toma”, finaliza.

Pilotando a churrasqueira

Preparar um belo churrasco em grandes eventos por

muito tempo foi uma tarefa destinada aos homens, mas essa realidade vem mudando nos últimos anos com o surgimento de grupos de mestres churrasqueiras, como “As Braseiras”. São mulheres que atuam no agronegócio se uniram para difundir e valorizar a participação feminina no assado e outras elaborações com carne. O grupo nasceu em 2017 e, desde então, percorre o Brasil produzindo o melhor churrasco em eventos corporativos e em cursos especializados para mulheres. A idealizadora das Braseiras, Carolina Barretto, destaca que a proposta não é competir com os homens, mas é celebrar a carne produzida no Brasil. “Sabemos que, por muito tempo, o fato de o dia a dia de quem comanda a churrasqueira ser pesado acabou afastando as mulheres, mas isso está mudando. Trabalhar em frente ao fogo demanda técnica e, acima de tudo, paixão. Nossa filosofia é sempre ter docilidade ao servir e alegria ao assar”, reforça.

O movimento quer incentivar mulheres que têm algum entendimento sobre a produção de carne a se aventurarem nos assados. Segundo Carolina, assar carne de qualidade tem sido possível graças ao sério trabalho desenvolvido no campo pelos produtores brasileiros. E muitas mulheres têm dado uma grande contribuição

Carolina Barretto Fundadora das Brasileiras

Líder em várias frentes

Atuando em diversos segmentos da pecuária, a criadora e médica-veterinária Roberta Bertin Barros aposta no aprimoramento constante para conquistar cada vez mais espaço no mercado

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 104 PERFIL
VIEIRA
LARISSA

ma carreira já consolidada não significa parar de aprender. É esse espírito que move a empresária Roberta Bertin Barros, que, mesmo com seu trabalho de seleção bovina reconhecido pelo mercado e a expansão de suas empresas, decidiu voltar para a universidade. Já formada em Medicina Veterinária, Administração de Empresas e com pós-graduação em Análises Clínicas Veterinária, ela está cursando Engenharia Agronômica.

Na verdade, o estudo é apenas uma das muitas ocupações de Roberta. Na Fazenda Floresta, em Lins/SP, ela construiu uma rede de atuação no agro que vai desde a produção de genética a partir das raças Gir Leiteiro e Girolando, laboratórios de fecundação in vitro e de análises clínicas veterinária, uma loja de produtos pecuários e veterinários, além de uma leiteria com produção de 15.000 litros/dia. “Quando trabalhamos com o que amamos, não é apenas um trabalho, é uma realização. Embora a minha família estivesse envolvida na seleção de gado de corte, eu decidi me especializar na seleção de gado leiteiro, em particular as raças Gir Leiteiro e Girolando. E o principal motivo que me impulsiona a trabalhar na atividade pecuária foi a minha paixão pelos animais. Os meus olhos brilham quando estou perto deles e sou muito grata a Deus por ter nos presenteado com a vaca, um animal tão especial”, assegura a pecuarista.

Como veterinária, ela não abre mão de cuidar pessoalmente dos bezerros que nascem na Fazenda Floresta, acompanhando-os em seu crescimento, e também das vacas em lactação que, segundo ela, “produzem o nobre alimento, que é o leite”. Atualmente, o rebanho é composto por 300 doadoras Gir Leiteiro, 600 vacas em lactação e 1500 animais jovens na recria entre Gir Leiteiro e Girolando.

Utilizando recursos de tecnologias avançadas, o criatório conduz uma seleção fenotípica permanente, visando a formação de matrizes com desempenho reprodutivo superior, consistência genética e alta lactação. Com a técnica de produção in vitro de embriões, as matrizes são acasaladas com base em testes de progênie e genômicos, resultando em animais de alta qualidade.

O sistema de produção de leite é o de pastejo irrigado rotacionado com suplementação alimentar. “A pecuária demanda inovação constante, já que o desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias têm revolucionado a forma como o setor opera. Os laboratórios presentes na Fazenda são um exemplo concreto de que a tecnologia é fundamental para promover avanços e melhorias na área. Além disso, essas inovações proporcionam maior sustentabilidade e eficiência na atividade, permitindo a obtenção de uma produção maior com a utilização de menos recursos”, explica Roberta.

Todos esses investimentos têm levado a genética da Fazenda Floresta a atravessar as fronteiras do país e a ampliar sua participação no mercado interno. “No mercado internacional, a genética leiteira brasileira tem ganhado cada vez mais destaque e reconhecimento. As raças desenvolvidas no Brasil, como o Gir Leiteiro e o Girolando, são conhecidas por sua rusticidade, adaptabilidade a diferentes condições climáticas e boa produção leiteira. Essas características são altamente valorizadas em outros países, especialmente aqueles com condições climáticas tropicais e subtropicais”, informa.

A propriedade participa do projeto internacional Brazilian Girolando, que visa divulgar a genética da raça e as empresas brasileiras no exterior. “Em 2023, planejo expandir a atuação da fazenda no mercado internacional, explorando novas oportunidades, fornecendo capacitação para produtores nacionais e internacionais e parcerias para compartilhar a genética leiteira brasileira de alta qualidade”, adianta Roberta.

Se a genética brasileira vai bem no exterior, no mercado nacional, observa-se também um interesse crescente em melhorar a produtividade e a qualidade do leite, o que tem levado os produtores a investir em programas de melhoramento genético e na aquisição de animais geneticamente superiores. “Além disso, a expansão do mercado de genética leiteira tem sido impulsionada pela crescente demanda por tecnologias reprodutivas, como a fertilização in vitro (FIV) e a inseminação artificial (IA), que permitem a rápida disseminação de material genético de qualidade e a melhoria do desempenho produtivo dos rebanhos”, acrescenta Roberta.

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U

PERFIL

Se por um lado o segmento de genética segue com boa demanda, há desafios a serem superados, como a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, aumento de países que possuem protocolo sanitário com Brasil para poder exportar material genético, a adaptação às mudanças climáticas e a crescente preocupação com a sustentabilidade e o bem-estar animal. “Para se manter competitivo e em expansão, o setor deve continuar buscando inovações e aprimorando suas práticas, visando a garantir a produção eficiente e sustentável de leite no futuro”, alerta Roberta.

Os projetos da Fazenda Floresta em 2023 incluem a finalização da área de Compost Barn, um sistema de manejo sustentável que proporciona maior bem-estar animal, melhor higiene e otimização do uso de recursos naturais. A obra deve resultar em um aumento significativo na produção de leite e reprodução dos animais, além de contribuir para a melhoria da qualidade do produto. “Além disso, continuarei investindo em análises e pesquisas na área de fertilização in vitro, para acelerar a disseminação da genética superior em nosso rebanho”, diz a criadora.

Gestão eficiente

Na liderança de várias empresas, Roberta Bertin aposta na valorização e no desenvolvimento contínuo das suas equipes para alcançar uma gestão eficiente. “Ter uma excelente gestão de qualidade e fornecer ferramentas adequadas que facilitem e apoiem os colaboradores em suas atividades também são fundamentais. Para motivar minha equipe, procuro compartilhar constantemente meu conhecimento, servir como exemplo, dedicar-me e mostrar o papel de cada um no plano estratégico da empresa. Acredito que a motivação também vem do reconhecimento do trabalho bem-feito, da comunicação aberta e do incentivo à inovação e criatividade”, assegura.

A empresária sabe que exercer liderança não é uma tarefa simples, pois requer a habilidade de unir todos sob uma mesma visão e direcioná-los para alcançar os objetivos da empresa. “Um líder eficiente deve ser capaz de ouvir, compreender e apoiar sua equipe, enquanto mantém o foco nas metas e resultados. Além disso, é fundamental ser flexível e adaptável, sabendo lidar com as adversida-

des e desafios que possam surgir ao longo do caminho”, acredita Roberta.

Esses conceitos ela vem aplicando em todas as áreas que atua. Uma das empresas que comanda é o Axys Análises Clínicas Veterinária – Unidade Lins, que integra uma rede de laboratórios reconhecida como um dos mais completos e inovadores centros de diagnósticos veterinários do país, associando alta tecnologia com conhecimento técnico de doutores, mestres e especialistas no assunto. Há ainda o laboratório Reproll, especializado em produção in vitro de embriões e que presta serviços para inúmeros produtores de todo o Brasil e da América Latina, produzindo em média 1.200 embriões/mês de diversas raças bovinas, seja de corte ou leite. Roberta ainda conta com uma loja de produtos pecuários e veterinários, a Vetlins.

Casada com Rogério Barros há 19 anos, com quem tem dois filhos (Antonio e Julia), Roberta defende que haja mais mulheres atuando no agronegócio. “Atualmente, muitas mulheres ocupam posições de liderança e sucessão familiar, assumindo papéis que, no passado, eram predominantemente masculinos. Elas estão à frente dos negócios de suas famílias, desempenhando funções de responsabilidade direta na agricultura e na pecuária”, destaca.

No entanto, um dos maiores desafios enfrentados pelas mulheres no agronegócio é o reconhecimento de seu trabalho e competência. Ainda existem preconceitos e estereótipos que podem dificultar o progresso das mulheres no setor, exigindo delas um esforço maior para provar sua capacidade e conhecimento. “A superação desse desafio passa pela quebra de barreiras culturais e pela promoção da igualdade de gênero no agronegócio, garantindo que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento profissional e acesso a recursos e tecnologias que os homens. Além disso, é importante fomentar a formação e capacitação das mulheres no setor e destacar o papel fundamental que elas desempenham na pecuária e no agronegócio como um todo”, espera Roberta Bertin, que atua em várias entidades do setor. Ela é diretora de Marketing da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), representante no estado de São Paulo da Associação Brasileira dos Produtores de Leite(Abraleite) e membro do Comitê Brasileiro da Federação Internacional do Leite (FIL/IDF).

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A relevância das redes socias na pecuária

Atecnologia a favor do agronegócio é uma realidade e cada vez mais produtores rurais fazem uso das inovações e ferramentas online. Investem em softwares, maquinário, equipe e tempo para profissionalizar a atividade e torná-la mais lucrativa e sustentável.

Estar online tornou-se algo imprescindível em um mundo globalizado. Com a internet, podemos ter acesso a todo o tipo de informação e até mesmo monitoramento remoto do rebanho e da lavoura. A verdade é que a internet contribui para diminuir distâncias geográficas, disseminar informação, oportunidades e pode ajudar a aumentar a competitividade do negócio.

O Marketing Digital no agro está sendo desenhado, e não existe uma fórmula mágica, ou passo a passo a ser seguido, afinal cada fazenda tem uma realidade embora o objetivo final seja a venda da produção propriamente dita. Entretanto, existem muitas ferramentas para manter a fazenda online e aqui vale uma adaptação à máxima de quem não é visto não é lembrado, para quem não é curtido não é lembrado.

A presença nas redes sociais é quase obrigatória em uma sociedade conectada como a nossa. O Instagram e o Facebook são vitrines digitais de qualquer negócio. Atualmente, quando temos interesse em alguma marca ou produto, prontamente abrimos o celular e pesquisamos pelo perfil da empresa nas redes sociais. O acesso aos itens é organizado, prático, acessível e intuitivo.

A facilidade e o baixo custo dessa ferramenta de comunicação permitem que o pequeno ou grande produtor exponha seu trabalho, sua produção, suas boas práticas e fazer sua voz alcançar proporções ilimitadas, uma vez que o conteúdo pode vir a “viralizar” e se tornar, porque não, mundialmente conhecido.

As redes sociais podem ser uma ferramenta eficaz para o relacionamento com o cliente, uma vez que ele pode enviar mensagens, comentar, curtir e compartilhar o seu conteúdo. Isso gera uma aproximação e ao longo do tempo pode gerar um vínculo de relacionamento do público com a sua marca. Ao se identificar com a sua fazenda, com seus manejos, com o perfil dos animais que você produz, com

as boas práticas de manejo e sustentabilidade, o cliente se sente íntimo e sua marca não é mais alguém desconhecido para ele. A consequência disso é que terá a tendência a confiar mais no seu produto, pois viu ao longo do tempo como foi produzido.

O mundo digital não para de crescer e ficar de fora dessa tendência é praticamente ficar para trás em um mercado cada vez mais competitivo e exigente. A análise “Tendências de Social Media 2023” aponta o Brasil como o terceiro país que mais consome redes sociais em todo o mundo, atrás de Índia e Indonésia, e à frente de Estados Unidos, México e Argentina.

A pesquisa ainda mostra que existem 131,5 milhões de usuários conectados no Brasil e que em dezembro de 2022, a categoria redes sociais foi a mais consumida no âmbito digital, com uma média de 46 horas de conexão por usuário no mês. YouTube, Facebook e Instagram são as redes mais acessadas pelos usuários brasileiros, com alcance de 96,4%, 85,1% e 81,4%, respectivamente.

Outra rede que tem se destacado é o WhatsApp, que passou a ser mais que um meio de comunicação rápida. Hoje, o app tem versão para negócios e pode ser uma excelente ferramenta comercial se bem utilizada. Pela base de cálculos usadas pela We Are Social e Meltwater, ele é mais utilizado que o YouTube, Facebook e Instagram.

Ao contrário do que muito produtor pensa, o campo é rico em conteúdo para as redes socias e toda fazenda tem algo a compartilhar. É uma forma diferente de se relacionar e ampliar os horizontes comerciais e até mesmo mostrar para a sociedade urbana o agro real que elas não conhecem e desconstruir preconceitos e equívocos acerca da produção agropecuária no Brasil. Enfim, as redes estão disponíveis. As grandes marcas, seus maiores concorrentes, seus clientes e as oportunidades estão online, e você? E aqui vai um conselho: não seja o produtor que só faz campanha de leilão. Pessoas identificam-se com pessoas e como o nome já diz, essas ferramentas são redes sociais e se relacionar é a base para o engajamento acontecer. As ferramentas são muitas, mas demandam tempo, dedicação, criatividade e constância, mas com o time certo você pode chegar lá!

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 107
Jornalista e fundadora da Jireh Comunicação Agro

SOCIAL

Fernanda e Juliano Helena e Gabriela Branquinho e Karla Izabela e Victor Marcelo e Daniela Jairo e Miguel Miguel e Layse Luis Henrique, Márcia e Pedro Luis Otávio e Márcia Cristiano e Dr. Dante Aristela e Ricardo José Olavo, Fred e Maurício Tatiane e Rodrigo Nilson, Felipe, Luiza, Simone e Felipinho Branquinho e Karla Paulo, Pedro, Rodrigo, Boi, Rubens e João Cruz Otaviano, Mônica e Beukes Nathane e Ana Lúcia Roberta, Reinaldo Bertin, Gabriel e Paula Rodrigo, João Cruz, Thadeu, Fred e José Eduardo Thiago, Adriano e Boi Silvestre, Victor e Felipe Raul e Carlos Fontenelle
ABRIL/MAIO 2023
FOTOS: ZZN PERES

PONTO DE VISTA

“O desenvolvimento é o novo nome da paz e isso requer um esforço coletivo das três forças: governo, sociedade e setor produtivo.”

Geraldo Alckmin vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços

Stéphanie Ferreira, Presidente da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da CNA

“As invasões de terra ferem a Constituição e leva intranquilidade aos produtores. Pedimos apoio aos deputados da bancada do agro para que tomem providências junto ao STF e adotem providências judiciais inibindo essa afronta ao direito de propriedade”

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 115
“A tarefa do líder é levar seu pessoal de onde está para onde nunca esteve”
Henry Kissinger, Ex-diplomata dos Estados Unidos
“O capítulo que queremos escrever é que cada vez mais mulheres tenham posições de liderança e na tomada de decisão, seja dentro da porteira ou com representatividade.”
Jorge Pires, Membro da comissão de Assuntos Políticos da ABCZ

A China deve seguir como a grande aposta para a carne bovina brasileira?

Desde o início do surto de Peste Suína Africana, na China, em agosto 2018, as exportações de carne bovina brasileira subiram consideravelmente, acu-

mulando alta de 43% entre 2018 e 2022. Dessa forma, a China se tornou o maior destino, representando hoje mais de 60% das exportações totais do país, ante uma participação de 24% em 2018.

Vale notar que a proteína mais consumida na China é o peixe, seguido pela carne suína, ovo, frango e, só em 5º lugar, a carne bovina. Entretanto, a participação da carne bovina no prato chinês está aumentando fortemente desde a crise sanitária no setor de suíno. Com a redução

da oferta de carne suína no mercado chinês, a população passou a consumir mais carne vermelha como substituto, ganhou apetite por essa opção, e não reduziu seu consumo mesmo com a recuperação da oferta de carne suína.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 116
OPINIÃO

Mas a pergunta que surge é: Será que essa tendência é de longo prazo?

Analisando o consumo per capita de carne bovina na China em relação a sua renda per capita, percebe-se que há espaço para um aumento expressivo, se considerarmos a relação média entre essas variáveis para outros países do mundo. Fazendo uma conta simples: com uma renda per capita em torno de US$ 17 mil por ano na China em 2020, o consumo médio global sugerido seria de cerca de 10 kg per capita. A China somente consumiu cerca de 6 kg per capita, o que já sinalizaria um aumento potencial de 4 kg per capita por ano. Adicionalmente, se considerarmos toda a população do país asiático, isso totalizaria uma di-

ferença total de 4 milhões toneladas, o que é maior que a produção total da Argentina com 3 milhões de toneladas em 2022!

Olhando para o futuro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma renda per capita para a China de US$ 39 mil em 2030, patamar que sugere um consumo total potencial de 18 milhões toneladas de carne bovina no país considerando a média mundial de consumo. Com isso, se o Brasil mantivesse os 40% de participação nas importações da China, deveria fornecer quase 2,3 milhões toneladas, mais do que ele exportou para o mundo em 2022 com cerca de 2 milhões toneladas!

Resumindo, a China deve seguir crescendo como consumidora de carne bovina e como importadora da carne brasileira, e certamente não poderá ser ignorada. No entanto, a diversificação dos parceiros comerciais é chave para reduzir a dependência do mercado chinês e para evitar turbulências de mercado como o setor pecuário viveu recentemente com o (auto) banimento e posterior reabertura, devido ao caso atípico de encefalopatia

espongiforme bovina (EEB) em Pará. Para tanto, existem outros países em desenvolvimento se destacando com apetite pela carne bovina e população crescente, como por exemplo, Índia e Paquistão. E ainda, outros países que pagam um preço bem acima da média dos importadores globais, como Japão e Coreia, certamente serão parceiros chaves para elevar o preço médio de exportação e confirmar a boa qualidade da carne bovina brasileira.

ABRIL/MAIO 2023 | #pecBR 117
Mestre em economia e sócia da Ceres Agroconsulting

Inteligência Ativa revolucionará o agro

Oagronegócio está cada vez mais atrelado à sistemas, softwares, processos automatizados e outras tecnologias que coletam e analisam dados críticos em todas as etapas, desde a preparação do solo até a logística dos mais variados produtos.

Com os crescentes desafios provenientes do aumento de custos e mudanças climáticas, é hora de dar um passo adiante e começar a pensar em ir além da Inteligência de Negócios (Business Intelligence – BI) e adotar a Inteligência Ativa, extraindo ainda mais valor dos dados coletados por todas as soluções de IoT.

O novo modelo está centrado no conceito de que os dados certos coletados no momento certo podem ser analisados da melhor forma, compartilhados de maneira otimizada e usados para produzir ainda mais vantagem competitiva. Para obter esse diferencial (especialmente considerando o impacto e a relevância de Big Data, Analytics, IoT, Machine Learning e diversas outras inovações computacionais relacionadas à indústria do agronegócio), um novo conjunto de competências é necessário para aproveitar os ativos de dados gerados nos campos.

Desvendando a Inteligência Ativa

O agronegócio, assim como outros setores, demanda maior agilidade para a tomada de decisões, com inteligência proveniente de informações atualizadas em tempo real, acionadas para desencadear ações imediatas.

A cadeia de suprimentos, por exemplo, oferece muito mais valor quando é gerenciada com base nos dados enviados em tempo real. Combinando os mais recentes índices de vendas, dados econômicos e sazonais com estoque, logística e outras variáveis do lado da oferta, é possível tomar decisões just-in-time mais corretas.

Essa melhoria é possível porque as ferramentas de Inteligência Ativa integram informações de várias fontes e tipos, combinando dados atuais e históricos, e criam con-

juntos dinâmicos e insights acionáveis com muito mais agilidade, e com alertas personalizados.

Uma indústria cada vez mais automatizada

Analistas estimam que o tamanho do mercado global de robôs agrícolas irá crescer de US$ 4,9 bilhões em 2021 para US$ 11,9 bilhões até 2026, a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 19,3%. O uso de robôs agrícolas também pode ajudar os agricultores a reduzir o uso de insumos – pesticidas, herbicidas e fertilizantes – o que impulsionará a sustentabilidade no agronegócio.

Na mesma linha da robótica o uso da tecnologia IoT promete ajudar a tornar a agricultura e as cadeias de suprimentos agrícolas mais eficientes e, por sua vez, mais sustentáveis.

De acordo com um relatório de pesquisa de mercado publicado pela Meticulous Research, espera-se que o mercado agrícola global de IoT cresça a um CAGR de 15,2% de 2019 a 2027, atingindo um valor de US$ 32,7 bilhões até 2027.

O uso das tecnologias de IoT no agronegócio é muito amplo, desde o uso de drones para verificar ou pulverizar plantações até a utilização de estufas e sensores inteligentes para maximizar os rendimentos e reduzir o uso de recursos.

Esse é um mercado que tem muito espaço para se expandir no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil), o Índice Agrotech, que mede o nível de automação do agronegócio brasileiro, teve um aumento de 12,5% entre 2019 e 2021. Isso indica que o setor precisaria evoluir 82 pontos de um total de 100 para atingir uma automação plena.

Mas, sem a capacidade de transformar os dados enviados pelos sensores em insights, nenhum valor é gerado por toda a tecnologia embarcada nos equipamentos. Esse é o cenário ideal para a adoção da Inteligência Ativa.

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 118 OPINIÃO
Marcos Roberto Pinotti Diretor de Engajamento da Kron Digital

A re(des)organização do país passa pelo agro

Onovo governo chega com uma política centralizadora, baseada no consumo e linhas de crédito com juros altos. As commodities, como café, soja, milho e boi, baixaram seus preços e o agro se vê órfão de comando e sem perspectivas a curto prazo. A solução passa por uma sociedade civil organizada.

Desde a eleição em outubro de 2022, a política em Brasília/ DF vem mudando visceralmente. Deputados e senadores da antiga gestão já iniciaram a costura da volta da “Velha Política” que nos assolou por mais de duas décadas com fatos contundentes e provados. Com o Executivo ineficaz e aprovação baixíssima, Legislativo engessado e um Judiciário com poderes extremos, o que esperar de solução?

A política feita nas outras gestões do atual governo valorizou o consumo e o endividamento da população, altamente favorável aos bancos, mas travando a produção e os investimentos. Hoje já temos uma primeira subida no desemprego de 8,4% no trimestre, depois de oito trimestres seguidos de queda e previsão do PIB caindo a cada mês. Vem aí a Reforma Tributária às avessas, com o desenho de um imposto único bem mais alto que aquele que nos assolam até hoje.

Temos valores médios CEPEA-SP (cotação em 4/4/23) de café R$1.082,00, milho R$84,00, soja R$145,00 e boi a R$296,00, todos bem abaixo dos valores nominais de um a dois anos atrás. Sabemos que vários fatores interferem nestes preços dentro e fora do país, como clima, juros, armazenamento, escoamento, apetite dos importadores, mas o que vemos é a interferência negativa do Estado como as altas taxas de juros para o setor, Plano Safra 22/23 indefinido, novas taxações do

agro à vista e, principalmente, a segurança jurídica da terra em xeque.

Nas oportunidades que nossos governantes têm de defenderem o setor, vemos o contrário, como o que ocorreu recentemente com o presidente da Apex Brasil na China, as invasões de terra ocorridas na Bahia, Centro-Oeste, Pará etc. mas que começam a encontrar um agro unido, onde a cooperação entre vizinhos e autoridades policiais faz valer a lei e a ordem, inclusive defendido pelo atual ministro da Agricultura Carlos Fávaro, recentemente em Uberaba/MG.

Tive o privilégio recente de conversar longamente com prof. Dr. José Luiz Tejon, da Biomarketing, FGV, ESPM etc., e que acredita que a única solução para o nosso setor e para o próprio país é uma sociedade civil organizada. Foi assim que vários países se ergueram, vários setores se organizaram de modo a não terem ou ter pouca interferência do Estado. Aqui, lembro também de minha passagem pela Austrália onde milhões de dólares são gastos todo ano pelo setor do agro para campanhas publicitárias, mídias sociais, outdoors, atuação direta nas escolas etc., para unir campo e cidade, mostrando uma interdependência das duas áreas e não uma concorrência. Quem sabe aí não está a solução para o nosso querido Brasil?

Nosso setor é pujante, somos responsáveis por 27% de nosso PIB e por alimentar quase seis “Brasis” e exige respeito e tranquilidade para produzir. Não há produtividade e resultado financeiro em um ambiente de guerras e disputas e é isso que o agro pede passagem e, com certeza, será peça fundamental na política de qualquer governo, seja ele liberal ou centralizador, para a real organização do país.

EM FOCO

“É precisamente na fronteira do conhecimento que a imaginação tem seu papel mais importante; o que ontem foi apenas um sonho, amanhã poderá se tornar realidade.”

Marcelo Gleiser, físico e professor brasileiro

#pecBR | ABRIL/MAIO 2023 120
Foto: CARLOS LOPES

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